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Proximidade com florestas nativas pode favorecer a biodiversidade em áreas de plantio, diz pesquisa

Wallace em área monitorada.

Um estudo feito com comunidades de escaravelhos, em áreas de plantação de eucaliptos na Amazônia, concluiu que ecossistemas de plantação podem ser melhorados mantendo áreas de florestas naturais ao redor das de produção. Esta foi a conclusão da tese de doutorado de Wallace Beiroz, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada.

Wallace utilizou dados obtidos entre 2009 e 2013, de áreas de plantação de eucalipto próximas ou não de florestas naturais, na região Nordeste do Pará. Aquelas com mais floresta nativa possuíram mais possibilidade para a chegada de besouros rola-bosta, espécies sensíveis e indicadoras da saúde do ambiente. Esses animais desempenham função importante no ciclo da matéria orgânica, transportando nutrientes pelo solo (auxiliando o desenvolvimento das plantas e microrganismos). Em plantações com maior quantidade de floresta ao redor, foram encontradas comunidades com distribuição mais igualitária das características funcionais.

Parte da pesquisa foi dedicada ao registro do número de espécies encontradas nas áreas de plantação, mas Wallace também avaliou outras características, como: o peso médio dos animais; período de atividade (diurnos ou noturnos); e dieta e tratamento do esterco, entre outras características funcionais que afetam a influência das atividades dos besouros no ecossistema. Uma das conclusões foi que as plantações mais próximas das florestas naturais não tinham necessariamente mais espécies de besouros do que as outras, mas costumavam incluir mais besouros com potencial de reciclar mais matéria orgânica.

Uma das espécies de escaravelho encontrada no solo pesquisado.

Assim, essas áreas próximas de florestas naturais tinham funcionamento mais parecido com essas últimas. “Em áreas distantes de florestas naturais (menos úmidas), bichos diurnos estão mais sujeitos a perder água, e é comum que desapareçam de plantações. Assim como animais pesados, que precisam de mais recursos e promovem mais ciclo de nutrientes”, diz o pesquisador.

Durante a pesquisa, outra conclusão foi que o funcionamento do agroecossistema pode se manter, mesmo perdendo espécies em relação à floresta – isso porque algumas delas podem apresentar redundância em relação ao papel no funcionamento. “Por isso, é importante que áreas nativas sejam preservadas, para que sirvam de fonte de espécies para áreas modificadas, promovendo a sustentabilidade”, aponta Wallace.

Uma das características das plantações para permitir mais oportunidade de entrada de espécies naturais é o aumento da área de floresta nativa e natural ao redor. “Ou seja: teoricamente, florestas próximas podem garantir uma maior ciclagem de nutrientes e fluxo de energia em plantações”.

Impactos

Wallace aponta que os resultados podem ser interessantes para a redução  do uso de agrotóxicos e dos gastos de manutenção das plantações. A pesquisa sugere que a restauração ou manutenção de florestas naturais pode facilitar o movimento de espécies: “Os proprietários de plantações têm gastos para fornecer nutrientes para tornar as plantações mais produtivas, mas, caso mantenham a floresta natural ao redor das plantações, podem ter esse serviço gratuitamente dos besouros”, diz.

“Outro resultado interessante foi que apesar dos besouros rola-bosta normalmente se recuperarem, uma seca forte ou prolongada pode prejudicar a comunidade de rola-bosta. Portanto, o aumento das secas devido às mudanças climáticas pode ser um grande problema, já que esses besouros são responsáveis pela ciclagem de nutriente e até dispersão de sementes. Então, podemos estar matando as florestas indiretamente, mesmo aquelas que são consideradas protegidas”.

Dupla titulação com a Universidade de Lancaster

Wallace passou um ano na Inglaterra, no Centro de Meio Ambiente da Universidade de Lancaster, e obteve dupla titulação. A experiência no exterior foi positiva: “Incentivo todos os estudantes a tentar passar um período no exterior. Isso faz enxergar como outra cultura vive, sair um pouco da zona de conforto. Isso muda a forma de ver o mundo e elimina muitos preconceitos”.

Ele foi orientado pelo professor Júlio Louzada (DBI) e teve coorientação dos docentes Emma Sayer, Jos Barlow e Eleanor Slade. A tese, premiada como a melhor do Programa de Pós-Graduação daquele ano, foi defendida no final de 2016.

