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Por que ser professor

A Educação é hoje prioridade no país e sobram vagas para quem quer lecionar. Benefícios como a estabilidade e a possibilidade de desenvolver um trabalho criativo são atrativos.

“Ao se formar, um professor não fica muito tempo sem emprego.” A afirmação é de Ana Cléa Ayres, coordenadora de graduação da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). E não são raros também os que lecionam enquanto ainda estudam. Tal situação se explica pelo grande número de vagas no mercado. Faltam quase 250 mil educadores qualificados para atuar na rede pública de todo o Brasil, somente no segundo ciclo do Ensino Fundamental (da 5ª a 8ª série) e no Ensino Médio, situação que vem sendo chamada de “apagão”. Quem se prepara para essa carreira, contudo, encontra outros benefícios além da garantia de emprego, como estabilidade, no caso dos concursados, férias duas vezes por ano, período para trabalho pedagógico fora de sala remunerado e horário flexível.

“Hoje em dia, conciliar o trabalho com o estudo é um privilégio”, afirma Angélica Lourenço Pinto, 35 anos, que leciona na EE Professora Maria Jannuzzi Mascari, em São Paulo, SP. Há 15 anos no magistério – já atuou também na rede particular –, ela dá aula de manhã para uma turma de 4ª série. Por trabalhar em apenas uma escola, consegue se dedicar muito mais aos alunos e participar do trabalho da equipe.

Além de estar concluindo a especialização em Psicopedagogia, Angélica ainda dedica cerca de quatro horas por dia à leitura de textos passados pelos docentes e outros, que busca para aprimorar seu trabalho. “Estudo muito para ajudar os que estão com dificuldade de aprendizagem”, diz. “Ganho 1,5 mil reais mensais. Poderia cumprir mais uma jornada e receber o dobro, mas tenho outras prioridades, como a formação e o cuidado com minha filha.”

No que se refere especificamente ao dia-a-dia da profissão, o magistério oferece ainda outros incentivos. “Os profissionais têm autonomia para desenvolver sua atividade de forma criativa, principalmente na rede pública”, defende Ana, da Uerj. Esse é um benefício que poucas ocupações trazem e com uma compensação imediata: quando a turma aprende, logo se vê o resultado do trabalho. “Saber que os alunos na escola pública estão abertos ao conhecimento e que precisam de mim é o que me mobiliza a seguir essa profissão. Me sinto útil para a sociedade”, afirma Angélica.

A professora está em sintonia com a importância que a Educação vem conquistando aos olhos da sociedade brasileira e também do governo, que tem implementado várias medidas de incentivo à qualidade do ensino dentro do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em março. Cada vez mais, o setor é visto como imprescindível ao desenvolvimento econômico e social. “Está havendo uma febre pelo ensino no Brasil”, afirma Mozart Ramos, do Conselho Nacional de Educação (CNE). “Infelizmente, tivemos de chegar ao fundo do poço para que isso acontecesse. Mas deixar de acreditar que o magistério é hoje um mercado promissor é deixar de acreditar no país.”

Tratar o chamado “apagão” – a falta de educadores principalmente nas áreas de Química, Física, Matemática e Biologia – é questão urgente, já que os jovens ficam sem aula ou são ensinados por pessoas que não têm qualificação específica. Para atender à demanda estimada para o ensino público nas áreas mais críticas, a previsão era de que precisariam ter sido formados 55 231 docentes tanto de Química como de Física ao longo da década de 1990. No entanto, os licenciados foram apenas 7 216 em Física e 13 559 em Química. O que se vê hoje é somente 9% dos docentes de Física que atuam nas escolas públicas brasileiras com formação nessa área, segundo o estudo Escassez de Professores no Ensino Médio: Propostas Estruturais e Emergenciais, do Conselho Nacional de Educação, divulgado em julho.

Falta pessoal qualificado por todo o Brasil. No Pará, as disciplinas em que há a maior necessidade de mão-de-obra são Química, Física, Biologia e Geografi a. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, há dificuldade em encontrar quem lecione Matemática e Física – além de Inglês e Arte. No Ceará, apesar de recentes realizações de concursos para a contratação de licenciados em Química e Física, há locais em que ainda há carência de profissionais com essas formações. Na Paraíba, as mesmas especialidades são requisitadas.

E outras secretarias não param de contratar. Minas Gerais, por exemplo, nomeou, entre 2006 e 2007, 17 832 professores de Biologia, Física, Matemática, Química, Geografia, História e Língua Portuguesa. São Paulo realizou em 2003 o maior concurso já ocorrido numa rede estadual, oferecendo 49 mil vagas para as disciplinas de Biologia, Ciências, Arte, Física, Geografi a, História, Inglês, Matemática, Língua Portuguesa e Química. Mais de 30 mil aprovados já estão trabalhando e, até o final de 2007, a previsão é que sejam efetivados mais de 17 mil educadores.

Para prover o mercado de tantos profissionais, as licenciaturas precisariam produzir diplomados a todo vapor. Porém esse é um campo que exige atenção. As áreas em que há postos no mercado são exatamente as que não graduam profissionais suficientes. Pesquisa realizada pela Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras, em parceria com o Ministério da Educação (MEC) há dez anos, já mostrava altos índices de evasão. “Nada mudou de lá para cá”, lamenta Mozart Ramos. As expectativas são de que tão cedo não haja gente qualifi cada em número sufi ciente para suprir a demanda – pois os índices de evasão nos cursos de licenciatura giram em torno de 65% em Física, 75% em Química e 56% em Matemática.

Para Elisabete Burigo, coordenadora do curso de graduação em Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o alto percentual de evasão se deve essencialmente a três fatores. Em primeiro lugar, o pouco reconhecimento social e a baixa remuneração do ofício de docente. Em segundo, a migração de estudantes desses cursos – que têm baixa relação candidato/vaga nos vestibulares – para outros ou a desistência dos que os escolheram somente pela oportunidade de ingressar numa faculdade. Por último, a natureza dos cursos: Matemática, Química e Física são graduações com alto grau de exigência, o que nem sempre os ingressantes estão dispostos a enfrentar.

O curso de Matemática da UFRGS oferece 90 vagas por ano e, atualmente, apresenta cerca de 50% de evasão. Segundo Elisabete, nos anos 1990, ele chegava a 70%. Para melhorar a situação, algumas estratégias foram adotadas pela universidade, como a criação do período noturno, que atende a quem trabalha durante o dia, o incentivo às disciplinas práticas em que se exigem estágio em escolas, e as atividades em laboratórios, nas quais eles trabalham com crianças e jovens na própria faculdade. “Dessa maneira, o graduando aprende como planejar uma aula e ensinar. Pode, assim, entrar mais cedo em contato com o trabalho.”

