A dengue e a leishmaniose tem sido motivo de preocupação em diversas regiões, assim como no município de Lavras. Essas doenças necessitam de um rígido monitoramento; dessa forma, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) tem intensificado os trabalhos relacionados à prevenção dos mosquitos causadores dessas enfermidades.
No câmpus da UFLA, há vinte armadilhas com a finalidade de capturar o Aedes aegypti, transmissor da dengue. Elas são feitas de garrafa pet, onde se coloca certa quantidade de água e feno, atraindo, assim, a fêmea do mosquito. Em seguida, é realizada a identificação das larvas para verificação das espécies.
Segundo a professora Joziana Muniz de Paiva Barçante (DMV), coordenadora de Prevenção de Endemias da UFLA, esse tipo de trabalho é importante para o monitoramento e ainda o controle dos mosquitos, visto que as armadilhas fazem com que diminua a quantidade de vetores.
De acordo com a professora, os mosquitos mais encontrados no câmpus são os Culex, popularmente conhecidos como pernilongos; em seguida, os Aedes albopictus, que transmitem a chikungunya e, por último, os Aedes aegypti. Contudo, a professora assegura que a quantidade de Aedes albopictus e Aedes aegypti localizada na UFLA é pequena quando comparada a outros lugares da cidade de Lavras. Isso se deve aos trabalhos realizados dentro da Universidade, como visitas aos departamentos, laboratórios, salas de aulas, a fim de verificar se há algo propício à proliferação dos mosquitos.
Mas essas ações não são restritas à Universidade. Joziana relata que há uma parceria entre a UFLA e a Prefeitura Municipal de Lavras, sendo realizadas capacitações dos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, além de palestras e atividades nas escolas, e até mesmo participação nos mutirões que são feitos mensalmente no município. Também foi elaborada uma cartilha “Dengue, faça sua parte”, distribuída em eventos e escolas do município.
Mesmo com todas essas atividades, a professora alerta que é preciso uma maior conscientização da população, pois, de acordo com o Departamento de Vigilância Epidemiológica de Lavras, somente neste período de 2015 já foram confirmados 47 casos de dengue na cidade.
Controle de Leishmaniose Visceral
Outro trabalho que tem sido desempenhado entre a UFLA e a Prefeitura de Lavras é o combate à leishmaniose visceral canina. As equipes do Laboratório de Biologia Parasitária (Biopar) e da Coordenadoria de Prevenção de Endemias (COPE/DMA) da UFLA apoiam a execução do Programa Nacional de Controle de Leishmaniose Visceral. Estudantes e profissionais da instituição atuam na realização de palestras em escolas durante todo o ano, assim como na aplicação dos testes.
A professora Joziana comenta que os mutirões no combate à leishmaniose já foram realizados em cerca de 20 bairros da cidade, e a proposta é abranger todo o município. Além das orientações, são feitos os exames nos cães.
Há ainda as armadilhas luminosas em pontos estratégicos para captura, identificação e monitoramento da ocorrência do inseto vetor da leishmaniose. No câmpus da UFLA, há duas armadilhas e a Prefeitura de Lavras disponibiliza outras 20 na cidade, sendo todo o material analisado na Universidade.
É válido ressaltar que os primeiros casos de leishmaniose visceral canina foram diagnosticados na UFLA, por meio das necropsias que são realizadas no setor de Patologia do Departamento de Medicina Veterinária (DMV/UFLA).
Como diferenciar os mosquitos Aedes aegypti, Aedes albopictus, e Lutzomyia longipalpis:
Aedes aegypti: Marrom-escuro (quase preto); possuem no tórax duas listras brancas que formam a imagem de um violão, e no meio destas há mais duas listras também brancas.
Aedes albopictus: Possuem uma coloração preta brilhante, com apenas uma listra branca no meio do tórax.
Lutzomyia longipalpis: Sua cor é palha e é o menor de todos esses vetores. Quando esses mosquitos estão parados, suas asas ficam sempre abertas, pois são muito rígidas.
A professora Joziana Barçante ressalta que os mosquitos são muito difíceis de ser identificados a olho nu; é preciso ter pelo menos o auxílio de uma lupa que amplie os detalhes.
Controle Sistemático
A UFLA tem se destacado em diversas avaliações nacionais em razão das ações do Plano Ambiental e Estruturante, iniciado em 2009. Idealizado pelo então pró-reitor de Planejamento e Extensão e atual reitor, professor José Roberto Scolforo, a criação da Diretoria de Meio Ambiente, na qual está vinculada a Coordenadoria de Prevenção de Endemias, foi definida como uma das ação prioritárias do Plano Ambiental. A Coordenadoria é responsável por um controle sistemático de prevenção de zoonoses e endemias, como dengue, raiva, doença de Chagas, leishmaniose, enteroparasitoses, angiostrongilose, entre outras. Conta com o envolvimento de professores, servidores técnicos administrativos e a contribuição de estudantes para a realização de um trabalho preventivo de identificação de problemas, avaliação dos riscos e apresentação de soluções estratégicas.
Além desta ação, o Plano Ambiental tem se tornado referência para outras instituições públicas e privadas do País. Abordando conceitos de sustentabilidade, destacam-se a implantação de Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos, tratamento dos resíduos sólidos, saneamento básico, Estação de Tratamento de Esgoto, construções ecologicamente corretas, proteção de nascentes e matas ciliares, prevenção e controle de incêndios e uso racional de energia.
Informações da Coordenadoria de Endemias ou aviso de focos – 3829 5247 ou 3829 5250
Camila Caetano – jornalista bolsista/UFLA