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MEC critica educação em São Paulo

O Globo, 25/01/08

Demétrio Weber

Estado só tem 14,4% de alunos em escolas com ciclo fundamental de 9 anos

BRASÍLIA. Ao anunciar que cresceu o número de estudantes em escolas de ensino fundamental com duração de nove anos em todo o país, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar, criticou a demora das escolas públicas de São Paulo em fazer a ampliação de oito para nove anos. Em 2007, 44,3% dos estudantes brasileiros estavam matriculados em escolas onde o ensino fundamental dura nove séries, um acréscimo de 33% em relação a 2006.

O Rio Grande do Norte tinha o maior percentual, 99,4%. O Rio de Janeiro, o quarto maior, 95,9%, enquanto São Paulo aparecia com 14,4%, em 22º lugar.

— É um espanto que seja o estado mais rico do Brasil com uma situação dessa. É grave — disse Maria do Pilar.

SP e Minas não aderiram ao novo plano para a educação No ano passado, o ministro Fernando Haddad já manifestara espanto com o fraco desempenho dos estudantes paulistas no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), teste internacional em que o Brasil ficou entre os últimos colocados.

Segundo Haddad, as notas baixas dos alunos paulistas contribuíram para diminuir a média nacional. São Paulo e Minas, estados governados pelo PSDB, são os únicos que não aderiram ao Plano de Desenvolvimento da Educação. Por conta disso, escolas mineiras deixarão de receber R$ 12 milhões em repasses diretos este ano.

Pilar disse que a ampliação garantiu o acesso de 500 mil crianças de 6 anos à rede pública de ensino fundamental em 2007. Os dados são do Educacenso, o novo censo escolar do governo federal. Por lei, todas as escolas do país deverão adotar a medida até 2010. Em sete estados, mais de 90% dos estudantes freqüentavam escolas com nove anos de duração: Além de Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, Ceará (98,4%), Mato Grosso do Sul (96,5%), Minas (95,2%), Goiás (91,6%) e Tocantins (91,2%) estão nessa situação.

Pilar disse que a ampliação enfrentou resistências em São Paulo já na época da aprovação da lei no Congresso, em 2005. O motivo seria a falta de salas de aula para abrigar os novos estudantes — a medida antecipa o ingresso dos alunos no ensino fundamental de 7 para 6 anos de idade, na chamada série inicial.

Com isso, a tradicional 8asérie passa a se chamar 9º ano.

— São Paulo tem muitas escolas que funcionam com três turnos diurnos, o turno da fome (em que os alunos estudam na hora do almoço). Não tem vaga, não tem prédio para os meninos de 6 anos — disse Pilar.

Secretária de Educação de SP rebate as críticas A secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, admitiu a demora, mas rebateu as críticas, garantindo que as escolas paulistas cumprirão a exigência legal até 2010: — São Paulo ainda não implantou o ensino fundamental de nove anos. Não significa que as crianças de 6 anos estejam fora da escola. 89% delas estão na pré-escola. O relatório divulgado pelo Unicef esta semana mostra que São Paulo tem o melhor indicador de qualidade de vida na infância e a melhor cobertura de 4 a 6 anos.

Ela atacou o governo Lula por ter regulamentado a lei do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) só no fim do ano passado, definindo critérios de repartição de recursos para cobrir as matrículas de crianças de 6 anos. Em São Paulo, o Conselho Estadual de Educação não firmou regras para o assunto. Segundo Maria Helena, isso ocorrerá em fevereiro. Ela e Pilar concordam com a importância da maior duração do ensino fundamental. Crianças que começam a estudar mais cedo tendem a aprender mais.

Universidade Aberta terá 562 pólos até o fim do ano

Portal MEC, 24/01/08

Destinado principalmente à capacitação de professores da rede pública de ensino, o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) vai atingir a marca de 562 pólos ao fim de 2008. O número representa um aumento de 93% em relação a 2007. Ao atingi-lo, o governo terá percorrido mais da metade do caminho (67%) para alcançar a meta de 830 pólos até 2010, o que consolida o programa.

Segundo o secretário de educação a distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, cada pólo atende à população num raio de 100 quilômetros. “Por isso, estipulamos a meta de cerca de 830 pólos”, afirmou. Ele ressaltou que, com o total de pólos implantados, serão ofertadas 140 mil novas vagas em cursos de graduação e pós-graduação (lato sensu) a distância.

Atualmente existem 291 pólos em pleno funcionamento espalhados pelo Brasil, todos criados em 2007. Ao final do processo seletivo do segundo edital da UAB, cuja lista de pré-selecionados foi publicada no Diário Oficial da União do dia 21, outros 271 pólos serão criados.

No pólo da UAB localizado no município mineiro de Lagamar, Sirlei Vilela de Oliveira já está aplicando os conhecimentos que adquiriu no curso de Pedagogia ofertado pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Funcionária da Associação de Pais e Amigos dos Portadores de Necessidades Especiais da cidade, ela destacou que o curso vai ajudá-la a continuar estimulando a inclusão social e educativa de pessoas deficientes. “Descobri que os precursores da educação já se preocupavam com essa questão”, comentou.

