Método já utilizado em outras frutas é tema de pesquisas na UFLA
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); por isso a fruticultura é um dos setores de maior destaque do agronegócio brasileiro. O cultivo de frutíferas de espécies exóticas como a pitaia vem ganhado espaço nos pomares, assim como as tecnologias desenvolvidas por pesquisadores para aumentar a produção e melhorar a qualidade do produto final.
Uma técnica já comum em outras frutíferas, como o maracujazeiro e a graviola, vem sendo utilizada também na pitaia por pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA): a polinização controlada, manual ou artificial. As flores da pitaia são grandes, medindo aproximadamente 30 cm de comprimento, com uma coloração branca e creme. A floração na região de Lavras ocorre a partir do final de outubro e vai até abril aproximadamente; a antese dessa frutífera, ou seja, a abertura das flores tem início a partir das 19h, prolongando-se até às 8h do dia seguinte.
A intenção da polinização artificial na pitaia, de acordo com o professor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (DAG/UFLA), José Darlan Ramos, é garantir maior pegamento, melhor qualidade das frutas e, consequentemente, resultar em uma maior produtividade. Isso porque alguns fatores dificultam sua polinização, como a distância entre estigma e estames, influência climática e até mesmo ausência de polinizadores naturais, como as abelhas. “Quando ocorrem chuvas, a polinização é inviabilizada, além de não ocorrer a posterior fecundação; outro detalhe é que o estigma (parte feminina da flor) fica muito acima dos estames (que é a parte masculina); então, há necessidade de transportar esse pólen e a polinização artificial assegura o melhor pegamento das frutas, e melhoria na qualidade, tanto na aparência quanto no tamanho.”
Atualmente, na UFLA, há dois experimentos sendo realizados sobre polinização, um deles tem como objetivo avaliar o tipo de polinização (autopolinização, polinização natural, autopolinização controlada e a polinização cruzada) em pitaia de casca vermelha e polpa branca, e na de casca vermelha e polpa vermelha, ambos conduzidos pelo doutorando Ellison Rosário de Oliveira. O pesquisador explica como é feito o procedimento “As flores são ensacadas com sacos de TNT (tecido não tecido) com dimensão de 45 x 28 cm na tarde anterior à antese. Na manhã após a antese, as flores são desensacadas e, com auxílio de pincel, o pólen é colocado no estigma da flor, e, em seguida, a flor é novamente ensacada para evitar a interferência de agentes externos.” Ainda segundo Elisson, a polinização artificial é uma técnica simples, e pode ser aplicada pelos pequenos produtores; já que o pólen de seis flores, por exemplo, é suficiente para polinizar até 40 outras flores.
Como a abertura das flores (antese) da pitaia ocorre no período da noite, o outro experimento de Elisson tem a intenção de avaliar o melhor horário para a realização da polinização nos dois tipos de pitaia, dando aos produtores um maior suporte acerca do melhor momento para efetuar essa polinização. Por isso, a técnica de autopolinização controlada tem sido feita durante o período das 19h às 7h, sendo utilizada para o ensacamento das flores a mesma metodologia da primeira pesquisa. Os dois experimentos ainda estão em fase de condução e a avaliação e previsão de conclusão são para agosto deste ano.
Texto: Karina Mascarenhas, jornalista- bolsista Fapemig/Dcom.
Imagens e vídeo: Mayara Toyama – bolsista Fapemig/Dcom.
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.