Núcleo de Divulgação Científica da UFLA.

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Ecologia de estradas: UFLA desenvolve estratégias para minimizar impactos da infraestrutura viária sobre a biodiversidade

A preocupação com a biodiversidade também passa pela malha viária brasileira. Estima-se que 475 milhões de animais são mortos por ano em acidentes nas rodovias e estradas de todo o País, o que tem levado pesquisadores da UFLA a desenvolverem projetos para reduzir os impactos do tráfego de veículos na biodiversidade.

Um deles é o BioInfra, uma iniciativa de amplitude nacional conduzida pelo Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade. O projeto envolveu 18 instituições e 50 especialistas brasileiros na elaboração de 40 ações capazes de reduzir os efeitos negativos da infraestrutura viária terrestre sobre a biodiversidade, que estão sendo desenvolvidas e acompanhadas em um período de seis anos.

Em 2014, o CBEE também desenvolveu o Sistema Urubu, uma rede social de conservação da biodiversidade brasileira com o objetivo de reunir, sistematizar e disponibilizar informações sobre a mortalidade de fauna selvagem nas rodovias e ferrovias, auxiliando o governo e as concessionárias na tomada de decisões para reduzir esses impactos. Por meio de um aplicativo gratuito, qualquer pessoa pode registrar informações sobre atropelamento de animais silvestres, que são avaliados por pesquisadores e especialistas em identificação de espécies.

De acordo com o professor Alex Bager, coordenador do CBEE, o crescimento da malha viária nos próximos 20 anos vai impactar no aumento do número de atropelamentos se medidas preventivas não forem tomadas. “A ecologia de estradas beneficia a todos, uma vez que os atropelamentos causam efeitos negativos tanto na biodiversidade, quanto na população, seja pelos danos materiais ou até perda de vidas”, ressalta.

Veja a matéria da TVU sobre o BioInfra: 

Conheça mais sobre o Sistema Urubu:

http://cbee.ufla.br/portal/sistema_urubu/index.php  

Samara Avelar – jornalista DCOM/UFLA

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Pesquisa: estradas de terra causam tanto impacto sobre a biodiversidade quanto as pavimentadas e movimentadas

Espécie monitorada pela pesquisa

Pesquisadores do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia (CBEE), da UFLA, realizaram um estudo sobre o efeito das estradas no deslocamento de pequenos mamíferos roedores no Sul de Minas Gerais. A pesquisa concluiu que indivíduos da espécie Akodon montensis (conhecida popularmente como rato-do-chão), que vivem em fragmentos florestais margeados por estradas, estão confinados a viver nos mesmos.

A hipótese foi comprovada no experimento: alguns ratos-do-chão foram equipados com “carretéis de rastreamento” (um casulo de linha) e soltos em áreas florestais que margeavam estradas. Conforme se deslocavam, os ratos-de-chão iam soltando a linha, o que possibilitou aos pesquisadores analisarem o trajeto (distância e direção) e as tentativas de travessia para o habitat adjacente. A pesquisa foi realizada perto de margens de diferentes tipos de estradas e de solos: pavimentadas, de terra, pastagens e plantações e fragmentos sem influência de nenhum tipo de uso do solo.

Pela linha deixada, foi possível visualizar e dimensionar a trajetória dos roedores

Para surpresa dos pesquisadores, mesmo em fragmentos florestais margeados por estradas de terra, os ratos-do-chão estudados não estão aptos a deixar o fragmento que vivem em busca de outro fragmento florestal, mesmo que este seja do outro lado da estrada. Como esperado em estradas pavimentadas, nenhum indivíduo tentou transpor esta barreira. “Em estradas de terra, pensamos que isso não ocorreria porque o substrato da estrada ainda é natural e o tráfego de veículos é baixo”, aponta a pesquisadora Priscila Lucas, do CBEE.

Também como esperado, os indivíduos de rato-do-chão nas bordas dos fragmentos margeados por outro tipo de uso do solo, exclusivamente aqueles com cobertura vegetal (plantações de café), se deslocaram através destes locais. “Nesse estudo, vimos que, mais que o tipo de estrada, a falta de cobertura de vegetação aérea que ela proporciona desencoraja os indivíduos a tentarem atravessar essas infraestruturas”, conclui a pesquisadora.