Já para Alair Cristina Cardoso Videiro, a abertura do pólo da UAB em Arauá, município de Sergipe, representou uma oportunidade de voltar a estudar. Aos 40 anos, ela está entre os 50 alunos do curso de licenciatura em História. “Estava parada há 20 anos e agora estou vencendo dois fantasmas: o de voltar à sala de aula e o de aprender a usar o computador”, comemorou. Orgulhosa, ela contou que seus dois filhos, de 14 e 12 anos, são seus maiores incentivadores.

Assessoria de Imprensa da Seed

Ufla divulga edital para obtenção de novo título

A Universidade Federal de Lavras (Ufla), por meio da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) divulga edital para obtenção de novo título.

São oferecidas 7 vagas, sendo 4 para Educação Física e 3 para Matemática.

As inscrições poderão ser feitas no período de 11 a 13 de fevereiro de 2008.

Para participar o interessado deverá encaminhar exposição de motivos redigida pelo requerente; curriculum vitae do candidato; cópia autenticada do diploma registrado ou atestado de conclusão de curso (original); histórico escolar; programa das disciplinas cursadas, passíveis de aproveitamento e comprovante de pagamento de uma taxa de R$ 40,00 (quarenta reais), a ser recolhida junto ao Banco do Brasil, conforme GRU (Guia de Recolhimento da União), site: www.prg.ufla.br.

Mais informações: Pró-Reitoria de Graduação – Caixa Postal 3037 – Lavras – MG – 37200-000 – Telefax: (35) 3829 1113 – e-mail: prg@ufla.br

´Educação é direito humano, não serviço´

O Estado de São Paulo, 28/01/08

Simone Iwasso

Vernor Muñoz Villalobos: relator especial da ONU pelo Direito à Educação

Costa-riquenho que foi reconduzido ao cargo até 2010 defende mudança de paradigma e participação da sociedade civil

No fim do ano passado, o costa-riquenho Vernor Muñoz Villalobos foi reconduzido, até 2010, ao posto de relator especial da Organização das Nações Unidas pelo Direito à Educação (ONU) por seu desempenho no cargo, que ocupou primeiramente a partir de agosto de 2004. Especialista em direitos humanos e envolvido em projetos para capacitação e inclusão de crianças, adolescentes e adultos, ele aborda o direito à educação a partir dessa perspectiva: a de que educação não é serviço a ser oferecido, mas um direito básico e fundamental que deve ser respeitado. Ou seja, um direito humano.

De passagem pelo Brasil na semana passada para participar de um seminário organizado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ele falou ao Estado sobre sua avaliação do Brasil, das dificuldades de inclusão e da importância da participação da sociedade civil na conquista de uma educação que realmente seja voltada para todos.

Uma das grandes dificuldades das políticas públicas da área educacional é que elas surtem efeito a longo prazo, mas ficam sujeitas a mudanças de projetos de governo. Como superar essas divergências políticas em favor de uma ação contínua para a educação?

O elemento que pode unificar as políticas públicas de educação está numa visão de direitos. Cada país pode ter suas especificidades, cultura e características próprias, mas se entenderem o direito à educação como um direito humano básico e fundamental, que deve ser garantido a todos, todos estarão trabalhando a favor da mesma coisa, com o mesmo objetivo. E, assim, quem não tem acesso à ela pode demandá-la, exigi-la na Justiça. O perigo é entender a educação como um serviço, porque um serviço pode ser suspenso, oferecido apenas mediante pagamento ou até mesmo negado. E os que são excluídos dele ficam sem mecanismos legítimos para reivindicá-lo. É preciso entender esse direito e entender que a partir da educação se consegue o cumprimento de uma série de outros direitos.

Continuando nessas diferenças naturais entre países, as avaliações internacionais, como o Pisa, promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), podem contribuir para melhorar a educação oferecida no mundo?

Há inúmeras avaliações internacionais e cada uma delas tem um enfoque diferente. Há aquelas que medem o desempenho escolar e, se o currículo básico tem como foco esses conteúdos pedidos, o aluno saberá responder e terá um bom resultado. Há outras que optam por avaliar o impacto que os conhecimentos aprendidos têm na vida cotidiana, exigindo capacidade para resolução de problemas, como faz o Pisa. Mas há aspectos que vão além disso. Toda a questão social e cultural envolvida na educação não será avaliada. A inclusão das populações menos favorecidas fica de fora. As condições em que essa educação é dada também. Por exemplo, uma educação autoritária, dada de maneira autoritária, sem respeito aos direitos básicos do ser humano, pode fazer com que um aluno tenha um bom desempenho numa prova, mas será uma boa educação? Nos últimos 15 anos, nunca houve tanta gente com acesso à educação no mundo, mesmo assim essas mesmas pessoas continuam cometendo crimes, a sociedade está repleta de dificuldades e tensões sociais. O que está acontecendo? Esse é um grande desafio que temos.