VANTAGENS DO MAGISTÉRIO
Abundância de vagas.
Férias duas vezes por ano.
Autonomia para desenvolver atividades.
Horário flexível.
Estabilidade de emprego para os concursados.

O PORQUÊ DA EVASÃO NAS LICENCIATURAS
Dificuldades diante do grau de exigência dos cursos.
Pouco reconhecimento da carreira de magistério.
Ausência de atividades práticas no currículo.
Proximidade com as escolas

A chamada “humanização do ensino” também é defendida por Ana Cléa, da Uerj. Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre e doutora em Educação, ela trabalhou na rede pública durante 12 anos, lecionando Ciências no Ensino Fundamental e Biologia no Médio. Como coordenadora do curso de Ciências Biológicas, ela defendeu a idéia de que era preciso dar mais contexto à Biologia, estabelecendo um diálogo com a sala de aula. “Isso não significa um rebaixamento do conteúdo em relação aos cursos de bacharelado, mas a mudança de enfoque, que amplia a formação meramente técnica”, diz. Assim, segundo ela, forma-se quem sabe ensinar melhor e trata a matéria com prazer, passando esse sentimento para a turma.

Grande parte dos que ingressam em Ciências Biológicas, Química e Física quer ser pesquisador e já durante o curso faz estágio em laboratórios de pesquisa da universidade ou em outra instituição porque acredita em melhores perspectivas de futuro fora da sala de aula. Mas muitos acabam se apaixonando pela profissão quando passam a ter um contato mais direto com a escola e seus estudantes. João Iecco, que dá aulas de Química do Colégio São Luis, em São Paulo, SP, foi um deles.

Na contramão das estatísticas, Iecco preferiu lecionar na Educação Básica a ser um químico e atuar na indústria. “Resolvi me tornar professor para transformar o ensino da disciplina em algo estimulante e prazeroso.” Após 22 anos, ele continua fazendo cursos e se aprimorando, além de atuar como voluntário em um curso preparatório para vestibulares e num projeto social para jovens carentes. “Minha profissão é gratificante. Para diminuir os problemas sociais do nosso país, será cada vez mais necessário tratar a educação com seriedade.”

É com o objetivo de valorizar a Educação que o relatório Escassez de Professores, do CNE, propõe providências para sanar a questão do apagão. Dentre as sugestões, uma já foi acatada pelo MEC, que anunciou a criação de 10 mil bolsas de iniciação à docência destinadas a quem faz licenciatura. Outra medida prevê o incentivo ao retardamento das aposentadorias de educadores. De acordo com Mozart, do CNE, “o número de aposentadorias tende a superar o de formados nos próximos anos”.

O documento Sinopse do Censo dos Profi ssionais do Magistério da Educação Básica 2003 do Inep/MEC mostra que, na faixa etária de 45 anos ou mais, encontram-se 35% dos professores e, na faixa crítica para a aposentadoria, encontram-se 7% – enquanto os ingressantes são apenas 3,6%. Carlos Ramiro de Castro, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), confi rma o envelhecimento na categoria. “No médio prazo, esse fator agravará o problema de falta de educadores.”

Outras soluções propostas pelo CNE – que poderão ser adotadas gradativamente – são a contratação de profissionais liberais, a oferta de bolsas para alunos de baixa renda nas licenciaturas e na Pedagogia na rede privada e o aproveitamento de estudantes de licenciatura como docentes. Não há como negar que tantas vagas abertas têm relação com a falta de um plano de carreira e, principalmente, com os baixos salários, que não atraem novos talentos.

Especialmente nas regiões mais afastadas, o quadro que se apresenta é de um grande número de profissionais lecionando disciplinas específi cas sem formação adequada (veja o quadro à esquerda). A Educação Infantil e as primeiras séries do Fundamental são um caso à parte. “O Normal de nível médio é admitido como formação mínima”, explica o especialista na área de políticas educacionais Carlos Jamil Cury, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) admita que os formados em Magistério lecionem nessse dois níveis, o mercado mostra que o caminho é buscar a qualifi cação. Nos grandes centros, os profissionais sem nível superior não são admitidos. “A LDB tem um inciso, porém, que permite às regiões que não disponham de profissionais licenciados equiparar a qualifi cação dos docentes para complementar os quadros”, ressalta Cury.

Para solucionar essa situação, o PDE, lançado pelo governo federal, destaca propostas que incluem a ampliação do acesso dos educadores à universidade (leia reportagem graduação) e a criação de um piso salarial nacional para o magistério. Atualmente, 43% dos docentes da Educação Básica que trabalham 40 horas semanais ganham menos do que o piso proposto pelo projeto. O valor de 950 reais, aprovado na Câmara em outubro, será atingido gradativamente até 2010. O projeto de lei que o institui deve passar por aprovação no Senado e, posteriormente, ser sancionado pelo presidente. Ele prevê também que até 2009, União, estados e municípios devem elaborar um plano de carreira que vise melhorar ainda mais as condições de trabalho docente.

A questão dos vencimentos é, sem dúvida, um dos maiores imbróglios a serem solucionados na área do ensino no país. Há muita disparidade entre os diferentes estados. Enquanto em Teresina, por exemplo, o piso para quem leciona 40 horas é de 535,54 reais, em Palmas esse valor é quase quatro vezes maior por hora trabalhada: 1 019 reais para 20 horas.

Para Mozart Ramos, do CNE, além do piso, deve ser instituído um teto salarial para a categoria, de maneira que se crie uma meta a ser alcançada ao longo dos anos. “Esse ofício precisa ser valorizado. Não dá para acreditar que alguém vá ser professor só por vocação.” Para ele, com o teto e um plano de carreira, o jovem talentoso se sentiria motivado. Os vencimentos aumentariam com base na formação, a partir do momento que fossem concluídos a especialização, o mestrado e o doutorado.

DOCENTES SEM FORMAÇÃO ESPECÍFICA
DISCIPLINA PROFESSORES
Língua Portuguesa 44%
Matemática 73%
Biologia 43%
Física 91%
Química 87%
Língua Estrangeira 71%
Educação Física 50%
Educação Artística 80%
História 69%
Geografia 74%
Fonte: Relatório do CNE com base no MEC/Inep

Mais qualificação

Em escolas particulares de ponta nos grandes centros, como São Paulo, a tendência também é de valorização da formação, com o pagamento de vencimentos melhores para quem se qualifica mais. Na capital paulista, um educador de Educação Infantil com pós-graduação, por exemplo, pode ganhar em torno de 4 mil reais mensais. Mas essas vagas são bem poucas.

