‘Voar fora da asa’: uma prosa sobre brincares e infâncias na pesquisa com crianças
O Observatório da Infância, Educação e Cultura, por meio dos projetos de extensão BrincArte e Econedi, convidam a comunidade acadêmica e demais interessados, para uma conversa sobre os brincares e a pesquisa com crianças.
O evento será transmitido no canal do Observatório da Infância, Educação e Cultura, no YouTube, hoje (13/9), às 18h30.
O evento será conduzido pela professora Franciane Sousa Ladeira Aires, do Núcleo de Educação da Infância (Nedi), vinculado à Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Educação (Faelch) e terá como prelecionista a professora Lays Nogueira, licenciada em Educação Física, especialista em Gênero e Diversidade na Escola e mestra em Educação pela UFLA.
Os diálogos entre a Sociologia da Infância e o Jogo
No dia 9 de agosto de 2021, aconteceu a segunda live do Observatório, também transmitida pelo Canal Observatório da Infância no Youtube. O tema “Os diálogos entre a Sociologia da Infância e a Teoria do Jogo” foi apresentado pela professora Letícia Vieira Barbosa, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Formação Docente em Educação Física – Gefordef, também colaboradora no projeto de extensão BrincArte.
O evento foi mediado pela professora Katia Batista Martins, que atua no Nedi/Faelch, bem como na coordenação do projeto “BrincArte: Tecendo Experiências Brincantes no Nedi”.
O diálogo promovido pela professora Letícia perpassou pela compreensão do campo da Sociologia da Infância, uma vez que a palestrante explorou historicamente a concepção de que por muito tempo as crianças foram vistas como incapazes de expressar os seus desejos, as suas singularidades e interpretações sobre o mundo. Diante da análise tecida pela estudiosa acerca dos diferentes contextos sociais, destacou-se que alguns deles concebiam os pequenos como um ser em construção se comparado ao adulto, denotando aspectos como a sua falta de acesso ao mundo letrado, a incapacidade do emprego da razão e de falar por si. Além disso, a sociedade persistiu em uma ambígua interpretação em relação às crianças que ora eram vistas como profanas, ora como seres sagrados em rituais religiosos. Em face da centralidade dos pequenos como objeto de estudo em diversos ramos do conhecimento, a partir do final do século XIX e ao longo do XX, pôde-se anotar contribuições para que eles pudessem ser compreendidos como “diferentes”, únicos e imersos em uma gramática própria. Ocorre que pesquisadores do mundo todo empreenderam esforços na direção de constituir uma área intitulada de Sociologia da Infância, o que nos favoreceu reconhecer a criança como produtora de cultura e protagonista de seu desenvolvimento, por intermédio da socialização e da interação com o mundo.
Logo, a Sociologia da Infância promove um caminho de inserção das crianças nas ciências e ratifica a necessidade de compreendê-las como sujeito de direitos, protagonistas de uma maneira própria de existir, ler e apreender os códigos culturais existentes, transformando espaços coletivos em planos simbólicos como possibilidade de vida. Ademais, a professora Letícia elucidou as interfaces entre a Teoria do Jogo e a Sociologia da Infância, ao passo que é preciso reparar nas formas pelas quais as crianças apropriam-se do jogo, interpretam as relações com as culturas e promovem ações entre si, reproduzindo-as interpretativamente em suas atitudes.
Isso equivale a dizer que existe uma intersecção entre aprendizagem e ambiente de jogo, na qual os pequenos são arrebatados pela possibilidade de ter acesso aos elementos pedagógicos, culturais e simbólicos no âmbito da entrega, da criação e da experiência plena. Dessa forma, o grande desafio da Educação Infantil contemporânea está na transgressão da lógica adultocêntrica, representada por práticas que limitam a ‘liberdade de expressão’ (ludicidade), a interatividade, a fantasia do real e a reiteração do tempo pelas crianças.
Por fim, cabe destacar que durante a exposição de sua pesquisa de mestrado, a professora Letícia indicou um número extenso de aportes teórico-metodológicos para melhor compreendermos a História e Sociologia da Infância, dentre os quais destacam-se os livros: “O Desaparecimento da Infância” de Neil Postman e a “História Social da Criança e da Família” de Philippe Ariès.
O projeto de extensão BrincArte, coordenado pela professora Kátia Batista Martins do Nedi/Faelch/Ufla, com a coordenação adjunta do professor Fábio Pinto Gonçalves dos Reis do DEF/FCS/UFLA, tem como objetivo ampliar o repertório de experiências brincantes pelas crianças acolhidas no Núcleo de Educação da Infância, bem como, oferecer um processo contínuo de formação inicial para estudantes dos cursos de Educação Física e de Pedagogia. Também é finalidade do projeto oferecer formação continuada para professores/as da Educação Básica, contribuindo com a qualidade da Educação Infantil.
As lives integram um conjunto de ações planejadas em parceria com os seguintes projetos de extensão: “Educação Ambiental: brincando com coisa séria – Econedi”, coordenado pela professora Apolliane Xavier Moreira dos Santos do Nedi/Faelch/UFLA; projeto “Filosofar Infâncias: experiências com crianças do Nedi”, coordenado pela professora Franciane Souza Ladeira Aires do Nedi/Faelch/UFLA; “Projeto Oficina do Esporte Escolar” e Projeto “Oficinas Pedagógicas de Lutas nas Escolas no Município de Lavras”, ambos coordenados pelo professor Fábio Pinto Gonçalves dos Reis.
Acompanhe os eventos e as ações por meio do Instagram @brincarteufla, @econediufla e do canal Observatório da Infância, Educação e Cultura no Youtube.