Monitoramento de atropelamentos

Uma das ações desenvolvidas no CBEE é o monitoramento de atropelamentos nas estradas brasileiras. O coordenador do Centro e coautor da pesquisa, professor Alex Bager, calcula que o número de colisões com animais em estradas de terra é semelhante ao de estradas pavimentadas: “Proporcionalmente, acontecem menos atropelamentos nas primeiras; porém, como há muito mais estradadas sem pavimentação no Brasil, o número de atropelamentos em ambas se equipara”, aponta.

Efeito barreira

Estrutura utilizada no experimento

“As estradas são clareiras lineares que geram a perda e a divisão do habitat das espécies. Essas espécies ficam restritas ao fragmento remanescente no qual vivem e que está, muitas vezes, isolado de outros. A estrada pode ser vista como uma barreira que impede o seu deslocamento, embora algumas espécies sejam capazes de se deslocar nelas ou próximo a elas”, explica Priscila. A quantidade de veículos que circulam na rodovia ou a diminuição na qualidade do ambiente e de recursos na borda desses fragmentos florestais são fatores que podem contribuir para esse efeito.

A colisão de animais com veículos não é o único impacto que as estradas causam na biodiversidade. Entender os efeitos causados pelas estradas auxilia o desenvolvimento de medidas de mitigação adequadas. Essa pesquisa é o primeiro resultado publicado do projeto “Estrada Viva”, iniciado em 2012 e financiado pela Fapemig. Esse e outros resultados do estudo podem ser acessados no artigo The effect of roads on edge permeability and movement patterns for small mammals: a case study with Montane Akodont, publicado recentemente no renomado periódico na área de Ecologia Landscape Ecology.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Maior ação de conservação da biodiversidade brasileira, Dia Nacional de Urubuzar será em novembro

urubuzar2014-1Anualmente, mais de 475 milhões de animais selvagens são atropelados nas rodovias e ferrovias brasileiras – o que representa a morte de 15 animais por segundo. Esses dados preocupantes são coletados pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE – UFLA), que realiza, no dia 13 de novembro, a segunda edição do Dia Nacional de Urubuzar. Durante o evento, essas e outras informações sobre a grande perda da biodiversidade em função do atropelamento serão repassadas à sociedade. Pessoas capacitadas fornecerão explicações sobre esses temas (e sobre como a população pode colaborar na redução desse impacto) em mais de 200 pontos pelo Brasil.

Na UFLA

No dia 11 de novembro, ocorrerá uma divulgação no Centro de Convivência, durante a manhã e a tarde, voltada para a comunidade acadêmica. Cerca de 80 estudantes, matriculados na disciplina Ecologia, apresentarão dados sobre os impactos de rodovias na biodiversidade.

Em Lavras

No dia 13 de novembro (domingo), o CBEE realizará diversas atividades na Praça Dr. Augusto Silva, no centro de Lavras, pela manhã. As ações, para estimular a redução dos atropelamentos nas rodovias, serão voltadas para crianças, jovens e adultos.

 

Para entender o problema dos atropelamentos e contribuir para a sua redução, o CBEE lançou, em 2014, um aplicativo que se tornou a maior rede de conservação de biodiversidade do Brasil. Qualquer pessoa pode contribuir: basta baixar o app Urubu Mobile, se cadastrar e, a cada vez que encontrar um animal atropelado, tirar uma foto usando o app e enviá-la para o Centro. “As fotos chegam com a coordenada geográfica e são identificadas por especialistas. Então, serão utilizadas para informar os órgãos competentes e as concessionárias de rodovia”, explica o professor Alex Bager, coordenador do CBEE.

Hoje o Sistema Urubu conta com quase 20 mil usuários e 15 mil registros de fauna atropelada em todo o território brasileiro. Além disso, o aplicativo possui versões em inglês e espanhol que já estão disponíveis para utilização em outros países. A obtenção de dados é feita por meio da ciência cidadã (Citizen Science).