Na rede particular, de modo geral, uma boa formação abre espaço para as melhores oportunidades dentro do mercado. A história de Carlos Alberto de Freitas, de Belo Horizonte, MG, comprova isso. Há cerca de sete anos, ele trabalha em dois colégios da rede privada, o Loyola e o Santa Dorotéia, nos quais ganha cerca de sete vezes mais do que quando atuava no ensino público. “Quando me formei, já tinha quatro anos de trabalho na escola pública”, conta ele, que lecionava desde o primeiro ano da faculdade de História.

Carlos, hoje, acumula em seu currículo duas especializações, uma em História do Brasil e outra em Educação. “O professor precisa acreditar no poder da Educação, se reciclar e conhecer muito bem o que faz. Tem espaço para muita gente, mas o topo pertence a quem realmente está preparado e em constante atualização.” Ele ressalta, contudo, que a remuneração não foi o único motivo pela escolha da rede particular: o ambiente de trabalho também se difere quando o assunto é a violência.

Sem dúvida, casos de agressões a professores são hoje um fator que afugenta os profi ssionais do magistério. “A violência nas escolas tem mais a ver com a falência das políticas públicas, mas, sem dúvida, a solução do problema começa na Educação Básica, com o estabelecimento de relações respeitosas entre alunos e professores e entre eles e a escola”, diz Renato Alves, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.

Em algumas regiões, esse problema é realmente grave, mas não exclusivo da escola. As manifestações que ali se vêem são o refl exo do que ocorre na comunidade e na sociedade. Para a professora Angélica Lourenço Pinto, de São Paulo, cabe à equipe trabalhar para enfrentálos. “Os alunos são agressivos entre si e até com a gente, mas nós podemos mudar isso.”

PROPOSTAS PARA TORNAR A PROFISSÃO ATRAENTE

Estabelecer um piso salarial nacional.
Incentivar a implantação de planos de carreira.
Remunerar de acordo com o nível de formação.

Quer saber mais?
Inep. www.inep.gov.br

Relatório Escassez de Professores no Ensino Médio, portal.mec.gov.br/cne/ arquivos/pdf/escassez1.pdf

Ufla investe na transformação do conhecimento em desenvolvimento

O lançamento da publicação “Programa de Incentivo à Inovação em Minas Gerais” acontece, dia 06/03, no Salão de Convenções, às 10 horas, como parte integrante da apresentação do Programa de Incentivo à Inovação na Ufla e realização do III Simpósio sobre Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia.

A Universidade Federal de Lavras (Ufla) inicia as comemorações de seu centenário(1908 – 2008) com resultados de sucesso que consolidam sua inserção no cenário regional,nacional e internacional. A Ufla é uma instituição federal que tem como objetivos promover o ensino de graduação e pós-graduação, a pesquisa e a extensão universitária. Nestes 100 anos de atividade a instituição tem pautado suas ações na busca da qualidade.

A participação constante e crescente da equipe de docentes, pesquisadores, técnico-administrativos e acadêmicos da instituição no desenvolvimento de pesquisa de alta qualidade tem sido reconhecida em diferentes esferas. A vocação institucional de fazer ciência e prática, desenvolvida durante um século de existência, possibilitou o entendimento de que é necessário gerar conhecimento, por meio da pesquisa básica, e, a partir de então, buscar a geração de novas tecnologias, a partir de pesquisas aplicadas. Desta forma, é possível contribuir com o desenvolvimento da sociedade, disponibilizando inovações que promovam melhorias na qualidade de vida, através de geração de renda e melhoria de processos no que se refere à melhor utilização dos recursos naturais de forma sustentável.

Na busca do fortalecimento da política institucional de incentivo à pesquisa científica e inovação tecnológica a Ufla teve o apoio decisivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O desenvolvimento natural dessa política permitiu a criação do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufla/Nintec, órgão responsável pela gestão da política de inovação tecnológica e proteção ao conhecimento gerado na Universidade, conforme definido na lei de inovação tecnológica.

Devido à busca constante da promoção de ações visando a incentivar e capacitar os pesquisadores a desenvolver tecnologias inovadoras com aplicações práticas para a sociedade e para o mercado, a Ufla foi escolhida pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), para atuar como instituição-piloto no Programa de Incentivo à Inovação (Pii). Celebrou-se então um convênio entre a Sectes, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Prefeitura Municipal de Lavras, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a Fundação de Desenvolvimento, Científico e Cultural (Fundecc), no qual esses parceiros alocaram recursos e envidaram esforços para auxiliar na construção de um programa de incentivo à inovação para apoiar projetos que já estivessem em fase adiantada de transformação do conhecimento em inovação.

A participação da Ufla nesse programa permitiu o crescimento da equipe envolvida na gestão do Nintec e foi fundamental para o fomento da cultura de inovação na universidade, a qual, em conseqüência, se encontra hoje em processo de construção e consolidação de sua incubadora de empresas.

A transformação do conhecimento em inovação permitirá a criação de empresas de tecnologia, a atração de investidores e empreendedores e a criação de um banco de oportunidades tecnológicas, possibilitando a fixação de mão-de-obra capacitada oriunda de cursos da Ufla e de outras instituições de ensino superior de Lavras, reforçando a estratégia da implantação do Parque Tecnológico de Lavras.

A participação efetiva dos pesquisadores, em resposta ao Edital do Pii, foi recebida com entusiasmo pela instituição e incentivou o trabalho da equipe do Nintec na busca de novas oportunidades para viabilizar a transformação das pesquisas em inovações. Com essas ações, espera-se promover o desenvolvimento regional e demonstrar à sociedade que o papel da universidade vai além da formação de profissionais de qualidade, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento da região e do país.

As tecnologias apresentadas neste documento foram selecionadas entre 64 propostas, sendo que 20 delas foram contempladas com um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental e 12 receberam recursos para a finalização do protótipo e elaboração do Plano de Negócios de sua tecnologia.

É a Ufla fazendo ciência e prática para o município de Lavras, a região sul de Minas, o Estado de Minas Gerais, o Brasil e o mundo.

