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UFLA inicia participação em estudo multicêntrico que avaliará saúde dos egressos das universidades mineiras

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) participa de uma extensa pesquisa que irá avaliar a saúde e o desenvolvimento, em profissionais que se formaram nas Universidades mineiras, de doenças não transmissíveis. A pesquisa vai abranger mais de 60 mil pessoas e formar um grande banco de dados sobre hábitos de saúde que poderá subsidiar políticas públicas e muitos estudos para melhorar a qualidade de vida do cidadão. Para tudo isso dar certo, a equipe de pesquisadores pede a colaboração dos egressos das universidades.

A pesquisa chamada de Coorte de Universidades Mineiras (Cume) é um projeto considerado arrojado, e pode dar grandes contribuições para conhecer melhor os hábitos de vida de pessoas que têm escolaridade no ensino superior, acesso a informações e renda suficiente para uma boa qualidade de vida. O objetivo é saber se tudo isso influencia na adoção de hábitos saudáveis ao longo do tempo. Isso porque as entrevistas serão aplicadas a egressos que se formaram na graduação ou pós-graduação destas universidades entre 1994 e 2018, ou seja, que estão na faixa etária compreendida aproximadamente entre 20 e 40 e poucos anos. 

Os egressos serão convidados por e-mail a responder um questionário sobre hábitos alimentares cotidianos e atual estado de saúde. Quem se dispuser a responder poderá ser alertado caso os pesquisadores encontrem algo alarmante nos resultados dos exames informados. 

A Cume está sendo coordenada pela professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa Josefina Bressan, e conta com apoio dos professores Helen Hermana Miranda Hermsdorff (UFV), Adriano Marçal Pimenta (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), Fernando Luiz Pereira Oliveira, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e do professor da UFLA Túlio Junqueira. 

Para participar da pesquisa e saber outras informações sobre a pesquisa basta acessar o site www.projetocume.com.br e/ou o link página do projeto no facebook.

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

O que você precisa saber sobre Doenças Negligenciadas e como elas afetam sua vida

Para debater o tema, será realizado na UFLA o IV Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas, de 24 a 26 de maio.

Mais de um milhão de pessoas morrem por ano no mundo por doenças que podem ser prevenidas e são consideradas negligenciadas. Saiba mais sobre essas doenças, que serão tema de Simpósio na UFLA em maio.

As doenças tropicais negligenciadas (DTNs) afetam, todos os anos, milhões de pessoas no mundo, principalmente de baixa renda. Causadas por vírus, bactérias, vetores e protozoários, esses males, muitas vezes, são consequências da falta de moradia e de saneamento básico. 

Tais enfermidades estão mais presentes do que se imagina: dengue, zika, chikungunya e leishmaniose são apenas algumas das doenças listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como negligenciadas, conforme explica a professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Lavras (DAS/UFLA). “A OMS considera 17 grupos de doenças negligenciadas, e elas exigem ações diferenciadas em diversas partes do mundo, com grupos de pessoas que se reúnem para definir formas de controle de prevenção, diagnóstico, erradicação e ações de ações voltadas para a informação da população. Dos 17 grupos, 14 estão presentes no Brasil. O Ministério da Saúde possui uma série de programas estratégicos de combate e controle de diversas dessas doenças”.

A denominação “negligenciadas” é uma menção ao fato de que essas doenças são as que menos recebem investimentos em pesquisas, produção de medicamentos e vacinas, mesmo sendo as que mais matam no mundo. Segundo a OMS, a estimativa é de que um bilhão de pessoas tenham recebido tratamento para, pelo menos, uma doença tropical negligenciada somente no ano de 2015. Para a especialista, o grande problema dessas doenças, além do investimento financeiro, é em relação à falta de informação sobre elas no meio social. “Não é só a doença que é negligenciada; a própria população tem poucas informações. Por isso, nós, das universidades, temos a capacidade de levar conhecimento para estas pessoas, orientando sobre as medidas de prevenção, que, muitas vezes, são desconhecidas.”

Dada a importância de se debater a respeito dessas doenças, será realizado, de 24 a 26 de maio na UFLA, o IV Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas (IV SBDN). Serão mais de vinte temas que abordarão, por exemplo, as leishmanioses, a hanseníase, as arboviroses (que incluem doenças como dengue, zika, febre chikungunya e febre amarela), a doença de chagas, as helmintoses (ascaridíase, teníase e esquistossomose são exemplos), sífilis e HIV. O evento é voltado para os profissionais de saúde “É um simpósio que integra a universidade com o serviço de saúde. Vários profissionais que atuam na atenção primária foram convidados; a intenção é estreitar esses laços e, assim, melhorar a qualidade de vida da população, ” enfatiza Joziana.