E o uso de avaliações como termômetro para cumprimento de metas, modelo que começa a ser adotado no Brasil e que já é comum em vários países?

Pode ser uma experiência interessante se atrelada a um modelo maior, que contemple uma educação que seja pensada e discutida para as necessidades das crianças e jovens de hoje. A avaliação não é um fim nela mesma, ela pode auxiliar, mas não pode ser a base de uma política pública educacional. O importante é a visão de que é preciso adaptar a escola às necessidades das pessoas daquela comunidade. E ensinar o que realmente seja importante para uma população.

Como o senhor avalia a situação da educação no Brasil?

O Brasil conseguiu uma série de avanços nos últimos anos. É importante reconhecer isso. Mas, de todas as crianças fora da escola na América Latina, 20% estão no Brasil. E, de todos os adultos analfabetos na região, 46% são brasileiros. Há ainda grupos de excluídos no País, a população indígena, a dificuldade com crianças com deficiências físicas e moradoras de regiões muito carentes. Vocês também não têm ainda nenhum tipo de órgão estatal que funcione como defensoria para onde as pessoas que se sintam violadas em seus direitos, que não recebam a educação necessária, possam recorrer.

E a sociedade civil, que papel desempenha nessa demanda do direito à educação?

É um erro pensar que somente governos devem se preocupar com a educação. Ela é responsabilidade minha, sua, de todo mundo. A sociedade precisa entender que uma boa educação para todos é um elemento fundamental para a construção de um Estado que permite salvar vidas.

Quem é:

Vernor Muñoz

É costa-riquenho. Tem 46 anos e é formado em Letras, Filosofia, Educação e Direito

É professor de Direitos Humanos da Universidade Latina da Costa Rica

Trabalhou como responsável pela área de Divulgação e Promoção de Direitos da Defensoria Pública da Costa Rica

Autor de livros e artigos

Entidades ligadas à educação defendem a manutenção dos recursos para a área

Reunião com o relator geral do Orçamento no Congresso Nacional pretende garantir que os recursos para a educação não sejam submetidos a restrições, cortes ou contingenciamentos

Na manhã desta terça-feira (29/01), dez entidades ligadas à educação – Andifes, CNTE, CONCEFET, CONSED, CONTEE, FASUBRA, PROIFES, UBES, UNE, UNDIME – participam de reunião com o relator geral da Comissão Mista de Orçamento, deputado federal José Pimentel. O encontro pretende discutir os recursos orçamentários e financeiros destinados à educação brasileira.

A reunião, pela primeira vez, de dirigentes e gestores públicos, professores, técnicos-administrativos e alunos das educações básica, tecnológica e superior em âmbito federal, estadual e municipal, demonstra a determinação política dessas entidades de fazer a educação de fato prioridade no Brasil. Para elas, o ensino deve ser um processo contínuo e permanente, da pré-escola à pós-graduação. Dessa forma, é imprescindível que os recursos para a área não sejam submetidos a restrições, cortes ou contingenciamentos devido a problemas conjunturais e eventuais desequilíbrios tributários.

Também serão agendadas audiências com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e do Senado Federal, Garibaldi Alves Filho. Os cortes no Orçamento de 2008 ainda serão definidos em fevereiro, quando o Congresso Nacional encerra o recesso parlamentar.

O encontro com o relator do Orçamento acontece às 11h na sala de reuniões da Comissão Mista de orçamento – Anexo II da Câmara dos Deputados.

Expocafé 2008 aumenta área para a locação de estandes

A UFLA – Universidade Federal de Lavras estará promovendo a 11ª EXPOCAFÉ no período de 18 a 20 de junho deste ano na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) – no município de Três Pontas – MG e anuncia aumento da área de estandes e novidades.

Desde o final da Expocafé em 2007, já era anunciado o interesse dos expositores em garantir seu espaço para este ano, o que esgotou imediatamente a locação dos estandes e plots. Para garantir a permanência dos expositores e ampliar o número de parceiros na feira, foi preciso aumentar o espaço, ampliar a área de grandes animais, modificar o estacionamento e expandir o número de dinâmicas de campo.

A EXPOCAFÉ é a única feira de exposição do Agronegócio Café, registrada no Calendário Brasileiro de Exposições e Feiras, uma síntese das principais feiras e exposições do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do ano de 2008.

Como nas edições anteriores, a feira conta com a parceria da Prefeitura Municipal de Três Pontas, EMATER, EPAMIG, IMA, SEBRAE e cooperativas como COCATREL e UNICOOP.

Durante esses três dias, as atenções dos mercados cafeeiros nacional e internacional se voltam para a EXPOCAFÉ, que vem obtendo recorde de público e negócios a cada ano.

São esperadas várias autoridades para a abertura da feira que deverão também participar de palestras e debates junto aos expositores e visitantes. A feira oferece a possibilidade de estreitar relacionamentos entre diversas cadeias do setor produtivo, troca de experiências, mostras de inovações tecnológicas e negócios.

