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Faleceu em Pernambuco o professor Eudes de Souza Leão, personagem histórico na trajetória da ESAL/UFLA

Escrito por Ana Eliza Alvim | Publicado: Sábado, 15 Setembro 2018 18:09 | Última Atualização: Segunda, 01 Outubro 2018 15:06

A Universidade lamenta o falecimento e enaltece as atitudes do professor, que resultaram na federalização da ESAL em 1963

Faleceu neste sábado (15/9) um pernambucano que marcou a história da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e, consequentemente, da cidade e da região. O engenheiro agrônomo e professor Eudes de Souza Leão Pinto foi o emissário enviado pelo Ministério da Educação (MEC) na década de 1960 com a missão de fechar a então Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL). Diante do apelo de professores, funcionários, estudantes e integrantes da comunidade local, para que a Escola não fosse fechada e o sonho interrompido, professor Eudes optou por descumprir a portaria da Presidência da República e atuar ativamente, a partir de então, para que a ESAL fosse federalizada, o que se efetivou em 1963 e foi publicado no Diário Oficial da União em janeiro de 1964.

A ousadia e a coragem de Eudes de Souza foi determinante para a existência, hoje, de uma Universidade que congrega uma comunidade universitária de cerca de 16 mil pessoas, garantindo ao País ensino, pesquisa e extensão de alta qualidade. Foi a sensibilidade desse homem à importância da educação que tornou possível a continuidade de uma história que atualmente faz da UFLA a 8ª melhor universidade do País e a 2ª de Minas Gerais, segundo avaliações do MEC (IGC divulgado em 2017).

Quando chegou a Lavras com a missão fechar a ESAL no início da década de 1960, professor Eudes foi sensível ao apelo de professores, estudantes, funcionários e da comunidade.

Em entrevista a uma equipe de televisão da região de Lavras em 2012, o professor relatou o quanto aquela missão o incomodou desde o primeiro momento. Contou que um conselho da esposa foi determinante: “Ao chegar em casa, com aquela missão, abracei-a, chorando, porque para mim, professor universitário, vir para uma missão dessa natureza, seria a pior coisa que me aconteceria, e ela me disse: seja mais povo do que governo. Essas palavras vieram à minha cabeça e eu encontrei a reação do povo”, resumiu. Outra conhecida frase de professor Eudes sobre o ocorrido ficou marcada: “fechar a escola seria a morte para mim e um crime de lesa-pátria”

Segundo a obra “A Terra Prometida de Lavras”, de João Castanho Dias, a justificativa dada ao ministro pelo professor Eudes para o não cumprimento da ordem foi a seguinte: “Senhor ministro, como pessoa de sua confiança, colocamo-nos no seu lugar e diante do heroísmo de professores, funcionários e alunos da escola, totalmente apoiados pelos habitantes de Lavras, resolvi não fechar tão rico patrimônio cultural e moral, a fim de resguardar o nome de Vossa Excelência da condenação pública, a ser execrado como inimigo de Lavras e do Estado de Minas Gerais”.

O feito foi, portanto, determinante para história de Lavras, da instituição e de milhares de estudantes e servidores que ao longo do tempo construíram suas trajetórias passando pela ESAL e posteriormente pela UFLA. O reitor da Universidade, professor José Roberto Soares Scolforo, lamentando a morte do professor Eudeus, enfatiza que ele será lembrado na Instituição pela sensibilidade, sabedoria, coragem e postura visionária. “Sua iniciativa da década de 1960 será sempre um estímulo e um exemplo para nós no presente e no futuro, motivando-nos a lutar ainda mais pela evolução da UFLA, de forma a dignificarmos a todos que acreditaram no potencial desta Instituição. Ele deixou a esta Universidade um ensinamento precioso de zelo pela educação e atenção às necessidades do povo”.

Professor Eudes faleceu aos 98 anos, em Recife, e será sepultado ainda neste sábado (15/9), às 19 horas, em Paulista (PE).

Acúmulo de honrarias reconhecimento

Professor Eudes acompanhado do reitor da UFLA, em 2012, durante solenidade em que foi homenageado pela comunidade lavrense.

Pela postura corajosa em prol da educação do País e da sobrevivência da ESAL, professor Eudes foi homenageado pela UFLA em diferentes ocasiões. Recebeu a Medalha do Centenário da UFLA em 2008 e o título de Professor Honoris Causa, outorgado em sessão solene do Conselho Universitário (CUNI) em 2012. Nesse mesmo ano, recebeu honrarias também da comunidade lavrense: foi agraciado com o título de Sócio Honorário do Rotary Club de Lavras e com a insígnia Companheiro Paul Harris. Na mesma cerimônia, recebeu também o título de Cidadão Honorário de Lavras, concedido pela Câmara Municipal.

Eudes de Souza Leão Pinto era professor aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Foi Secretário de Estado de Agricultura, Indústria e Comércio no Estado de Pernambuco, período no qual, segundo informações da UFRPE, desenvolveu importantes atividades e projetos, tendo criado os seguintes serviços: defesa do solo, defesa fitossanitária com polvilhamento e pulverização por avião; criação da Companhia de Armazéns Geral e Silos (Cagep); apoio às cooperativas e associações rurais, expandindo o crédito rural.

 
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