Dia Nacional de Urubuzar

Em novembro de 2014 foi realizado um evento nacional, o Dia Nacional de Urubuzar, com o objetivo de atingir o maior número de pessoas da sociedade e informar sobre os efeitos de rodovias e ferrovias na biodiversidade. O Dia Nacional de Urubuzar (DNU) é uma ação descentralizada, na qual qualquer grupo de pessoas pode se engajar. Em 2014 foram envolvidos 122 grupos de diferentes segmentos: universidades, ONGs, zoológicos, associações, concessionárias de rodovias, polícia e outros. Mais de 40 mil pessoas foram sensibilizadas nas ações daquele ano.

Animais atropelados

Do total de atropelamentos, 90% são de animais de pequeno porte como sapos, cobras, ratos e passarinhos (427 milhões); 9% são animais de médio porte como alguns macacos, gaviões, gambás e lebres (43 milhões); e 1% são os animais que mais visualizamos, como os tamanduás, capivaras, lobo-guará, felinos, antas, entre outros (aproximadamente 5 milhões).

 

 

Agrônoma formada na ESAL, “Mãe dos Parques” no Brasil é condecorada pela conservação da natureza

Maria Tereza Jorge-Pádua. Foto: Márcio Isensee - oeco.org.br
Maria Tereza Jorge-Pádua. Foto: Márcio Isensee – oeco.org.br

“Mãe dos Parques”: assim ficou conhecida a engenheira agrônoma e ecologista Maria Tereza Jorge-Pádua, por ter criado várias unidades de conservação no Brasil durante o regime militar. Essa atuação foi reconhecida pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), que concedeu a ela a Medalha John C. Philips, no último dia 6, no Havaí (EUA). A honraria reconhece serviços excepcionais na conservação da natureza.

Formada em 1966 na ESAL, Maria Tereza começou a trabalhar em 1968 no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, posteriormente transformado em Ibama). Na entidade, ela ocupou o cargo de diretora de Parques Nacionais, onde ela e sua equipe criaram várias unidades de conservação. Quando entrou no cargo, o País contava com 16 parques nacionais e reservas biológicas; quando saiu, após 18 anos de serviço, esse número era de 63 unidades.

Em sua trajetória, ainda presidiu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), em 1992. Maria Tereza também esteve presente na idealização de importantes projetos conservacionistas, como o Tamar (proteção de tartarugas-marinhas) e criou, junto com outros conservacionistas, a Fundação Pró-Natureza (Funatura), organização não governamental pioneira na conservação da natureza nacional.

Concedida pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), a medalha leva o nome do médico e zoólogo John Phillips, pioneiro do movimento de conservação nos Estados Unidos. A medalha é concedida desde 1963 e esta foi a primeira vez que uma brasileira recebeu a honraria. Maria Tereza é a segunda mulher a recebê-la – a primeira foi Indira Gandhi.

Com informações de O Eco.

 

Efeitos de corte seletivo de madeira (Amazônia) em espécies de besouros é tema de tese de dupla titulação

filipe-franca-teseO doutorando Filipe Machado França, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada, defendeu ontem (2) a tese “Ecological impacts of selective logging in the Amazon: lessons from dung beetles” (Impactos ecológicos do corte seletivo na Amazônia: lições dos escarabeíneos). Com a defesa, ele adquirirá dupla titulação pela UFLA e pela Universidade de Lancaster (Inglaterra), seguindo acordo firmado entre as duas instituições.

O corte seletivo da madeira é aquele no qual apenas algumas espécies de árvores são removidas, sobretudo as de grande porte. Uma justificativa para essa atividade é que a produção madeireira ocorre de uma forma que a estrutura florestal seja menos prejudicada; no entanto, o impacto desse tipo de manejo sobre a biodiversidade tem sido amplamente discutido em pesquisas. “O corte seletivo é um dos maiores agentes de degradação nas florestas tropicais, e o entendimento de seus impactos biológicos é essencial para elaborar estratégias de conservação associadas à produção madeireira”, considera Filipe em sua tese.

Avaliando os impactos do corte seletivo na diversidade de besouros escarabeíneos (besouros rola-bosta), parte da sua pesquisa buscou demonstrar que diferentes abordagens utilizadas para detectar os impactos de distúrbios florestais na biodiversidade podem gerar diferentes conclusões – “o desenho amostral mais frequente na literatura pode estar levando à subestimação dos impactos da degradação florestal na biodiversidade”, ressalta Filipe.

filipe-francaDe acordo com a pesquisa, o aumento da intensidade da exploração seletiva de madeira influencia diretamente na riqueza de espécies e biomassa de besouros, bem como na função ecológica de bioturbação do solo que esses besouros realizam. Além disso, parte das relações entre os processos ecológicos que esses besouros realizam e os componentes ambientais são alteradas, mesmo quando não são observado impactos diretos, por exemplo na taxa de consumo de detritos.

