Cerca de 50 estudantes de diferentes cursos da Universidade Federal de Lavras (UFLA) se cadastraram como doadores de medula óssea nessa quinta-feira (8/6). Sensibilizados com a situação da estudante de Medicina Giovana Baptista Caldas, 27 anos, diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda em abril, a professora Kátia Poles e o estudante Lucas Matheus Chagas organizaram e lotaram um ônibus para cadastro no Posto Avançado de Coleta Externa de Lavras (Pace).
O transplante de medula óssea é a maior chance de cura de um paciente diagnosticado com leucemia e a probabilidade de encontrar um doador compatível na família é cerca de 25% a 35% entre irmãos de mesmo pai e mãe, e na população em geral, a porcentagem é de 1 a cada 100 mil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Após cadastrado, o doador é inserido no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e, caso seja compatível com alguém, será contatado para confirmar o interesse em doar.
Uma segunda ação para cadastro está prevista para a próxima terça-feira (13/6). Interessados devem enviar o nome para Lucas pelo telefone (032) 99110-9898.
A mobilização é iniciativa do Departamento de Ciência da Saúde (DSA) e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec) com o auxílio de estudantes do curso de Medicina.
Quem não faz parte do quadro interno da Universidade também pode se cadastrar. Basta comparecer ao Pace, que fica localizado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Lavras às quintas-feiras, das 8h às 11h, com seus documentos pessoais.
Nessa quarta-feira (24/5), foi dia de falar sobre solidariedade na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Com um bate-papo descontraído no Centro de convivência da Universidade, os estudantes puderam esclarecer suas dúvidas sobre doação de sangue e medula óssea com o médico hematologista responsável pelo Posto Avançado de Coleta Externa (Pace) da Hemominas em Lavras, Luciano Carvalho Campos, e o captador Luiz Gustavo Pereira.
A ação foi realizada pelo projeto Minuto da Saúde, iniciativa que une a Coordenadoria de Saúde (Praec) e o Departamento de Ciências da Saúde (DSA), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Diretoria de Comunicação da UFLA (Dcom). Essa foi a quarta ação do projeto neste ano para conscientizar os estudantes e a comunidade em geral sobre temas importantes relativos à saúde. A primeira realizada na UFLA pela equipe foi uma roda de conversa sobre DSTs e sexo seguro; a segunda atividade envolveu o tema “doenças mentais” e a terceira foi sobre leishmaniose tegumentar e hanseníase, realizada no centro de Lavras.
Entre os participantes da roda de conversa, três foram protagonistas de histórias reais: Amanda Nazaré de Abreu possui anemia sideroblástica congênita desde o nascimento. A doença é caracterizada por deficiência na produção de hemoglobinas e o tratamento exige transfusão semanal de bolsas de sangue. “Devido aos sintomas que possuo, como mal-estar, enjoo e cansaço, receber as bolsas de sangue é, para mim, como um oásis no meio do deserto”, afirma.
Beatriz Coelho Marques, de 13 anos, foi beneficiada por muito tempo pelas doações de sangue. Aos 11 anos, quando foi diagnosticada com aplasia medular, a transfusão foi sua aliada para sobreviver: “Considero lindo o gesto de quem doa sangue, pois o doador, muitas vezes, faz o bem para alguém que nem mesmo conhece”, disse, emocionada. Na busca por um doador de medula compatível, encontrou em sua irmã, na época com 2 anos, a chance da cura.
A aplasia medular é uma doença marcada pela alteração no funcionamento da medula óssea, que passa a não produzir as células sanguíneas. Na época, estudantes da UFLA realizaram campanha em prol da adolescente. Confira a matéria aqui.
A campanha surtiu efeitos além dos limites do município: Aline Bastos de Paiva, estudante de Física da UFLA, se cadastrou como doadora de medula óssea e, em pouco tempo, recebeu a notícia de que era compatível com um paciente que estava na lista de espera: “Em nenhum momento eu hesitei em doar, pois a compatibilidade, além de ser rara, é a oportunidade de uma nova vida para quem necessita de medula óssea, e o processo para doação é bem simples”. O procedimento foi realizado em Belo Horizonte e as despesas com viagem, hospedagem e alimentação foram custeadas para ela e um acompanhante pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Na época, o assunto também foi divulgado pela UFLA. Veja aqui.