Para alertar a população sobre as doenças negligencias mais comuns e suas formas de contaminação, prevenção e tratamento, a diretoria de comunicação da UFLA preparou uma série de reportagens que serão divulgadas nas páginas da Universidade na Internet nos próximos dias.

Karina Mascarenhas – Jornalista bolsista Fapemig/DCOM

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Tecnologias na pecuária contribuem para uma produção mais sustentável

Professor Mateus Pies Gionbelli, especialista em Bovinocultura de Corte (DZO/UFLA)

Você já ouviu falar que a pecuária é uma das grandes responsáveis pela concentração de gases de efeito estufa na atmosfera? Um dos motivos de ter sido por muito tempo considerada vilã é o fato de os bovinos serem animais ruminantes. 

“Esses animais produzem um gás chamado metano (CH4) através de um processo de fermentação entérica, que permite que eles sejam capazes de digerir alimentos fibrosos, como capins, que têm baixo valor para os humanos, e converter em alimentos de altíssimo valor biológico para nós, como a carne e o leite”, comenta o professor Mateus Pies Gionbelli, especialista em Bovinocultura de Corte do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (DZO/UFLA).

O metano é um dos gases que causam a destruição da camada de ozônio, porém não é o dominante. “Temos o dióxido de carbono (CO2), que é o principal contribuidor para o efeito estufa. Se considerarmos o total de emissões que causam o efeito estufa, pelo menos dois terços delas são de gás carbônico, cuja origem vem de processos industriais e da produção de energia, principalmente da queima de combustíveis fósseis. Se somarmos ainda a quantidade de gás carbônico produzida com o mau uso da terra e das florestas, esse valor é ainda mais surpreendente”, enfatiza Mateus.

Com um rebanho de mais de 218 milhões de cabeças, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem buscado alternativas para conciliar a prática da pecuária com o meio ambiente e, ainda assim, gerar boa produtividade “Há recentes artigos científicos, publicados em revistas de alto impacto como a Nature Climate Change, que mostram que a produção de bovinos em sistemas intensivos, elaborados com muito critério e adoção de tecnologias, é capaz de ter um saldo positivo sobre o meio ambiente, mitigando gases de efeito estufa. Sistemas sustentáveis que não são difíceis de serem mantidos”, explica o especialista.

Como modelo dessas tecnologias, há, por exemplo, a utilização de pastos consorciados de gramíneas e leguminosas, a integração entre lavoura e pecuária e entre pecuária e florestas. Para o professor, o importante é que além de alinhar até três sistemas de produção, a diversificação proporciona maior lucratividade; além disso, o uso intensivo bem manejado dessas pastagens pode melhorar bastante o balanço entre captação e emissão de gases de efeito estufa. O resultado final ainda diminui a área de pastagens e preserva o meio ambiente. “Quanto mais tecnologia é aplicada no sistema de produção, menor fica o custo ambiental por quilograma de produto produzido e mais sustentável é o sistema”.

Modelos de produção integrada e outras alternativas para a pecuária muitas vezes são gerados dentro do ambiente acadêmico. “As universidades brasileiras têm fornecido muita tecnologia que permite a produção intensiva em pastagens, em confinamento, e a produção sustentável de carne bovina”. Para orientar os produtores, professores e estudantes da UFLA realizam de 28 a 30 de maio, a II Conferência Internacional sobre Forragens (Confor), que abordará temas como o papel da forragem e dos grãos na produção de leite; o papel da semente e da fertilidade do solo na produção de forragens com um dia de campo e o papel da forragem e dos grãos na produção de carne. Detalhes e inscrições para o evento pelo site do 2º Confor.

Reportagem:  Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Edição do vídeo: Mayara Toyama, bolsista Fapemig/Dcom

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Participe do Prêmio Jovem Cientista – edição 2018 abordará as inovações para conservação da natureza e transformação social

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Jovem Cientista, que busca investir em estudantes e jovens pesquisadores que inovem na solução dos desafios da sociedade.  A 29ª edição da premiação tem como tema “Inovações para conservação da Natureza e Transformação Social”.