Atividades
Para esta edição, a EXPOCAFÉ anuncia aumento das atividades de campo, com demonstrativos de defensivos e de fertilizantes, áreas de culturas, dinâmica de máquinas no campo que transportam para o cafezal da Fazenda da EPAMIG, estudantes, cafeicultores, profissionais interessados que aplicam os conhecimentos ali adquiridos em suas propriedades. O objetivo da feira é levar aos empresários rurais tecnologias disponíveis e essenciais à competitividade e sustentabilidade do sistema produtivo e mostrar aos visitantes e interessados, as diferentes oportunidades no agronegócio café.

Ao visitar a EXPOCAFÉ, o produtor rural certamente encontrará a maior diversidade em produtos e serviços para sua propriedade e lavoura. Poderá conhecer técnicas e novidades para secagem do café, melhorias do solo, fungicidas, adubação. Encontrará trituradoras, arruador de café, tratores, peças e implementos, sacarias e técnicas de produção, abanadores de café, lavadores mecânicos, despolpadores, além de vestuário, utensílios, veículos, produtos de construção civil, perfumaria e muito mais.

O cafeicultor conhecerá as novidades para o controle de pragas e doenças do cafezal. Encontrará também soluções ecologicamente corretas como insumos orgânicos, biológicos e alternativos.

Estudantes e caravanas
Os organizadores estão desenvolvendo para esta edição, um acompanhamento aos estudantes que chegam em caravanas de várias localidades e de várias faixas etárias, de vários colégios e escolas técnicas. Eles contarão com a presença de técnicos, professores e orientadores durante a visitação, recebendo esclarecimentos técnicos e didáticos sobre os produtos e as dinâmicas em exposição. É a contribuição da EXPOCAFÉ para os futuros consumidores e produtores do agronegócio café.

Negócios e palestras
Uma grande promessa de bons negócios durante a EXPOCAFÉ, além da diversidade de produtos nos estandes, é a presença do SEBRAE/MG que anuncia para este ano, a duplicação do estande para a Rodada de Negócios, que na edição anterior superou R$60 milhões durante os três dias. Como na edição anterior, a EXPOCAFÉ estará disponibilizando um circo/estande para palestras e debates, buscando maior integração e divulgação de idéias, propostas e apresentação de produtos.

Sabores e brindes
Está sendo esperado um público superior a 40 mil pessoas. Quem visitar a EXPOCAFÉ estará concorrendo a sorteios de brindes além de poder degustar e aprender as deliciosas receitas produzidas pela Cozinha Experimental do SENAC, do Centro de Formação Profissional de Varginha e experimentar a grande variedade de café servido com os mais diversos complementos em todos os estandes, como bolos, biscoitos, tortas.

Garota EXPOCAFÉ
Uma das novidades apresentadas durante a EXPOCAFÉ/2008 será a eleição da “Garota Expocafé”. Trata-se de um evento social que tem como objetivo maior integração entre os municípios participantes, que terão a oportunidade de divulgar seus costumes e negócios, em momento de entretenimento, beleza e descontração. Mais detalhes sobre o evento e o regulamento estarão disponíveis no site www.expocafe.com.br.

No ano de 2007, foram contabilizados cerca de R$112 milhões em negócios e um público de 30 mil pessoas. A feira, com entrada franca, não tem fins lucrativos.

Para maior facilidade de escolha das últimas unidades de estandes, o interessado deve fazer contato pelo telefone: (35) 3829.1674, com a secretaria da EXPOCAFÉ, ou pelo e-mail expocafe@ufla.br. Mais informações no site www.expocafe.com.br.

Maioria dos cursos de pós-graduação é regular, mas excelência aumenta

Bruna Martins Fontes e Renata de Gáspari Valdejão

A cada três anos, cursos de mestrado e de doutorado do Sistema Nacional de Pós-Graduação enfrentam sua mais importante prova: a avaliação trienal da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Na última edição, 2.256 programas passaram pelo raio-X, com acompanhamento anual de 2004 a 2006. As notas definitivas foram consolidadas em dezembro, após o julgamento dos recursos das instituições.

A nota média da maior parte dos programas é três. Sinaliza que atendem a critérios mínimos de qualidade para serem recomendados pela Capes. Isso pode tanto indicar que são novos e devem melhorar como ser alerta de descredenciamento.

Em seguida (22,6%) vem a nota cinco. A mais alta para os programas que só têm mestrado, indica alto desempenho.

Também aumentou 14,5% o número de cursos com nível de excelência (nota seis ou sete) em relação ao triênio anterior. O crescimento apareceu em todas as regiões, exceto na Norte.

A maior parte dessas notas está no Sudeste (veja quadro), que reúne a maioria dos programas (57,5%). Foi o aumento mais discreto: 10,78%.

