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Pesquisa da UFLA é premiada em evento ao desmistificar movimento antivacinas

Com o alerta aceso para a queda dos índices de vacinação no Brasil e no mundo, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desmistificaram um fenômeno sem base científica, mas que se populariza cada dia mais e ameaça a saúde:  o movimento antivacinas.

O estudo, realizado por estudantes de graduação de Medicina, sob orientação da professora do Departamento da Saúde (DSA) Cynthia Silva, foi apresentado recentemente pela estudante Júlia Rezende Ribeiro no Congresso Mineiro de Pediatria, onde recebeu o prêmio Ennio Leão. Desenvolvido com apoio da Liga Acadêmica da Saúde da Mulher e da Criança (Lasamc/UFLA), a pesquisa foi elaborada a partir de 22 artigos sobre o tema publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, notas da Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Imunizações.  

Júlia explica que, contrário ao que prega os partidários da não imunização, pesquisas científicas confirmam as conquistas da vacinação na prevenção de várias doenças e redução da mortalidade.  “Graças às vacinas, doenças sérias e altamente contagiosas foram quase erradicadas. Algumas, como a varíola, praticamente não existem mais”, explica.

De acordo com Júlia , há diversos fatores que podem estar por trás do crescimento do movimento antivacinas. Um deles é o esquecimento de doenças sérias e fatais que foram controladas no passado pela imunização da população. “Algumas quase não são mais vistas hoje. Rubéola e a poliomielite, por exemplo, foram erradicadas no Brasil. Então, parte da população, principalmente aqueles que vivem em melhores condições socioeconômicas e de saúde, esquece dos benefícios da vacinação e enfoca apenas nos efeitos adversos”, critica.

Outro motivo da queda na vacinação é a disseminação de informações na internet. As redes sociais são um dos principais meios de propagação das ideias do movimento antivacinas, muitas vezes, atrelados a site e blogs com conteúdo de baixa credibilidade. “A população busca grande parte das informações médicas na internet, o que faz o movimento ganhar força entre os leigos no assunto. Por exemplo, pelo menos 13 mil pessoas integram um dos grupos fechados no Facebook sobre o tema”, informa.

Consequentemente, temerosos, muitos pais se recusam em vacinar seus filhos. As justificativas vão desde o medo das reações adversas da vacina, à crença de que a imunização adquirida com a doença seria melhor do que a adquirida com a imunização; além de que as políticas de vacinação são autoritárias e que as vacinas são fabricadas para gerar lucro para a indústria farmacêutica. 

No Brasil

Nos últimos anos, o movimento antivacinas no Brasil vem arrebanhado seguidores e explica o porquê da queda da cobertura de vacinação para doenças como caxumba, sarampo e rubéola ano a ano. Dados apurados pela estudante da UFLA apontaram redução nas taxas de vacinação em muitos dos estados brasileiros. “A taxa de imunização das camadas mais ricas chega a ser menor que entre os mais pobres”, conta a estudante de Medicina.

A tendência preocupa autoridades públicas e profissionais da saúde por causar risco de surtos e epidemias de doenças fatais.   “Quando uma pessoa deixa de ser vacinada, cria-se um grupo de pessoas suscetíveis a contrair a doença. Não é caso apenas de escolha pessoal, vira problema de saúde pública. Quem prefere deixar de se vacinar, coloca em risco aqueles que não podem ser imunizados, como pessoas com doenças imunossupressoras, crianças transplantadas e alérgicos a componentes das vacinas”, esclarece Júlia.

Foi o que aconteceu no Ceará e em Pernambuco entre 2013 e 2015. Por cerca de dez anos, o Brasil não tinha um único caso de sarampo autóctone (de origem local). Os poucos episódios decorriam de pessoas que vinham do exterior. Mas, em 2013, houve uma queda na vacinação de sarampo, seguida de um surto que se espalhou entre os dois estados.