Os trabalhos científicos nas categorias “Mestre e Doutor” e “Estudante do Ensino Superior” devem ser inscritos de forma individual, pelo website www.jovemcientista.cnpq.br, até às 18h de 31/7. O CNPq recomenda que os trabalhos sejam enviados com antecedência para não serem comprometidos por problemas técnicos e congestionamentos de rede.

Os projetos deverão abordar as seguintes linhas de pesquisa:

1) Benefícios socioeconômicos gerados por unidades de conservação e demais áreas protegidas;

2) Biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano;

3) Empreendedorismo e modelos de negócios para a inclusão digital e uso sustentável de recursos naturais;

4) Incentivos econômicos para a conservação e o uso sustentável da natureza;

5) Inovações para a conservação e o uso sustentável da natureza;

6) Inovações para a inclusão digital da sociedade brasileira;

7) O papel da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos na adaptação às Mudanças do Clima;

8) Práticas inovadoras em educação, comunicação e divulgação sobre biodiversidade;

9) Produção e consumo ambientalmente sustentáveis;

10) Tecnologias digitais para transformação social; e

11) Tecnologias para incentivar a prática de economia colaborativa e sustentável.

O “Jovem Cientista” também premiará nas categorias “Estudante de Ensino Médio”, “Mérito Institucional” – às instituições ao qual estiverem vinculados o maior número de trabalhos qualificados – e “Mérito Científico” – ao pesquisador com título de doutor, considerando sua qualificação, experiência, capacidade de formação de pesquisadores e produção científica em área do conhecimento relacionada com o tema.

Clique aqui para acessar o regulamento do Prêmio Jovem Cientista

Sobre o Jovem Cientista

O prêmio foi instituído em 1981 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nesta edição, o tema incentiva a busca por inovação na conservação dos recursos naturais e na consolidação das transformações sociais necessárias para o avanço da sociedade, compreendendo que estudante e jovens pesquisadores são fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias, metodologias e ferramentas inovadoras que possibilitem a melhor compreensão desse contexto e a proposição de novas soluções.

Extração e uso de óleos essenciais é tema de diversas pesquisas na UFLA

Há séculos, o uso de óleos essenciais é feito pela humanidade, seja por conta de seus aromas ou propriedades terapêuticas. Além do uso para cosméticos, medicamentos e aromoterapia, atualmente, os óleos são muito importantes no combate a microorganismos.

Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), pesquisas já testaram os óleos para observar a ação bactericida, fungicida, antitumoral e parasitária, com a coordenação da professora Maria das Graças Cardoso, do Departamento de Química (DQI/UFLA).

O Brasil possui um grande número de plantas ainda não estudadas com relação ao seu uso, principalmente com relação aos óleos essenciais. Para a professora Graça, é possível que a cura para muitas doenças seja encontrada em plantas nativas “Um óleo essencial não tem apenas um componente, ele tem vários. Por exemplo, o óleo de menta tem de 20 a 30 componentes. Então, não sabemos ainda se é um componente ou a  mistura desses que vai provocar um determinado efeito”.

A extração dos óleos pode ser feita de diversas partes das plantas, como folhas, frutos, cascas, raízes e sementes. Dependendo da planta, o óleo essencial terá características diferenciadas de aroma, cor e densidade, variando de qual parte da planta ele foi extraído. O modo de se obter o líquido também varia: “Os óleos podem ser extraídos de várias maneiras, as mais comuns e que são aceitas pela comunidade europeia são destilação a vapor, hidrodestilação ou fluídos supercríticos. Nos nossos laboratórios, trabalhamos com a técnica de hidrodestilação”, ressalta a professora.

De acordo com a Sociedade Nacional de Agricultura, há, pelo menos, 300 óleos essenciais de interesse comercial no mundo e, entre os 18 mais importantes, o Brasil lidera a produção de dois: laranja (Citrus sinensis) e lima destilada (Citrus aurantifolia). Dados da Comtrade (United Nations Commodity Trade Statistics Database), mostram que os maiores consumidores de óleos essenciais no mundo são os EUA (40%) e a União Europeia (30%), sendo a França o país líder em importações.

