Estudantes da UFLA organizam mais uma edição do Encontro do Orgulho Crespo neste sábado (14/5)
Em sua 3º edição, o Encontro do Orgulho Crespo questiona o tema:
"A tinta da sua caneta foi o nosso sangue negro". De acordo com os organizadores, entender isso, é ir bem mais além, faz parte da luta diária contra o racismo velado e explicito. O evento será realizado no sábado, 14 de maio, na Praça Dr. Augusto Silva, a partir das 14 horas.
“Os grilhões foram soltos, e as amarras foram desfeitas, entretanto ser negro no Brasil perpassa o tom de pele, o cabelo crespo e os traços fenótipos. É uma questão politica e de enfrentamento. Fazer parte desse grupo é trazer consigo um vasto processo histórico de escravidão e de um racismo estruturado que resultou em uma população estigmatizada, marginalizada e subjugada”, relatam os estudantes. Participam da organização do evento os estudantes da Universidade Federal de Lavras (UFLA): Zulu Cleyson, Isadora Oliveira, Laissa Ferreira, Jenifer Lima, Vagner Silva, Fernanda Senna e Cleber Pena.
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Última edição, realizada em 2015[/caption]
Segundo a organização, a cada ano os adeptos ao movimento
Black Power (símbolo de orgulho e de reafirmação da identidade negra) tem se fortalecido na UFLA. Além disso, a participação nos Encontros do Orgulho Crespo chegou a duplicar na última edição realizada. O evento tem como objetivo compartilhar experiências, realizar oficinas e propor atividades culturais, sem deixar de lado a essência da luta contra a discriminação, o racismo e o preconceito.
“Em Lavras a população negra está à margem, e necessita imensamente de estímulos para se entender e reconhecer enquanto sujeito negro. A partir do momento que me identifico, me reconheço, me imponho e sou reconhecido. Contudo, essa consciência não nasce com quem é negro, é mais provável que o individuo não tenha contato com esse discurso e esteja vulnerável a reproduzir falas e comportamentos racistas, como a negação da própria etnia”, relatam.
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Organizadores do evento[/caption]
Os estudantes afirmam que é de extrema importância que esses discursos sejam incutidos em vários espaços, visto que, na maioria das vezes, o racismo não é comentado em casa com a família, por exemplo. “Não somos ensinados a falar sobre isso, precisamos entender a cultura brasileira, entender e problematizar a escravidão, e como foi feita a abolição, desconstruir a imagem da princesa Isabel redentora e exaltar os nossos verdadeiros líderes. Fazer um resgate histórico e compreender de onde viemos, não somos descentes de escravos, somos descendentes de seres humanos africanos, que foram tirados de suas terras para se transformar em mão de obra barata”, comentam os organizadores.
Confira a programação completa do evento:
14h: Abertura
15h: Grupo Capoeirart
Atividades:
Turbantes
15h às 17h
Tranças
15h às 16h
Maquiagem em pele negra
15h às 16h30
Stencil
17h às 18h
Desenho
16h às 17h
Pintura Étnica
17h às 18h
Espaço Kids:
15h: Início do Espaço Kids
15h: Cortejo com “Escravos de Jó”
15h15: Abertura
15h25: Bate papo (experiências no assumir ser negra/o na escola e aceitação do cabelo natural/sem química e os cuidados)
15h55: Oficina de bonecas Abayomi
16h30: Contação de história
17h: Encerramento Espaço Kids
Apresentações:
16h às 17h: Sarau
- Magna Cristina de Oliveira
- Olegário Alfredo da Silva
- Vágner Silva
17h: PVT
17h30: Hip-hop
18h: Djonga
18h30: Fábio Nogueira
19h: Barulhinho Bom
20h: Laura Carvalho
20h30: Cabelinho da Lua
Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA, com sugestão de pauta das bolsistas Proat/Ascom Marina Chaves e Luana Nayara.