O Brasil é reconhecido no mundo inteiro por seu programa de vacinação, que disponibiliza vacinas gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Criado em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi reforçado com a Constituição Federal de 1988, e, desde essa época, a cobertura das vacinas sem custos subiu de quatro para 27 tipos oferecidos. 

O Estatuto da Criança e do Adolescente ainda determina que os pais vacinem seus filhos de acordo com a faixa etária. “O problema é que o País não teve uma legislação firme. Se ninguém denunciar quem escolheu não se vacinar, a pessoa não é punida. É da autonomia de cada um”, avalia.

Movimento contagioso

O movimento antivacinas ganhou força no mundo a partir de 1997, quando o médico inglês Andrew Wakefield publicou um estudo que relacionava a vacina Tríplice Viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) ao autismo.

Vários estudiosos refizeram pesquisas científicas e nunca encontraram ligação entre essa vacina e o autismo. “Na verdade, foi provado por uma comissão de ética que o pesquisador fraudou dados de seu estudo”, lembra Júlia. Wakefield teve sua licença médica cassada e o estudo foi retirado das publicações.

No entanto, apesar do descrédito do estudo, a teoria se espalhou, sobretudo, na internet entre pais receosos de que a vacina pudesse causar problemas a seus filhos.

No Brasil, a onda antivacinas também ganhou visibilidade em 2014 quando, após vacinação contra HPV, algumas adolescentes associaram a imunização à paralisia dos membros inferiores. “Após estudos, não foi provada nenhuma relação entre os eventos de paralisia e a vacinação”, ressalta Júlia Rezende Ribeiro.

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  
Edição do Vídeo: Mayara Toyama – bolsista Dcom/Fapemig  

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Famílias atendidas pelo Cras Nova Lavras visitaram a UFLA e receberam dicas de alimentação saudável

Trinta famílias em situação de vulnerabilidade e risco social, atendidas pelo Centro de Referência e Assistência Social (Cras) Nova Lavras, visitaram, pela primeira vez,  o câmpus da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e receberam orientações de saúde nutricional na última sexta-feira (22/6). O passeio surgiu da parceria do Departamento de Nutrição (DNU/UFLA) com a unidade pública estatal.

Durante o passeio, as famílias percorreram o Câmpus Histórico da UFLA, visitaram o museu Bi Moreira, conheceram departamentos da Universidade e retiraram dúvidas sobre alimentação saudável.  No encontro, os estudantes do DNU Emilly Barreto e Breno Biazotto explicaram a importância de se consumir vegetais no cotidiano, os perigos da ingestão de conservantes presentes em produtos industrializados e falaram sobre a alimentação orientada aos diabéticos. 

“Orientamos o consumo de maça com casca e banana com aveia para aumentar a ingestão de fibra e, consequentemente,  diminuir a liberação de açúcar no sangue”,  disse Emilly Barreto. “Outra recomendação foi consumir de três a cinco porções de refeições diárias, com uma quantidade que cabe na palma da mão”, informa Breno Biazotto.

A visita foi proposta pelos próprios graduandos de Nutrição Emilly Barreto e Breno Biazotto, responsáveis por dar dicas de segurança alimentar às famílias assistidas pelo serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), programa que integra o Cras Nova Lavras.  Desde abril, os estagiários acompanham 60 pessoas atendidas pelo benefício do governo federal.

“A demanda surgiu a partir da disciplina de Ações de Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva. Algumas pessoas informaram que nunca conheceram a UFLA. Então, enviamos a proposta para o Departamento de Nutrição e recebemos apoio para a ação”, informou Emilly Barreto.

O psicólogo do Cras Nova Lavras, Daniel Faustino de Melo, afirma que o encontro foi importante para desenvolver a saúde mental e física as famílias que recebem trabalho social desenvolvido pelo Cras.  “Essa oportunidade ajudou no fortalecimento do grupo e possibilitou que mães descansassem com seus filhos em um ambiente prazeroso. Nossa intenção agora é conhecer o Observatório de Políticas Públicas da UFLA, uma vez que é uma forma de eles terem acesso às políticas públicas”, ressaltou.

