Violência contra a mulher é debatida por autoridades na UFLA
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Mais de cem pessoas participaram do debate realizado na UFLA [/caption]
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) sediou na última quinta-feira (27/10) um debate sobre violência contra a mulher. O evento contou com a presença da delegada titular, da delegacia especializada em atendimento à mulher, Ana Paula Arruda; do psicólogo, psicanalista e coordenador da Proteção Social Especial, Stenio Xavier e, da professora do Departamento de Educação Catarina Dallapicula.
O debate foi promovido pelo Centro Acadêmico de Administração Pública e apoiado pelo Departamento de Administração e Economia (DAE); Peti Pública; Alfa Pública Consultoria Jr. em Gestão; Coletivo Mulheres da UFLA e Diretório Central dos Estudantes (DCE).
“É necessário discutirmos esse tema para que o combate às agressões se torne mais forte e a mulher tenha força e liberdade para viver, em um ambiente sem ameaças e violência. Nosso objetivo principal é de debater e buscar soluções, com bom senso e sem radicalismo, sempre prezando cumprir a legislação”, afirmou a organização do evento.
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Delegada Ana Paula Arruda[/caption]
De acordo com a delegada Ana Paula, pesquisas apontam que cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos no Brasil, e 80% dessas mulheres foram violentadas pelo próprio parceiro. “Esses dados são alarmantes e é o que eu presencio na Delegacia. Em Minas Gerais a violência contra a mulher tem destaque na estatística. Além de delegada de mulheres, sou mãe de duas meninas, e é dentro de casa que começamos a mudar essa percepção da violência contra a mulher. Eu tenho o dever de passar para elas os valores, e os pais de meninos devem fazer o mesmo”, comentou.
A delegada relatou que a lei Maria da Penha apesar de já estar fazendo 10 anos, teve pouca efetividade, mesmo sendo uma lei muito bem elaborada e que prevê diversos mecanismos de proteção à mulher. “A lei Maria da Penha prevê cinco tipos de violência contra a mulher, mas não prevê o tipo penal e sim a atuação da polícia, do judiciário, dos órgãos de assistência social, para coibir e prevenir a violência doméstica. A lei endureceu o tratamento para com os agressores, mas existem outras partes que infelizmente ela não tem efetividade”, afirmou.
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Psicólogo Stenio Xavier[/caption]
Para o psicólogo Stenio outro problema é a forma como a sociedade já está estabelecida. “Há o preconceito e a falta de interesse de lidar com essa situação. Muitas vezes a mulher nem consegue fazer a denúncia com medo do que acontecerá com ela. E trabalhamos isso, para que elas possam ver o quanto podem mais. Além disso, o assistente social e o psicólogo são profissionais que vão trabalhar a visão familiar onde a mulher foi agredida. E o profissional precisa entender o meio em que ele atua, para saber qual metodologia deve ser aplicada. É preciso falar a mesma língua da família em que se está inserido”, disse.
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Professora Catarina Dallapicula[/caption]
Ainda nessa temática, a professora Catarina salientou que as poucas conquistas relacionadas aos direitos das mulheres não foram por meio de concessões, mas sim como resultado de lutas. “A lei Maria da Penha não surgiu como uma concessão do governo, surgiu porque o Brasil foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, por não garantir seguridade mínima às mulheres. O caso Maria da Penha é problemática porque o julgamento demorou 19 anos. Quando o agressor foi finalmente condenado ficou apenas dois anos recluso. Por isso, o que queremos é exigir que o Estado cumpra a sua função de garantir o bem-estar social das mulheres. Esse tem que ser o nosso investimento enquanto movimento feminista”, relatou.
Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA.
Fotos: Luciana Tereza- estagiária DCOM.