O estudo foi pioneiro para avaliar os efeitos subletais do corte seletivo em invertebrados tropicais. Estudando três espécies de escarabeíneos em áreas da Amazônia, foi observado que besouros coletados em áreas de floresta cortada seletivamente apresentaram quantidade de gordura corporal superior aos coletados em florestas não perturbadas. Dessa forma, Filipe concluiu que distúrbios florestais podem induzir respostas fisiológicas em invertebrados. Essa conclusão contribui no apontamento de medidas para aprimorar estratégias de conservação e também para avaliar respostas de invertebrados à atividades humanas em ambientes tropicais. Durante a pesquisa, Filipe realizou trabalho de campo duas vezes na Floresta Amazônica; e também esteve por um ano na Universidade de Lancaster.

Defesa

Filipe foi orientado pelos professores Júlio Louzada (Departamento de Biologia – UFLA) e Jos Barlow (Universidade de Lancaster). A banca examinadora contou com os doutores Carla Ribas (UFLA), David Edwards (Universidade de Sheffield, Inglaterra), Luiz Fernando Magnago (UFLA) e Rosa Menéndez (Lancaster). A defesa foi realizada na tarde de ontem na sala de videoconferências do Departamento de Agricultura da UFLA.

O acordo entre a UFLA e a Universidade de Lancaster foi firmado no final de 2009 e a primeira defesa de tese envolvendo a dupla titulação foi realizada em março de 2015, pela discente Cecília Gontijo Leal, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada. Embora esse programa tenha sido o primeiro contemplado, o acordo foi expandido para outras áreas da UFLA, como Ciência do Solo, Entomologia, Fitotecnia, e Fisiologia Vegetal.

 

Propostas para o Rio Doce serão tema de um debate na UFLA, no dia 19

Resplendor (MG) - Imagem aéra mostra a a lama no Rio Doce, na cidade Resplendor (Fred Loureiro/ Secom ES)
Resplendor (MG) – Imagem aéra mostra a a lama no Rio Doce, na cidade Resplendor (Fred Loureiro/ Secom ES)

Membros da comunidade acadêmica e regional estão convidados para participar de um debate, que ocorrerá no Anfiteatro do Departamento de Biologia da UFLA (“Ramalhão”), no dia 19/11, às 17h30. O evento, intitulado “Propostas para o Rio Doce: alternativas para a irresponsabilidade ambiental”, tem o objetivo de reunir pesquisadores atuantes em temas concernentes ao meio ambiente.

No encontro, eles debaterão ideias que possam aperfeiçoar a legislação ambiental, bem como apresentarão propostas com o intuito de minimizar os impactos gerados pelo derramamento de lama e rejeitos da mineração em áreas de Minas Gerais e Espírito Santo. O evento contará com a participação do deputado estadual Jean Freire.

Entre os assuntos em pauta, estão: elaboração de uma carta contra a flexibilização do Código de Mineração do Estado de Minas Gerais; mecanismos de reaproveitamento dos resíduos da barragem; conservação do Rio Santo Antônio, afluente do Rio Doce; e a arrecadação de doações para as vítimas do desastre das barragens.

Devem participar do debate pesquisadores em ecologia, gestão de resíduos, direito ambiental e outras áreas. A presença de um membro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e de cientistas atuantes em meio ambiente reforça os objetivos desse debate.

O evento é aberto e os participantes poderão doar água mineral, que será repassada aos atingidos pelo recente derramamento de rejeitos de mineração e lama ocorrido no dia 5/11, no município de Mariana. O desastre ambiental deixou, até o momento, 11 mortos, 12 desaparecidos e mais de 600 desabrigados, além de ter interrompido o abastecimento de água em algumas cidades.

A organização do debate é feita pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da UFLA.