A pensionista Maria Nandir, de 67 anos, parabenizou  o encontro. “Moro no bairro Alterosa e apenas passeava  na UFLA quando meus netos eram crianças. Hoje não saio de casa nem para ir ao centro da cidade. Essa visita foi tão agradável que pretendo vir sempre”, contou.

Moradora do bairro Bandeirantes, a pensionista Antônia Rita Silva, de 65 anos, revelou que conhecer a Universidade era um sonho. “Moro em Lavras há 50 anos e nunca tinha tido a oportunidade de saber o que se faz na UFLA”, disse.

Entenda

O Cras é uma unidade pública estatal que funciona como porta de entrada do Sistema Único de Assistência Social. Ele fica localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social. O Cras Nova Lavras atende famílias de 28 bairros do município de Lavras.

Um dos seus principais serviços é o da Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), que, de acordo com o governo federal, “visa fortalecer a função protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de vínculos, promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida”.

 

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  
Ana Carolina Rocha, estagiária Dcom/UFLA

Alterado horário de abertura do Restaurante Universitário nesta sexta-feira (22/6)

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec) informa que o Restaurante Universitário (RU) e o setor de Arrecadação (onde são comprados os créditos para almoço) ficarão abertos de 11 às 13 horas de sexta-feira (22/6).  A mudança no horário decorre, em caráter excepcional, de acordo com a portaria nº 143, de 1º de junho de 2018, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. 

Link da Portaria: https://bit.ly/2McZon1 

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

 

Pesquisa da UFLA publicada na revista Nature Materials aborda novas interações para uso em discos rígidos

Pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) deu um passo a mais na descoberta de uma tecnologia que promete revolucionar a indústria de eletrônicos.  O professor do Departamento de Física (DFI) da UFLA, Alexandre Cotta, descobriu inéditas interações entre materiais magnéticos e grafeno (uma nanoestrutura de Carbono), que se aplicadas aos discos rígidos de computadores os tornarão mais velozes e ampliarão a capacidade de armazenamento de informações.

A empreitada foi materializada no artigo “Significante interação o Dzyaloshinskii-Moriya em interfaces grafeno-ferromagneto devido ao efeito Rashba”, publicado na prestigiada revista Nature Materials, edição de maio (https://www.nature.com/articles/s41563-018-0079-4).

A pesquisa começou em 2013, quando o Alexandre Cotta, na época doutorando, acompanhou experimentos elaborados com grafeno de diferentes grupos de pesquisas no Brasil e no exterior junto ao Centro de Microscopia do instituto norte-americano de pesquisa Lawrence Berkely National Laboratory. 

Para auxiliar na parte teórica do estudo, o pesquisador  contou com a ajuda do vencedor do Prêmio Nobel de Física em 2007, o físico francês Albert Fert, responsável pelo auxílio na elaboração da parte teórica da pesquisa.  

Alexandre Cotta explica que o grafeno pode ser mais eficaz como condutor de eletricidade, e sua interação com materiais magnéticos gera pequenas mudanças em sua estrutura eletrônica, ampliando  propriedades magnéticas e elétricas, o que aplicado aos processadores os tornará mais rápidos, resistentes e com maior capacidade de armazenamento de informações. 

O sub-chefe do Departamento de Física (DFI), professor Joaquim Paulo da Silva, reforçou que a descoberta abre novos rumos na consolidação do curso e na internacionalização da universidade. “Contamos com um grupo de jovens professores que vem mostrando sua importância para o país, com a publicação de artigo científico numa revista desse porte, apoiado por um Prêmio Nobel. O potencial inovador dos nossos pesquisadores é muito grande e veio para consolidar o grupo da Física na universidade”, comemorou.