O Nordeste se destaca pelo maior crescimento de seis e sete –62,5%, de 8 para 13–, seguido pelo Centro-Oeste, com 50% (de 4 para 6). No Sul, a alta foi de 18,5% (de 27 para 32).

Já a porcentagem de programas descredenciados (os que tiram um ou dois) diminuiu, atingindo 1,7% do total, menos que na avaliação anterior (2%).

Critérios mais rígidos

Com os resultados em mãos, a Folha ouviu coordenadores de cursos e alunos de todo o país, além dos representantes de área que atuaram no triênio. Para universidades, a avaliação teve mais rigidez de critérios.

Alguns se sentiram prejudicados. Em ciências agrárias houve reclamação quanto ao fato de a produção científica de cada docente ser computada em só um programa, reduzindo o número de publicações atribuídas a cursos multidisciplinares. Como o quesito é valorizado pela Capes, isso contribuiu para a queda de notas.

‘A idéia é permitir dupla participação com critérios rigorosos’, responde o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro. ‘Em algumas áreas, se a produção é pertinente a duas subáreas, é contada nas duas.’

Em outros casos, como o de letras, lingüística e artes, a mudança de critérios agradou, pois exposição de obras de arte e publicação em livros passaram a valer pontos no Qualis, que classifica veículos de divulgação da produção acadêmica.

Multidisciplinares: Em formação, maioria dos cursos ganha nota regular

O número de cursos da área de multidisciplinares cresceu 45% de 2004 a 2006. Hoje são 145, e a maioria (54%) recebeu nota três –três foram descredenciados.

´Essa é a área que mais cresce porque está havendo uma mudança no conhecimento. Ainda está muito desigual em termos de qualidade´, pondera o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro.

Ele conta que há demanda de universidades para credenciar cursos principalmente nas áreas de educação, direito e administração. ´Mas essas áreas são muito rigorosas, o que acaba refletindo nos cursos multidisciplinares´, comenta.

´Muitas universidades pequenas decidiram unir departamentos e docentes com título de doutor para viabilizarem programas de graduação´, explica o ex-representante da área, Carlos Nobre.

Um dos campos em destaque foi o de agronegócios, uma das atividades da economia brasileira que mais cresceram nos últimos anos. Para acompanhar a tendência, universidades criaram pós nesse tema.

Uma das mais novas é a da UFG (Universidade Federal de Goiás). Criado em 2006, o curso foi avaliado uma vez, por isso, segundo a coordenadora do mestrado Francis Lee Ribeiro, receber três era esperado.

As disciplinas oferecidas pela UFG abarcam áreas da economia, da sociologia e da administração. ´O foco é estudar estratégias regionais para manter e ampliar a competitividade do agronegócio na região do Centro-Oeste e assegurar a devida atenção a questões de sustentabilidade ambiental e inclusão social´, explica Ribeiro.

Uma das dificuldades do programa da UFG é quanto ao número restrito de bolsas oferecidas aos estudantes pela Capes, porque um dos critérios para a distribuição é justamente a avaliação do curso.

Além disso, segundo Ribeiro, o Estado ainda não conseguiu consolidar uma fundação estadual de apoio à pesquisa, algo que ocorre em São Paulo por meio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O mestrando André Grossi Machado, 27, espera que esse curso seja mais divulgado nos próximos anos.

´A troca de experiências entre colegas das mais variadas origens e situações, que lidam com problemáticas específicas do agronegócio de suas regiões, pode colaborar com a criação de alternativas mais eficientes para questões do agronegócio goiano e brasileiro.´

Portas fechadas

Segundo Nobre, os cursos descredenciados tinham problemas comuns. ´Houve pouca produção científica e não têm sido formados mestres e doutores, em qualidade e em quantidade, que possam justificar a continuação da pós-graduação´, sentencia.

Um ponto negativo, segundo a Capes, foi a precária infra-estrutura. ´Na avaliação de 2004, o descredenciamento do curso da federal de Alagoas havia sido indicado´, diz Nobre.

Confira as notas dos cursos Multidisciplinares:

Conceito 5

– Biotecnologia – UEL (Universidade Estadual de Londrina); mestrado
– Biotecnologia industrial – Faenquil (Faculdade de Engenharia Química de Lorena); mestrado e doutorado
– Ciência ambiental – USP (Universidade de São Paulo); mestrado e doutorado
– Ciências ambientais – UFG (Universidade Federal de Goiás); doutorado
– Desenvolvimento rural – UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); mestrado e doutorado
– Desenvolvimento sustentável – UnB (Universidade de Brasília); mestrado e doutorado
– Desenvolvimento sustentável do trópico úmido – UFPA (Universidade Federal do Pará); mestrado e doutorado
– Ecologia Aplicada – Esalq-USP (Universidade de São Paulo/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz); mestrado e doutorado
– Gerontologia – Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); mestrado
– Gerontologia biomédica – PUC/RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); mestrado e doutorado
– Informática na educação – UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); doutorado
– Interdisciplinar em ciências humanas – UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina); doutorado
– Modelagem computacional – LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica); mestrado e doutorado
– Modelagem computacional – Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); mestrado e doutorado
– Planejamento energético – UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); mestrado e doutorado
– Política científica e tecnológica – Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); mestrado e doutorado
– Recursos naturais – UFCG (Universidade Federal de Campina Grande); doutorado

