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ORÇAMENTO

Painel lançado nesta terça (21/11) detalha queda nas verbas para universidades federais nos últimos anos

Escrito por Comunicação UFLA | Publicado: Terça, 21 Novembro 2023 17:39 | Última Atualização: Terça, 09 Janeiro 2024 08:14
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Trabalho do Centro Sou Ciência revela crescimento significativo dos orçamentos até 2015, crescimento menos acentuado até 2019 e redução crítica a partir de 2019.

Entre 1920 e 1999, o governo federal criou 40 universidades – uma a cada dois anos, em média. Já entre 2000 e 2019, foram criadas 29 dessas instituições, com a média de 1,3 inauguração por ano.

Ao crescer 73% em apenas vinte anos, chegando a um total de 69 instituições, o financiamento das universidades federais se tornou mais suscetível às políticas governamentais para o setor. O montante destinado a elas em 2022 (R$ 53,2 bilhões) marca um retorno a valores inferiores a 2013 (R$ 54,9 bi), com uma agravante: há dez anos, eram 63 universidades federais – seis a menos do que no ano passado.  

O cenário com os orçamentos das universidades federais de 2000 a 2022 é mostrado no Painel Financiamento da Ciência e Tecnologia, elaborado pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os valores, atualizados em janeiro 2023, foram coletados no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do Ministério do Planejamento. Trata-se de um trabalho inédito no País e que pode ser facilmente consultado.

O Painel apresenta os orçamentos do conjunto das 69 universidades e também de cada uma delas, individualmente, em quatro tópicos: despesas de manutenção e funcionamento; investimento em infraestrutura e material permanente; pagamentos de pessoal; e assistência ao estudante.

Expansão acelerada – Ao ampliar o número de universidades em 73%, os desembolsos financeiros do governo federal tiveram um crescimento, mas começaram a cair a partir de 2019.  Em 2000, os orçamentos das universidades somaram R$ 28,2 bilhões; com algumas oscilações, subiram em 2019 para R$ 62,2 bilhões (aumento de 116%). Contudo, caíram em 2022 para R$ 53,2 bilhões (queda de 14,2%), praticamente igualando os valores despendidos em 2013: R$ 53,9 bilhões.

“FHC e Temer criaram cinco universidades cada um, o que foi muito positivo; porém, em seus governos houve certa estagnação ou mesmo quedas nos orçamentos. O binômio ‘criação de universidades’ e ‘crescimento real dos orçamentos’ ocorreu nos governos Lula e Dilma”, analisa a professora Soraya Smaili, coordenadora do Sou Ciência e reitora da Unifesp de 2013 a 2021.

“Mas o maior problema – diz ela – foi a inflexão havida no último governo. Ao reduzir os orçamentos, ele iniciou um processo de deterioração das nossas universidades no momento que elas estavam em pleno processo de criação ou expansão e precisavam se consolidar”. Para Soraya, um número exemplifica o governo do ex-presidente diante do sistema federal de educação superior: em abril deste ano o MEC contabilizou a existência de 364 obras paralisadas nas universidades e institutos federais.

Investimentos – O movimento de ascensão e queda nos aportes do governo federal nas universidades ocorreu em todos os setores de seus orçamentos. O item “investimentos”, em que estão obras e compra de equipamentos para aulas e pesquisas, foi o que registrou maior oscilação.  

Em 2021, foi investido o menor valor do século: R$ 131 milhões. Antes disso, o ‘recorde negativo’ havia sido em 2002: R$ 196 milhões. Considere-se, ainda, que em 2002 havia 45 universidades federais; em 2021 eram 69.

O pico dos investimentos foi em 2014: R$ 1,5 bilhão, para 63 universidades. A partir daí, foram sucessivas quedas.

Despesas O item “despesas correntes” contempla gastos com serviços e materiais essenciais para o funcionamento das universidades, como água, energia elétrica, internet, tinta para impressora, papel higiênico, combustíveis, vigilância etc.

“Também aqui houve um movimento de elevação dos orçamentos, acompanhando o crescimento do sistema, e depois de redução, marcando o período de contínua deterioração física de nossas universidades”, explica a professora Soraya.

Em números absolutos, o ponto mais alto dos dispêndios em despesas correntes foi em 2013, com R$ 9,6 bilhões. O ponto mais baixo foi em 2021: R$ 5,6 bilhões – valor que representa um retorno a 2009: R$ 5,2 bilhões.

Contudo, no cálculo por universidade, o retrocesso é mais acentuado. Com as 69 universidades de 2021, o valor médio para cada uma em despesas correntes foi de R$ 82 milhões. Para se encontrar um número próximo a esse, é preciso retornar a 2002. Na época, com 45 universidades, couberam a cada uma, em média, R$ 70,4 milhões.

Folha de pagamento Em “pessoal ativo”, os orçamentos tiveram oscilação menor do que nos outros itens, mas, novamente, houve retrocessos. Seguindo o crescimento das folhas de pagamento verificado desde 2001, o pico registrado foi em 2019, com R$ 52,7 bilhões. Porém, em 2022 voltou ao mesmo dispêndio de 2014: R$ 46 bilhões.  

“Além do arroxo salarial, no governo Bolsonaro não houve contratações para a reposição de aposentadorias, demissões e mortes. Isso representa uma enorme redução nos quadros docente e técnico, mesmo com o aumento das atividades e adaptação às condições de trabalho diante da pandemia”, explica Soraya.

Mais inclusão Acompanhando a criação da Lei de Cotas, de 2012, e de outras iniciativas das universidades para inclusão de alunos economicamente vulneráveis e de minorias sociais, os valores aportados no item “assistência ao estudante” chegaram ao pico (R$ 1,13 bilhão) em 2016. Em 2022, foram R$ 844 milhões – queda de 38%.

A ex-reitora da Unifesp destaca a importância da assistência estudantil para a permanência de estudantes mais vulneráveis, incluindo cotistas e não cotistas. “As políticas de inclusão no ensino superior precisam ser acompanhadas de políticas de manutenção dos estudantes na universidade”, diz Soraya. “Ambas precisam coexistir”.  

Sobre o Painel – “O Painel Financiamento da Ciência e Tecnologia é produzido pelo Sou Ciência como uma forma de oferecer à sociedade informações sistematizadas, confiáveis e amigáveis sobre o financiamento do universo acadêmico e científico brasileiro”, observa a professora Maria Angélica Minhoto, do Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp e coordenadora do Painel.

O módulo sobre as universidades federais é o primeiro a ser lançado na versão com dados atualizados, com metodologia clara e em valores corrigidos pela inflação.

Estão em elaboração mais dois módulos. Um com dados sobre as instituições federais dedicadas exclusivamente à produção científica, agências federais de fomento e o FNDCT. E o outro dedicado às fundações estaduais de amparo à pesquisa.   

Acesse os dados.

Informações provenientes de release divulgado nesta terça (21/11) pelo Sou Ciência.

 
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