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Tese diferencia Megaprodutores como nova categoria do agronegócio

Pequenos, médios e grandes produtores rurais. A pirâmide do agronegócio brasileiro está dividida, atualmente, nessas três categorias, conforme legislação da área. Apesar disso, como enquadrar como apenas “grandes” aqueles que têm faturamento na casa dos muitos milhões de reais? Partindo dessa necessidade, o engenheiro agrônomo e administrador Patrick Fernandes Lopes desenvolveu o estudo “Megaprodutores: uma nova categoria nos sistemas agroindustriais brasileiros”, objeto de tese de Doutorado defendida no início de 2018 junto ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Orientado pelos professores Luiz Gonzaga de Castro Júnior e Renato Elias Fontes, o pesquisador do Banco do Brasil e ex-coordenador do projeto Linkafé, vinculado ao Centro de Inteligência em Mercados (CIM) da Agência de Inovação do Café (InovaCafé/UFLA), partiu do pressuposto de que o sistema financeiro já trabalha de forma diferenciada com os produtores rurais com Receita Bruta Agropecuária (RBA) a partir de R$ 10 milhões. “É, no mínimo, inadequado não categorizarmos esse grupo em termos de legislação. Dentre outros pontos, destaco a necessidade da criação de políticas públicas do agronegócio voltadas às especificidades dos Megaprodutores”, reforçou Lopes.

Segundo o autor, a tese procurou provar – matemática e cientificamente – em que consiste a diferenciação dos Megaprodutores em relação aos demais produtores rurais. Sua característica principal é a de serem detentores de grande patrimônio e de possuírem perfil private. Além disso, possuem grande alavancagem financeira e operacional. Assim, demandam não apenas grandes volumes de crédito, mas também consultoria em planejamento financeiro pessoal e assessoria patrimonial, sucessória e tributária. “Estamos falando do topo da pirâmide do agronegócio brasileiro e de produtores que possuem grande potencial de liderança, inovação e coordenação das cadeias produtivas onde atuam”, completou.

O trabalho, que contou com abordagens qualitativa e quantitativa, também apresentou uma análise acerca dos “perfis de investidor” dos Megaprodutores. Os resultados obtidos apontaram para a abertura de um novo campo de estudos e podem auxiliar no aperfeiçoamento das estratégias e políticas públicas voltadas aos sistemas agroindustriais brasileiros e aos mercados de crédito rural e de private banking.

Assessoria InovaCafé

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Estudo destaca a importância da mensuração dos gases de efeito estufa emitidos na produção de café

Você já ouviu falar no termo “Pegada de Carbono”? Nos dias de hoje, conceitos como sustentabilidade, rastreabilidade e consciência ecológica envolvem diversas atividades, entre as quais está a cafeicultura. Com base em tais tendências, o estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Heitor Parreiras, apresentou, recentemente, a monografia intitulada “Emissão de gases de efeito estufa da cafeicultura em diferentes tipos de produção e regiões brasileiras”, constatando, em linhas gerais, que os produtores que têm consciência do quanto emitem obtêm maior competitividade no mercado.

O estudo recebeu orientação da professora Sílvia de Nazaré Monteiro Yanagi e coorientação do professor Luiz Gonzaga de Castro Junior, e utilizou dados coletados por meio do projeto Campo Futuro – iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com o Centro de Inteligência em Mercados (CIM), vinculado à Agência de Inovação do Café (InovaCafé), com sede na UFLA.

Pesquisa
No trabalho, foram utilizadas as metodologias IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e GHG Protocol, ferramenta que permite o gerenciamento das emissões de gases de efeito estufa (GEE), direcionando-as à atividade cafeeira. A pesquisa envolveu 13 municípios produtores de café. O estudante baseou-se nos métodos para desenvolver um modelo, o qual foi aplicado nos dados de custo de produção em 2017, divididos em atividades ocorridas durante o ano agrícola, coeficientes técnicos de máquinas (operações mecanizadas) e aplicação de insumos (fertilizantes orgânicos, fertilizantes nitrogenados sintéticos, ureia, calcário e defensivos).

Na sequência, foi avaliada e comparada a emissão de gases na produção do Coffea canephora e Coffea arabica e, nesta última espécie, os diferentes tipos de produção: manual, semimecanizada e mecanizada. O estudo comparativo demonstrou que a emissão de GEE cresce conforme o nível de mecanização. Além disso, foi possível constatar que em quase todos os municípios analisados a emissão proveniente da aplicação de fertilizantes nitrogenados sintéticos configura a maior parte dos gases emitidos. Também, de acordo com o autor, a produção de C. canephora emite mais gases que a produção de C. arabica.