Programa de Qualificação Profissional Semear divulga resultado

O Programa de Qualificação Profissional “Semear” é constituído por cursos de qualificação profissional ministrados por alunos de graduação, sob a orientação de servidores da Ufla, qualificando gratuitamente mão-de-obra profissional, com a estrutura existente na Instituição, e parcerias, em atendimento aos anseios da sociedade relativos à capacitação profissional, reabilitação, inclusão social e, oportunidades de entra da no mercado de trabalho. Foi criado pelo Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras (Ufla), sendo coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

Resultados do Edital Proex 02/2008, com os seguintes projetos:

Projeto: “Eletricista Prático – Instalações de Baixa Tensão”
Orientador: Roberto Alves Braga Júnior

Projeto: “Iniciação à Jardinagem”
Orientador: Silvério José Coelho

Projeto: “Introdução a Microinformática”
Orientador: Heitor Augustus Xavier Costa

Projeto: “Manejo Sanitário e Princípios de Enfermagem para Eqüinos”
Orientadores: Francisco Duque de Mesquita Neto e Cláudio Pories Prospéri

Projeto: “Tópicos de Sanidade na Bovinocultura Leiteira”
Orientador: Christian Hirsch

Projeto: “Manipuladores de Alimentos”
Orientadora: Maria Delisete Mendes Assunção

Mais informações:
Pró-Reitoria de Extensão – (35) 3829-1317
www.proex.ufla.br/semear.htm

Cursos de Qualificação Profissional a Distância oferecidos pela Ufla

Os Cursos de Qualificação Profissional a Distãncia oferecidos pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) encerram inscrições em 31 de março de 2008.

Os cursos oferecidos (1º semestre 2008) são:

ÁREA: ADMINISTRAÇÃO
CCP – Como Calcular o Custo de Produção
GEA – Gestão Estratégica de Riscos no Agronegócio
MKT – Marketing
OGE – Organização de Eventos

ÁREA: AGRICULTURA
CCC – Cultivo de Cogumelos Comestíveis e Medicinais
JCP – Jardinagem e Cultivo de Plantas de Interior
PMD – Pomar Doméstico: Como Implantar e Cuidar

ÁREA: CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
AHS – Alimentos e Alimentação Humana: Abordagens Técnicas de Serviços
GSA – Gestão da Segurança Alimentar
GQA – Gestão da Qualidade na Produção de Alimentos

ÁREA: ENGENHARIA
FRE – Fonte Renovável de Energia para o Desenvolvimento Sustentável
MMA – Regulagem e Manutenção de Máquinas Agrícolas
BIO – Biodigestores – Planejamento projeto, execução e operação
MRA – Tecnologia do Manejo de Resíduos Agrícola

ÁREA: INFORMÁTICA
TAL – Telefonia IP em Ambiente Linux

ÁREA: LINGUÍSTICA
TIN – Tradução de Inglês Técnico

ÁREA: MEIO AMBIENTE
ECA – Educação e Conservação Ambientais

ÁREA: QUÍMICA
PCQ – Produção de Cachaça de Qualidade

ÁREA: SOLOS
IAS – Interpretação de Análise do Solo e Manejo da Adubação

ÁREA: ZOOTECNIA
GLC – Gestão na Pecuária de Leite e Corte: Custo de Produção, Análise de Rentabilidade e Dimensionamento de Rebanhos
GSU – Gestão na Suinocultura: Custo de Produção, Analise de Rentabilidade e Dimensionamento de Rebanhos
PCP – Produção Comercial de Peixes
MAB – Manejo de Alimentação de Bovinos Leiteiros
MRB – Manejo Reprodutivo em Bovinos de Corte

Informações: (35) 3829-1809 ou acesse www.ced.ufla.br
www.faepe.org.br/extensao

MEC testará projeto de intercâmbio entre federais

Expectativa é estimular troca cultural entre estudantes no 2º semestre

Inspirado por um movimento internacional para estimular estudantes a fazer intercâmbio entre universidades de um mesmo país ou de um bloco econômico, como é o caso do Tratado de Bolonha, o MEC (Ministério da Educação) criou um projeto para fomentar o intercâmbio entre os alunos das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras). O projeto piloto, que deve sair do papel no segundo semestre deste ano, prevê que estudantes possam cursar parte de sua graduação em outra universidade conveniada ao programa. Caberá ao MEC entrar com recursos para garantir a estadia do aluno fora de sua terra natal e às Ifes se organizarem para adequar os currículos.

Na opinião do secretário da SESu/MEC (Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação), Ronaldo Mota, criar um programa como esse não é só possível como se faz urgente já que, fora do país, este é um movimento em franca expansão. Ele cita como experiência positiva o programa MARCA (Programa de Mobilidade Acadêmica Regional em Cursos Creditados) desenvolvido e implantado pelo SEM (Setor Educacional do MERCOSUL).

‘O MARCA é uma das ações voltadas para a mobilidade e cooperação na região, envolve cursos de graduação que passaram pelo crivo de qualidade acadêmica do próprio SEM’, explica Mota. Em 2006, o programa envolveu o intercâmbio de 58 alunos entre cursos de Agronomia em 17 instituições do Brasil, Argentina, Paraguai Uruguai, Bolívia e Chile. Em 2008, o MARCA incorporará cursos de Engenharia e Medicina, o que deve agregar um total de 44 instituições e mais de 150 estudantes. As instituições participantes farão a seleção de estudantes em seus respectivos cursos durante o mês de outubro para o reinício do intercâmbio no primeiro semestre de 2008.

‘Este programa é uma prova de que é possível desenvolver um projeto nacional de intercâmbio bem-sucedido. Por essa razão o MEC pretende apresentar a proposta para os reitores das Ifes e contar com uma adesão significativa. Se o MARCA deu certo, não há dúvida de que podemos implementar com mais facilidade um programa de sucesso dentro do país’, afirma Mota. Nos próximos dias 6 e 7 de março, há uma reunião agendada pelo MEC com a finalidade de discutir o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades) e apresentar à Andifes a proposta do MEC sobre intercâmbio estudantil.

O que prevê o projeto do MEC?

Segundo a proposta do MEC, as universidades federais terão total autonomia para estabelecer programas de intercâmbio entre as mais diversas instituições. Caberá a elas otimizar os processos burocráticos para agilizar as propostas de intercâmbio. Feito isso, a decisão quanto à seleção dos estudantes será feita pela universidade.

