Mesmo sem cursar o Mestrado, a estudante de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Arabela Guedes de Azevedo Viana iniciará em breve o seu doutorado. Com apenas 25 anos, no último período da graduação, ela foi uma das selecionadas na Universidade Federal do Ceará (UFC) para o Programa de Biotecnologia – Rede Nordeste de Biotecnologia. A sua colação de grau será em abril e o doutorado já inicia neste ano.
“Eu participei do programa Ciências sem Fronteiras na Mississippi State University, nos Estados Unidos (EUA), no qual fiz algumas disciplinas e um estágio em laboratório de pesquisa. Faltando poucas semanas para voltar, o meu orientador do estágio, professor Erdogan Memili, sugeriu-me que, após a graduação, voltasse como doutoranda. Escrevemos um projeto juntos e me inscrevi, porém, infelizmente, neste ano, devido ao corte de verbas, apenas uma vaga foi aberta”, relata Arabela.
Mas, nesse tempo, Memili indiciou Arabela para um estágio supervisionado com o professor Arlindo Moura da UFC. “Quando fui apresentada ao professor Arlindo, ele logo me perguntou em qual universidade eu fazia a graduação. Alguns dias depois, Memili me elogiou e disse que ouviu do Arlindo sobre a qualidade da UFLA na formação de futuros pesquisadores”.
Quando o professor Arlindo soube que Arabela havia submetido um projeto de doutorado nos EUA, sugeriu que ela tentasse novamente, desta vez, sob a sua orientação na UFC, por meio do programa Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), que visa ao desenvolvimento da biotecnologia nos estados da região Nordeste. Arabela explica que neste edital não é preciso ter mestrado, contudo, conta-se pontos de currículo (mestrado, publicações, experiência) e projeto.
E com apenas 25 anos, mesmo sem o mestrado para obter maior pontuação, a estudante da UFLA conquistou sua vaga no doutorado. “A UFLA foi minha base. Sem ela não teria chegado aqui, e pretendo ir mais longe. Quando fiz meu estágio supervisionado e coloquei meus pés na UFC, ganhava um imenso respeito dos colegas de laboratório e professores quando dizia que era da UFLA”.
A estudante diz que o incentivo pela pesquisa iniciou logo nos primeiros semestres de graduação, como bolsista de iniciação científica ainda no terceiro período. “Os anos de iniciação cientifica na UFLA despertaram em mim a curiosidade e inquietação de um pesquisador. Sempre questiono o porquê das coisas e como poderiam melhorar. Durante os anos de pesquisa na UFLA desenvolvi habilidades de leitura e análise crítica de artigos científicos. Também fui monitora de algumas disciplinas por cinco semestres. Sempre gostei de explicar, de passar o conhecimento adiante”.
Seu projeto de pesquisa desenvolvido na UFLA foi voltado para a reprodução de psitacídeos (araras, cacatuas, periquitos…). Para o doutorado, seu projeto será na área de reprodução de animais de produção.
“Hoje em dia não existe nenhum fator que determine, com acurácia, a fertilidade de um animal. Meu estudo terá como desafio encontrar um marcador molecular que seja determinante da capacidade de fertilização de um animal, já que parâmetros como motilidade, vigor e concentração espermáticas apenas sugerem a capacidade fertilizante. Minha pesquisa buscará elucidar os fatores epigenéticos relacionados à fertilidade do touro. E assim, a longo prazo, contribuir para, finalmente, encontrarmos formas de identificar os melhores gametas e aumentar a produção animal, garantindo mais sustentabilidade ao segmento no País”, explica Arabela.
Além disso, o seu projeto na UFC inclui um período de doutorado sanduiche no laboratório do professor Memili, nos Estados Unidos, para dar sequenciamento aos grupos de RNA que serão extraídos e pesquisados pela estudante.
Texto: Camila Caetano – jornalista, bolsista/UFLA