Pesquisador da UFLA descobre novo gênero de cigarrinha que habita apenas uma caverna brasileira
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A cigarrinha é chamada de
Iuiuia caeca, em referência à localidade onde foi encontrada.[/caption]
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É um gênero novo que descobrimos. É uma história interessante...”. Assim inicia mais uma descoberta do professor Rodrigo Lopes Ferreira, do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (DBI/UFLA). Desta vez, o pesquisador descobriu um novo gênero de cigarrinha que sobrevive sem ver a luz do dia em qualquer momento de sua vida. Ela não tem olhos e nem as asas funcionais, típicos de seus parentes. É rara e até o momento só há registros desse gênero em uma única caverna, que está no município de Iuiú, na Bahia.
“Toda vez que viajamos para uma região nova, para a qual ninguém foi, achamos várias espécies, pois não há tantos pesquisadores trabalhando com cavernas no país. Fomos para o município de Iuiú, na Bahia, e visitando essa caverna, achamos várias espécies troglóbias, estritamente cavernícolas, ou seja, que só existem neste ambiente. Em uma dessas visitas, achamos um pseudo escorpião. Voltamos outra vez para achá-lo na fase adulta e esbarramos em casinhas de tatuzinhos. Quando retornamos para poder estudar essas casinhas, encontramos a cigarrinha”, explica o professor, reconhecido pela atuação em ecologia de cavernas.
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Professor Rodrigo Lopes Ferreira, do Departamento de Biologia da UFLA[/caption]
Para finalizar a descoberta, o professor contactou o
Museum für Naturkunde, em Berlim. Contando com a ajuda da professora Hannelore Hoch, decidiram documentar e descrever o novo gênero. A cigarrinha é chamada de
Iuiuia caeca, com o nome de gênero (
Iuiuia) referindo-se à localidade onde foi encontrada, e o nome da espécie (
caeca), traduzindo-se "cego" em latim.
O interessante é que essa cigarrinha pertence a uma família em que não é tão comum se ter espécies cavernícolas. “Não é de um grupo comumente achado em cavernas. É uma família pequena, pouco conhecida, cerca de cem espécies descritas na família”, complementa Rodrigo. Ele explica que há grupos em que é mais comum de se ter espécies troglóbias, como besouros, aranhas, tatuzinhos; já as cigarrinhas não.
O professor acredita que essa seja uma espécie endêmica e rara, já que não foi encontrada em
habitats subterrâneos próximos. Apesar de a caverna de Iuiú não ter sinais de visitas humanas, há uma preocupação quanto à preservação do local. Rodrigo também destaca que dentro do cenário mundial, o Brasil começa a se destacar como uma área interessante para cigarrinhas cavernícolas. “O potencial para descoberta no Brasil é gigante. Hoje são 16 mil cavernas cadastradas no país, mas estima-se que se tenha mais de 200 mil. Há muitas regiões ainda para se explorar, muitas espécies para serem descobertas”, afirma.
Texto: Camila Caetano – jornalista/ bolsista UFLA