O MEC, por sua vez, entrará com recursos para estimular a adesão e participação dos estudantes. Segundo Mota, para o projeto piloto, serão convocados 100 estudantes que receberão uma bolsa de estudos fornecida pelo MEC para que eles possam custear suas despesas fora de sua cidade natal. ‘Poderão participar alunos a partir do segundo ano da universidade que já tenham alguma vivência com o ambiente acadêmico e que possam experimentar o intercâmbio como se deve. Quanto ao valor das bolsas, pensamos em algo em torno de R$ 350 mensais’, explica Mota.

A expectativa, segundo o secretário, é mudar a mentalidade do aluno brasileiro. ‘Hoje, a regra é o estudante entrar num curso e completá-lo sem nunca ter feito uma disciplina fora da universidade. Queremos fazer com que a regra seja que o aluno saia da universidade com a vivência de um intercâmbio. Além do embasamento teórico de seu curso, queremos que o estudante tenha uma visão mais prática da vida, que é o que se espera de um graduado’, explica Mota.

Intercâmbio x recursos

Atualmente, a Andifes já mantém um programa de Mobilidade Acadêmica que reúne 48 instituições federais. (Clique aqui e confira a lista das participantes). A iniciativa possibilita que alunos regularmente matriculados a partir do segundo ano letivo da graduação realizem parte dos estudos em outra instituição federal. ‘Isso fortalece a formação do nosso estudante, tornando-a mais crítica e mais consciente’, explica a presidente da comissão de desenvolvimento acadêmico da Andifes e reitora da UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), Malvina Tuttman.

Segundo a reitora, o programa obtém bons resultados, mas ainda sofre com a lentidão de algumas universidades para a adequação dos currículos e com a falta de aporte financeiro para estimular os alunos a saírem de suas regiões e concluírem parte de seus estudos em uma universidade distante. ‘Hoje, a maior dificuldade está mais na questão financeira. Não há uma previsão orçamentária para que a universidade a qual o aluno pertença possa dar sustentabilidade a ele para estudar numa outra instituição fora da sua cidade. Para que este programa seja efetivamente democrático, é necessário ter orçamento suficiente, bolsas de uma universidade ou outra, ou as duas opções’, defende Malvina.

No caso da adequação dos currículos, Malvina explica que existem disciplinas obrigatórias, eletivas (que a universidade escolhe) e as disciplinas optativas. As disciplinas optativas são livres, compõem o currículo do aluno de forma opcional. Quando o aluno entra no processo de mobilidade, ele vai procurar na outra universidade o aprofundamento de uma área. No caso das disciplinas obrigatórias é maior a dificuldade em compatibilizar currículos. Fora isso, ela defende que não há nenhuma burocracia para a participação no programa, basta fazer uma solicitação à instituição anfitriã, já que o programa depende da aprovação dos conselhos das reitorias. Também é preciso que haja uma resolução aprovada em cada uma das universidades que pretendem fazer esse intercâmbio para normatizar cada universidade e guardar a autonomia de cada uma. ‘Existe uma resolução que estabelece quais são os critérios básicos para essa mobilidade. E isso se dá entre as pró-reitorias acadêmicas de cada universidade’, explica.

O secretário Ronaldo Mota enfatiza que a questão do intercâmbio é muito mais uma conseqüência da articulação das universidades, do que da dependência de verba para sair do papel. ‘Se o problema fosse recurso, as seis universidades do Rio de Janeiro funcionariam entre si nesse sentido. A idéia é convidar cada vez mais universidades a assumir este compromisso e estimular seus alunos a ter essa vivência. O programa não será obrigatório para nenhuma instituição. Faremos um convite e a universidade que desejar participar terá de assumir o compromisso para se articular com seus pares para garantir a revalidação dos créditos e o sucesso do intercâmbio do estudante’, afirma ele.

Mota arriscou dizer ainda que não haverá empecilhos para que, no futuro, o projeto de intercâmbio de estudantes possa acontecer tanto em universidades estaduais com em instituições privadas de Ensino Superior. Segundo ele, caberá às instituições estabelecerem seus acordos para que os estudantes tenham mais essa flexibilidade. ‘Em tese, não pode haver nenhum procedimento burocrático para que isso não aconteça. Pode haver casos de estudantes da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) que queiram desenvolver parte de seus estudos na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), por exemplo. Nós não podemos inibir isso. Mas as universidades terão de estabelecer acordos já que se trata de uma instituição pública e outra privada. Alguém terá de arcar com os custos das mensalidades. Por hora, nosso projeto envolve apenas as Ifes’, diz Mota.

O secretário revelou ainda que o MEC tem planos de ampliar este programa de intercâmbio das federais para os professores universitários. Neste caso, o valor das bolsas seria um pouco maior do que o das bolsas de graduação. ‘Por se tratar de um sistema mais complexo, que envolve ainda outras questões, é só uma idéia. Não há nada programado e nenhum projeto piloto para eles’, declara Mota.

Na opinião da presidente do FAUBAI (Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais), Luciane Stalivieri, a iniciativa do MEC em fomentar um programa de intercâmbio nacional é muito bem-vinda porque estimula que mais estudantes possam viver essa experiência sem o custo e os entraves de um intercâmbio internacional, como por exemplo: dificuldade com outro idioma, adaptação a outra cultura, entre outros fatores. ‘O intercâmbio no Brasil é absolutamente viável se pensarmos nas dimensões de nosso País. As possibilidades são infinitas. Hoje, as universidades já fazem muito bem seus programas de intercâmbio internacional que demandam cuidado excessivo quanto à escolha das universidades parceiras, o reconhecimento dos créditos e o processo de envio e recebimento de alunos. Não há dúvida de que, com apoio do MEC, as instituições irão desempenhar um excelente trabalho também dentro de nossas fronteiras’, acredita.

Para Luciane, ainda que o projeto de intercâmbio do MEC não inclua de imediato a participação de universidades privadas, ela entende que é possível fomentar este tipo de iniciativa, desde que sejam estudadas propostas de adequação de currículos e também a viabilidade da questão, já que são instituições de setores diferentes: público e privado, este último, dependente do custeio de mensalidades por parte dos alunos. ‘Não podemos ter uma visão utópica sobre a questão. É claro que as universidades têm custo ao promover este tipo de iniciativa e, sendo de setores diferentes, as necessidades são distintas. Entendo, porém, que não é um acordo impossível. Basta que técnicos se debrucem sobre a questão para encontrar uma alternativa’, defende Luciane.