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Márcio Lacerda discutiu práticas de gestão eficiente em evento promovido pelo CA de Administração Pública

É fato: o Estado brasileiro é  recordista em arrecadação de tributos e, em contrapartida, entrega serviços precários para a população.  Para discutir melhores práticas de gestão pública , o Centro Acadêmico de Administração Pública da Universidade Federal de Lavras (UFLA) recebeu o empresário e administrador  Márcio Lacerda na última sexta-feira (8/6). Cerca de 50 alunos de vários cursos da Universidade acompanharam a palestra no anfiteatro Magno Antônio Patto Ramalho (Ramalhão).  

A partir de sua experiência como gestor público, Mário Lacerda frisou que, nos últimos 20 anos, “o Brasil melhorou muito”, mas ponderou que “o serviço público ainda está longe de ser um instrumento que presta serviço de qualidade para a sociedade”. O empresário disse ainda que “os gestores devem formar equipes com profissionais melhores do que eles próprios, enquanto a chefia deve focar o seu  talento para coordenar os demais”. 

O palestrante defendeu também que os pilares que devem nortear a gestão pública no país são a expansão da infraestrutura, exportações e, sobretudo, a geração de emprego e renda. “Sem economia mais dinâmica, não é possível melhorar as questões sociais e nem sair do fundo do poço onde chegamos”, declarou. 

Universidade

Depois de visitar alguns pontos do câmpus da UFLA, tendo sido recebido pelo reitor, professor José Roberto Soares Scolforo, e pró-reitores da universidade, Márcio Lacerda enfatizou a importância das boas práticas de gestão pública para garantir a qualidade das universidades públicas  no país. “O Brasil gasta 5% do PIB com educação. E a qualidade da administração pública está muito ruim, como um todo.  É preciso replicar o bom exemplo da UFLA para outras universidades brasileiras”, disse o empresário.

Na ocasião, o reitor ressaltou o bom desempenho da UFLA.  Scolforo afirmou que, com ferramentas adequadas e vontade dos gestores, é possível conjugar a implementação de melhorias nos serviços prestados à população, com responsabilidade fiscal.

Sobre o palestrante

Márcio Lacerda é empresário e administrador de empresas do setor das telecomunicações.  Em 2003, Márcio Lacerda assumiu a função de Secretário-Executivo do Ministério da Integração Nacional. De 2007 a 2008 foi Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.  O empresário foi eleito prefeito de Belo Horizonte em 2008 e reeleito no primeiro turno em 2012.   

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

 

30 anos da Constituição Federal e os rumos da democracia é tema de entrevista de professor da UFLA

 Nas últimas três décadas, o Brasil consolidou o voto direto, realizou sete eleições presidenciais com alternância de partidos políticos no poder, garantiu a independência de suas principais instituições, cresceu economicamente e ampliou os direitos sociais. A maturidade do regime democrático ainda foi medida com cidadãos cobrando uma pauta diversificada de reivindicações, entre elas mais transparência. Por outro lado, ainda falta garantir direitos civis básicos e o país continua vítima da violência e corrupção. Esse é o Brasil depois de 30 anos da promulgação da Constituição 1988.  No balanço do período, avanços e crises marcaram a democracia brasileira, tema da entrevista com o professor do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Lavras, Marcelo Sevaybricker.