Para se cadastrar como doador de medula óssea, é necessário comparecer ao Pace, que fica localizado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Lavras. O interessado deve portar documento com foto, preencher o formulário e realizar uma pequena coleta de sangue para análise. A unidade funciona toda quinta-feira, das 8h às 11h.
Para doar sangue, é necessário comparecer ao mesmo local e no mesmo horário, além de:
– ter e estar em boa saúde,
– não ter tido hepatite após os 11 anos de idade,
– ter entre 16 e 69 anos de idade (menores de 18 anos devem estar acompanhados de um responsável),
– pesar acima de 50 kg,
– ter dormido bem na noite anterior à doação,
– não ter passado por situações de risco para doenças sexualmente transmissíveis,
– não ter tido gripe, resfriado ou diarreia nos últimos 7 dias,
– não ter ingerido bebida alcoólica 12 horas antes da doação,
– não usar drogas,
– não apresentar ferimento ainda não cicatrizado,
– não estar grávida ou em período de amamentação,
– não ter sido submetido a exame de endoscopia nos últimos 6 meses,
– não ter feito tatuagem ou piercing nos últimos 12 meses,
– não estar em jejum.
O Posto Avançado de Lavras é considerado modelo para as demais unidades do estado, pois foi o primeiro a funcionar de forma efetiva e semanalmente. O município possui uma demanda mensal de 200 a 250 bolsas de sangue, mas ainda são coletadas apenas 40 bolsas por semana, ou seja, aproximadamente 160 por mês.
A roda de conversa sobre a doação de sangue foi realizada na UFLA em dois horários – manhã e noite – e durante as atividades estiveram também presentes a pró-reitora de Assuntos Estudantis e Comunitários, professora Ana Paula Piovesan Melchiori; a coordenadora de saúde da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (Praec), Kátia Poles, além de estudantes e integrantes do Programa de Educação Tutorial Institucional de Biologia Parasitária (Peti-Biopar). Kátia encerrou as atividades dizendo que “doar sangue é um ato de amor e solidariedade. Acredito que é um grande exercício de altruísmo -fazer o bem sem olhar a quem”.
Acompanhe as atividades do Minuto da Saúde no Facebook e fique por dentro das atividades realizadas pelo projeto.
Uma mobilização promovida em fevereiro de 2014 por integrantes da Moradia Estudantil da Universidade Federal de Lavras (UFLA) continua gerando bons resultados. Na época, eles se reuniram para doar sangue no Posto Avançado de Coleta Externa da Fundação Hemominas (Pace), que funciona na Unidade Regional de Pronto Atendimento de Lavras (Urpa). Foi quando alguns participantes aceitaram o convite para se cadastrarem como candidatos à doação de medula óssea. A estudante Aline Bastos de Paiva encontrou lugar privilegiado nas estatísticas, foi compatível com um paciente e fez a doação em 2015.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), as maiores chances de compatibilidade entre doador e paciente para efetivação do transplante ocorrem quando eles são irmãos, filhos do mesmo pai e mesma mãe. Nesse caso, há de 25% a 35% de probabilidade de que sejam compatíveis. Para os que não são parentes, a possibilidade pode ser até de 1 em 100 mil.
Logo que ingressou na UFLA, no curso de Física, Aline se rendeu às ações de trote solidário e realizou sua primeira doação de sangue. Já sensibilizada para a importância da causa, aderiu prontamente à campanha “Brejeiros Solidários”, da Moradia Estudantil, onde reside por quase todo o tempo de graduação. “Quando me falaram da doação de medula, decidi me cadastrar, mas achava muito improvável que fosse chamada algum dia”, relatou. Meses depois do cadastro, Aline recebeu uma ligação da Hemominas para que confirmasse seu interesse em doar e fizesse outros exames para certificação da compatibilidade com um paciente. “Fiquei surpresa, liguei para a minha mãe para conversar um pouco e então decidi que faria a doação, caso realmente fosse compatível”.
Quando os médicos consideraram o paciente preparado para o transplante, Aline passou por exames para verificação de sua saúde e, em seguida, fez a doação. “Viajei, com todas as despesas pagas, para fazer os procedimentos. O processo foi tranquilo e no dia seguinte à doação, eu já estava liberada para retomar minhas atividades”, diz. A estudante garante que a experiência é compensadora. “Um tempo depois da doação, a equipe responsável entrou em contato comigo e disse que o transplante havia sido feito com o sucesso e que o paciente se recuperava bem. Isso me deixou muito feliz”, comentou.
