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Setembro Amarelo

Suicídio: falar sobre esse problema é importante

Publicado: Sábado, 29 Setembro 2018 14:39 | Última Atualização: Terça, 21 Setembro 2021 15:39

O Brasil é o oitavo país do mundo com maior número de suicídios, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. No mundo, o número de mortes por quem retira a própria vida é maior do que a soma  da quantidade de mortes por homicídios e guerras: 11,4 casos a cada 100 mil pessoas. Significa que a cada 40 segundos alguém suicida no mundo. Enquanto o assunto ainda é pouco discutido, os números avançam silenciosamente. 

Falar de suicídio, muitas das vezes, é falar de depressão. Mas os fatores de riscos para a pessoa tentar retirar a vida vão muito além. O psiquiatra Ulisses de Miranda Vieira, palestrante na programação do Setembro Amarelo na Universidade Federal de Lavras (UFLA), explica que o principal motivador do suicídio é o transtorno mental (98% dos casos). Essa condição inclui depressão, dependência química - inclusive uso de bebida alcoólica-, esquizofrenia e transtornos de personalidade. 

O segundo fator que leva ao suicídio oculta um mito perigoso que vem do velho ditado "quem fala, não faz". "Muitas vezes, a pessoa que diz que vai se matar não quer ´chamar a atenção´, mas apenas dar um último sinal para pedir ajuda. Quem avisa tem mais chance de cometer do que as outras pessoas", alerta. 

As demais causas frequentes que influenciam na retirada da própria vida são personalidade impulsiva; sensação de desamparo, desespero e desesperança; doença clínica, sobretudo, no início do diagnóstico de enfermidades como HIV e câncer; falta de vínculos sociais, amizades e ausência de suporte da família; desemprego. 

"Para algumas pessoas, a dor sentida é tão forte que ela só vê como saída a própria morte. Ocorre um estreitamento da cognição, uma rigidez na maneira de pensar focado na ausência de solução", explica. 

Perfil do suicida

Estatísticas da Organização Mundial da Saúde, Sistema de Informações sobre a Mortalidade Brasileira (SIM), Datasus e IBGE evidenciam que o suicídio é predominante no sexo masculino. Os homens brasileiros têm 3,7 vezes mais chances de se matar que as mulheres. Já elas tentam três vezes mais.  A principal razão para os homens conseguirem efetivamente tirar a própria vida é a forma como eles tentam se matar. "Os homens usam meios mais letais. As mulheres em geral tentam se matar tomando comprimidos. É mais difícil a mulher se jogar de uma janela", informa Ulisses de Miranda Vieira. 

No quesito faixa etária, jovens dos 15  aos 29 anos são os mais propensos a tentar e consumar o suicídio.  O Mapa da Violência de 2014 (levantamento mais recente com dados brasileiros) também aponta uma alta de 15,3% entre jovens e adolescentes no país, de 2002 a 2012. "Os motivos vão desde impulsividade característica da idade e o contato com desafios que antes não tinha. Também é a idade onde mais aparecem os transtornos mentais, tornando-os mais vulneráveis", justifica. 

Estigma

Buscar ajuda médica e psicológica para contornar a tentativa de suicídio esbarra no silêncio que rodeia o problema. "Falar que se vai ao psiquiatra e psicólogo ainda é, para muitos, como assinar atestado de loucura.  Para a sociedade, tomar remédio quase significa ser fraco. Impuseram que não podemos adoecer e o resultado é esse desastre chamado suicídio", contesta Ulisses de Miranda Vieira. 

Desestigmatizar o suicídio é, relembra ele, uma responsabilidade de todos  e motivo pelo qual foi criado a campanha "Setembro Amarelo".  

Como salvar alguém?

Reconhecer o problema é o primeiro passo para ajudar alguém com a intenção de cometer suicídio. "Quando uma pessoa apresenta idealização de morte, verbaliza seu desejo de autoextermínio, é sinal que necessita de atendimento médico e psicológico com urgência", informa o psiquiatra. Mas nem sempre o suicida fala a respeito dos seus propósitos. "Normalmente, esses são casos de pessoas com doença mental grave sem tratamento", afirma. 

Aproximar-se de quem demonstra estar sofrendo ou que apresenta mudanças bruscas de comportamento também é fundamental. "Se dispor a ouví-la, e se não se sentir capaz de lidar com o problema, ir junto em busca de ajuda adequada, como um médico, psicólogo e até um líder religioso", frisou.  

O psiquiatra Ulisses de Miranda Vieira esclarece que o suicídio deve ser considerado emergência médica. O ideial é que a pessoa seja encaminhada  a uma equipe da área da saúde mental, no prazo de até 48 horas. "Cada caso é um caso na hora de avaliar se o indivíduo necessitará de medicação e terapia, o que depende da gravidade do quadro", disse. 

Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig  

Edição do Vídeo:  Rafael de Paiva  - estagiário Dcom/Fapemig

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 

 

 

 

 
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