  • A Constituição brasileira completa 30 anos. A Carta Magna foi a grande conquista? Depois de 21 anos de ditadura militar no Brasil, a Carta de 88 consolidou a aspiração e a luta de vários atores e movimentos sociais que combatiam não apenas a repressão e o autoritarismo, mas vários problemas do país que tiveram sua solução ou encaminhamento interrompido com o golpe de 1964. Além disso, ela criou um importante horizonte de expectativas a partir do qual antigos, mas também novos atores e movimentos sociais emergiram na cena pública nacional, com novas pautas e reivindicações.
  • E qual é a principal falha?  Acho que não foi ter efetivado material e especificamente alguns direitos e políticas públicas, que ficaram aguardando legislação especial, como, por exemplo, a tributação de grandes fortunas e heranças, que poderia tornar a sociedade brasileira um pouco menos injusta. Mas é preciso ponderar também a correlação de forças progressistas no país, no final dos anos 80, para avaliar em que medida essa efetivação seria factível.
  • A Constituição assegurou efetivamente direitos fundamentais? Sim e não. É fato que alguns direitos, como o do voto, passaram a ser gozados, de fato, universalmente. Outros, até mais elementares (como acesso à justiça), ainda são privilégios de algumas classes e raças no país. Ainda convivemos com cidadãos de primeira e de segunda classe em pleno século XXI, o que é uma lástima.
  • Qual é a importância do processo democrático brasileiro? A manutenção da democracia é crucial. Há que se lembrar da famosa frase do Churchill, de acordo com a qual a democracia é a pior das formas de governo, com a exceção de todas as outras. No contexto das sociedades modernas, a democracia eleitoral – ainda que não seja condição suficiente para resolução de todos os problemas comuns do povo – certamente é mais capaz, do que qualquer outra forma de governo de garantir os direitos fundamentais, que você mencionou, promover bem-estar, etc. Nesse cenário atual em que normas constitucionais são violadas, em que os resultados eleitorais não são plenamente respeitados, em que cidadãos e cidadãs, paradoxalmente, saem às ruas pedindo a volta dos militares, creio que deveríamos pensar e falar mais seriamente sobre as vantagens de se viver em uma democracia. E se a gente considerar a história da política brasileira, fica evidente que a democracia é uma nota de rodapé. Nós não vivemos sob regime democrático na maior parte da histórica do país. Também por isso, devemos valorizar o que conquistamos de 1980 pra cá.
  • Em que estágio está a democracia brasileira? Amadurecemos enquanto uma nação democrática? Nas últimas três décadas, nós tivemos um processo de expansão dos partidos, que se consolidaram como instituições de representação em nível nacional. O eleitorado cresceu. Consolidou-se um sistema que ainda que não seja rigorosamente bipartidário, acabou se tornando efetivamente quase bipartidário, ou seja, entre duas siglas (PSDB e PT). Segundo especialistas, isso é também indício de uma estabilização do regime democrático brasileiro. Também avançamos na garantia de direitos sociais. No século XX e XXI, o regime democrático é associado à promoção de certos direitos sociais. A ideia de que além de garantir os direitos fundamentais, como políticos, de participação política, e os civis, também é necessário garantir um mínimo de justiça social.
  • Crises políticas comprometem a democracia ou são passageiras?  Na medida que é um sistema de aberta contestação pública – diferentemente de uma ditadura por exemplo – a democracia está inerentemente mais suscetível a crises.  Isso faz parte da natureza democrática, inclusive a existência de grupos antidemocráticos faz parte. Então, faz parte da história da democracia vivenciar crises. Por exemplo, logo após o processo de redemocratização do País, no início dos anos 1990, nós elegemos um presidente da República – Fernando Collor de Melo –  e em seguida vivenciamos um processo dramático de crise com o impeachment dele, mas que conseguiu se solucionar sem colocar em risco o próprio sistema. A questão é saber avaliar a natureza da crise que vivenciamos hoje e que saída podemos encontrar, factualmente, para ela.
  • Para onde vai a democracia brasileira? É muito difícil fazer qualquer prognóstico. Qualquer tipo de previsão da democracia brasileira hoje, em pleno 2018, dado o grau recente de instabilidade das instituições políticas. O cenário político brasileiro nos últimos anos se deteriorou com muita força e rapidez. As instituições políticas (partido, Executivo, Congresso Nacional, Judiciário) não têm se comportado dentro de uma normalidade, de certo padrão, o que torna difícil para qualquer analista da política fazer uma previsão razoável do que está por vir. Nesse aspecto, destacaria dois fenômenos que indicam um cenário pouco promissor da democracia nacional: de um lado, uma crescente ilegitimidade da classe política e das instituições políticas, tais como os partidos e o Congresso Nacional e, de outro lado, um processo de judicialização da política e de politização do judiciário, do qual a Lava-Jato é a maior expressão. O resultado, a curto prazo, desses dois fenômenos, é de aprofundamento da incapacidade das instituições de processarem o conflito e da maior probabilidade de soluções antidemocráticas, como temos visto.