Conceito 4

– Agronegócios – UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); mestrado e doutorado
– Agronegócios – UnB (Universidade de Brasília); mestrado
– Ambiente e desenvolvimento – Univates (Centro Universitário); mestrado
– Ambiente e sociedade – Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); doutorado
– Biotecnologia – Ufscar (Universidade Federal de São Carlos); mestrado e doutorado
– Ciência e tecnologia ambiental – Univali (Universidade do Vale do Itajaí); mestrado
– Ciências ambientais e saúde – UCGO (Universidade Católica de Goiás); mestrado
– Ciências aplicadas ao aparelho locomotor – Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); mestrado profissional
– Ciências e saúde – Fufpi (Fundação Universidade Federal do Piauí); mestrado
– Computação aplicada – Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); mestrado e doutorado
– Cultura e sociedade – UFBA (Universidade Federal da Bahia); mestrado e doutorado
– Desenvolvimento de tecnologia – Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento); mestrado profissional
– Desenvolvimento e gestão social – UFBA (Universidade Federal da Bahia); mestrado profissional
– Desenvolvimento e meio ambiente – Fufse (Fundação Universidade Federal de Sergipe); mestrado
– Desenvolvimento e meio ambiente – UFC (Universidade Federal do Ceará); mestrado
– Desenvolvimento local – UCDB (Universidade Católica Dom Bosco); mestrado
– Distúrbios do desenvolvimento – UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie); mestrado
– Educação, arte e história da cultura – UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie); mestrado
– Energia e ambiente – UFBA (Universidade Federal da Bahia); doutorado
– Engenharia e gestão do conhecimento – UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina); mestrado e doutorado
– Estudos comparados sobre as Américas – UnB (Universidade de Brasília); mestrado e doutorado
– Estudos étnicos e africanos – UFBA (Universidade Federal da Bahia); mestrado e doutorado
– Estudos interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismo – UFBA (Universidade Federal da Bahia); mestrado e doutorado
– Família na sociedade contemporânea – Ucsal (Universidade Católica de Salvador); mestrado
– Física e meio ambiente – UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso); mestrado
– Física, química e neurociências – UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei); mestrado
– Gerontologia – UCB (Universidade Católica de Brasília); mestrado
– História da ciência – PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo); mestrado e doutorado
– História das ciências e das técnicas e epistemologia – UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); mestrado e doutorado
– Meio ambiente – Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); doutorado
– Meio ambiente e desenvolvimento – UFPR (Universidade Federal do Paraná); doutorado
– Meio ambiente e desenvolvimento regional – Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal); mestrado
– Memória social – Unirio (Universidade do Rio de Janeiro); mestrado e doutorado
– Modelagem computacional de conhecimento – Ufal (Universidade Federal de Alagoas); mestrado
– Modelagem matemática – Unijuí (Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul); mestrado
– Pesquisa e desenvolvimento (biotecnologia médica) – Unesp Botucatu (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho); mestrado profissional
– Planejamento de sistemas energéticos – Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); mestrado e doutorado
– Planejamento e gestão ambiental – UCB (Universidade Católica de Brasília); mestrado
– Políticas públicas e formação humana – Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); mestrado e doutorado
– Promoção de saúde – Unifran (Universidade de Franca); mestrado
– Radioproteção e dosimetria – IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria); mestrado
– Saúde – Univali (Universidade do Vale do Itajaí); mestrado profissional
– Saúde e desenvolvimento na região Centro-Oeste – UFMS (Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul); mestrado e doutorado
– Sociedade e cultura na Amazônia – Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestrado
– Sociologia e direito – UFF (Universidade Federal Fluminense); mestrado
– Tecnologia – UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná); mestrado
– Vigilância Sanitária – Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz); mestrado e doutorado

Conceito 2

– Ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia – Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestrado profissional
– Desenvolvimento e meio ambiente – Ufal (Universidade Federal de Alagoas); mestrado
– Tecnologia da informação e comunicação na Formação em EAD – UFC (Universidade Federal do Ceará); mestrado profissional

Despesas com alimentos, moradia e lazer são os vilões da inflação de janeiro

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) ficou em 1,12% no mês de janeiro. Em dezembro de 2007, esse índice havia sido de 1,07% e, em janeiro do mesmo ano, 1,32%.

Entre os onze grupos que compõem o IPC da UFLA, as maiores altas ficaram concentradas nos setores de alimentos (2,22%), despesas de lazer (3,43%) e de moradia, com aumento de 3,42%. Também tiveram alta em janeiro os gastos com transporte, 2,26%; material de limpeza, 2,15%; bebidas, 1,5% e higiene pessoal, 0,53%.

