O II Simpósio da Física, Tecnologia e Inovação, realizado na última semana na Universidade Federal de Lavras (UFLA), contou com palestrantes de destaque na área. O cientista Sérgio Mascarenhas, 87 anos, com importantes contribuições na pesquisa científica, em especial na área de materiais, foi um dos mais esperados no evento. O pesquisador não pôde estar presente e ministrou toda a palestra por telefone e, ainda assim, o anfiteatro do Departamento de Exatas (DEX) ficou lotado de estudantes e professores interessados. A palestra de Mascarenhas “Desafios da ciência, tecnologia e inovação do século XXI” foi responsável pela abertura do Simpósio.
Atualmente, Mascarenhas é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, chegou a ser professor visitante nas Universidades de Princeton, Harvard e MIT, nos Estados Unidos; na Universidad Nacional Autónoma de México; no Institute of Physical and Chemical Research do Japão; na London University (Reino Unido) e, na Itália, no Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics e na Università di Roma.
Para o cientista é necessário que as áreas estejam sempre interligadas, pois, segundo ele, é fundamental que se pense na ciência juntamente com a área de humanas. “Sem filosofia a vida não tem graça; é como viver sem música. Temos que aceitar que a ciência é importante, mas também devemos ser humanistas. Não podemos manter a ciências das humanas separadas. É preciso ver a importância da poesia, das artes”.
Mascarenhas mostrou ao público a importância do fator social nas ciências, algo que ele fez durante toda a sua trajetória profissional. Mascarenhas contribuiu de maneira significativa em setores como agropecuária, saúde e educação.
“As universidades brasileiras são torres de marfim que não passam o conhecimento para a sociedade. A função do cientista brasileiro é ser mais proativo para melhorar a sociedade, para tentarmos diminuir a desigualdade”. Mascarenhas também ressaltou que a sociedade só pode funcionar plenamente se houver a integração entre governo, corporações privadas, e instituições de pesquisa. “No Brasil, infelizmente, essa interação é muito fraca, porque não há inovação. A minha proposta é de que nessa integração também haja gestão e planejamento estratégico”.
O cientista ressaltou que a UFLA está no caminho certo ao abrir espaço e fazer contato com instituições de outros países. “Nós fazemos parte de uma comunidade acadêmica que pensa no futuro. E para isso temos que ter contatos internacionais e a UFLA está no caminho certo”.
Após a palestra do cientista Mascarenhas, a programação do Simpósio teve continuidade com a contribuição de outros preleccionistas, pesquisadores de reconhecida competência da UFLA e de outras instituições referências na pesquisa básica e aplicada. É o caso de Ado Jário de Vasconcelos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que abordou no primeiro dia de evento “O espalhamento inelástico de luz em nonoestruturas”; também Marx Silva, da UFLA, com a palestra “Desafios e inovações nos estudos de solo e ambiente utilizando veículo aéreo não tripulado”, e ainda Juliano Elvis de Oliveira, também da UFLA, que ministrou “Novas tendências em polímeros e nanotecnologia”.
Já no segundo dia, Eduardo Brito, da USP, explanou sobre “Inovação no ambiente acadêmico: quando oportunidades resolvem necessidades de nossa sociedade”. Já Sebastião Prata Vieira, também na USP, falou sobre“Aplicações da óptica nas áreas da saúde”. Também esteve presente o professor da USP Tito José Bonagamba que abordou a questão: “A Comunidade de Física pode participar do processo de Desenvolvimento Tecnológico Nacional?”. O pesquisador da UFLA Flávio Borém palestrou sobre os “Desafios recentes a pesquisa no setor cafeeiro”.
O Simpósio de Física, Tecnologia e Inovação propiciou aos participantes o compartilhamento de ideias e experiências com pesquisadores de reconhecida competência. A organização do evento foi realizada pelo Departamento de Física (DFI), sob a coordenação do professor Jefferson Esquina Tsuchida.