Na UCS (Universidade de Caxias do Sul), por exemplo, onde Luciane é coordenadora do escritório de relações internacionais, já estão previstos dois acordos de cooperação com universidades particulares da Bahia a fim de que os estudantes de Turismo da instituição possam complementar seu aprendizado naquele estado e vice-versa. ‘Imagine o quão rico isto é para o estudante. Ele nem vai precisar sair do país para obter mais esta experiência. No futuro, caminhamos para que essa mobilidade seja uma realidade em nossa instituição e até uma obrigatoriedade no currículo de nossos estudantes’, diz.

Para que o projeto de cooperação entre as instituições baianas e a UCS possa ser implementado, Luciane explica que as universidades estão em negociação para estabelecer um acordo quanto aos créditos concedidos por hora aula de acordo com as grades curriculares das instituições e também para procurar uma alternativa para estabelecer como fica o pagamento das mensalidades. Hoje, um custo totalmente arcado pelo aluno. ‘Volto a dizer que as universidades brasileiras são totalmente capazes de desenvolver este tipo de projeto. Dentro do Brasil, é facilitador o fato de não termos barreiras lingüísticas ou dificuldades alfandegárias. O Brasil está dentro de um processo de globalização em que envia e recebe estudantes estrangeiros com maestria. Está mais do que na hora de criarmos uma estratégia para que, em território nacional, nossos alunos possam explorar as inúmeras oportunidades que nosso país oferece’, aposta ela.

Como funcionam os créditos?

Hoje, a revalidação dos créditos, tanto em âmbito nacional como internacional, depende de quanto ela exige do aluno em termos de hora-aula para cada disciplina e como isso é acordado entre instituições para que o aluno não seja prejudicado.

As Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior), assim como as instituições privadas de Ensino Superior, têm total liberdade para definir qual a carga horária de cada uma de suas disciplinas. Para fazer o intercâmbio, porém, é preciso que as instituições estabeleçam como será a compensação dos créditos, caso haja diferença nas grades das instituições em questão.

Assim, caso esse acordo seja estabelecido, se um estudante da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) decidir passar seis meses na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), mas a universidade pernambucana não oferecer em sua grade curricular a mesma disciplina que o aluno tinha antes, ele não tem sua formatura adiada.

Segundo a presidente do FAUBAI (Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais), Luciane Satalivieri, antes da partida do aluno, as universidades estabelecem de que forma os créditos serão compensados, seja com o curso de uma nova disciplina na outra universidade ou receber licença do restante de horas-aula a ser cumprido em sua instituição. É preciso respeitar apenas o padrão mínimo estabelecido pelo MEC para cada curso: 3200 horas-aula em 4 anos.

Começa quinta-feira o III Simpósio de Incentivo à Inovação

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), a Secretaria do Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Sebrae e a Prefeitura Municipal de Lavras organizam evento para a apresentação do Programa de Incentivo à Inovação e a realiza o III Simpósio sobre Propriedade intelectual e Transferência de Tecnologia, que acontecerá nos dias 6 e 7 de março de 2008, no Salão de Convenções da Ufla.

Na programação, estão previstos o lançamento do livro “Programa de Incentivo à inovação da Ufla” com a presença do Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Alberto Duque Portugal, assinatura de convênios, apresentação e mostras das tecnologias do programa de incentivo a inovação PII-Ufla e palestras.

Participarão das solenidades, diversas instituições financeiras e empresas de fundos de investimentos.

A programação completa do simpósio pode ser conferida no site www.prp.ufla.br

Outras informações pelo telefone 35 38291127 ou na Pró-reitoria de Pesquisa, prédio da Reitoria.

PDE ainda não resolve entraves da Educação Superior

Especialistas vêem projeto com bons olhos, mas não como solução

Mais de dez meses desde o lançamento do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) se passaram e o setor de Educação Superior ainda não apresenta resultados significativos. Embora todas as ações previstas no projeto tenham saído do papel, apenas as pontuais, tais como as mudanças no Fies (Financiamento Estudantil) e no ProUni (Programa Universidade para Todos), começam a surtir efeitos, ainda que muito pequenos em relação à expectativa do MEC (Ministério da Educação).

A preocupação do MEC em relação ao avanço do Ensino Superior brasileiro tem fundamento, uma vez que, comparados a números internacionais divulgados pelos ministérios da educação de outros países, os índices de nosso desempenho são pouco animadores. Nossa parcela de jovens de 18 e 24 anos com acesso ao Ensino Superior se mostra muito pequena. Enquanto, no Brasil, 12,1% desta população está regularmente matriculada num curso de graduação, no Chile, esse percentual é de 21% e na Argentina ela alcança 47%. Este índice mantém o país distante da meta do PNE (Plano Nacional de Educação) de chegar à pelo menos 30% de alunos regularmente matriculados no Ensino Superior, em 2011.

Além disso, trabalhos internacionais também colocam o Brasil numa posição desfavorável quando o tema é Educação. O último relatório anual da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) ‘Educação Para Todos’, divulgado em dezembro de 2007, põe o Brasil na 72ª posição em um índice de desenvolvimento com 125 países. A pesquisa avaliou o grau de cumprimento das metas traçadas na Conferência Mundial de Educação, no Senegal, em 2000.

Segundo o secretário da SESu/MEC (Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação), Ronaldo Mota, as medidas do PDE foram implantadas justamente para mudar esse cenário e alcançar a meta para 2011. ‘Isso mostra que o governo está ciente de todos os problemas que cercam o setor e, o mais importante, investe e luta com todas as forças para solucioná-las, a fim de ampliar o acesso ao Ensino Superior brasileiro e a eficiência dele’, ressalta Mota. ‘É preciso lembrar, no entanto, que o plano não comemorou sequer o seu primeiro aniversário e mesmo assim muita coisa já aconteceu’, afirma o secretário.

O PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil), por exemplo, começa a dar os seus primeiros passos. Estudantes carentes da graduação pública federal poderão receber, a partir deste ano, auxílio estudantil para moradia, alimentação, transporte, cultura, esporte, inclusão digital e assistência à saúde. De acordo com o secretário, R$ 126 milhões já estão garantidos para 2008. Outros 15 mil alunos de licenciatura também terão a oportunidade de obter, até o final do ano, uma bolsa de iniciação a docência, por meio do PIBID (Programa de Bolsa Institucional de Iniciação à Docência).

Em novembro de 2007, também foram anunciadas novas regras do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), que passou a conceder financiamentos de 100%, aumentou o tempo da carência para quitação do empréstimo e flexibilizou as regras para se obter um fiador. Na opinião de especialistas, um grande avanço no sentido de ampliar o acesso ao Ensino Superior por parte de estudantes carentes. ‘Embora não haja aumento no fundo, tais medidas garantem que todas as vagas sejam preenchidas, o que não acontecia antes, já que nem todos os estudantes carentes tinham condições de arcar com os outros 25% ou 50% restantes da mensalidade’, opina o presidente da Hoper Educacional, empresa especializada em consultoria de marketing e planejamento estratégico para Instituições de Ensino, Ryon Braga.

