No final de 2017, o Projeto Cotton Victoria, coordenado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), promoveu o treinamento de 44 profissionais no Burundi e na Tanzânia, na área de sustentabilidade da produção algodoeira.
Os treinamentos nesses países africanos foram realizados de 4 a 8 de dezembro e, pela primeira vez, a equipe da UFLA contou com a presença de estudantes: Douglas Pelegrini Vaz-Tostes (doutorando em Fitotecnia/Sementes) e Vinícius Reis Bastos Martins (graduando em Engenharia Agrícola), além dos professores Pedro Castro Neto (DEG) e Antônio Carlos Fraga (DAG).
Esse treinamento incluiu aulas teóricas e práticas, visando à melhoria técnica da cultura do algodão nos países africanos, com a apresentação de tecnologias utilizadas pelos cotonicultores brasileiros na área de manejo agronômico mais sustentável, com foco no aproveitamento de água e conservação do solo. Os estudantes participaram efetivamente de todas as atividades desenvolvidas e manifestaram entusiasmo com a experiência internacional inovadora.
O algodão é uma das mais importantes culturas agrícolas dos países africanos, gerando emprego e renda a milhares de agricultores. As áreas de cultivo são pequenas e o sistema de produção utiliza ainda muitos recursos manuais, com produtividade muito baixa, quando comparado com os padrões brasileiros de produção, de acordo com o professor Antônio Fraga.
O Projeto Cotton Victória é uma parceria da UFLA com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
O projeto Cotton Victoria, que prevê o desenvolvimento de técnicas para o cultivo do algodão e a promoção de sua cadeia produtiva em países africanos, é novamente destaque na imprensa internacional. Em artigo publicado no impresso Daily Nation, a embaixadora do Brasil no Quênia, Marcela Nicodemus, o apresenta como a principal iniciativa de cooperação na região leste da África , que tem ajudado a desenvolver a competitividade do setor de algodão no Quênia, Tanzânia e Burundi.
O Cotton Victoria é resultado de um acordo entre a UFLA e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores – Itamaraty, e tem o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). O projeto faz parte das ações previstas no acordo que o governo brasileiro assinou com as Nações Unidas, em 2006, para transferir sua experiência do cultivo de algodão para produtores de economias em desenvolvimento.
Entre as ações, estão a orientação dos agricultores nas áreas de manejo agronômico da cultura isolada e da cultura consorciada, o desenvolvimento de sistemas de produção, a avaliação e a distribuição de sementes de qualidade de variedades superiores, além do fortalecimento e adequação de infraestruturas físicas nos países assistidos.
Para o coordenador do projeto, professor Antônio Carlos Fraga, a participação da UFLA no Cotton Victoria se deve à sua experiência centenária na formação técnica de profissionais e de geração e difusão de tecnologias na área de ciências agrárias. “A UFLA possui reconhecida experiência no desenvolvimento de técnicas e tecnologias para a cultura do algodoeiro, o que contribuiu para que o Brasil pudesse assumir a posição de destaque na produção algodoeira mundial”, considera.
Youssouf Mahamat Goubaye é o novo estudante e atleta da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Ele é natural de Tchad, um país localizado na parte central do norte da África, cortado pelo deserto do Saara, com temperaturas que ultrapassam a casa dos 45 graus. “Com uma história de milhares de anos, mantém tradições e costumes de seus ancestrais e, como em vários países, há disputas e guerras que se eternizam”, conta o professor de Educação Física da UFLA (DEF) Fernando de Oliveira, responsável pela vinda do atleta para a UFLA.
“A minha história com o Tchad era inexistente (sem contato com o país nem pelas leituras da filosofia africana ou sobre a diáspora negra), até que viajei em 2015 para o mundial de atletismo sub18, realizado na Colômbia. No meu retorno ao Brasil, passando pela sala de espera do Aeroporto de Cali, encontrei um atleta tchadiano conversando com um treinador português – Luís Heredio – do Sporting Lisboa de Portugal e da Seleção Nacional”, relata o professor
Fernando conta que nunca tinha visto Youssouf correndo, mas ao conversar com Luís Heredio, soube que o jovem era muito bom, além de muito decidido. “Ele saiu sozinho do seu país e resolveu, também sozinho, todos os problemas encontrados em competições como aquela. Ataquei com o meu francês de baixa qualidade e conversamos rapidamente; então o atleta do Tchad demonstrou interesse de vir ao Brasil treinar e estudar. Trocamos e-mails e telefonemas”, comentou Fernando.
