De 13 matérias sobre Ciência e Tecnologia da edição de número 55 da revista Minas faz Ciência, três têm como fonte de informações a Universidade Federal de Lavras (UFLA). A Revista é uma publicação trimestral da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e, nesta edição, a UFLA motivou textos que mereceram, inclusive, chamadas de capa. Fora da capital mineira, nenhuma outra instituição foi tão citada.
Chama atenção o fato de que os temas abordados sobre a UFLA percorrem áreas distintas do conhecimento. Os textos abrangem desde cultura e educação (com o projeto “Cinema com vida”, coordenado por professores do Departamento de Educação – DED), passando pela interdisciplinaridade da saúde com o esporte (no caso da pesquisa sobre os limites físicos dos corredores, feita no Departamento de Educação Física – DEF), chegando até a agronomia e a ciência dos alimentos (com o texto que fala das pesquisas sobre a ação do fungo de combate a microrganismos nocivos ao café).
A pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e orientadora em cursos de pós-graduação dos Departamentos de Biologia (DBI) e Ciência dos Alimentos (DCA), professora Sara Maria Chalfoun de Souza, resume da importância desse tipo de publicação. “Esses textos dão um retorno à sociedade, já que os investimentos em pesquisas e projetos são feitos com recursos públicos”, explica.
Veja sobre o que trata cada um dos textos
Janela indispensável, na página 19. O destaque é o projeto “Cinema com vida”, principalmente em função do seu objetivo, que é o de promover a formação cultural de professores, e futuros professores, da comunidade de Lavras e região, por meio da reflexão sobre obras cinematográficas alternativas às comerciais, exibidas sempre às quartas-feiras. Trata-se de uma iniciativa da Universidade que visa projetar resultados no ensino básico, contribuindo para que a UFLA cumpra também sua função social. A compreensão dos filmes de Alfred Hitchcock é usada como ferramenta para produzir modificações na percepção humana. Com a mostra é possível discutir a contribuição do diretor para a reflexão de emoções que muitos professores têm desconsiderado. Segundo disse a coordenadora do projeto à Revista, professora Luciana Azevedo, certos sentimentos vivenciados pelas pessoas atuam contra a formação, e só podem deixar de fazê-lo quando reconhecidos e trabalhados nas relações entre alunos e professores. Por isso, os filmes de Hitchcock são tão úteis ao objetivo do projeto.
Velocidade controlada, na página 23. O condutor da pesquisa, professor Sandro Fernandes da Silva, do Departamento de Educação Física (DEF), explica o desenvolvimento de um protocolo para a realização de testes que identificam, em campo (na rua ou na pista de atletismo), o limite acima do qual cada corredor sofre grande esgotamento nas reservas de energia, o que pode levar ao sobretreinamento e a lesões musculares. A substância que permite essa identificação é o lactato, cuja concentração no sangue aumenta durante a atividade física. O estudo também tem interesse direto na vida social, já que a corrida de rua vem atraindo número crescente de adeptos no Brasil. Essa modalidade esportiva destaca-se por ser democrática e acessível a todos, por não exigir grandes investimentos para sua prática.
Super herói por acaso, na página 45. O texto retoma a pesquisa que já havia sido divulgada na edição de número 39. A parceria entre a UFLA e a Epamig deu origem ao trabalho que descobriu a ação benéfica de um fungo capaz de combater microrganismos nocivos ao café. Hoje, o produto desenvolvido a partir da pesquisa (um biodefensivo) está patenteado e encontra-se em processo de registro comercial. Os primeiros resultados do estudo deram origem a novas pesquisas e, consequentemente, a novos benefícios para agricultores e para a comunidade em geral.
A professora Sara acrescenta a informação de que o produto originado da pesquisa pode ser considerado inédito, por não haver no mercado similar com a mesma finalidade e de uso seguro para a saúde humana. Ela também destaca que o ambiente institucional na UFLA tem sido muito favorável para o avanço dos estudos, realçando o apoio que os pesquisadores envolvidos têm recebido do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFLA (Nintec/UFLA), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCTCafé) e de outras fontes. De acordo com a pesquisadora, o professor do Departamento de Ciência dos Alimentos (DCA), Carlos José Pimenta, tem tido também papel fundamental nos trabalhos. Ela aproveita para mencionar que o nome correto do fungo é Cladosporium cladosporioides, retificando o equívoco da Revista.