A UAB (Universidade Aberta do Brasil) já beneficia mais de 60 mil brasileiros. E, segundo Mota, espera-se que, até o final de 2008, o número seja ampliado para 100 mil. ‘O mais difícil da Educação a Distância é a sua implementação e finalmente conseguimos vencer essa etapa. Agora, por característica própria, ela só tende a crescer em escala’, aposta Mota. O consultor educacional, no entanto, ressalta que a meta do governo nessa modalidade é abrir 300 mil vagas. ‘Não alcançamos nem a metade desse objetivo, embora demos passos largos nessa direção, ainda há muito que fazer’, diz Braga.

Na opinião de Braga todas essas medidas já implantadas pelo governo federal são boas, mas com uma amplitude ainda muito pequena e incapaz de resolver os principais entraves do setor. ‘Reconheço o esforço do governo em melhorar o sistema, mas para que isso efetivamente aconteça é preciso combater a raiz do problema’, enfatiza ele. Dos dois milhões de estudantes que concluem, anualmente, o Ensino Médio, 900 mil não têm a oportunidade de ingressar no Ensino Superior. E esses programas, segundo Braga, conseguem atingir apenas 15% da demanda do total de ‘excluídos’.

Expandir para ampliar oferta

Para ampliar a oferta no Ensino Superior e aproximar um pouco mais o Brasil da meta do Plano Nacional de Educação, o PDE concentra grande parte dos seus esforços na expansão do sistema federal de ensino, com a criação de dez universidades e 48 novos campi universitários. O Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades federais) é o carro-chefe desse processo. ‘O programa já surpreendeu até os mais otimistas e registrou a adesão das 58 instituições que integram o sistema’, diz Mota.

Com objetivo de melhorar os indicadores das instituições federais, o Reuni oferece autonomia para cada universidade encontrar o seu próprio caminho de desenvolvimento, com a devida atenção à expansão dos cursos noturnos, a ampliação da mobilidade estudantil, a revisão da estrutura acadêmica e a diversificação das modalidades de graduação. ‘Atualmente, o sistema federal contempla um pouco mais de 600 mil alunos, com essa expansão, queremos alcançar a média de 1 milhão, até 2010’, declara o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) e reitor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Arquimedes Diógenes Cilone.

Nesses últimos dez meses, porém, Cilone afirma que o Reuni não conseguiu trazer nenhuma mudança para o setor, até porque ainda está em fase de implantação. ‘Iremos construi-lo, paulatinamente, ao longo dos próximos quatro anos. Mas o governo já deu uma sinalização concreta com a liberação de parte da verba reservada para esse primeiro ano’, afirma Cilone. Para alguns até pode parecer que o projeto caminha em câmera lenta, porém, o presidente da Andifes assegura que o governo cumpre todos os prazos previstos. ‘Algumas universidades, inclusive, abrirão novos cursos ainda nesse semestre. No entanto, até o início de 2008, as 53 universidades federais já atuarão em cima do Reuni’, prevê ele.

Segundo o deputado e ex-ministro da educação Paulo Renato Souza (PSDB) o programa é bastante ambicioso. ‘Seria muito mais eficiente expandir as matrículas das universidades existentes, do que criar outros campi. É possível, sim, usar melhor os equipamentos já existentes’, aposta ele. Além disso, o ex-ministro aponta uma falta de planejamento por parte do governo no que diz respeito à localidade das novas construções. ‘Implantam campi em regiões onde já existe grande oferta de Ensino Superior, como é o caso do ABC paulista e do Rio Grande do Sul’, critica ele.

O presidente da Andifes reconhece essa falha na primeira fase do programa de expansão, em 2003. Mas garante que, com o Reuni e com a participação mais ativa das universidades federais, esse processo será muito mais bem planejado. ‘Neste momento, foi muito melhor fazer a internacionalização, ainda que a toque de caixa, do que cruzar os braços e manter a situação do jeito que estava: com as universidades federais estagnadas, sem possibilidade de crescimento’, defende ele. Cilone aponta que, no ano 2000, as federais contavam com 400 mil estudantes, hoje, na graduação, o número gira em torno de 650 mil.

Mesmo com a duplicação das vagas nas universidades federais, o consultor educacional Ryon Braga acredita que a medida não beneficiará a parcela dos ´alunos excluídos´, especialmente porque muitos não têm condições financeiras para custear as despesas de cursar uma graduação. ‘Sem nenhuma regulamentação de cota social, essas oportunidades acabam usufruídas por estudantes com maior poder aquisitivo e os carentes continuam sem vez no sistema’, diz. Ryon ressalta que 35% dos 900 mil jovens que não ingressam no Ensino Superior, anualmente, não poderiam realizar esse sonho nem se fosse de graça.

E o setor privado?

Mais de 70% das vagas da graduação está nas mãos das instituições privadas, no entanto, pouco se fala desse setor no PDE. ‘O nosso dilema não está relacionado ao aumento de vagas, até porque ainda temos carteiras vazias nas salas de aulas’, aponta a diretora executiva da ANUP (Associação Nacional das Universidades Particulares), Larissa Martino. ‘Muitos estudantes não conseguem ingressar em instituições públicas por causa da concorrência, e nem nas particulares, por falta de condições financeiras. O governo precisa resolver esse impasse, seja por meio da criação de novos sistemas de financiamento ou pela ampliação dos já existentes’, diz ela.

A expansão do acesso ao Ensino Superior Privado no Plano de Desenvolvimento da Educação se restringe às inovações no mecanismo de financiamento dos estudantes. ‘A grande ampliação se concretizará à medida que unirmos Fies e ProUni’, assegura o secretário Ronaldo Mota. ‘As bolsas integrais do ProUni são todas utilizadas e bastante concorridas, e o mesmo não acontece com as parciais. Mas a partir do segundo semestre deste ano, será possível que o estudante que foi contemplado com o auxílio de 50% do ProUni financie os outros 50%, por meio do Fies’, explica o secretário.

Para o ex-ministro Paulo Renato Souza, a proposta é inovadora, mas para que realmente haja a expansão do acesso ao setor privado, ele acredita que o governo tenha que investir mais recursos nos dois programas e aumentar, conseqüentemente, o número da oferta. ‘As mudanças não garantem nenhuma expansão de beneficiados e nem resolvem o problema do setor’, diz.