A pesquisa atestou, ainda, a importância da realização de um inventário de emissão de GEE, pois, a partir dele, é possível comparar a emissão de gases de café de diferentes produtores, distinguindo-os quanto a seus potenciais sustentável e ecológico.

>> Pegada de Carbono
O termo refere-se à mensuração da quantidade total da emissão de dióxido de carbono, acumulado – direta ou indiretamente – por uma pessoa, organização, evento ou produto durante as etapas de sua vida.

Ascom InovaCafé

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Pesquisadoras da UFLA estudam as aplicações dos resíduos da acerola

A acerola é muito rica em nutrientes e o que se faz com os resíduos provenientes do seu processamento? Será que eles possuem substâncias benéficas? A partir dessas questões, pesquisadoras do Programa de Agroquímica da Universidade Federal de Lavras (UFLA) iniciaram um estudo para analisar esses resíduos, provenientes do processamento da fruta em diversas indústrias de alimentos, em especial da polpa congelada.

A acerola possui uma rica composição química, destacando o seu potencial de uso e desenvolvimento em produtos farmacêuticos e/ou agroquímicos. Sendo assim, agregar valor ao resíduo industrial, que, a princípio, é descartado pelas indústrias foi o principal objetivo da pesquisa realizada pela pós-doutoranda Tamara Rezende Marques, orientada pela professora Angelita Duarte Correa.

“A acerola é uma fruta que se perde rapidamente. Quando vamos ao supermercado, é raro encontrar a fruta in natura para a venda, ou seja, na maioria das vezes consumimos essa fruta já processada, como sucos, geleias, o que gera uma grande quantidade de resíduos. Diante do grande valor nutricional apresentado na fruta, pensamos se o resíduo também possuiria esse benefício, principalmente na semente e no bagaço; além disso, possibilitaria a redução dos custos no processo fabril e evitaria o seu descarte no meio ambiente”, explicam as pesquisadoras.

O primeiro passo foi realizar a caracterização química dos resíduos da acerola, na qual as pesquisadoras constataram que o bagaço apresenta um grande valor nutricional, constituído por minerais, proteínas, vitaminas, fibras e um alto teor de substâncias antioxidantes, como os compostos fenólicos. Para a análise, foi selecionado o bagaço de acerola com alto teor de compostos fenólicos, substâncias com potencial antioxidantes, que trazem benefícios à saúde. Posteriormente, foram observadas as suas aplicações nas áreas farmacêutica, cosmética e agroquímica.

As pesquisadoras constataram que esses extratos inibem enzimas digestivas, que atuam na quebra de carboidratos, sugerindo, então a sua utilização como auxiliar no tratamento da obesidade, e controle do diabetes tipo 2, além de apresentarem propriedades antioxidantes, atuando no combate de radicais livres no organismo e também propriedades hepatoprotetoras, que direcionam o seu potencial de uso na prevenção de algumas doenças, inclusive câncer e envelhecimento precoce.

Também foram testados os extratos no controle de insetos, pragas, verificando que os resíduos de acerola possuem ação inseticida contra a lagarta-do-cartucho, uma praga muito comum encontrada nas plantações de milho, soja e algodão, que causa grandes prejuízos econômicos ao País. “Esses compostos fenólicos apresentam diferentes atividades biológicas, com aplicação tanto na saúde como na área de agroquímicos”, comentam.

A pesquisa foi realizada na UFLA em nível de mestrado e doutorado; atualmente Tamara Rezende Marques realiza o seu pós-doutorado, dando sequência aos estudos referentes às aplicações dos resíduos dessa fruta.

 

 

 

Reportagem: Camila Caetano, jornalista UFLA
Imagens e Edição: Mayara Toyama, bolsista Fapemig/Dcom

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Método inovador produz telhas de fibrocimento com menor custo e impacto ao meio ambiente

Diversas pesquisas têm buscado alternativas para o uso do amianto na fabricação de telhas. Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu, em todo o País, a produção, a comercialização e o uso do amianto tipo crisotila. O mineral, também conhecido como “asbesto branco”, provoca sérios danos à saúde de trabalhadores das fábricas.

Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), diversos materiais, como substituição ao amianto, têm sido pesquisados por pós-graduandos em Engenharia de Biomateriais. Uma dessas pesquisas, a do doutorando Danillo Wisky Silva, analisou a viabilidade do uso de fibras de eucalipto na produção de fibrocimentos pelo processo de extrusão.

Nesse experimento, as fibras de eucalipto foram produzidas por processo termomecânico, sem uso de reagentes químicos. As fibras, juntamente com a matriz cimentícia (cimento e calcário) e a água, passam por uma extrusora, e, através de um processo de mistura e compressão, a massa tomou o formato e tamanho desejados. O fibrocimento é composto por cimento comum e fibras e já são utilizados para telhas moduladas, placas planas, revestimentos, pisos e forros em diversos métodos de produção. Porém, o processo por extrusão ainda é novo e tem algumas vantagens, conforme explica o pesquisador: “Há um menor consumo de água, sendo que a quantidade do liquido utilizada cerca de 30% a 40 % da massa do cimento, enquanto no processo convencional, esse valor é de 60% a 80%, ou seja, você tem uma diminuição de custo. Outro atrativo é que o custo da implantação pelo processo de extrusão é menor; assim, você consegue produzir de maneira eficiente em microrregiões. ”

Em sua pesquisa de mestrado, Danillo utilizou a fibra de eucalipto, um material produzido em grande escala no Brasil. A intenção, segundo ele, foi mostrar que o produto é viável ao mercado: “O objetivo é mostrar que essas telhas podem ser produzidas com materiais livres de amianto, de origem vegetal, renováveis e, ao mesmo tempo, de forma descentralizada (longe das metrópoles,) utilizando o processo de extrusão como alternativa.” Atualmente, a produção de telhas utiliza fibras sintéticas e polpa celulósica, que são tratadas quimicamente. O projeto comparou os dois modelos e mostrou resultados bem promissores: “Com 3% de fibras de eucalipto provindas de processo termomecânico, obtivemos um resultado muito compatível com os da polpa celulose, barateando o custo de produção.”

O estudante explica que o processo de extrusão tem um potencial muito grande, sendo possível seu uso com vários tipos de materiais residuais. “Um produtor de banana, por exemplo, conseguiria produzir fibra através do caule da bananeira, e depois, com a extrusão, montar uma microempresa de produção de telhas moduladas, agregando valor aos seus resíduos regionais.” Para o orientador do projeto, professor Lourival Marin Mendes (DCF), “o estudo mostra uma tecnologia de fácil aplicação, que pode ser absorvida pela sociedade, aproveitando as peculiaridades regionais do Brasil, uma vez que o País é rico em fibras vegetais”, ressalta.

A extrusão, em comparação ao processo convencional, promove uma compactação da mistura, que, por sua vez, aumenta a densidade do fibrocimento. Danillo busca em seu doutorado uma maneira de diminuir essa densidade, sem causar prejuízos significativos na resistência mecânica dos fibrocimentos. Para isso, ele tem usado: polímeros superabsorventes, à base de poliacrilamida (material utilizado em absorventes femininos, fraldas infantis) e hidrogel para plantio de mudas com grande capacidade de absorção e expansão. “O polímero já conseguiu diminuir em 20% a 30% a densidade dos compósitos, com uma perda de 10% a 15% da resistência mecânica, deixando os materiais dentro da classe para telhas onduladas (> 7.0 MPa para módulo de ruptura), possibilitando o processo de extrusão em escala comercial.” Além disso, de acordo com o pesquisador, os polímeros superabsorventes também funcionam como um selador de trincas no concreto.

O professor Lourival acrescenta que a expectativa agora é despertar o interesse das empresas e indústrias para a produção dessas telhas em maior escala através da extrusão: “No Brasil e no exterior, existem fábricas que produzem fibrocimento, mas nenhuma com as características do produto que é desenvolvido pelo Danilo. As informações geradas nesta tese de doutorado serão muito importantes devido ao banimento do amianto.”

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom;
Imagens: Karina Mascarenhas e Mayara Toyama, bolsista Fapemig/Dcom;  
Edição do vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – bolsista Dcom/Fapemig.