  • É ano eleitoral. Quais são os maiores desafios para os partidos e candidatos? Independentemente de o cidadão se situar ao centro, à esquerda ou à direita, já seria uma meta razoável garantir a realização das eleições. Um dos grandes desafios é manter o calendário eleitoral com o mínimo de respeito às regras eleitorais. Alterações propostas no calor do momento – como adoção de semi-presidencialismo, ou a proibição de certas candidaturas – serão sempre interpretadas como soluções de conveniência e tenderão a tirar a legitimidade daqueles que saírem vitoriosos no pleito deste ano. Um sistema democrático é aquele no qual os indivíduos podem competir pelo poder segundo regras claras e respeitadas por todos participantes. E, num regime democrático, os perdedores de uma eleição tendem a aceitar a derrota. Ele entende que daqui a quatro anos poderá competir novamente e, portanto, concorda com o mandato do adversário.  Com a realização das eleições, talvez as instituições políticas que estão deterioradas possam se recuperar. Isso pode gerar um cenário institucional um pouquinho melhor do que temos agora.
  •  De que forma o eleitor deve se blindar da disseminação de notícias falsas, as chamadas “fake news” nas redes sociais,  para não ser vítima de informações sem credibilidade?  Se a gente considerar que a televisão está em 98% dos lares do Brasil e a internet apenas em metade deles, é preciso reconhecer que os grandes meios de comunicação ainda têm um impacto e poder ideológico muito forte. Com o surgimento das novas mídias e fontes alternativas de informação criou-se uma imprevisibilidade. De qualquer modo, o eleitorado brasileiro não é tão preparado para o exercício do voto. Não temos trinta anos de prática democrática ininterrupta. E o aprendizado do voto exige a decantação de uma cultura, valores, hábitos, etc. Além disso, nós não temos do ponto de vista educacional qualquer tipo de discussão e preparação mais sistemática. Por exemplo, a escola básica é absolutamente precária e vive condições deletérias de funcionamento. Que eleitor é esse que majoritariamente se forma nas escolas brasileiras? Que tipo de informação ele tem? Que capacidade crítica de analisar as informações? Infelizmente, o eleitor será refém das notícias fantasmas e toda forma de manipulação que possam aparecer em 2018. Não existe milagre e o que se fazer para deixar o eleitor prevenido em relação às notícias falsas, enquanto o Brasil não apostar mais em desenvolver uma política educacional séria de longo prazo para todos os cidadãos. Agora, é bem verdade, como notou a filósofa alemã Hannah Arendt, que a mentira é parte integrante da política. Assim, mais uma vantagem de viver em uma sociedade democrática é que essa mentira é constantemente posta à prova e não se tem um controle hegemônico da circulação de informações.
  •  Nos últimos anos, a população ocupou as ruas em defesa de várias pautas. Na sua avaliação, a democracia brasileira será marcada pelo crescimento da pluralidade de atores e demandas? Pode haver uma maior pluralidade, mas acredito que estamos num momento de crise da democracia nacional e não de expansão do regime democrático. Temos um conjunto de problemas absolutamente prioritários que não foram solucionadas, como por exemplo as grandes desigualdades sociais no país, e pautas mínimas como a universalização dos direitos civis básicos. Um trabalhador brasileiro, numa grande cidade do país, não sabe se o policial que fiscaliza a rua é seu protetor, ou o seu inimigo. Além disso, essas novas demandas, como as causas associadas ao movimento contra a homofobia, por exemplo, estão vivendo um processo reativo de questionamento público muito forte, o que, é verdade, não é uma particularidade do nosso país. O assassinato recente da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, é prova de que a reação a essas demandas pode se tornar absolutamente violenta.
  • Qual será o tema mais sensível no processo eleitoral de 2018? Em primeiro lugar, a economia. O que vai dividir os candidatos e servir de critério para a escolha do eleitor é a capacidade do presidenciável melhorar as condições econômicas do país: aumentar o emprego, controlar a inflação, promover políticas de habitação popular. Além disso, dado que a discussão sobre política no país, nos últimos anos, foi muito centralizada em torno à questão da corrupção e que os principais quadros dos mais importantes partidos estão sendo associados a escândalos de corrupção, creio que esse tema também produzirá algum efeito na cabeça de determinados seguimentos do eleitorado. E, penso, que um efeito, em geral, ruim, pois acaba produzindo a sensação de que todos políticos profissionais são corruptos. Isso pode incitar o eleitor a anular o seu voto, ou a escolher alguém pela simples razão desse se apresentar como honesto. O problema é que política não é moral. Não basta ser honesto. O grande número de candidatos que se apresentam como não-políticos é sintoma desse fenômeno. O surgimento de novos partidos, que se autodeclaram diferentes dos partidos tradicionais, também. 