 

Reportagem:  Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Edição do vídeo: Lídia Bueno, jornalista – bolsista Dcom

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Pesquisadores da UFLA realizam caracterização genética e fenotípica de cavalos Mangalarga Marchador

Conhecido pelo temperamento dócil, adestramento fácil, capacidade de percorrer longas distâncias e principalmente pela maneira como se locomove “marchando”, o cavalo Mangalarga Marchador é o principal representante nacional de equinos marchadores e, desde 2014, é considerado patrimônio nacional. Minas Gerais, especialmente a região Sul, é considerada “berço” da raça e a sua importância se destaca no agronegócio.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a equinocultura chega a movimentar R$ 16 bilhões por ano e gera cerca de 3 milhões de empregos no País. Tamanha importância gerou uma parceria entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA), através de um termo de cooperação com o Mapa, e a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) a fim de realizar um estudo inédito e abrangente sobre a genética e o fenótipo da raça, por meio de estudos moleculares e de características morfofuncionais. “Temos hoje a oportunidade de dar subsídio para uma futura implantação do primeiro programa de melhoramento genético de equinos no Brasil através da raça Mangalarga Marchador, com foco em aprimorar a seleção da marcha da raça”, comenta a professora Raquel Silva Moura, do Departamento de Zootecnia da UFLA, que coordena o estudo, juntamente com a professora Sarah Laguna Conceição Meirelles, do mesmo departamento.

A partir de um banco de dados cedido pelo Serviço de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), as pesquisadoras da UFLA iniciaram estudos para definição de equinos aptos para serem avaliados no projeto, que está sendo executado em etapas.

“A primeira parte desse estudo é a caracterização genética da raça Mangalarga Marchador; nós iniciamos em 2016 a coleta das amostras de pelos desses animais, e, ao final dessa pesquisa, a expectativa é de que tenhamos material genético de até 350 equinos da raça Mangalarga Marchador, e de diversas outras raças formadoras”, comenta a professora Sarah. A especialista explica ainda que, com o estudo do material genético desses animais, será possível fazer a avaliação da  caracterização genética da raça por meio de marcadores moleculares,  com a possibilidade de identificar genes ou alelos que são específicos da raça Mangalarga Marchador. Assim, quando um criador for registrar seu animal no  livro aberto, o equino, além de apresentar características morfológicas e de andamento dentro dos padrões exigidos pela ABCCMM, deverá apresentar um certo grau de semelhança com o padrão molecular obtido na pesquisa.

Na segunda parte da pesquisa, é feita a caracterização fenotípica da raça, sob coordenação da professora Raquel. “Através da ezoognósia, que é o estudo detalhado da conformação externa dos animais, pretendemos usar técnicas objetivas para avaliação da morfologia e andamento de animais, o que permitirá transformar dados subjetivos tradicionalmente aplicados em exposições de cavalos em números ou notas”. São avaliadas as medidas lineares, angulares, os aprumos, temperamento e ainda é feita uma avaliação objetiva da biomecânica do Mangalarga Marchador.

A pesquisa de abrangência nacional servirá de base para muitos estudos sobre equinos. “Com esse grau de detalhamento com que estamos estudando a raça, muitos estudantes de graduação e pós-graduação terão nesse projeto uma oportunidade única de se capacitarem como profissionais do cavalo. Haverá a geração de muito conhecimento, identificando alguns detalhes que hoje são suspeitos, ou reforçando aquilo que já se conhece sobre a raça.” A especialista acredita que os primeiros trabalhos estarão disponíveis até 2020.

Com a genotipagem e a avaliação morfofuncional desses animais prontas, a última etapa do estudo será estimar os parâmetros genéticos das características estudadas nesses animais, para saber se elas são herdáveis ou não. Isso será um grande passo para a implantação de um programa de melhoramento genético na raça usando as informações dessa pesquisa.

“O próximo passo ao final desse projeto será encontrar genes que mais influenciam as características de interesse econômico para a raça Mangalarga Marchador, podendo, assim, futuramente, selecionar um animal baseado não somente nos fenótipos (qualidade da morfologia e andamento), mas também  por meio da composição genética desse cavalo para certas regiões do genoma, o que é inédito em equinos”, enfatiza Sarah. Para a coleta dos dados, os pesquisadores irão percorrer criatórios e exposições em diversos estados brasileiros, para realizar uma amostragem nacional representativa da raça para caracterização.

