Aplicativo desenvolvido na UFLA é vencedor do 3º Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web
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Membros do projeto WebHelpDyslexia, os estudantes Luis Otávio e Guilherme Rezende e o professor André Freire. O estudante Guilherme segura o troféu de vencedor do Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web na categoria Aplicativos e Tecnologias Assistivas[/caption]
O aplicativo WebHelpDyslexia, desenvolvido no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras (UFLA), conquistou o primeiro lugar no 3º
Prêmio Nacional de Acessibilidade na Web Todos@Web, na categoria "Aplicativos e Tecnologias Assistivas". O aplicativo foi desenvolvido pelos estudantes do curso de Sistemas de Informação Luís Otávio de Avelar e Guilherme Camilo Rezende, sob a orientação do professor André Pimenta Freire. A solenidade de premiação foi realizada no dia 5 de dezembro de 2014, no auditório do Memorial da Inclusão, em São Paulo-SP.
O Prêmio Todos@Web é uma realização do escritório brasileiro do World Wide Web Consortium (W3C) - órgão internacional responsável pelos padrões utilizados na Web em todo o mundo, em parceria com o Comitê Gestor da Internet do Brasil (
cgi.br) e com o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (
nic.br). O prêmio também tem apoio governamental por meio da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo.
O principal objetivo do prêmio é o de promover a acessibilidade do conteúdo Web para melhorar a inclusão de pessoas com deficiência no acesso a diversos serviços ofertados na Web, incluindo educação, lazer, compras, finanças, dentre inúmeros outros.
Na avaliação do professor André Pimenta, a obtenção desse prêmio é um grande avanço para o reconhecimento e consolidação das pesquisas realizadas na UFLA na área de acessibilidade, além de demonstrarem o comprometimento da instituição com o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência e com o desenvolvimento social.
Forma e conteúdo acessíveis
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Os três finalistas da categoria "Aplicativos e tecnologias assistivas", com o estudante da UFLA Luis Otávio de Avelar à esquerda, representando o aplicativo WebHelpDyslexia[/caption]
O aplicativo vencedor do prêmio, o WebHelpDyslexia, tem como objetivo auxiliar na leitura de conteúdo por pessoas com dislexia. Essas pessoas podem ter dificuldades com leitura e compreensão de textos que podem ser agravadas pela forma como o conteúdo é apresentado, incluindo fontes de texto que dificultam a leitura, tamanho do texto, parágrafos mal organizados, palavras de difícil compreensão, e mesmo dificuldade de concentração com textos muito longos e densos.
O software tem diversas funcionalidades para permitir mudanças em qualquer página Web e para ajustar às diferentes necessidades que pessoas com dislexia podem ter, como troca de fonte, tamanho e cor de texto e fundo em páginas Web, remoção de itálico e negrito, ajustes de espaçamento e alinhamento de parágrafos, além de uma ferramenta que funciona como uma "régua de leitura" para auxiliar na concentração e um dicionário de sinônimos.
O
aplicativo pode ser instalado sem custos a partir da Google Store.
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Tela com exemplo do WebHelpDyslexia, com adaptação de notícia do site da UFLA com alteração para acessibilidade[/caption]
Núcleo Alcance
O desenvolvimento do aplicativo foi feito no contexto do Núcleo de Pesquisas em Acessibilidade, Usabilidade e Tecnologia Assistiva - Alcance -, em projeto coordenado pelo professor André Pimenta Freire. O Núcleo Alcance, atualmente filiado à rede do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA) do Governo Federal, também desenvolve outros projetos voltados para a inclusão de pessoas com deficiência, como o Projeto AudioWeb (financiado pelo CNPq), coordenado pelo professor José Monserrat Neto, que auxilia pessoas cegas na leitura de imagens.
Outros projetos também podem ser destacados, como o voltado para leitura de fórmulas matemáticas para pessoas com deficiência, acessibilidade de dispositivos móveis (financiado pelo CNPq) e acessibilidade de ambientes virtuais de aprendizagem. Muitos projetos são desenvolvidos em parceria com instituições nacionais de referência, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), além de parcerias internacionais com a
University of York e a
Queen's University Belfast, no Reino Unido.
O Alcance tem colaborado de maneira muito próxima com os trabalhos de apoio a estudantes com deficiência desenvolvidos pelo Núcleo de Acessibilidade da UFLA (Naufla) e com organizações da cidade de Lavras, como o Centro de Educação e Apoio às Necessidades Auditivas e Visuais (Cenav), a Associação de Pais e Amigos dos Surdos e Cegos (Aspac) e o Conselho Municipal de Defesa da Pessoa com Deficiência (Comdef).
Formação em Acessibilidade
Os trabalhos desenvolvidos na área de acessibilidade também tem tido outros importantes desdobramentos com a integração entre ensino, pesquisa e extensão. No segundo período letivo de 2014, o professor André Pimenta ofertou, pela primeira vez, a disciplina eletiva "Acessibilidade em Sistemas Computacionais - GCC223".
“Nessa disciplina, os estudantes tiveram contato com conceitos e técnicas para o desenvolvimento de sistemas computacionais acessíveis para pessoas com deficiência, muito valiosos para preencher a lacuna de profissionais na área e para o desenvolvimento de tecnologias nacionais para pessoas com deficiência, fomentados por programas governamentais com o "Viver sem Limites"”, destacou o professor.
A disciplina promoveu a integração com a sociedade, por meio da participação de pessoas envolvidas com organizações de Lavras que trabalham com pessoas com deficiência. Durante a disciplina, os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver projetos de tecnologias que podem melhorar a vida de pessoas com deficiência, como um aro magnético para melhorar a clareza dos sons para usuários de aparelhos auditivos, aplicativos de comunicação alternativa para pessoas com limitações na fala e/ou deficiências intelectuais, alternativas de leitores de tela para usuários cegos, além de estudos diagnósticos sobre a acessibilidade de portais Web de serviços públicos e sites comerciais.