 

 

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

UFLA ensina técnica de aprumos de cavalos durante feira agropecuária de Minas Gerais

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) amplia cada vez mais suas ações de extensão e reconhecimento no mundo do agronegócio. Dessa vez, o Núcleo de Estudos de Equideocultura (Nequi) do Departamento de Zootecnia (DZO) promoveu minicursos sobre técnicas de avaliação de aprumo de equídeos durante a 58ª Exposição Estadual de Agropecuária – a principal do setor -, realizada em Belo Horizonte, no período de 22 a 27 do mês passado.  

Na ocasião, a equipe ofertou dez aulas sobre como analisar os membros de cavalos, mulas e jumentos  para cerca de 300 participantes da feira, incluindo criadores, profissionais do agronegócio, leigos na área e crianças. Para isso, sete linhas de referência para análise da direção dos membros dos equídeos foram aplicadas nas raças expostas na feira, como mangalarga machador, campolina,  pampa, jumento pêja, pôneis brasileiros e piquira.

 A professora do DZO e orientadora do Nequi, Raquel Moura destaca que a atividade criou oportunidades de reciclagem de conhecimentos sobre técnicas empregadas no julgamentos de equídeos em exposições agropecuárias.   “Cumprimos a missão de ensinar como se analisa a direção correta que têm os membros e sua função para a eficiência, marcha e corrida dos cavalos”, ressalta. 

A ação ainda ofereceu às famílias a possibilidade de ter contato com o mundo rural. “O século XXI é o primeiro em que o cavalo não é o principal meio de transporte. Se antes todos sabiam a importância do animal, hoje muitas pessoas acham que ele é restrito ao lazer e não como um setor de produção”, explica.   

Durante a exposição, a equipe do Nequi também entregou folhetos didáticos para o público. A iniciativa contou com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), que disponibilizou o micro-ônibus laboratório para garantir o suporte do grupo. 

Entenda

A Exposição Estadual Agropecuária tem o objetivo de valorizar o agronegócio, reunir criadores e pecuaristas inclusive de outros estados, propiciando vendas de animais e intercâmbio de informações que agregam valor ao setor. A programação incluiu exposição e premiação de bovinos, equídeos, caprinos e ovinos, além de leilões e cursos técnicos. 

 

 

 

 

 

 

Imagem: NEQUI 

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

Quarteto Guignard é atração no salão convenções da UFLA

Com o auditório do salão de convenções da Universidade Federal de Lavras (UFLA) lotado, o Quarteto Guignard apresentou um concerto instrumental de viola, violinos e violoncelo nessa segunda-feira (21/5).