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Uepam/UFLA é referência em pesquisas em biomateriais

Antiga sede do Uepam

Criada em 2004, a Unidade Experimental de Produção de Painéis de Madeira (Uepam) funciona em um local que antes pertencia ao Departamento de Agricultura, e que, posteriormente, foi transferido para o Departamento de Ciências Florestais. O projeto foi elaborado pela arquiteta Luciana Barbosa de Abreu e executado pelo técnico administrativo Antônio Claret Matos. As obras dos blocos foram concluídas em 2012; tanto a construção quanto os equipamentos foram adquiridos por meio de recursos oriundos de pesquisas e tornaram o complexo um dos mais avançados na área no Brasil.

“Realizamos o desenvolvimento de novos materiais à base de fibras das mais diversas, desde painéis de madeira reconstituídos, fibrocimento até diversos materiais ligados ao mundo das fibras vegetais, tendo como matéria-prima: madeira, resíduos agrícolas, resíduos urbanos, servindo de base para compor novos materiais ou aprimorar outros, sendo produtos de aplicabilidade direta para a sociedade”, explica o professor Lourival Marin Mendes.

Sede atual do Uepam

O local abriga seis blocos onde funcionam: a secretaria do Programa de Pós-Graduação em Biomateriais (PPGBIOMAT), laboratório de adesivos e painéis de madeira, laboratório de ensaios mecânicos e anfiteatro, laboratório de compósitos lignocelulósicos, laboratório de nanotecnologia e galpão multiuso.

O PPGBIOMAT teve sua origem no Núcleo de Estudos de Painéis de Madeira. Desde sua criação, 53 alunos de mestrado e 37 de doutorado passaram pelo Uepam.

Assista ao vídeo sobre a Uepam:

Texto e imagens: Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Edição do vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – comunicadora – bolsista Dcom/Fapemig

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Pesquisa da UFLA mapeia arranjos produtivos locais na indústria do café

Caio Peixoto Chain

A tese de doutorado “Abordagem geoestatística para o mapeamento de potenciais clusters industriais”, do Departamento de Administração e Economia (DAE) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), tratou da concentração geográfica de empresas da indústria do café com o objetivo de identificar potenciais arranjos produtivos locais (APLs). A pesquisa foi realizada pelo economista Caio Peixoto Chain, com orientação dos professores Antônio Carlos dos Santos e Luiz Gonzaga Castro Junior.

As regiões identificadas foram Matas de Minas, Capelinha e Sul de Minas. Chain, que também é pesquisador do Centro e Inteligência em Mercados (CIM) da Agência de Inovação do Café (InovaCafé), deu continuidade à linha desenvolvida em seu mestrado na UFLA. Segundo o autor, o conceito de cluster é trabalhado sob o ponto de vista de uma estratégia de política industrial. “A estratégia de cluster busca coordenar a indústria do café e agentes correlatos, como cafeicultores, cafeterias, universidade, centros de pesquisa, entre outros, estimulando agregar valor ao produto café”, explicou.

O estudo georreferenciou quase 10 mil indústrias da economia mineira e aproximadamente 300 torrefadoras de café, cujos dados foram coletados no Cadastro Industrial de Minas Gerais (CIMG), no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e na Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Com base em tais dados, foi aplicada uma abordagem geoestatística, que comprovou que a indústria de café não está localizada de forma aleatória, ou seja, existem regiões com aglomerações de empresas torrefadoras.

De acordo com o autor, são tais aglomerações que indicam a existência de potenciais Arranjos Produtivos Locais. Como contribuições para a ciência econômica, o estudo demonstrou o viés direcional na localização de empresas e os resultados em mapas georreferenciados, além de estimar um índice de concentração no nível das empresas, o que é inédito para a literatura da área. Foram também contribuições o favorecimento da criação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento regional e setorial (no caso específico, o café), além da proposição de uma metodologia mais eficiente e assertiva para a identificação de potenciais APLs e das regiões às quais pertencem.

Ascom InovaCafé

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Trabalho publicado na Scientific Reports/Nature discute a sustentabilidade do fósforo no Brasil – pesquisadores da UFLA participaram do estudo

Pesquisadores de renomadas instituições brasileiras publicaram recentemente um trabalho na Scientific Reports/Nature, que apresenta possibilidades de melhorar a eficiência da agricultura brasileira com tecnologias alternativas que visem à sustentabilidade na gestão do fósforo. Participaram do estudo o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Luiz Roberto Guimarães Guilherme e o pós-doutorando Teotônio de Carvalho.

