A reportagem sobre as pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Análises de Qualidade de Aguardente (LAQA), do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (UFLA) foi replicada no “Site da Cachaça”, um portal específico sobre a bebida.
Na matéria, a professora Maria das Graças Cardoso fala sobre os estudos que são realizados em toda a cadeia produtiva da cachaça, com profissionais de vários departamentos da universidade.
Laboratório desenvolve diversos estudos sobre a bebida, que é a cara do Brasil
O terceiro destilado mais consumido no mundo é brasileiro: a cachaça, que movimenta um mercado anual de R$ 7 bilhões, gerando 600 mil empregos diretos e indiretos, segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça. Sua importância é tamanha que, em 2001, tornou-se a bebida nacional do Brasil por Decreto Federal. Também é por lei Patrimônio Cultural de Minas Gerais e Patrimônio Histórico e Cultural do Rio de Janeiro.
Referência quando se trata de estudos, o Laboratório de Análises de Qualidade de Aguardente (LAQA), do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (UFLA), realiza pesquisas e cursos que têm auxiliado os produtores brasileiros a obter um produto de maior qualidade.
Pesquisas sobre toda a cadeia produtiva da cachaça são desenvolvidas na Universidade: “São leveduras selecionadas por outros departamentos, análises físico-químicas mostrando a qualidade, envelhecimentos, economia, etc. Isso faz com que a UFLA seja um modelo em estudos da cachaça. Vale ressaltar que além dos pesquisadores da universidade, nós trabalhamos em conjunto com pesquisadores do Ministério da Agricultura”, ressalta a professora Maria das Graças, coordenadora do Laboratório.
Entre os estudos que já foram desenvolvidos, a professora Maria das Graças destaca aqueles relacionados com a qualidade das bebidas; um deles é sobre a origem do carbamato de etila. Esse composto é um contaminante carcinogênico, que vem aparecendo em diferentes tipos de alimentos fermentados e fermentos destilados, sendo sua origem ainda desconhecida. Uma pesquisa desenvolvida pela estudante de mestrado em Ciências dos Alimentos Francielli D’Carlos Cravo, orientada pela professora, promete pôr fim a esse questionamento “Estudamos extratos de diferentes variedades de cana e correlacionamos com a presença ou não do carbamato de etila na bebida. Nas quais aparecia esse composto proveniente de variedades de cana que tinham a presença do precursor do carbamato, o glicosídico cianogênico “Dhurrin”. Agora, o trabalho continua em uma pesquisa de doutorado, com diferentes variedades de cana e suas respectivas cachaças de todo o pais. (destiladas, industriais e de alambique)”.
As análises realizadas no Laboratório seguem os procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em que constam análises de teor alcoólico, densidade, exame organoléptico, acidez volátil, extrato seco, álcoois superiores (butílico, sec-butílico, isoamílico, isobutílico e propílico), metanol, aldeídos, ésteres, furfural, carbamato de etila, cobre e soma dos componentes secundários. Os laudos são emitidos de acordo com os parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira, atestando a qualidade do produto comercializado.
Para que o produto receba a denominação de cachaça, ele deve obedecer aos parâmetros estabelecidos pelo Decreto n° 2.314, de 4 de setembro de 1997, que regulamenta a padronização e classificação de bebidas no País. A coordenadora do Laboratório explica que o produtor tem se tornado cada vez mais exigente em relação ao seu produto: “Durante esses 20 anos que trabalho com a cachaça, é engrandecedor para mim, como pesquisadora, ver essa evolução com os produtores, que exigem mais qualidade para que seus produtos estejam dentro dos padrões estabelecidos. Com isso, a bebida teve uma alavancada e está com uma saída muito grande. Nós estamos satisfeitos, pois tudo isso é fruto do nosso trabalho aqui na universidade.”
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) recebe de 19 a 23 de fevereiro, o “Seminário para Avaliações de Resultados e Programação de Novas Etapas” do projeto de extensão universitária “Vozes da África”. O evento é organizado pelo coordenador do projeto, professor Gilmar Tavares, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (ABC/MRE) e República Democrática do Congo.
Já estão confirmadas as presenças dos congoleses: reitor da Universidade Livre dos Países dos Grandes Lagos (ULPGL), Kakule Molo; do Engenheiro do Ministério da Agricultura da República Democrática do Congo Omar Babene; do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Agronômicas (INERA) Thomás Mondjalis Poto, e da presidente/fundadora da ONG- Solidariedade Feminina, Nathalie Kapunga.
Na oportunidade serão apresentados relatórios sobre as atividades construídas na área de Segurança Alimentar, com base na Agroecologia, na Agricultura Familiar e na Extensão Universitária Inovadora, além de capacitações. De acordo com professor Gilmar, o objetivo do evento é “demonstrar para a comunidade internacional que, o caminho para a paz justa e duradoura, passa obrigatoriamente pela produção sustentável e suficiente de alimentos básicos e fundamentais, com geração de emprego e renda dignos. O Congo é um país muito pobre, com intermináveis conflitos armados, os quais mantém a população em uma dramática crise de segurança alimentar. ”
Vozes da África
O projeto Vozes da África teve início em 2007, em parceria com a ULPGL e em 2011, agregou parceria com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (ABC/MRE), com ações na República Democrática do Congo, com o objetivo de propor soluções socioambientais de Agroecologia, Agricultura Familiar e Extensão Universitária Inovadora, buscando auxiliar a produção de alimentos básicos e fundamentais, com adequação cultural. Em 2016, o projeto foi expandido para Moçambique, em parceria com a ONG Fraternidade Sem Fronteiras.