Equipamento desenvolvido pela UFLA para a destinação sustentável de cigarros apreendidos é apresentado à Receita Federal
Na manhã desta sexta-feira (6/8), o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professor João Chrysostomo de Resende Júnior, juntamente com os técnicos responsáveis pela fabricação da máquina desenvolvida pela UFLA para a descaracterização de cigarros apreendidos, recebeu os representantes da Receita Federal para apresentar oficialmente o equipamento que prevê a destinação sustentável dos compostos do cigarro.
Em 2020, os cigarros representaram cerca de 37% do total de itens apreendidos nas operações de fiscalização da Receita Federal. Somente no estado de Minas Gerais, foram apreendidos mais de 36 mil reais em cigarros e similares. Em todo o País, o valor já ultrapassa 540 milhões de reais somente este ano.
Em novembro de 2020, a Receita Federal iniciou uma parceria com a UFLA e com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IFSuldeMinas) para destruição por descaracterização de tabaco apreendido. A UFLA foi responsável pela descaracterização de 32 toneladas de tabaco até o momento. “A destinação desses cigarros era um grande problema porque éramos obrigados a destruir esse material e isso podia gerar poluição e desvios, além de um custo enorme para a Receita. Com essa máquina, conseguimos não só dar um bom destino como também retornar à sociedade esse produto, transformado em adubo e até mesmo em outros materiais. Esse protótipo já mostrou que isso é possível, e essa tecnologia deverá ser expandida para todo o País”, comenta o Superintendente da Receita Federal em Minas Gerais, auditor-fiscal Mário José Dehon São Thiago Santiago.
O equipamento inédito desenvolvido pela UFLA separa embalagens, tabaco e filtro de forma autônoma. Por hora, o conteúdo de 1.161 maços de cigarro é descaracterizado pela máquina, que está em processo para ser patenteada. O “Projeto Além do Horizonte” conta com a cooperação mútua de docentes dos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental e Engenharia de Materiais, além de técnicos e estudantes da Universidade. Para o reitor da UFLA, essa iniciativa com a Receita Federal é muito interessante por conta dos cursos na área de Engenharias. “Nós resolvemos essa demanda da sociedade transformando um produto nocivo à saúde em adubo e outros materiais. Tudo isso traz para nós a possibilidade de retorno à sociedade do que é investido nesses órgãos”, disse.
Além da descaracterização dos cigarros, o projeto prevê o aproveitamento do tabaco, que, misturado a outros componentes no processo de compostagem, se transforma em um composto orgânico útil à adubação das áreas de cultivo da UFLA. Além disso, estudos científicos para o aproveitamento de filtros, utilizando-os em compostos para fazer telhas e blocos, por exemplo, estão sendo desenvolvidos. Já os plásticos das embalagens são enviados para a coleta seletiva para reaproveitamento.
Na UFLA, a Pró-Reitoria de Infraestrutura e Logística (Proinfra) coordena as ações, juntamente com uma equipe de colaboradores do órgão e da Diretoria de Transportes e Conservação de Campus (DTTC), composta pelos seguintes membros: Diego Cardoso Fuzatto, Jose Carlos Tavares, Júlio Marcio Dutra, Klelton Pereira Faria, Rodrigo Araujo Marques Sebastião Leopoldino Sobrinho , Sebastiao Supriano Miranda, sob a direção do servidor Adeilson Carvalho.
Nova sede da Receita Federal
Além da destinação sustentável de cigarros apreendidos, o acordo entre UFLA e Receita Federal prevê a concessão de uso de um espaço, a título oneroso, localizado no câmpus histórico da Universidade, para a mudança da sede da Receita Federal em Lavras, proporcionando mais comodidade aos usuários. O reitor da UFLA ainda comenta: “a ideia é que o Centro Histórico seja um espaço de uso da população”. A previsão é de que no final de 2021 a mudança seja possível. O câmpus histórico da UFLA já abriga as sedes do Ministério da Agricultura, Polícia Civil , da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), entre outras.