A enorme base terrestre do Brasil e ainda o clima geralmente favorável oferecem um grande potencial para expandir ainda mais a produção agrícola do país, tanto por intensificação agrícola quanto por expansão controlada das terras cultivadas. “Uma grande consideração econômica e ambiental na expansão da agricultura brasileira é o aumento da demanda de fertilizantes, exigência para uma maior produção agrícola, e em particular o fósforo. E 60% desse fósforo é importado. A alta demanda por esse fertilizante e a forte dependência das importações tornam a agricultura brasileira particularmente vulnerável à futura escassez de fósforo. Assim, as estratégias para reduzir essa dependência e usá-lo de forma mais eficiente tornar-se-ão cada vez mais importantes”, afirmam os pesquisadores.

Hoje, cerca de 70% das reservas mundiais de fósforo estão no Marrocos. E desse valor, 80% são destinados para fertilizantes, utilizados em solos como os do Brasil, pobres em fósforo. “Um desafio fundamental para a sociedade é alcançar a intensificação agrícola de forma sustentável, sem degradação do meio ambiente ou ameaças ao bem-estar humano”, destacam.

Algumas alternativas já são aplicadas com o intuito de diminuir o uso do fósforo, como cultivar em solos que possuem mais matéria orgânica ou fazer calagem (ação ou efeito de adubar a terra com cal). “Há um cenário de utilização alta no Brasil, mas, existe uma série de estratégias. Está sendo construída uma poupança de fósforo no País, eventualmente, em certo momento, ficaremos como nos Estados Unidos, com produção em alta e taxa de fósforo constante”, comenta o professor Luiz Roberto.

Nesse estudo, após fazer uma nova análise estratégica da demanda/oferta atual, os pesquisadores constataram que os recursos secundários de fósforo que são produzidos anualmente (por exemplo, estrumes de gado, resíduos de processamento de cana-de-açúcar) poderiam potencialmente fornecer até 20% da demanda de fósforo da safra em 2050. “Os cenários para intensificação agrícola no Brasil até 2050 foram construídos com base em tendências e dados do censo nacional da área de cultivo total brasileira, produção de cultura, número de animais e consumo de fertilizantes”, explicam.

Mas, de acordo com os pesquisadores, ainda é necessário buscar outras fontes alternativas de fósforo, até mesmo em razão de novas áreas que ainda serão adaptadas para a agricultura. “Temos áreas novas, como na região de Matopiba (estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com cerca de 70 milhões de hectares de fronteira agrícola e um solo igual ao que o professor Alfredo Scheid Lopes estudou há 40 anos no cerrado. Mas, hoje, já são aplicadas estratégias ainda mais modernas para construir a fertilidade desse solo”.

Sendo assim, uma das atuais propostas é a reciclagem do fósforo por meio de um sistema de tratamento de lodo. “Esta é uma importante solução. Quando você pega uma planta, crescida em um solo fertilizado com fósforo, e a utiliza como alimentação tanto em humanos como em animais, por exemplo, suínos, após o consumo, 80% do fósforo sairão nas fezes. Uma cidade como Lavras, por exemplo, são 50 toneladas de lodo sendo produzidas diariamente. Em alguns países do mundo, como nos Estados Unidos, esse material, ao ser reciclado, vira adubo. Mas, primeiramente, você tem que ter saneamento básico”, relatam os pesquisadores da UFLA.

O Paraná é o principal estado que deseja trabalhar com lodo no Brasil, sendo o que mais incentiva essa alternativa de reciclagem. Pela primeira vez, no País, uma usina produzirá energia a partir da combinação entre resíduos orgânicos e o lodo de esgoto. “A Dinamarca foi o primeiro país a desenvolver esse processo: após incinerar o lodo para gerar energia, você ainda pode utilizar as cinzas como fertilizante”, explica o professor Luiz Roberto.

Acesse aqui o trabalho completo.

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Polinização artificial na pitaia garante melhor qualidade das frutas na colheita e rentabilidade ao produtor

Método já utilizado em outras frutas é tema de pesquisas na UFLA

O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); por isso a fruticultura é um dos setores de maior destaque do agronegócio brasileiro. O cultivo de frutíferas de espécies exóticas como a pitaia vem ganhado espaço nos pomares, assim como as tecnologias desenvolvidas por pesquisadores para aumentar a produção e melhorar a qualidade do produto final.