Reportagem:  Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Imagens e edição do vídeo:  Mayara Toyama, bolsista Fapemig/Dcom

 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Pesquisa da UFLA utiliza borracha de pneu para a produção de cimento madeira e painéis MDP

No Brasil são produzidos cerca de 40 milhões de pneus por ano e quase metade dessa produção é descartada nesse período, sendo, muitas vezes, armazenada de forma inadequada, servindo de criadouro para mosquitos como o Aedes-Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Uma alternativa para o reaproveitamento desse material foi proposta por uma pesquisa do Programa de pós-graduação em Engenharia de Biomateriais, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). A ideia foi utilizar a borracha do pneu para produzir painéis de MDP (Medium Density Particleboard) e cimento-madeira.

O MDP é um painel constituído de partículas de madeira e adesivos, os quais são submetidos ao processo de pressão e temperatura. Seu uso é limitado em artigos de linha reta, como portas, prateleiras, gavetas, entre outros. Já os painéis cimento-madeira são muito utilizados na construção civil em países como Alemanha, Japão e Rússia; no Brasil, sua fabricação ainda é limitada.

Alan Pereira Vilela, autor da pesquisa

Alan Pereira Vilela, autor da pesquisa, explica que para a produção dos painéis MDP  e cimento madeira foi utilizada a madeira de Pinus oocarpa em, associação com partículas da borracha de pneu, modificadas com o tratamento corona. A utilização de 5% de partículas de borracha de pneu modificada superficialmente gerou melhorias nas propriedades físico-mecânicas e de isolamento térmico de ambos os tipos de painéis avaliados.

O resíduo do pneu é um material hidrofóbico, ou seja, não absorve água, o que contribui de maneira positiva para as propriedades de inchamento em espessura e absorção de água dos painéis. Para Alan, o seu uso é abrangente: “Esses MDP poderão ser usados na fabricação de móveis e, no caso do cimento-madeira, ele pode ser usado na construção civil em casas pré-fabricadas, divisórias internas de ambiente, forros, pisos. Lembrando que é um material que proporciona um melhor isolamento térmico do ambiente. ”

A fabricação de produtos com a utilização de resíduos da reciclagem de pneus ainda é pouco empregada no mercado brasileiro. O professor Rafael Farinassi Mendes, do Departamento de Engenharia (DEG), orientador do projeto, explica a importância de pesquisas propostas como alternativas ecologicamente corretas para materiais como os pneus “As vantagens de utilizarmos os pneus se devem ao fato da destinação adequada do material – evitando o acúmulo de água e a relação com doenças –  a agregação de valor, a disponibilização de novas fontes de matéria-prima e a obtenção de novas propriedades, permitem a produção de materiais mais sustentáveis e com características adequadas para serem utilizados no mercado.”

Pesquisas com o uso de resíduos de pneus, tendo em vista seus diferentes tipos de aplicações, continuam sendo desenvolvidas pelo professor Rafael e seus orientados de pós-graduação em Engenharia de Biomateriais. Atualmente, Alan desenvolve sua tese de doutorado com o aproveitamento de resíduos da extração de mineração para a criação de tijolos e outros materiais para a construção civil.

Reportagem e imagens:  Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Edição do vídeo: Lídia Bueno, jornalista – bolsista Dcom

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

UFLA é parceira em projeto que propõe inovações para o diagnóstico da Leishmaniose – ações no município já começaram

Treinamento realizado na UPA Lavras para inclusão de novo teste de diagnóstico da leishmaniose visceral.

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) avança nas ações que vêm sendo realizadas desde 2013 para combate à Leishmaniose Visceral no município. A instituição, em parceria com a Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFMT), teve um projeto aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig) em edital Universal. Os dois principais objetivos da proposta são a implantação de um novo método para diagnóstico rápido da doença, aliado ao desenvolvimento e teste de um aplicativo desenvolvido pela UFTM que tem a função de ajudar as equipes de saúde na agilidade desse diagnóstico.

Por já ter registrado cinco casos de leishmaniose visceral em humanos, com uma morte, o município de Lavras é um dos que estão incluídos nas ações do projeto, por meio da inserção da UFLA. Em março, a professora Luciana Teixeira, coordenadora do projeto na UFTM, visitou Lavras para o início das atividades. Com o apoio da Fiocruz, foi realizada uma capacitação para médicos e enfermeiros, com o propósito de discutir o tema leishmaniose visceral, apresentado os números da doença e um novo aplicativo desenvolvido – o LeishCare – que tem a funcionalidade de compartilhar informações sobre diagnóstico, casos em tratamento, discussões clínicas, notificações e outras informações relacionadas à leishmaniose visceral.

