Projeto de extensão promove educação ambiental por meio de atividades interativas com estudantes de Lavras
“Preservar o ambiente natural é também prevenir doenças”, esse é o lema do projeto de extensão Educação Ambiental e Prevenção de Doenças Infecto-parasitárias, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Lavras (FCS/UFLA). O projeto promove e fortalece conhecimentos em uma escola pública de Lavras sobre formas de controle de doenças infecto-parasitárias, como as arboviroses e as leishmanioses.
A iniciativa, que é focada em estudantes do 8º ano da Escola Municipal Umbelina Azevedo Avellar, ocorre por meio de atividades lúdicas, que incluem apresentações de trabalhos, oficinas de aprendizagem e descobertas da comunidade escolar sobre os insetos transmissores de causadores de doenças.
Além de aproximar a universidade da comunidade externa, o projeto colabora com a educação integral dos alunos da rede pública. “A perspectiva é justamente não ficar apenas falando de doenças, mas sim sensibilizar que, se não preservarmos o meio ambiente, essas doenças não vão nos deixar”, explica o coordenador do projeto, professor Sidney de Almeida Ferreira.
De acordo com Sidney, para que a proposta atinja seus objetivos é preciso incluir mais pessoas nesse ecossistema de sensibilização. “Temos também trabalhado na formação continuada dos professores da escola, pois uma vez empoderados do conhecimento que é produzido na Universidade, podem elaborar suas aulas com mais recursos, sejam eles tecnológicos ou teóricos”, ressalta o coordenador.
Colaborador da iniciativa na escola, o professor de Geografia José Geraldo de Souza reforça a importância dos debates sobre meio ambiente na educação básica. “Nas nossas aulas de Geografia nos preocupamos em discutir as questões ambientais associadas ao que vem acontecendo em nossa sociedade, em Lavras e em nosso país. O projeto tem uma aceitação muito boa por parte dos alunos. O resultado é muito satisfatório, eles levam o conhecimento para suas casas, estão mostrando para sociedade a importância de cuidar do meio ambiente, para termos um ambiente e pessoas saudáveis”, diz o professor.
Como tudo começou
No início do projeto, em 2018, a missão do grupo de estudantes da UFLA foi identificar focos já instalados na cidade de doenças muito graves, como as leishmanioses, e as arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Partindo dessa problemática da comunidade local, surgiu a iniciativa de educação ambiental.
Na primeira fase, a equipe trabalhou com crianças de sete a nove anos do ensino fundamental I de escolas públicas, abordando medidas de controle e prevenção das doenças por meio de revistas em quadrinhos. Em 2020, o projeto adaptou suas atividades para o modelo remoto, devido à pandemia, e começou a produzir materiais de apoio on-line para as escolas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Lavras e a Vigilância em Saúde da Prefeitura Municipal.
Após o retorno presencial, em 2022, veio a fase três, com um diferencial muito importante percebido pelo grupo. “Nós começamos a trabalhar, a partir daí, toda a questão da saúde ambiental e a prevenção de doenças com os professores, para que trabalhassem com os alunos. Depois, os alunos, com as suas dúvidas, nos demandaram uma atividade lúdica e interativa sobre os temas”, afirma Sidney.
Novos horizontes de educação para universidade e escola
Ao trabalhar de forma interdisciplinar, o projeto une conhecimentos que os estudantes de graduação e de pós-graduação vivenciam na UFLA com a realidade da educação básica do município. Alunos das áreas de Medicina, Medicina Veterinária e Biologia participantes do projeto entendem a responsabilidade de pensar na prevenção e não apenas no tratamento das doenças.
A estudante de Medicina da UFLA Yasmin Ellen de Azevedo Pinto compartilha algumas ações educativas trabalhadas com as crianças. “Nas oficinas, a gente lida com os alunos já preparados pelo professor José Geraldo. Eles já vêm com uma noção geral teórica para ser colocada em prática. Nós trabalhamos informações sobre sinais de sintomas, testes rápidos que fazemos em cachorros para leishmaniose e mostramos os mosquitos para eles na lupa”, diz Yasmin.
As atividades desenvolvidas na escola buscam orientar as crianças sobre quais ações podem ser feitas e multiplicadas por elas mesmas, quando o assunto é educação ambiental. Como produto final do projeto as crianças tiveram a missão de apresentar, em uma feira de ciências, o que foi aprendido ao longo do semestre. “Viemos falar sobre a leishmaniose, que é uma doença que vem afetando a população de Lavras. Com o projeto da UFLA e apoio do professor de Geografia, aprendemos como prevenir a doença. Devemos cuidar dos nossos quintais, não deixar material orgânico para que o mosquito não se reproduza”, destaca Vitória Katery de Oliveira Silva, estudante do oitavo ano da escola municipal.
Vitória ressalta que a participação da UFLA fez toda a diferença em seu engajamento escolar. “Eles trouxeram materiais para que pudéssemos ver, na prática, como é o mosquito. Também tivemos outras explicações fundamentais para entender sobre a leishmaniose. Antes disso, muitas pessoas aqui não sabiam sobre a doença.”
A diretora Natany Avelar Silva afirma que projetos da UFLA em parceria com as escolas contribuem para a valorização e para ampliar o senso de pertencimento dos estudantes da educação básica, que se tornam protagonistas do processo de ensino e de aprendizagem. “Percebemos que essa articulação entre teoria e prática faz toda a diferença para as crianças e a evolução dos alunos quando eles fazem parte desses projetos e dessas parcerias. Quando participam, eles levam as informações sociais e sobre saúde para casa e para comunidade. Isso também faz com que eles tenham vontade de ingressar no ensino superior”, destaca a diretora da escola Natany Avelar Silva.
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