Os grupos dos grãos e das frutas foram grandes responsáveis pela elevação do Índice de Preços Recebidos (IPR) em 2015, índice referente à venda dos produtos agrícolas no Sul de Minas Gerais. No ano passado, a elevação média do IPR ficou em 19,20%, de acordo com pesquisa feita no Departamento de Administração e Economia (DAE) da UFLA.
No ano passado, o IPR foi positivo na média para os produtores; porém, alguns grupos pesquisados apresentaram decréscimo de preço durante o ano agrícola de 2015. Para o professor Renato Fontes, coordenador da pesquisa, o aumento médio geral da renda do produtor pode ser considerado satisfatório mesmo se comparado com a inflação do período, oficialmente de 10,71%. Entretanto, alguns grupos pesquisados apresentaram resultados anuais não satisfatórios, caso dos grupos específicos de carnes, leite e verduras. Nesses, o produtor perdeu renda efetivamente na exploração única dessas atividades.
O leite, por exemplo, apresentou preço médio do litro de R$ 1,20 em janeiro, valor que oscilou durante o ano até dezembro, em que o preço foi de R$ 1,10. “O mercado das commodities agrícolas, pelas suas características intrínsecas, é extremamente volátil. Os preços variam em decorrência do clima, de fatores externos e por causa da renda dos consumidores, sendo que cada produto tem uma dinâmica na sua precificação”, explica o professor Renato Fontes.
O café, a principal cultura agrícola explorada no Sul de Minas Gerais, apresentou uma elevação anual de preço de 8,23%, demonstrando que o mercado cafeeiro vem tendo equilíbrio na sua precificação. “Isso mostra que os anos de alta recente parecem ter encontrado uma forte resistência em encontrar preços melhores do que se vem praticando”, acrescenta o professor.
De acordo com a pesquisa, 2015 teve como destaque a elevação dos preços em itens dos grupos de grãos, especialmente milho, feijão e arroz. Em média, o grupo teve alta de 131% no ano. “O arroz teve seu preço majorado em 288%, o feijão em 242% e o milho em 47%. Esses aumentos ocorreram principalmente por preços não compensadores em safra passadas, o que desestimulou os produtores a manterem e aumentarem a área plantada dessas culturas”, afirma o professor. Isso, aliado a condições climáticas desfavoráveis nas principais regiões produtoras, afetou prejudicialmente a oferta desses produtos, causando a alta dos preços. “Consequentemente, a majoração traz melhoria da renda de quem produz unicamente essas commodities, favorecendo investimentos futuros nestas atividades”, explica o professor Renato Fontes.