O estudo da biodiversidade brasileira deu um grande salto, com um trabalho que registrou 29 espécies de mamíferos no sul de Minas Gerais. O número representa 59% das espécies de mamíferos de médio e grande porte encontradas em todo o Estado. É o maior inventário desses tipos de animais já desenvolvido de uma só vez em território mineiro.
O trabalho foi apresentado no 3 º workshop do P&D456, Modelo Fitogeográfico do Rio Grande, realizado no anfiteatro do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf), vinculado ao Departamento de Ciências Florestais (DCF) da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O evento é uma parceria entre UFLA e Cemig, com o objetivo de difundir os resultados da revitalização da Bacia do Rio Grande.
O mapeamento foi elaborado por uma equipe do DCF, sob coordenação do professor da área de conservação e manejo de fauna, Antônio Carlos da Silva Zanzini. Para elaborar o estudo, primeiramente foi realizada a identificação das trilhas de mamíferos existentes em onze fragmentos de floresta estacional semidecidual (mata fechada caracterizada por árvores altas) que perdem folhas na época de seca. Em seguida, armadilhas fotográficas com sensores capazes de detectar movimento e calor foram colocadas nas áreas durante 30 dias.
Com o monitoramento, foram descobertas seis espécies em risco de extinção: onça-parda, jaguatirica, lobo-guará, cateto, gato-do-mato-pequeno e cachorro- do-mato. Além das dispersoras de sementes – por exemplo, guaxinim e quati. Entre mamíferos predadores foram catalogados gato mourisco, raposa-amarela, entre outros.
Avanço do desmatamento
O levantamento também traz um alerta contra o avanço do desmatamento. “Existe apenas um caminho para os animais silvestres com a derrubada das árvores. Eles migram para as fazendas em busca de comida e algumas espécies, como capivara e javali, destroem as lavouras. Por isso, é fundamental manter a floresta intacta”, destaca Zanzini.
Um filhote de javali foi encontrado em Passa Quatro. “Isso significa que os pais estão por perto. O estudo apontou que houve expansão do animal em Minas Gerais. O dado é preocupante porque javali é agressivo ao ser humano, além de cavar até destruir as nascentes dos rios e atacar vários plantios”, afirmou.
Pollyanna Dias, jornalista, bolsista Dcom/Fapemig.
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.