Pesquisa indica queda nos preços das principais commodities do sul de Minas no primeiro semestre de 2023
A renda média do produtor rural do sul de Minas Gerais apresentou queda de 5,34% no primeiro semestre de 2023, conforme pesquisa realizada pelo Departamento de Gestão do Agronegócio da Universidade Federal de Lavras (DGA/UFLA), no âmbito do projeto “Indicadores econômicos para o agronegócio da região sul de Minas Gerais”. O estudo abrange os preços das 52 commodities agropecuárias mais produzidas na região. Em regra, fatores como preços anteriores satisfatórios, aumento do investimento na produção, clima adequado para o processo produtivo, renda do consumidor, preços dos insumos e relação de oferta e demanda no mercado fazem com que os preços se modifiquem , caracterizando a renda do produtor rural em todo o setor agropecuário brasileiro.
De acordo com os pesquisadores, a movimentação de preços da commodity é normal no setor de produção agropecuária, pois o mercado se organiza de forma bastante pulverizada, caracterizando-se como mercado em concorrência perfeita, no qual o preço das commodities é dado pela interação da oferta e demanda.
Figura 1 – Evolução % dos preços, de janeiro a junho, dos grupos de commodities pesquisados
Fonte: Dados da pesquisa
A desvalorização da renda média do produtor rural sul-mineiro deve-se principalmente à baixa nos preços dos grãos, com destaque para o milho, que apresentou queda em torno de 38,5%. O feijão também apresentou substancial queda, passando de 400 reais, em janeiro, para 260 reais, em julho. De forma ponderada, isso contribuiu para a queda da renda média, no primeiro semestre, entre as commodities mais produzidas no sul de Minas.
A queda nos preços dos grãos, causada principalmente pela boa colheita da última safra, fez a relação de oferta aumentar, refletindo diretamente em insumos que os utilizam como matéria-prima. Os preços médios das rações caíram 13,4% nesse primeiro semestre, com destaque para o farelo de soja e o fubá, que caíram 16,0% e 38,9%, respectivamente.
Merece destaque também o grupo das carnes, que registrou um recuo médio de 23,3%, ocasionado principalmente pela queda de preços ao produtor da carne bovina, reflexo de preços satisfatórios no passado que estimularam a produção, provocando, como consequência, o aumento da oferta e queda dos preços.
O café, apesar de apresentar uma queda no mês de junho de 8,9%, em relação a maio, ainda apresentou um resultado positivo no semestre, de 2,11%, que impediu a renda média do produtor de abaixar mais. A movimentação é esperada, já que, antes do início da colheita do café, é normal que o mercado tenha flutuações devido à especulação e à expectativa de colheita. Contudo, a queda em relação aos meses anteriores segue o movimento, também esperado, na época da colheita e, com as constantes quedas, nos próximos levantamentos irá afetar ainda mais a renda média do produtor rural do sul de Minas.
Índice de troca
Um importante indicador econômico do agronegócio é o índice de troca, que traz a informação correlacionada do preço da commodity com o preço dos principais insumos necessários para o processo produtivo. Este indicador reflete na necessidade da quantidade a ser vendida da commodity para a compra do insumo.
Conforme o quadro 1, café e leite obtiveram um resultado positivo nos seus índices de troca, em ambos os casos devido ao aumento do preço das commodities e à diminuição ponderada nos preços dos insumos. Portanto, é necessária uma menor quantidade de sacas ou litros para adquirir o conjunto de insumos necessários para seus processos produtivos, o que favorece o produtor rural.
Quadro 1 - Índice de Troca Relativo
Fonte: Dados da Pesquisa
No caso do milho e da soja, apesar de também ter ocorrido uma queda no preço médio dos seus principais insumos, a queda no preço dessas commodities foi suficiente para afetar de forma negativa a relação de troca. Portanto, agora é preciso ter mais sacas de milho ou soja para adquirir o conjunto de insumos necessários para seus processos produtivos.
De acordo com o coordenador no estudo, professor Renato Fontes, a situação atual da produção agropecuária “vem se mostrando cada vez mais desafiadora, exigindo atenção e cuidados redobrados por parte do homem do campo, para que possa ter a justa rentabilidade pelos seus esforços em produzir e condições de se manter na atividade, garantindo a segurança alimentar para toda a sociedade com alimentos em fartura e com qualidade”.