Médicos e enfermeiros passaram por capacitação e assistiram à apresentação do aplicativo Leish-care.

Houve também um treinamento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para inclusão, na rotina, do teste diagnóstico desenvolvido por meio do projeto. Esse novo recurso está sendo testado em parceria com a UFLA, para que se consiga rastrear mais rapidamente os casos suspeitos. Além de Lavras, estão incluídos no projeto os municípios de Porteirinha, Paracatu e Montes Claros (com participação da Unimontes). Em todos eles houve capacitação das equipes de saúde e ocorre também o acompanhamento dos casos por meio do novo teste e do aplicativo proposto pelo projeto.

A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é a forma mais grave da doença e, se não for diagnosticada e tratada precocemente, pode evoluir para o óbito. A UFLA desenvolve, por meio do Laboratório de Biologia Parasitária (Biopar), pesquisas e ações de extensão relacionadas à Leishmaniose há mais de cinco anos, com o intuito de diagnosticar, controlar e combater esta que é considerada uma das mais importantes doenças parasitárias do mundo.

Sob coordenação da professora do Departamento de Ciências da Saúde (DSA) Joziana Muniz de Paiva Barçante, a atuação da UFLA no combate às leishmanioses tem o envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação, bem como a parceria contínua com a Vigilância Ambiental e Epidemiológica do município. No histórico das ações estão: a identificação de cães infectados; orientações aos proprietários e comunidade; instalação de armadilhas em residências para detectar a presença do inseto transmissor; diagnóstico e acompanhamento dos casos humanos, além de ações de educação em saúde e palestras nas escolas. As ações são reforçadas pelas divulgações do projeto Minuto da Saúde, que leva à sociedade o conhecimento da área da saúde gerado na academia, também com o apoio da Fapemig.

Equipe do Projeto (da esq. p/ dir.): Richardson (chefe da Vigilância Epidemiológica); profª. Joziana (coordenadora dos projetos da UFLA com Leishmaniose); profª. Luciana (coordenadora geral do Projeto na UFTM); Reginaldo (chefe da Vigilância Ambiental de Larvas); Edward (pesquisador da Fiocruz); profª. Monique (DSA) e Priscila (UFTM).

O LeishCare e o teste rápido DAT, desenvolvidos pelo projeto liderado pela UFTM, somam forças às inúmeras ações já desenvolvidas pela UFLA e que hoje já se estendem para outras cidades, como Ribeirão Vermelho, onde uma estudante de pós-graduação investiga atualmente o estado epidemiológico da doença, considerando-se já ter havido no local o registro de cães com resultado positivo para a doença e existência do inseto transmissor.

A parceria da UFLA com as outras entidades ligadas ao projeto reforça ainda mais o controle da leishmaniose não somente no Estado, mas serve também como parâmetro de controle da doença em todo o território nacional.

Apuração e texto com a colaboração de Grazielle Moreira, jornalista (Projeto DCOM/TVU/Fapemig)

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Estudo na UFLA relaciona o cultivo da moringa com a intensidade da radiação solar

Árvores de Moringa oleifera

A espécie Moringa oleifera, conhecida popularmente como moringa ou acácia-branca, é uma árvore nativa da Índia. Com hábito de crescimento rápido, a planta possui grande utilidade para o ser humano devido ao seu alto valor nutricional,  sendo bastante empregada nas indústrias farmacêutica, alimentícia, de cosméticos e ainda na produção de biodiesel. Suas folhas podem ser consumidas frescas em saladas ou  em  pó, podendo desta forma ser adicionado a sucos, sopas e outros alimentos para se obter seus benefícios.

Por seus inúmeros usos, o interesse para o cultivo da moringa e os estudos sobre o vegetal têm crescido bastante, principalmente por ser uma planta tolerante à seca, usada inclusive para conter a erosão dos solos. Em sua pesquisa de doutorado, intitulada “Relações da radiação no crescimento e teor e compostos fenólicos em plantas de Moringa Oleifera”, Raphael Reis da Silva avaliou o desempenho fisiológico, o crescimento e o acúmulo de compostos fenólicos em plantas de moringa em função da alteração na qualidade e intensidade da radiação solar.