Após um tempo, o professor volta a ter contato com o atleta. Assim, resolvem que Youssouf viria para o Brasil. “Primeiro, o visto deveria ser tirado em Yaoundé, Camarões, já que não temos representação consular em N`Djamena, capital do Tchad. Depois, o custo da passagem foi outra dificuldade, por ser muito alto para um jovem tchadiano e sua família. Por fim, seu pai conseguiu parte do dinheiro e ele vendeu seu computador e celular para completar a compra. De N´Djamena, na sua vinda, ele foi para a Ethiopia e passou um dia em Addis Abeba; no outro, chegou a São Paulo e veio para Lavras”, diz Fernando.
O professor relata que, logo de início, impressionou-se com as atitudes do jovem de 17 anos. “Chegando aqui, após dormir algumas horas, já estava treinando conosco. Ele me contou das dificuldades de seu país e de seu treinamento. Descobri que o campeonato mundial foi sua quarta competição e que seus treinos pareciam de outro mundo, de tão básicos e incompletos. Havia jogado apenas futebol até 15 meses antes. Ele nos impressionou em suas primeiras corridas em nossa nova pista, parecia ter nascido para correr com suas pernas finas e longas”.
Além das grandes habilidades, o professor Fernando tem admirado, cada vez mais, o caráter de Youssouf. “Outro dia me disse que havia recebido o convite do Canadá para ir treinar por lá. Caí na besteira de perguntar o porquê de não ter aceitado a proposta. Sua resposta: – Meu pai me ensinou que não posso ser duas pessoas – havia assumido um compromisso com o senhor. Naquele momento, vi que estava diante de algo diferente”.
Youssouf já está classificado para o mundial sub 20 neste ano, e a expectativa é de que também participe dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Ele é bom demais e corre como um guepardo. É um exemplo para os que vivem reclamando da vida, e demonstra uma segurança em suas decisões que espanta quem está por perto”, complementa Fernando. O atleta tchadiano cursará Educação Física na UFLA.
Professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) participaram de uma missão técnica para diagnóstico da cultura do algodão na África, no período de 3 a 17 de maio. Os professores Antonio Carlos Fraga (DAG), Renato Mendes Guimarães (DAG), Wilson Magela Gonçalves (DAG), Alessandro Veloso Vieira (DEG) e Pedro Castro Neto (DEG) visitaram dois dos três países que faziam parte da missão: Quênia e Tanzânia. O roteiro da viagem teve que ser alterado por causa de um golpe de estado instalado em Burundi, exatamente no dia em que a delegação chegaria ao país africano.
Depois da missão, em segurança em solo brasileiro, a equipe de professores recebeu a equipe da TV Universitária para mostrar as impressões da viagem e a importância do projeto. Mesmo com o susto e alteração do roteiro, os professores garantem que a UFLA tem condições de contribuir para a melhoria das condições dos produtores africanos, por meio do compartilhamento de tecnologias e orientação técnica.
Internacionalização
Em 2014, a UFLA foi convidada para dar sequência, como coordenadora, do projeto Cotton Victória, que prevê a promoção da cadeia produtiva e a melhoria técnica da cotonicultura nos países africanos. O projeto é resultado de um acordo entre a UFLA e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores – Itamaraty e tem o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). A participação da UFLA se deve à sua experiência centenária na formação técnica de profissionais e de geração e difusão de tecnologias na área de ciências agrárias.
O projeto, que terá duração de quatro anos, visa à capacitação dos técnicos envolvidos na produção de algodão nesses países, para o aperfeiçoamento de sistemas de produção mais eficientes e a formação de uma rede de tecnologia regional de algodão. A visita aos países que participam do projeto visa à prospecção de demandas, avaliação das áreas e instalações para produção de algodão, instalação de unidades de demonstração, formação de pessoal e ações de extensão rural com agricultores dos três países.
Confira a reportagem de Sérgio Wagner Júnior, com imagens de Rodolfo Higino.
Professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) que participam de uma missão técnica para diagnóstico da cultura do algodão na África tiveram um susto durante a viagem. Os professores Antonio Carlos Fraga (DAG), Renato Mendes Guimarães (DAG), Wilson Magela Gonçalves (DAG), Alessandro Veloso Vieira (DEG) e Pedro Castro Neto (DEG) deveriam ficar de 3 a 17 de maio em três países: Quênia, Tanzânia e Burundi. No entanto, o roteiro da viagem teve que ser alterado por causa de um golpe de estado instalado em Burundi, exatamente no dia em que a delegação chegaria ao país africano.
Segundo informações da imprensa internacional, na quarta-feira (13/5), a tensão aumentou no Burundi com o anúncio de uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Pierre Nkurunziza. O anúncio foi feito pelo general Godefroid Niyombare, que decretou a formação de um governo provisório. O líder do golpe militar ordenou o fechamento do aeroporto, assim como das fronteiras do país, numa medida que visa impedir o chefe de Estado de regressar de um evento na Tanzânia. A motivação foi a intenção do presidente de candidatar-se a um terceiro mandato nas eleições de junho. Em Bujumbura, o clima é de protestos e guerra.
A Assessoria de Comunicação da UFLA entrou em contato com o professor Pedro Castro Neto, presente na delegação, para confirmar as informações de que estariam em segurança. Por meio de mensagem eletrônica, o professor esclareceu: “Estamos seguros. Já estávamos na sala de embarque quando o Itamarati entrou em contato. Logo depois o voo foi cancelado. Acabamos de chegar em Johanesburgo, na África do Sul”.
A missão brasileira, que tem a presença de um representante do Ministério das relações Exterioires – Itamaraty, segue no continente africano até o próximo domingo (17/5). “Continuamos o trabalho aqui, mas acreditamos que Burundi seja retirado da missão”, acrescentou o professor Pedro.
Internacionalização
Em 2014, a UFLA foi convidada para dar sequência, como coordenadora, do projeto Cotton Victória, que prevê a promoção da cadeia produtiva e a melhoria técnica da cotonicultura nos países africanos. O projeto é resultado de um acordo entre a UFLA e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores – Itamaraty e tem o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). A participação da UFLA se deve à sua experiência centenária na formação técnica de profissionais e de geração e difusão de tecnologias na área de ciências agrárias.
O projeto, que terá duração de três anos, visa à capacitação dos técnicos envolvidos na produção de algodão nesses países, para o aperfeiçoamento de sistemas de produção mais eficientes e a formação de uma rede de tecnologia regional de algodão. A visita aos países que participam do projeto visa à prospecção de demandas, avaliação das áreas e instalações para produção de algodão, instalação de unidades de demonstração, formação de pessoal e ações de extensão rural com agricultores dos três países.
O Programa de Cooperação Internacional Conexão Brasil-África, realizado por meio de Protocolo de Intenções assinado entre a Fundação Cultural Palmares (FCP) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), selecionará até o dia 30 de novembro de 2012 propostas de projetos de cooperação técnica internacional com países africanos, latino-americanos e caribenhos. As atividades previstas no projeto terão início em março de 2013.
O programa tem como objetivo principal utilizar a experiência brasileira na construção de políticas públicas voltadas ao apoio e desenvolvimento de agentes da economia criativa, como base para a construção de capacidades de agentes econômicos africanos e afrodescendentes.
São elegíveis propostas de projeto de países africanos, latino-americanos e caribenhos, desde que coordenadas em conjunto com instituições e organizações brasileiras, das diversas esferas de governo, e da sociedade civil organizada, com experiência comprovada nas áreas de atuação dos potenciais projetos.
Áreas contempladas pelo Programa: audiovisual e multimídia; gestão do patrimônio cultural; desenvolvimento local; segurança alimentar e práticas culturais tradicionais; intercâmbio musicológico e museológico; turismo cultural; formação profissional; fortalecimento de outras competências para o alcance dos Objetivos do Milênio.
O valor do financiamento das propostas não poderá ultrapassar US$200.000,00 (duzentos mil dólares americanos), sendo as propostas analisadas caso a caso, pelo Comitê Gestor do Programa. O Comitê avaliará o mérito técnico e metodologia aplicada, cujo enfoque esteja em consonância com as políticas públicas nacionais e as dos países parceiros envolvidos nas iniciativas. Esse aporte técnico-financeiro será executado diretamente pela ABC/MRE, podendo ser incluídos custos relacionados à formação profissional e missões técnicas.