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Integração

Moradia Estudantil da UFLA: encontro promove integração entre atuais e ex-moradores do Brejão e Brejinho

Escrito por Cibele Aguiar | Publicado: Segunda, 24 Abril 2023 18:04 | Última Atualização: Terça, 25 Abril 2023 21:35
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Foram cerca de 2400 quilômetros de Palmas, Tocantins, até Lavras. A Viagem de Miguel Pinter Jr., da turma de Agronomia 1989, teve como motivação encontrar os amigos da época em que morou na Universidade Federal de Lavras (UFLA), na moradia estudantil conhecida como Brejão. Assim como ele, cerca de 120 ex-moradores do Brejão e do Brejinho (antiga moradia femina), de diversas regiões do País, participaram do encontro realizado no sábado (22/4). Emoção, integração, fotografias, homenagens, muitas memórias compartilhadas e a tradicional guerra de água. O roteiro desse encontro foi completo. 

Esse é o segundo encontro organizado pelos ex-moradores. Desde o primeiro encontro, em 2018, a ação foi impulsionada pelo ex-morador Edson Tafuri de Araújo, mais conhecido pelo apelido Susi. Nesta edição, o grupo de ex-moradores articualdos em rede social já somam quase 500 pessoas. A moradia existe desde 1971, e representa um dos pilares da assistência estudantil da Universidade. 

Diferente de um evento institucional marcado por discursos, foi na informalidade dos abraços entre antigos amigos ou nos olhos marejados pelas lembranças de um tempo de alegrias e de luta que o encontro mostrou sua real finalidade. Reforçar os laços de amizade daqueles que vivenciaram a universidade de uma forma plena, incluindo as celebrações e as dificuldades do dia a dia, que certamente ficaram na memória e marcaram cada uma das trajetórias pessoais e profissionais.   

O professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, vice-reitor da UFLA, também participou do encontro e enfatizou a importância da assistência estudantil, em especial da moradia, em sua própria trajetórial. “Meus pais não tinham condições de me manter fora da cidade e se não fosse a possibilidade de morar na própria universidade, eu não teria conseguido”, comenta. Destaca que essa não é uma situação isolada, mas reflete o impacto social da universidade na permanência da maioria dos ex-moradores presentes no encontro e também dos moradores atuais. “Muitas vezes nós não conseguimos mensurar a importância dessas ações no presente, mas o encontro serve de inspiração para quem está vivenciando hoje a moradia estudantil e de como ela pode impactar o futuro de cada um”, completa.     

Miguel Pinter reconhece que a vivência no Brejão foi importante para fortalecer os vínculos de amizade. “Havia um relacionamento de muito coleguismo. Um ajudava o outro e seguia como uma grande família”. Sentimento semelhante ao de Edson (Susi), Turma de Zootecnia 1992, que comenta a importância da moradia estudantil na construção de relações duradouras. Em sua perpecção, a convivência com pessoas diferentes contribuiu para o crescimento pessoal e o ajudou a ampliar as redes de contato profissional, com ensinamentos que vem aplicando nos 23 anos de trabalho com a agricultura familiar. “A gente volta para recarregar a energia e manter os veículos que nos unem”. 

Para Claudia Regina Gontijo Labory, ex-moradora do Brejinho, o saudosismo daquela época veio já na organização do encontro, quando visitou o Brejão e conheceu alguns dos atuais moradores. Ela comenta que embora o Brejinho não exista mais, as histórias permanecem na memória e o encontro possibilita reviver essas lembranças e abraçar as pessoas que fizeram parte dela. Denise Garcia de Santana (Agronomia, 1991) é uma dessas amigas, na modalidade que os moradores costumam chamar de agregados. “Por vezes esqueço que não fui brejeira. Convivi com as meninas/meninos do Brejão/Brejinho nas décadas de 80 e 90. Nesse ambiente, encontrei monitores de disciplina, pesquisadores, intelectuais, sobretudo gente resiliente, de pouca queixa e muita competência e talento. As dificuldades eram abissais, porém proporcionais ao bom humor”, descreve.  

Visitas ao antigo apartamento

Durante o café da manhã organizado na cantina da moradia estudantil, a integração entre antigos e novos moradores foi pontuada pela visita aos apartamentos. Um momento de emoção para quem reviveu os ambientes de convivência e até a hierarquia das camas dispostas nos quartos (novatos ficavam na parte superior do beliche). Valdir Augusto formou em 2007, em Agronomia, e ficou feliz ao ver que o seu nome grafado ao lado da cama permaneceu mesmo com as reformas. 

João Batista, da turma de Engenharia Agrícola (1999), ao visitar o antigo 311, descreveu a emoção como um voltar para casa. “O Brejão representou um grande aprendizado. Fiz grandes amigos e hoje lembro dos que se foram, inclusive um amigo que dividiu o quarto e era como um irmão. Hoje estamos aqui também para homenageá-lo”, descreve. Morador atual do aparamento, o estudante Dênis de Souza Cordeiro, do curso Sistema de Informação, falou da importância de ouvir tantos relatos de outras épocas e do desejo de incorporar essa mesma vibração nas amizades que têm construído na moradia.   

Clayton Lourenço de Oliveira voltou ao antigo apartamento com o amigo Wanderson Rabelo de Paula e uma missão especial, além de rever os amigos da época, apresentar o Brejão para os filhos. Durante o passeio, Luiz Oiveira, de apenas seis anos, mostrava orgulhoso a primeira camiseta do encontro com o seu nome. Walderson comenta que a sensação de voltar é muito boa, embora reveja lembranças de partes mais difíceis. “Os domingos eram particularmente dias tristes pra quem estava muito longe da família, não tínhamos os meios de comunicação que temos hoje. Mas certamente foi um período de muito aprendizado”, reconhece. 

João Canestri de Oliveira, conhecido como Dão, é dono de um armazém que fica nas proximidades da moradia estudantil e conta que acompanhou diferentes gerações de moradores. Convidado pelos ex-moradores para participar do encontro, compartilhou as lembranças da época da federalização da antiga Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal) e de como tentava ajudar os moradores ainda na base das “marcações na cardeneta”. Reinaldo Rocha Breltrão é um desses ex-moradores que tinha o senhor João Canestri como um pai. Ele veio da Bolívia para cursar Agronomia (turma 1996), e conta como ele o ajudou inclusive com a dificuldade de adaptação em outro País e lingua.

Percepção dos novos moradores

O estudante Rodrigo Alves é natural do Estado do Pará e morador do Brejão desde 2016. Ele reconhece que a moradia garantiu a permanência dele na Universidade e para a dedicação ao curso, já que os primeiros anos em república exigiram que ele dividisse os estudos com o trabalho. Formando no curso de Educação Física,  “Numa sociedade tão individualista e competitiva, o Brejão nos ensina a viver em comunidade, a compartilhar, aceitar as diferenças, a ser um humano melhor”. 

Formando nesta semana, Felipe Moraes foi morador durante todo o período do curso de Biologia. Ele conta que a memória que levará do Brejão é de uma grande família, a maior república de Lavras, já que existe uma comunhão entre os apartamentos, compartilhando muitas histórias de vida. Perguntado se voltaria para os encontros futuros, a resposta foi positiva, sem pestanejar.   

Bruna Bueno Nunes, do curso de Direito, concorda que o Brejão é sinônomo de comunidade, coletividade, nossa família longe de casa. “As amizades que fiz aqui vou levar pra vida inteira”, declara. Vinícius Xavier ingressou no curso de Engenharia Florestal neste período letivo e é novato na moradia. Ele conta que a primeira impressão foi de um espaço muito acolhedor e tranquilo. Para Keteriny Messias, do curso de Engenharia Civil, a moradia significa a possibildiade de permanência na Universidade. “Além de toda a formação profissional que a UFLA oferece, a moradia estudantil nos ensina a respeitar todo tipo de diversidade. O alojamento me construiu como pessoa”, reforça. 

José Luiz de Oliveira, da Turma de Agronomia (1995), foi visitar o antigo apartamento e foi recebido pelo atual morador, o estudante Marcos Levi Medeiros, e descobriu similaridadess: além do curso de Agronomia, eles são conterrâneos, de Barbacena… E assim foram acontecendo os encontros e os reencontros. Descobrindo nas histórias dos ex-moradores um reflexo das relações que ainda permanecem. Em todas as histórias, um fio condutor comum: os vínculos criados durante a formação na UFLA e a certeza de que a convivência no Brejão e Brejinho transformou muitas vidas e criou muitas boas memórias.

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