Ao contrário dos anos anteriores, quando as despesas com educação puxaram a inflação do início do ano, em janeiro de 2008 a variação média dos itens que compõem este grupo teve uma queda média de 2,08%. Esta variação foi influenciada pelas mensalidades escolares (-4,1%), apesar das altas nas despesas com material escolar (3,49%) e das escolas de atividade (4,81%). As despesas com o grupo educação e saúde ficou mais barata 2,08% no mês.

De acordo com o prof. Ricardo Reis, coordenador da pesquisa, os preços dos alimentos continuam puxando a inflação, a exemplo de 2007. No ano passado, o setor alimentício acumulou alta de 16,4%, para uma inflação anual de 6,16%. Em janeiro, produtos in natura subiram 1,81% no mês, os semi-elaborados, 4,19% e os industrializados, 0,62%. Os maiores vilões foram as altas do tomate (23,72%), da cebola (44,06%), do feijão (29,95%), do fubá (15,42%) e dos óleos de cozinha (8,32%).

As demais categorias pesquisas pela UFLA tiveram as seguintes variações médias de preços em janeiro: vestuário, queda de 0,86% e bens de consumo duráveis (eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e informática), – 0,69%. Os serviços gerais (água, luz, telefone e gás de cozinha) não tiveram alterações na média dos preços levantados no mês.

O custo da cesta básica de alimentos para uma família de quatro pessoas aumentou 5,43%, em janeiro, e ela passou a custar R$313,71. Em dezembro seu valor era de R$297,55.

Novos formandos em Colação de Grau especial

Em sessão especial do Conselho Universitário da Universidade Federal de Lavras (Ufla), foi realizada hoje (25/1) a Colação de Grau dos formandos dos Cursos de Agronomia, Zootecnia, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Administração, Medicina Veterinária, Ciência da Computação e Química.

A solenidade dirigida pelo reitor professor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, aconteceu no Salão de Convenções da universidade e contou com a presença de pais e amigos dos formandos.

O juramento foi prestado pela convidada formanda Cintia de Oliveira Manoel, que prestou o compromisso regular.

Agronomia
Ana Carolina da Costa Lara
Cintia de Oliveira Manoel
Luzia Yuriko Miyata
Marina Bustamante Ribeiro
Tiago Teixeira de Resende

Zootecnia
Fernando Augusto de Melo

Engenharia Agrícola
Henrique Leandro Silveira
Tiago Alves da Silva
Vanderson Rabelo de Paula

Engenharia Florestal
Carlos Rogério Andrade
Laureano Edésio da Silva

Administração
Camila da Silva Freitas
Evandro José Costa
Kamila Anderson Vasconcelos
Ligia Cunha Neto Pimenta

Medicina Veterinária
Aline Cristina Martins Port
Bianca Gerardi
Caio César Ferrari Casadio
Camila Franco de Carvalho
Dominique Pinto da Silva
Eliane Aparecida Stradioto
Eugênio Lima Muniz
Fernanda Vivacqua Gomes
Karen Maciel de Oliveira
Livia Pinheiro Chagas da Cunha
Marcela Borges Nunes
Mauricio Oliveira Salan
Rafael Limeira Rodrigues
Régis Henrique Barbosa Ferreira
Rosane Marques de Resende

Ciência da Computação
Gustavo Figueiredo Araújo
Janderson Rodrigo De Oliveira

Química
Aline Lefol Nani Guarieiro
Ana Paula de Lima Batista
Ana Paula Ruas de Souza
Custódio Luis Alves
Douglas Henrique Pereira
Hudson Wallace Pereira de Carvalho
Jakelyne Viana Coelho
João Henrique Lopes
Paulo Vitor Brandão Leal

Reuni: desafios para 2008

Naomar de Almeida Filho*

O maior desafio para as instituições federais de ensino superior neste ano de 2008, recém começado, será certamente a implantação do Reuni.

O Reuni é um programa de expansão física e reestruturação pedagógica do sistema federal de educação superior, lançado pelo MEC em abril de 2007, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação. Concebido para duplicar a oferta de vagas públicas no ensino superior, com um orçamento de 7 bilhões de Reais a serem aplicados em cinco anos, é seguramente o mais ambicioso programa dessa natureza já implantado no Brasil. Por razões ainda mal entendidas, o REUNI sofreu intensa oposição de parte do movimento estudantil. Em 26 das 53 instituições, houve tumulto e violência em reuniões de Conselhos Universitários; 14 Reitorias foram invadidas; 7 dessas ocupações somente terminaram mediante cumprimento de mandados judiciais de reintegração de posse. De nada adiantou a obtusa reação. No prazo, todas as universidades federais brasileiras aderiram ao Reuni.