 

UFLA e Semad/IEF sinalizam novas parcerias para projetos ambientais

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Universidade terá Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres 

Mantendo a parceria com o Governo de Minas em grandes projetos ambientais, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) vai desenvolver novos projetos estratégicos para a proteção da biodiversidade. Na quinta-feira (26), o diretor do Instituto Estadual de Floresta (IEF), Bertholdino Apolônio Teixeira Junior, participou de reunião na Reitoria da Universidade, para fortalecer e reativar a parceria institucional.

Recebidos pelo reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, participaram da reunião a diretora de Desenvolvimento e Conservação Florestal do IEF, Adauta Oliveira Braga; o superintendente de Gestão Ambiental da Geração e Transmissão da Cemig, Enio Marcus Brandão Fonseca; os professores do Departamento de Ciências Florestais (DCF/UFLA) Fausto Weimar Acerbi Júnior e Luis Marcelo Tavares de Carvalho; o diretor de Tecnologia da Informação do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal – Lemaf, Samuel Campos; e o coordenador de TI do Lemaf, Venicios Santos.

Entre as pautas discutidas, a atualização do Zoneamento Ecológico e Econômico do Estado de Minas Gerais (ZEE-MG), atualização do mapeamento e monitoramento da cobertura vegetal do Estado de Minas Gerais e o desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Para Bertholdino, a visita vem reativar e fortalecer a parceria com a UFLA, aproveitando a experiência em projetos passados e os produtos estratégicos que foram gerados. O diretor do IEF anunciou ainda a criação de um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) no câmpus da Universidade, aproveitando a capacidade técnica também no que concerne à fauna brasileira.

Destacando a parceria de mais de 30 anos entre a UFLA e a Cemig, Enio Fonseca reforçou a importância da atualização do ZEE-MG. “O ZEE-MG é um instrumento de planejamento muito importante que necessita ser atualizado”, defendeu.

Para o reitor da UFLA, o estabelecimento de novas parcerias representa o reconhecimento do trabalho realizado na Universidade, além de reforçar a competência técnica da equipe do Lemaf, com resultados relevantes e frutíferos para Minas Gerais. “É sempre um prazer suprir o Estado com informações que vão resultar na proteção da biodiversidade, incluindo o ser humano como agente pertencente e participativo do processo de desenvolvimento sustentável”, enfatiza Scolforo.

Na terça-feira (24/6), Scolforo participou de reunião na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) para debater novos projetos de parceria. A reunião contou com a presença do secretário Alceu José Torres Marques, do diretor do IEF, Bertholdino Junior, e do diretor de TI do Lemaf, Samuel Campos.

 

Corrida rústica uniu esporte e informação no Dia Mundial da Migração de Peixes – veja fotos

image015Uma corrida rústica – organizada com regras diferentes das convencionais – foi a estratégia utilizada pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (UFLA) para despertar a atenção das pessoas para a importância da migração de peixes. O evento marcou o Dia Mundial da Migração de Peixes (24/5) na cidade, e envolveu mais de 80 participantes, entre adultos e crianças.

Primeiro, os inscritos assistiram a uma palestra, no setor de Ecologia do Departamento de Biologia (DBI). Nesse momento, receberam informações sobre o tema do evento. No trajeto da prova, também encontraram quatro banners informativos. Ao final da corrida, tiveram que responder a um questionário com perguntas relacionadas ao assunto. Pelas regras, cada erro nas respostas acrescentava três minutos ao tempo do corredor. Dessa forma, não bastava ser rápido: era necessário saber o máximo de informações e responder com precisão ao questionário.

Gesiel Alves conquistou o primeiro lugar na categoria “adulto/masculino”. Ele acertou todas as perguntas e, apesar de ter feito o terceiro menor tempo, acabou ganhando posições por causa do bom desempenho nas respostas. Gesiel é estudante do 4º período de Agronomia. Há quase dois anos tem praticado corrida e participado de provas em Lavras e outras cidades. Ele aprovou o jeito diferente de apurar os resultados nesse Dia Mundial da Migração de Peixes: “A iniciativa foi mesmo muito interessante”.

Na categoria “adulto/feminino” a ganhadora foi Paula Lima, de Perdões. Ela participou a convite de uma prima. Manteve o primeiro lugar alcançado durante a corrida, mesmo após responder ao questionário. Entre as crianças, os primeiros lugares do percurso de 1 km foram assegurados por Matheus Carvalho Silva (categoria masculino) e Clara Franca Passamani (categoria feminino). Para os adultos o trajeto foi de 5 km.