Uma técnica já comum em outras frutíferas, como o maracujazeiro e a graviola, vem sendo utilizada também na pitaia por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA): a polinização controlada, manual ou artificial. As flores da pitaia são grandes, medindo aproximadamente 30 cm de comprimento, com uma coloração branca e creme. A floração na região de Lavras ocorre a partir do final de outubro e vai até abril aproximadamente; a antese dessa frutífera, ou seja, a abertura das flores tem início a partir das 19h, prolongando-se até às 8h do dia seguinte.

A intenção da polinização artificial na pitaia, de acordo com o professor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (DAG/UFLA), José Darlan Ramos, é garantir maior pegamento, melhor qualidade das frutas e, consequentemente, resultar em uma maior produtividade. Isso porque alguns fatores dificultam sua polinização, como a distância entre estigma e estames, influência climática e até mesmo ausência de polinizadores naturais, como as abelhas. “Quando ocorrem chuvas, a polinização é inviabilizada, além de não ocorrer a posterior fecundação; outro detalhe é que o estigma (parte feminina da flor) fica muito acima dos estames (que é a parte masculina); então, há necessidade de transportar esse pólen e a polinização artificial assegura o melhor pegamento das frutas, e melhoria na qualidade, tanto na aparência quanto no tamanho.”

Atualmente, na UFLA, há dois experimentos sendo realizados sobre polinização, um deles tem como objetivo avaliar o tipo de polinização (autopolinização, polinização natural, autopolinização controlada e a polinização cruzada) em pitaia de casca vermelha e polpa branca, e na de casca vermelha e polpa vermelha, ambos conduzidos pelo doutorando Ellison Rosário de Oliveira. O pesquisador explica como é feito o procedimento “As flores são ensacadas com sacos de TNT (tecido não tecido) com dimensão de 45 x 28 cm na tarde anterior à antese. Na manhã após a antese, as flores são desensacadas e, com auxílio de pincel, o pólen é colocado no estigma da flor, e, em seguida, a flor é novamente ensacada para evitar a interferência de agentes externos.” Ainda segundo Elisson, a polinização artificial é uma técnica simples, e pode ser aplicada pelos pequenos produtores; já que o pólen de seis flores, por exemplo, é suficiente para polinizar até 40 outras flores.

Como a abertura das flores (antese) da pitaia ocorre no período da noite, o outro experimento de Elisson tem a intenção de avaliar o melhor horário para a realização da polinização nos dois tipos de pitaia, dando aos produtores um maior suporte acerca do melhor momento para efetuar essa polinização. Por isso, a técnica de autopolinização controlada tem sido feita durante o período das 19h às 7h, sendo utilizada para o ensacamento das flores a mesma metodologia da primeira pesquisa. Os dois experimentos ainda estão em fase de condução e a avaliação e previsão de conclusão são para agosto deste ano.

Texto: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom.

Imagens e vídeo: Mayara Toyama – bolsista Fapemig/Dcom.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

PRPG divulgou editais de programas de apoio à publicação científica – conheça

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFLA (PRPG) atualizou os regulamentos dos Programas de Apoio à Publicação Científica em Periódicos de Elevado Impacto (Papei) e Apoio a Novos Programas (Panp), publicando seus editais, referentes a 2018, no dia 1º de fevereiro. Neste ano, o apoio da Pró-Reitoria de Planejamento e Gestão (Proplag) possibilitou a participação de um número maior de docentes em relação aos anos anteriores.

Os dois programas têm como objetivos: ampliar a quantidade de publicações de artigos científicos de qualidade, em periódicos com fator de impacto; incentivar a internacionalização dos programas com notas 4 e 5 na avaliação da Capes com o intuito de melhorar a nota na próxima avaliação; e apoiar grupos que estão formatando a criação de programas de pós-graduação acadêmicos.

Papei

O Papei apoiará financeiramente a taxa de publicação de artigos científicos em periódicos de alto fator de impacto, estratificados em A1, A2 e B1, segundo o Qualis/Capes e que contenham JCR superior a 0,3 – salvo para aqueles que não utilizam o JCR nas avaliações da Capes.

As submissões ao Papei poderão ser feitas por docentes permanentes, pertencentes ao quadro de servidores da UFLA, credenciados em programa de pós-graduação stricto sensu da UFLA que obtiveram notas 4, 5, 6 ou 7 na avaliação mais recente da Capes.