O Reuni compreende as seguintes diretrizes: expansão de matrículas, em especial no turno noturno; diversificação das modalidades de graduação, com novos itinerários curriculares; mobilidade estudantil ampla; articulação da educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica; programas de inclusão social e assistência estudantil; expansão da pós-graduação articulada à renovação pedagógica da educação superior. As universidades participantes do Reuni apresentaram propostas comprometendo-se com metas de eficiência: alcançar, ao final do programa, taxa de conclusão de 90 % e relação aluno/professor de 18/1. Convém registrar que o indicador da taxa de conclusão, aparentemente inalcançável como média geral do sistema, na verdade aceita e incentiva o aproveitamento de vagas residuais por mobilidade interna ou externa. Por outro lado, o indicador relação aluno/professor, ao incorporar estudantes de pós-graduação, é modulado pelos rigorosos critérios de qualidade da CAPES, a ponto de mestrandos ou doutorandos de cursos nota 7 (topo do ranking) poderem equivaler na fórmula a uma proporção de 4/1.

Trinta anos depois da expansão resultante do Acordo MEC-USAID-BIRD e da reforma universitária de 1968, a rede federal de ensino superior somente voltou a crescer no final dos anos 1990. Essa onda de expansão, no segundo Governo FHC, foi iniciativa das universidades públicas e caracterizou-se por uma estratégia institucional de criação de fatos consumados. A universidade abria cursos novos ou ampliava a oferta de vagas em cursos existentes sem contar com docentes, instalações, recursos financeiros; só depois se buscava criar as condições mínimas para tanto. Foi uma fase heróica, com um tipo de crescimento que podemos chamar de “autonomia-sem-apoio”. Nessa fase, as instituições federais de educação superior submeteram-se a um vigoroso ajuste que, otimizando recursos humanos e materiais, conseguiu ampliar a relação aluno/professor do patamar de 7/1 para quase 12/1.

A segunda onda de expansão ocorreu no primeiro Governo Lula, iniciada na curta gestão de Tarso Genro e consolidada pelo Ministro Fernando Haddad. A principal característica dessa fase foi a instalação de extensões, campi e mesmo novas instituições em regiões sem acesso à educação superior. A interiorização da universidade federal brasileira significou atendimento emergencial a demandas históricas de populações e regiões representadas por lideranças político-partidárias. Nesse caso, os fatos consumados eram criados pelo Governo Federal, com a escolha de localização e modalidade das expansões em pouca medida respeitando a autonomia das instituições universitárias. Por esse motivo, podemos dizer que, nessa fase, experimentamos um crescimento do tipo “apoio-sem-autonomia”. A estratégia institucional predominante baseava-se em implantação de cursos simultaneamente à contratação de docentes e realização dos investimentos necessários. Em outras palavras, nessa fase, o financiamento tem sido realizado durante a expansão de atividades da universidade. Os resultados dessa ampliação, ainda em curso, compreendem iniciativas patrimoniais ou institucionais, com 48 novos campi ou extensões, além de 10 universidades instituídas.

O Reuni inaugura a terceira fase de expansão do sistema universitário federal. Agora temos um modelo induzido de crescimento das instituições públicas de educação superior que, por um lado, respeita a autonomia universitária, acolhendo propostas específicas elaboradas por cada uma das instituições participantes do programa. Por outro lado, pela primeira vez, os investimentos em obras e instalações, a aplicação de recursos de custeio, a modelagem pedagógica, a contratação dos quadros docentes e de servidores, faz-se antes da expansão de atividades e de vagas. Essa modalidade de crescimento com “apoio-e-autonomia”, construída em parceria com a Andifes, parece em tese o melhor dos mundos.

Não obstante, algumas questões precisam ser consideradas. Primeiro, o REUNI introduz no sistema federal de educação superior um modelo de gestão semelhante aos contratos de metas que regulam o repasse de recursos públicos do Sistema Único de Saúde. Portanto, implica planejamento estratégico de recursos, insumos e atividades das universidades, obrigando-as a pensar o futuro de curto e médio prazo, prática ainda pouco freqüente nas instituições universitárias brasileiras. Em segundo lugar, os incentivos e apoios devem vincular-se ao atendimento de metas pertinentes, supervisionado por sistemas de avaliação existentes (como o Sinaes e a Capes) ou a serem criados. Enfim, o Reunirepresenta um poderoso indutor de eficiência institucional e de qualificação pedagógica e, desse modo, ao reduzir a enorme dívida social do ensino superior, implica um grande potencial de revalorização do serviço público no campo da educação.

Nesta conjuntura, em todas as instituições federais de ensino superior, dirigentes acadêmicos, encorajados por incentivos gerenciais e financeiros do MEC, querem mudar a universidade; docentes e técnicos, inspirados em tendências contemporâneas, elaboram novos modelos de renovação curricular; servidores, antevendo melhores condições de trabalho e valorização do serviço público, engajam-se ao processo. Porque somente os alunos, representados por uma minoria (pois a omissão da maioria estudantil não os exime da responsabilidade política), resistem às mudanças e lutam contra a expansão e reestruturação da universidade pública brasileira? Será que, hoje, forças reacionárias e conservadoras predominam no interior do movimento estudantil?

*Naomar de Almeida Filho é reitor da UFBA