De acordo com os organizadores do evento, realizado pela primeira vez, o objetivo foi alcançado. “A intenção era fazer circular as informações, e conseguimos”, diz a profissional que presta apoio técnico ao Laboratório de Ecologia de Peixes Débora Reis de Carvalho. Ao final das atividades houve sorteio de brindes.

 

Cerimônia abre oficialmente o Road Ecology Brazil 2014

image015A terceira edição do Road Ecology Brazil (REB 2014) teve hoje (27/01) sua abertura oficial. Com um público envolvido de cerca de 180 pessoas, a cerimônia iniciou-se às 10h, com a presença do diretor de Relações Internacionais da UFLA, professor Antonio Chalfun Júnior (representando o reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo); da coordenadora de Apoio à Pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ana Elisa Schittini; da representante do Núcleo de Meio Ambiente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Janice Cabus; do Promotor de Justiça da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos rios das Velhas e Paraopebas, Mauro da Fonseca Ellovitch; e do representante da Superintendência de Meio Ambiente da Valec, Daniel Silva Diniz. Como organizador do evento e coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), o professor Alex Bager deu início aos pronunciamentos da mesa de honra.

De maneira geral, as autoridades enfatizaram a relevância do tema e a importância de um congresso que se propõe a discuti-lo, as evoluções registradas pelo CBEE nos últimos dois anos e a importância da internacionalização das discussões sobre a ecologia de estradas. “Eu me considero um verdadeiro entusiasta da área no Brasil”, disse o professor Bager, num pronunciamento que reforçou o compromisso dos presentes com o assunto. Representando a ANTT, Janice afirmou que o REB é um evento no qual os técnicos da Agência fazem questão de estar presentes. “Pelo caráter técnico e sério das discussões, fazemos o esforço que for necessário para comparecer”, conta Janice, ressaltando que participou também das edições anteriores, em 2009 e 2011.  Já o professor Chalfun reforçou o papel do REB na divulgação dos estudos e pesquisas feitos no Brasil, chamando a atenção para as trocas internacionais que o Congresso promove.

A conferência de abertura teve como tema “Pavimentação de estradas e mudanças nas florestas: desmatamento e valor florestal do Sudoeste da Amazônia”, ministrada pelo professor da Universidade da Flórida (Estados Unidos) Stephen Perz. Toda a cerimônia ocorreu no Centro de Convenções da UFLA. Antes mesmo da abertura oficial, os trabalhos do Congresso tiveram início já no final de semana (25 e 26/01), com o pré-evento, quando aconteceu o minicurso “Ecologia de Estradas com abordagem de Ecologia de Paisagens”.

O tema do evento: empreendimentos viários e biodiversidade

Quem consultar a página do CBEE/UFLA vai encontrar, em destaque, o “atropelômetro”. Trata-se de um contador que dá a estimativa do número de animais selvagens atropelados durante o ano nas estradas do Brasil. Até o momento, o quantitativo passa de 34 milhões. A informação está relacionada a estudos já realizados, que calculam a quantidade de animais mortos a cada segundo no país. Para mudar esses números, o REB propõe discussões entre estudantes, pesquisadores e profissionais, de forma a favorecer o desenvolvimento de ações práticas de preservação da fauna.

O coordenador da área de Pesquisa e Proteção à Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF) da região Centro-Oeste, Sotero Greco, é um exemplo de profissional que se inscreveu no evento com a expectativa de subsidiar um trabalho de proteção à fauna. Apesar de estar de férias, compareceu ao REB com a intenção de fazer contatos e buscar conhecimento para solucionar uma demanda da região da BR-050, trecho entre Belo Horizonte em São Sebastião do Paraíso. “Depois que a proteção à fauna passou a ser atribuição do Estado, buscamos participar desses eventos para conseguirmos incrementar o trabalho”, explica Greco.

O CBEE, organizador do REB, está sediado na UFLA e conta tem na sua equipe com membros da própria Universidade, além de cinco pesquisadores nacionais e três internacionais. Foi institucionalizado em fevereiro de 2012 e, desde então, tem a meta de ser um centro de excelência em pesquisa, capacitação, desenvolvimento de tecnologia e estabelecimento de políticas públicas em temas que relacionem empreendimentos viários (rodovias e ferrovias) e biodiversidade.