Projeto de extensão da UFLA incentiva a inclusão de meninas da Escola Estadual Firmino Costa nas áreas de Ciências Exatas
A baixa representatividade feminina nas áreas de ciências exatas incentivou o projeto de extensão “Meninas Mineiras nas Ciências Exatas” a levar informações e experiência até meninas da Escola Estadual Firmino Costa, de Lavras. Em parceria com a escola, a equipe da Universidade Federal de Lavras (UFLA) realizou diversas ações ministradas por mulheres para estimular e debater sobre a presença feminina na área chamada STEM, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática. Entre as ações, estão rodas de conversa, oficinas de programação e do uso da Matemática na Medicina e apresentações das Equipes Troia e Zeus, como exemplos de aplicação das Ciências Exatas na robótica.
As ações foram realizadas na escola Firmino Costa e também no câmpus da UFLA. Na escola, as atividades foram aplicadas durante as aulas da professora de Matemática Lilian Flaviane de Deus, parceira do Projeto. Já na UFLA, as ações foram realizadas exclusivamente para as meninas participantes. A professora explica essa organização. “Inicialmente, eu selecionei três alunas, que se tornaram bolsistas e receberam um apoio financeiro. Mas deixamos a porta aberta para que outras estudantes pudessem participar também, mesmo sem bolsa. Dessa forma, todas que se interessaram tiveram a oportunidade de participar das ações. Na escola, as atividades eram direcionadas para toda a turma, independente do gênero.
Lucélia Luísa Vidal Condé, uma das estudantes bolsistas, relata que participar do Projeto foi uma etapa significativa. “Eu gostei muito da experiência. Eu já gostava um pouco das áreas de exatas, mas o Projeto foi muito bom para eu conhecer direitinho essas áreas, ver como são realmente os cursos, ter contato com as ciências exatas dentro de outras áreas. Foi muito bom conhecer a UFLA e os professores. Foi uma experiência muito boa.”
A coordenadora geral do Projeto e professora do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (Icet/UFLA) Amanda Castro Oliveira reforça esses impactos positivos na realidade dessas meninas lavrenses. “Observamos uma alegria muito grande a primeira vez que nós trouxemos as estudantes aqui na Universidade. A emoção e a possibilidade de reconhecer que esse espaço é um espaço destinado a elas também. Na primeira ação que nós fizemos, elas estavam mais tímidas, caladas. À medida que as ações vão acontecendo, a gente tem observado que elas têm feito perguntas, que elas têm se envolvido mais. A gente espera que, de fato, isso contribua para o interesse delas para a área de ciências exatas e para uma futura escolha pela Universidade.”
Iniciado em 2021, o Projeto está em sua fase final. No dia 30/5, foi realizada, na UFLA, uma última oficina para as meninas sobre estatística e gráficos, ministrada pelas professoras do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (Icet/UFLA) Camilla Marques Barroso e Izabela Regina Cardoso de Oliveira.
O Projeto foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As meninas e mulheres do Projeto
Além das três bolsistas da escola, o Projeto “Meninas Mineiras nas Ciências Exatas” teve também uma bolsista graduanda em exatas da UFLA: a estudante Yasmim Danzieri Abbondanza Laurentino, do curso de Ciência da Computação.
Para colocar o Projeto em prática, a professora Amanda contou, ainda, com uma equipe de apoio composta por outras professoras das áreas de exatas da Universidade. Na escola, Lilian também recebeu o apoio e a parceria de outras professoras de Matemática.
Meninas e mulheres na Ciência
No prefácio da publicação “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)” (Unesco, 2018) é possível perceber que essa sub-representação é um problema global e merece ser tema de reflexão sobre os fatores que levam à ocorrência e boas práticas para a sua superação. Segundo o documento, as disparidades não acontecem por acaso. “Muitas meninas são impedidas de se desenvolver por conta da discriminação, pelos diversos vieses e por normas e expectativas sociais que influenciam a qualidade da educação que elas recebem, bem como os assuntos que elas estudam. A sub-representação das meninas na educação em STEM tem raízes profundas e coloca um freio prejudicial no avanço rumo ao desenvolvimento sustentável. O tema é tão importante que ganhou atenção na Agenda 2030 (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável - ODS), aprovada em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas”.
Assista ao vídeo do UFLA na Comunidade para conhecer algumas das meninas e mulheres envolvidas no Projeto: