Custos de produção continuam pressionando renda agrícola
Em setembro, o Índice de Preços Pagos (IPP) pelos insumos agropecuários teve alta de 4,53%, puxada pelos aumentos médios nos preços dos animais de tração (21,7%), dos animais de rebanho leiteiro (16,0%), das sementes e mudas (14,58%), dos bernicidas (4,71%), dos formicidas (4,47%), dos antibióticos (4,23%), dos vermífugos (4,21%) e das rações, cuja alta foi de 2,88%. Nos meses anteriores, a pressão nos custos de produção vinha das altas dos fertilizantes.
Em média, o IPP acumula alta de 19,33%, em 2008. São levantados, mensalmente, os preços de 187 insumos agropecuários.
Avaliando a renda média do produtor em setembro, medida pelo Índice de Preços Recebidos (IPR) pela venda de seus produtos agrícolas, o resultado foi de 0,09%. Nos meses de julho e agosto, a renda no campo teve queda de 4,97% e 0,08%, respectivamente.
Já no acumulado do ano, o IPR está em 14,63%. São pesquisados mensalmente 42 produtos agrícolas.
Os fatores que mais influenciaram a renda do setor agropecuário em setembro foram, principalmente, as baixas nas cotações de vários itens que compõem o segmento dos hortifrutigranjeiros, além da queda no preço do café pago ao cafeicultor, que foi de -2,41% e do preço do leite tipo C pago ao pecuarista, cuja queda foi de 2,79%, seguindo a tendência do mês passado, quando havia caído 3,47%.
De acordo com o prof. Ricardo Reis, coordenador dos Índices Agrícolas, “esse recuo do preço do leite pago ao pecuarista, em plena entressafra, está associado, principalmente, ao aumento dos estoques dos derivados lácteos na indústria, pressionando os preços no varejo para baixo, afetando toda a cadeia produtiva, principalmente o elo mais fraco, que é o produtor”.
Entre os hortifrutigranjeiros, as maiores quedas verificadas em setembro foram as seguintes: laranja (-27,27%), batata (-24,91%) e tomate (-28,75%). A arroba do suíno também teve queda de preço, para o suinocultor, de 15,38%.
No entanto, o preço do feijão continua em alta e, em setembro, ficou mais caro no campo 28,0%, enquanto o milho teve um aumento de 1,07%. Ainda segundo o prof. Ricardo, “não há um cenário de aumento da produção do feijão, cujos preços tendem a continuar em alta, podendo repetir a situação vivenciada no final do ano passado, quando o preço do produto chegou a certas regiões ao valor de R$300,00 a saca”.