UFLA reduz matriz orçamentária das unidades acadêmicas para diminuir déficit – ônibus “Mamute” também será afetado
A Diretoria Executiva da Universidade Federal de Lavras (UFLA) realizou, na tarde desta terça-feira (18/10), uma reunião com diretores das faculdades, institutos e escolas para informar medidas que serão tomadas para reduzir o déficit orçamentário nos próximos meses. Entre elas, o corte de 1,4 milhão de reais na matriz orçamentária das unidades acadêmicas prevista até o fim de 2022. Essa redução vai impactar aulas práticas, aulas de campo, compra de insumos e outros projetos - cada Unidade Acadêmica terá que escolher as atividades em que os cortes incidirão. Os contratos de terceirização, no entanto, estão preservados, já que todos os cortes possíveis foram feitos anteriormente. Outra medida imediata de impacto na rotina dos estudantes é a redução da circulação do ônibus interno (Mamute).
A Universidade já funcionava com uma insuficiência orçamentária de 2,4 milhões para o ano de 2022, e teve, em junho, um corte de 4,6 milhões pelo governo federal. Com isso, o total de déficit da UFLA para o ano chegou a 7 milhões de reais. Obras do câmpus Paraíso e a compra de equipamentos já haviam sido suspensas na busca de adequação orçamentária, além da demissão de 148 funcionários terceirizados no mês de julho. No entanto, mesmo com as ações drásticas de redução, permaneceu o déficit de 1,5 milhão, o que está levando a novos cortes de despesas na Instituição.
De acordo com o reitor da UFLA, professor João Chrysostomo de Resende Júnior, a Universidade irá realizar novas reuniões com o Ministério da Educação (MEC) e o Congresso Nacional em busca da restituição do orçamento, especialmente daquele retirado em junho. “Vamos manter uma intensa agenda com os representantes da Educação e parlamentares na tentativa de reverter esse cenário. Contudo, ainda não há previsão de que essa recomposição ocorra, então tivemos que tomar novas medidas para a retenção de gastos. É a primeira vez em 22 anos que a nossa Universidade enfrenta problemas para fechar as contas no final do ano”, explica o reitor.
Redução impacta diretamente na manutenção da Universidade
Os cortes foram realizados no orçamento chamado de discricionário, que mantém a UFLA em funcionamento. Nele estão incluídos custos de manutenção e limpeza dos espaços do câmpus e dos prédios, vigilância patrimonial, circulação do ônibus interno (Mamute), pagamento a trabalhadores terceirizados, aulas práticas e compra de insumos para laboratórios, pagamento de bolsas estudantis, além das contas de água e energia. Além dessas chamadas “despesas correntes”, o orçamento discricionário inclui despesas de “investimento ou capital” - é o caso das obras, dos equipamentos e outros bens permanentes. Somente despesas com servidores não entram no orçamento discricionário, pois são despesas obrigatórias.
O diretor da Faculdade de Ciências da Saúde (que abriga os cursos de Medicina, Nutrição e Educação Física), professor Luiz Henrique Maciel, ao final da reunião explicou que vai se reunir com a equipe da Unidade para definir como serão feitos os cortes. “O principal impacto deve ser em aulas de campo, aulas práticas e a aquisição de material de consumo. Temos muitas atividades fora do câmpus importantes para a formação dos estudantes. Vamos fazer todo o possível para reorganizar de forma que os prejuízos sejam minimizados, esperando que essa situação ainda seja revertida, para que possamos seguir ofertando ensino, pesquisa e extensão de qualidade para a sociedade”, concluiu.
Orçamento para 2023 será ainda menor
Durante o encontro, o reitor da UFLA esclareceu, ainda, que o orçamento para a UFLA no projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023 prevê 11 milhões de reais a menos do que o já deficitário orçamento planejado de 2022. Somado às possibilidades de baixa arrecadação em rendas próprias, esse valor leva a uma estimativa de que falte orçamento para três meses de funcionamento da Universidade no próximo ano.
Para 2022, a UFLA já havia iniciado com orçamento insuficiente para cobrir suas despesas. O orçamento previsto para o ano foi o mesmo do ano de 2019 e não considerou o aumento dos custos de manutenção das atividades devido à inflação e reajustes nos contratos de terceirização de mão de obra.
“Com as devidas correções realizadas pelo IPCA, o orçamento do ano de 2022 equivale ao orçamento do ano de 2009, quando a UFLA tinha ⅓ dos estudantes que existem hoje e estrutura duas vezes menor”, disse João Chrysostomo.
Para que a comunidade universitária possa entender melhor esse contexto, será realizado um bate-papo com o reitor no dia 8/11, após o retorno do semestre letivo.
Colaboração da comunidade no novo contexto
Servidores técnico-administrativos e docentes, estudantes de graduação e de pós, funcionários terceirizados e a comunidade lavrense podem ajudar no contexto de redução do orçamento. Saiba de que maneira colaborar:
- Reduza o consumo de água e energia no câmpus no dia a dia;
- Ofereça carona! Vai subir ou descer de carro do câmpus? Há pontos de carona espalhados na avenida principal. As caronas se tornarão ainda mais importantes com a redução da circulação do Mamute.
- Mobilize-se nas redes sociais. Escreva sobre a importância das universidades e da educação pública para sua vida e para a vida de todos. Utilize as hashtags #universidadeeudefendo #educaçãoeudefendo #cienciaeudefendo . Lembre-se de que a função da Universidade Pública vai muito além da formação de estudantes de graduação e pós-graduação. As Universidades Federais são responsáveis por 80% da produção de conhecimento do País, na forma de pesquisa e inovação, além da interação direta com a comunidade por meio da extensão.
- Cobre ações do seu representante político no Legislativo e Executivo. Envie e-mails e atue nas redes sociais mostrando a importância da sua universidade.
- Converse nos grupos de família e de amigos. A sociedade tem um grande poder de mobilização nas mãos, ampliado pelo alcance da tecnologia.
- Combata as fake news a respeito das Universidades. Busque informações confiáveis nos sites das Ifes e da Andifes (www.andifes.org.br).