“Sabe-se que a radiação emitida pelo sol é a nossa principal fonte de energia, diretamente responsável também pela manutenção da vida na terra e, em última análise, é a força motriz de todos os processos fisiológicos nas plantas. O experimento foi realizado durante cinco meses em condições parcialmente controladas em casa de vegetação. As plantas foram cultivadas em diferentes ambientes como pleno sol e malhas de sombreamento nas cores: preta, azul e vermelha. Foram observadas diferenças em todas as variáveis analisadas: de crescimento, trocas gasosas e compostos fenólicos.”

Segundo o pesquisador, os resultados obtidos mostraram que as plantas cultivadas em pleno sol apresentaram menor crescimento em altura e acumularam maior parte da biomassa seca no sistema radicular. Já as moringas cultivadas em ambiente protegido, sob malhas de sombreamento, tiveram maior crescimento em altura e melhor partição de biomassa seca entre a parte aérea e o sistema radicular, além de apresentarem menores danos decorrentes de altos níveis de irradiância, sendo que aquelas cultivadas sob a malha vermelha, foram as que apresentaram melhor comportamento quanto às características avaliadas.

O trabalho de tese de Raphael é considerado pioneiro, uma vez que estudos nessa espécie ainda são iniciais, sobretudo no que diz respeito a estudos que relacionam a alteração na intensidade e qualidade da radiação solar sobre o crescimento e a produção de compostos fenólicos em moringas. Além disso, a pesquisa poderá fornecer suporte para futuras pesquisas sobre otimização da produção de compostos fenólicos para essa espécie. A pesquisa foi a 100ª tese apresentada pelo Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Lavras (PPGFV-UFLA). Acesse aqui a reportagem sobre o evento.

Mais detalhes sobre a pesquisa no vídeo abaixo:

 

Reportagem e imagens:  Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom
Edição do vídeo: Panmela Oliveira, comunicadora – bolsista Fapemig/Dcom

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.

Programa Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal apresenta sua 100ª defesa de tese

A 100ª tese do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Lavras (PPGFV-UFLA) foi defendida nesta sexta-feira (23). Este ano, o programa completa 30 anos de criação.  O início dos trabalhos foi com o curso de mestrado em 1988. Posteriormente, em 2000, foi a vez do doutorado.

Na abertura do evento, foram convidados pelo coordenador do Programa, professor João Paulo Rodrigues Alves Delfino Barbosa, para compor a mesa, os seguintes professores: Amauri Alves de Alvarenga, João Cândido de Souza e Márcio Machado Ladeira. Em sua fala, professor João Paulo destacou o número de doutorandos formados pelo programa, e que já estão no mercado de trabalho, além do percentual de publicações em inglês, que são uma importante ferramenta para a internacionalização da Universidade. O pró-reitor adjunto stricto sensu Márcio Ladeira, falou sobre a excelência da UFLA e a constante busca por ferramentas que incentivem e facilitem os projetos de pesquisa na Universidade. O coordenador do Departamento de Biologia (DBI), professor João Cândido, lembrou os cinco programas de pós-graduação vinculados ao Departamento. E o professor aposentado Amauri Alves, que iniciou o programa de pós-graduação na década de 1980, destacou a importância da formação de recursos humanos qualificados de alto nível para atender a demanda do nosso país.

A centésima pesquisa defendida, intitulada “Relações da radiação no crescimento e teor e compostos fenólicos em plantas de Moringa Oleifera”, foi realizada pelo doutorando Raphael Reis da Silva, sob orientação do professor Amauri Alves de Alvarenga, que falou sobre o projeto. “ O trabalho de tese desenvolvido pelo Raphael em moringa faz parte da ecofisiologia de espécies de interesse florestal, agrícola e medicinal e envolveu a radiação, o desenvolvimento da moringa e os combates de interesse farmacológico”, explicou. A defesa foi prestigiada por professores do DBI, da pós-graduação em Fisiologia Vegetal, e estudantes da Universidade. Estiveram na banca examinadora as professoras Ana Hortência Fonseca de Castro da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ)- Câmpus Divinópolis; Ana Cardoso Clemente Filha Ferreira de Paula, do Instituto Federal de Minas Gerais (Ifet) – Câmpus Bambuí; Fernanda Carlota Nery (UFSJ)  e professores do PPGFV/UFLA :  Amauri Alves de Alvarenga e João Paulo Rodrigues Alves Delfino Barbosa.

Karina Mascarenhas, jornalista – bolsista Fapemig/Dcom