As solicitações deverão ser submetidas pelos interessados à PRPG em fluxo contínuo a partir de 1º de fevereiro, até a data limite prevista no calendário de execução do exercício orçamentário da PRPG.

O Papei destinará até R$ 50 mil para as solicitações neste ano. Será disponibilizado o valor total de R$ 3 mil por solicitante, durante o período de vigência do Programa, para o pagamento de taxas de publicação. Caso as solicitações por docente ultrapassem esse valor, ele deverá apresentar justificativa, com a anuência do programa de pós-graduação ao qual pertence, para que a PRPG avalie o mérito.

Acesse aqui o Edital do Papei 2018.

Panp

O Panp apoiará financeiramente a taxa de publicação de artigos científicos em periódicos estratificados em A1, A2 e B1, segundo o Qualis/Capes da área em que se insere o programa de pós-graduação, existente ou em formatação (redação do APCN), e que possuam fator de impacto JCR maior que 0,001, salvo para aquelas áreas em que esse fator não é utilizado nas avaliações da Capes.

As submissões ao Panp poderão ser feitas por todos os docentes pertencentes ao quadro de servidores da UFLA, exceto docentes credenciados como permanentes em programas de pós-graduação acadêmicos, notas 4, 5, 6 ou 7 (pois estes deverão pleitear o apoio à publicação por meio do Papei).

As solicitações deverão ser submetidas pelos interessados à PRPG em fluxo contínuo a partir de 1º de fevereiro até a data limite prevista no calendário de execução do exercício orçamentário da PRPG.

Para o ano de 2018, será destinado o montante de R$ 50 mil para as solicitações. Será disponibilizado o valor máximo de R$ 2 mil por solicitante, durante o período de vigência do Programa, para o pagamento de taxas de publicação. O docente cujas solicitações ultrapassarem esse valor deverá apresentar justificativa, com a anuência do programa de pós-graduação ao qual pertence, para que a PRPG avalie o mérito.

Acesse aqui o Edital do Panp 2018.

 

Zootecnistas investem na bioclimatologia para proporcionar melhor conforto aos animais

Ambiência na produção animal é uma das grandes preocupações para obter qualidade

Você sabia que os efeitos do clima sobre os animais influenciam no produto final que é consumido? A ambiência na produção animal é um dos muitos fatores que contribuem para garantir um produto de qualidade, proporcionando mais bem-estar ao animal e manejo sustentável.

Especialista em bioclimatologia animal, o professor do Departamento de Zootecnia (DZO) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Rony Antônio Ferreira observa que se a ambiência não estiver correspondendo às necessidades do animal, por mais que esteja com nutrição e genética adequada, o produtor não consegue extrair dele todo o potencial que possui para a produção, seja de carne, leite ou ovos.

Em países como o Brasil, de clima tropical, os animais, muitos de raças originadas de locais com clima mais ameno, sofrem com as altas temperaturas e variações na umidade do ar. Por isso, garantir instalações apropriadas de interação do animal com o ambiente, minimiza os efeitos climáticos que poderiam causar desconforto.

“Se uma vaca passa por estresse devido ao calor, ela diminui a quantidade de proteínas e de gorduras do leite e aumenta a quantidade de células somáticas, isso quer dizer que a qualidade geral do leite piora. Uma porca, por exemplo, na mesma situação, não consegue ingerir alimentos suficientes e produzir quantidade de leite necessária para produzir um leitão de bom desempenho. Já uma galinha, mesmo com uma fonte de cálcio na ração, não consegue depositá-lo. Assim, o ovo pode vir com a casca fina, trincada ou até mesmo sem casca, dependendo da intensidade do estresse. Os efeitos térmicos refletem em toda a cadeia produtiva”, exemplifica o professor.

O conforto térmico, sonoro e sem poluição, além de condições adequadas, tanto em aspectos sanitários, quanto de tratamento de dejetos, fazem parte do bem-estar animal, uma preocupação cada vez maior dos zootecnistas: “Para a produção animal ser rentável, o produtor precisa alinhar: a nutrição, a genética e a ambiência. Na UFLA, o curso de Zootecnia possui 68 horas de aulas práticas e teóricas voltadas à ambiência na produção animal. Tudo isso para que o consumidor receba um produto final mais saboroso, nutritivo e de qualidade, proveniente de animais criados com a melhor comodidade possível”, ressalta Rony.

Texto: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom. 
Vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – bolsista Fapemig/Dcom. 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.