Segundo Braga, o investimento no setor privado traria mais efeitos para o Plano Nacional da Educação do que o projeto de expansão das federais. ‘O custo de um aluno nas instituições federais é até sete vezes maior do que o de um estudante do setor privado. Desta forma, ao invés do governo criar um milhão de vagas no sistema federal, por que não realocar essa verba para criar sete milhões no particular?’, questiona o consultor.

Qualidade e eficiência

Garantir a eficiência do Ensino Superior também é um dos objetivos do PDE. Afinal, de nada adiantaria abrir as portas das universidades para os jovens carentes, sem que eles possam, efetivamente, receber uma formação de qualidade. E o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) passará a ser o principal regulador do sistema. ‘Todas as ações do Ministério da Educação estarão pautadas em cima dos resultados obtidos nessa avaliação’, explica Mota.

O Brasil, inclusive, já começou a trabalhar nessa direção. Um exemplo disso é a experiência que tivemos com os cursos de Direito. ‘Muitos cursos apresentaram desempenho insatisfatório. Com isso, o poder público teve de reagir com o desenvolvimento de ações capazes de melhorar a qualidade do ensino. No caso, a redução de vagas’, explica o secretário da SESu.

De acordo com a diretora executiva da ANUP, Larissa Martino, o Sinaes é bastante eficiente, desde que implantado em sua totalidade. ‘Atualmente, o que se vê é que essa avaliação do sistema está baseada exclusivamente no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes)’, afirma Larissa. Para ela, basear-se no exame para emitir juízos de valor a uma instituição é um grande equívoco. ‘Os alunos sorteados para fazer essa prova não têm nenhum compromisso com os resultados, a nota sequer consta no currículo dele. Muitos deles, inclusive, só comparecem ao exame para cumprir com a obrigação’, relata.

O secretário, por sua vez, confessa que ainda há muito que fazer para que o Brasil alcance os patamares esperados. ‘O trabalho com educação não finaliza nunca. É um processo permanente. Para os próximos meses, fica a tarefa de darmos continuidade aos programas’, diz Mota. ‘No censo educacional teremos uma boa surpresa. Diria que vamos crescer tanto no setor público, como no setor privado qualificado’, aposta.

Fapemig lança editais para aquisição de livros e publicação de periódicos científicos

A Fapemig acaba de lançar os editais 04 e 05 de 2008, referentes, respectivamente, à aquisição de livros técnico-científicos para pós-graduação e à publicação de periódicos científicos institucionais.

O edital 04/08, Apoio à aquisição de livros técnico-científicos para pós-graduação, recebe propostas até 28 de abril. Ele destinará R$ 2 milhões, para atualização e ampliação do acervo de bibliotecas utilizadas por cursos de pós-graduação stricto sensu, recomendados pela Capes em Minas Gerais. “É uma oportunidade para que algumas instituições melhorem o conceito de seus cursos junto à Capes, uma vez que o acervo bibliográfico é um dos itens avaliados”, observa o diretor científico da Fapemig, Mario Neto Borges. Em 2007, foram 16 instituições contempladas de diferentes regiões do Estado. Com este apoio, a Fundação espera contribuir para o fortalecimento dos cursos de pós-graduação stricto sensu.

Por sua vez, o edital 05/08, Apoio à publicação de periódicos científicos institucionais reúne o valor de R$500 mil, que vão beneficiar propostas de editoração e publicação de periódicos científicos brasileiros, impressos ou por via eletrônica, em todas as áreas do conhecimento. O edital, que tem o objetivo de ampliar a divulgação dos resultados das pesquisas realizadas no Estado, receberá propostas até 5 de maio. No ano passado, das 40 recebidas, 33 foram aprovadas.

Mais informações: www.fapemig.br

Representantes da Ufla participam de reunião na Fapemig

Hoje, dia 04, a Fapemig irá receber para uma reunião os pró-reitores de pesquisa e pós-graduação e os dirigentes de instituições gestoras. O objetivo do encontro é apresentar as simplificações administrativas implementadas pela Fundação, especialmente no que se refere ao fluxo de bolsas institucionais, repasse de recursos aos bolsistas e taxa de bancada.

Representando a Universidade Federal de Lavras (Ufla), foram os professores Joel Augusto Muniz, pró-reitor de pós-graduação, Édila Vilela de Resende Von Pinho, pró-reitora de pesquisa e Iara Alvarenga Mesquita Pereira, diretora da Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (Fundecc).

A reunião será conduzida pelo diretor científico Mario Neto Borges. Segundo ele, “Já há algum tempo, a Fapemig vem introduzindo simplificações administrativas que têm como finalidade agilizar a tramitação dos processos, tanto para a instituição como para os clientes”, explica. As novidades apresentadas no encontro passarão a valer já em 2008.

O encontro acontece no auditório da Fundação (Rua Raul Pompéia, nº 101 / 12º andar, Bairro São Pedro, em Belo Horizonte).

CNPq divulga resultado da primeira chamada para bolsas de Mestrado e Doutorado

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) divulgou, na última sexta-feira (29/02), o resultado da primeira chamada do Edital MCT/CNPq nº 27/2007 para concessão de Bolsas de Mestrado e Doutorado a orientadores vinculados a Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu reconhecidos pela Capes.

Voltado para promover a consolidação e o fortalecimento da pós-graduação brasileira em áreas estratégicas, o Edital apoiará, nesta chamada, mais de 800 projetos, dos 6,5 mil enviados ao CNPq. As propostas foram avaliadas por um comitê temático composto por 51 pesquisadores.

Os projetos foram divididos em cinco linhas temáticas: Engenharias, Ciências da Vida, Agrárias, Exatas e da Terra, e Interdisciplinares – Mar e Antártica, Trauma, Violência e Segurança Pública.

Para concorrer à Segunda Chamada do Edital, os coordenadores dos projetos deverão enviar as propostas até o dia 15 de maio, por meio do Formulário Eletrônico, disponível em http://efomento.cnpq.br/efomento/, a partir do dia 10 de março.

Para a Primeira Chamada foram destinados cerca de R$ 25 milhões provenientes dos Fundos Setoriais. Igual valor será destinado para apoiar as propostas aprovadas na Segunda Chamada, com resultado previsto para a segunda quinzena de junho.

Confira o Edital na íntegra em: www.cnpq.br/editais/ct/2007/027.htm

O resultado em : www.cnpq.br/resultados/2007/027.htm