O público conferiu obras de um dos maiores mitos da música clássica Ludwig Van Beethoven, além dos compositores tchecos Bedrich Smetana e Erwin Schulhoff, interpretado por quatro instrumentistas da orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Pela terceira vez na universidade, a vinda do Quarteto Guinard  à cidade integra o Projeto de Interiorização Cultural do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), em parceria com a universidade.

Segundo o presidente do Crea-MG Cultural, Ederson Bustamante, a boa receptividade da comunidade acadêmica e moradores de Lavras já é referência para o quarteto. “Desde a primeira vez que viemos, sempre insistiram para que retornemos. Para nós, impressiona que até numa segunda-feira e no frio mais de 200 pessoas vieram nos prestigiar”, comemorou.

A articulação para a UFLA receber o projeto iniciou em 2015. Para o coordenador de cultura da universidade, Luiz Carvalho, o espetáculo abre novos rumos para os alunos da UFLA. “A apresentação fornece um estímulo fantástico aos nossos estudantes músicos, bem no momento em que estamos construindo a orquestra da UFLA”, frisou.  

Com público de todas as idades, o espetáculo foi  elogiado por quem esteve presente. Nem o frio impediu a administradora Alesssandra Vilela, de 58 anos, de assistir ao concerto com as filhas Maria Eduarda e Ana Paula, de 6 e 8 anos, respectivamente. “Me emociono muito com a música clássica e acredito ser uma oportunidade fundamental para toda nossa família. Espero que haja novos eventos como esse”, comentou. 

Saiba mais

O Quarteto Guignard foi criado em 2017. A venezuelana Joana Bello e o belo-horizontino Rodrigo Bustamante são os responsáveis pelos violinos. O filipino Gerry Varona é o encarregado da viola. A paraense Camilla Ribeiro completa o quarteto com os graves do celo.

A apresentação faz parte do Projeto Interiorização Cultural, que tem a finalidade de levar às cidades do interior de Minas Gerais, nas quais o Crea Minas possui inspetorias ou escritórios de representação, eventos culturais como concertos de música clássica, shows de música popular de qualidade e tradição e narração de histórias literárias dos grandes escritores da literatura brasileira. O projeto teve início em 2013. 

Pollyanna Dias- jornalista, bolsista Dcom/Fapemig. 

 

Arduino Day 2018/Lavras será realizado neste sábado na UFLA

 O Grupo de Pesquisa NanoMat do Departamento de Física da Universidade Federal de Lavras (DFI/UFLA) promoverá o Arduino Day 2018 – Lavras, no próximo sábado (19/5), das 8h às 18h, no Anfiteatro do DFI. Na sua segunda edição, o evento contará com palestras, minicursos e espaços para mostra de projetos e troca de experiências.

O evento marca o aniversário da plataforma Arduino,  uma ferramenta aberta e livre para o desenvolvimento de projetos de hardware e software. Com ele, é possível, por exemplo, realizar projetos de robótica e automação residencial. Na data ocorrem eventos simultaneamente em vários lugares do mundo, organizados pela comunidade de aficionados com o Arduino ou pelos seus fundadores.

O dia será destinado a palestras, conversas e minicursos para os diversos níveis de conhecimento sobre o assunto. A programação ainda contempla uma automação de tarefas por meio de programação de microcontroladores. Os participantes terão a oportunidade de expor projetos na área e os três melhores ainda serão premiados em dinheiro: 1º lugar- R$300; 2ª lugar- R$150; 3º lugar- R$50.

O Arduino Day é gratuito e aberto a toda a comunidade. Os interessados em participar devem se inscrever aqui. Acesse a programação na imagem acima. 

Mais informações podem ser obtidas no site ou no evento no Facebook.

Luciana Tereza- estagiária Dcom/UFLA.