Pelas orientações que recebeu ao longo do processo, Aline sabe que só poderá conhecer a identidade do paciente a partir de um ano após a doação. Transcorridos os primeiros seis meses, é possível que troquem correspondências, com intermediação de servidores do Inca, mas sem informações que permitam a identificação de ambos. Aline diz que tem todo o interesse em conhecer o paciente. “Quando chegar a hora certa, quero ter contato com ele e saber um pouco de sua história”.
Apesar de ser a única da sua família cadastrada como doadora, a estudante hoje é uma incentivadora do gesto. “É um procedimento simples, de recuperação muito rápida e que pode fazer um bem extraordinário a outra pessoa. Não é preciso coragem, mas apenas um olhar direcionado ao próximo”, resume. Para a ex-prefeita da Moradia Estudantil, Cintia Nayara de Goes Vieira – uma das organizadoras da campanha que resultou no cadastramento de Aline – a doação feita pela estudante é mais um motivo para comemoração. “Na verdade, acho que essas campanhas fazem um bem enorme também a quem doa, porque a sensação de cumprimento de um dever cívico é muito boa. Valeu a pena o esforço dos prefeitos e dos moradores que participaram”.
A Universidade, na visão de Cíntia, pode ser um espaço importante de promoção de causas de saúde pública como a doação de sangue e de medula óssea. “Os estudantes ficam muito absorvidos pela rotina acadêmica a acabam se esquecendo de praticar esses gestos. Quando organizamos uma campanha aqui, conseguimos contagiar, mover pelo exemplo, fazer valer a força do grupo e, consequentemente, dar nossa contribuição social.
Em Lavras, o Pace registra em média dez novos cadastros de doadores de medula óssea a cada quinta-feira. Desde o início de atividades, mais de mil novos doadores foram inscritos no município. O captador responsável pela mobilização de doadores no local, Luiz Gustavo Pereira, considera estratégicas as mobilizações feitas na Universidade. “A grande variabilidade genética do brasileiro precisa ser reproduzida no cadastro de doadores de medula, pois isso aumenta as chances de um paciente encontrar doador compatível. Como os estudantes da UFLA vêm de todas as partes do país, a colaboração é grande”, diz.
Para ser um candidato à doação de medula óssea
Para integrar o Registro Nacional de Doadores de Medula (Redome), é necessário que a pessoa tenha entre 18 e 54 anos e boa saúde, não apresentando doenças como as infecciosas ou hematológicas. Em Lavras, o interessado deve comparecer à Urpa às quintas-feiras, das 8h às 11h. É necessário apresentar documento oficial de identidade com foto, fornecer dados para o preenchimento do formulário de cadastro, assinar o temo de consentimento e colher amostra de 5 ml para realização do exame HLA (pelo qual serão identificadas características genéticas necessárias para a compatibilidade entre doador e paciente.
Os resultados ficarão armazenas no Redome e, caso algum dia, o doador seja considerado compatível com um paciente que precisa de transplante, será chamado para a realização de novos exames.
O que é a medula óssea e quem precisa do transplante
A medula óssea é a responsável pela produção dos componentes do sangue, como hemácias, leucócitos e plaquetas. Ela está localizada no interior dos ossos. Pacientes que apresentem uma produção anormal dessas células sanguíneas, devido a tipos de câncer ou a outras doenças, podem ser curados por meio do transplante, quando sua medula é substituída pela medula saudável de um doador.
Quando o médico do paciente identifica a necessidade de transplante e não encontra o doador na família, os dados do receptor são cadastrados no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). A partir daí, será feita a busca informatizado por um doador compatível, entre os inscritos no Redome.
Os procedimentos de doação de medula óssea
Depois que o cadastrado no Redome é considerado compatível – e passa por todos os exames de saúde que garantem a segurança do procedimento tanto para ele e quanto para o paciente – é possível que faça a doação de medula óssea por dois procedimentos diferentes.
No caso da estudante da UFLA, a coleta foi feita por punções no osso da bacia, feitas com agulhas especiais. O processo é cirúrgico e feito em hospital credenciado pelo Inca, com anestesia, mas sem cortes. A duração aproximada é de 90 minutos. O outro modo de doação é chamado aférese, semelhante a uma doação de sangue, sem internação ou anestesia. No entanto, a opção por um tipo ou outro de doação é feito por indicação médica.