Simpósio Internacional celebra 20 anos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada
O Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada (PPGEA/UFLA) realiza nesta semana, de 12 a 14 de novembro, o Simpósio Internacional de Ecologia Aplicada, que integra a programação comemorativa pelos 20 anos do curso. O evento reúne pesquisadores, estudantes e profissionais da área ambiental para discutir avanços científicos, desafios contemporâneos e perspectivas de atuação no campo da ecologia.
A programação do simpósio incluiu palestras internacionais, mesas-redondas temáticas, sessões de pôsteres com discentes e egressos, além de apresentação de projetos e resultados de pesquisas.
Em fala durante a sessão de abertura, o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, professor Luís Roberto Batista, destacou o papel dos programas de pós-graduação como espaços que integram ensino, pesquisa e extensão. Enfatizou que a área da Ecologia Aplicada tem contribuído para a produção de conhecimento essencial ao desenvolvimento de sistemas sustentáveis, reforçando a interdisciplinaridade necessária para enfrentar os desafios da produção de alimentos e da conservação ambiental. O pró-reitor de Pós-Graduação, Adriano Bruzzi, ressaltou o sentimento de realização ao ver um programa consolidado, que superou desafios ao longo de sua trajetória e se mantém fiel à proposta original. Lembrou que a coesão do grupo de docentes, discentes e egressos tem sido determinante para o seu sucesso, contribuindo para que a pós-graduação da UFLA mantenha seu padrão de excelência.
Formação e resultados
O coordenador do PPG, professor Rodrigo Lopes Ferreira, destacou a importância da trajetória coletiva do Programa. Em sua fala, reforçou que os 20 anos de atividades são resultado do empenho de docentes, técnicos, estudantes e egressos. Rodrigo também apresentou reflexões sobre a amplitude da Ecologia como ciência transversal e sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Enfatizou que a atuação local e regional é essencial para que os esforços de pesquisa contribuam, de forma consistente, para agendas globais.
A coordenadora adjunta, professora Larissa Vieira, apresentou um panorama dos egressos. Segundo levantamento recente, mais de 90% atuam diretamente na área de Ecologia Aplicada. Entre os respondentes, 50% possuem renda superior a R$8 mil mensais, e parte deles empreendeu negócios próprios na área ambiental, gerando emprego para outros egressos do Programa. Pelo menos 15 ex-alunos atuam como docentes em universidades brasileiras e estrangeiras, evidenciando a inserção acadêmica e profissional.
Trajetória e fundamentos do Programa
O primeiro coordenador do PPGEA, professor Júlio Louzada, apresenta um panorama histórico da criação do Programa, lembrando que ele surgiu em um contexto em que a UFLA ainda consolidava sua transição de escola agrária para universidade. Inicialmente instalado em espaços limitados no Departamento de Biologia, o curso foi estruturado por um grupo de docentes de formações diversas, que apostou em uma proposta voltada à interface entre sistemas agrícolas, meio ambiente e manejo da biodiversidade. Para viabilizar a submissão à Capes, o Programa adotou a denominação “Ecologia Aplicada” e nasceu vinculado à área de Ciências Agrárias.
Em sua fala, Júlio destacou que a consolidação do Programa se deu a partir de parcerias, projetos aplicados e da construção gradual da infraestrutura que hoje ampara atividades de ensino e pesquisa. Ressaltou ainda dois pilares que marcaram a identidade do Programa ao longo dos 20 anos: a centralidade dos estudantes na formação e a liderança compartilhada entre docentes. Segundo ele, o sucesso alcançado não é resultado de trajetórias individuais, mas da atuação coletiva de professores, discentes e técnicos ao longo de duas décadas.
Palestra de abertura
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Joseph Bailey, pesquisador da Anglia Ruskin University (Reino Unido). Bailey apresentou o tema “Identifying research targets and risks to break barriers in inference: opportunities for individualized ecosystem application”, apresentando abordagens para integrar ferramentas como modelagem microclimática, big data e geodiversidade à recuperação ecológica. O pesquisador destacou experiências em monitoramento ecológico, políticas de conservação e estratégias de conectividade em ecossistemas, relacionando esses processos aos desafios de restauração em escala local e global.
A programação internacional do simpósio também contou com a participação da professora Jen Schweitzer, chefe do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da University of Tennessee (EUA). Em sua palestra, intitulada “Global patterns and plant–soil dynamics in eco-evolutionary responses to climate change in relict ecosystems”, Schweitzer apresentou resultados de pesquisas que investigam como interações entre plantas, solos e comunidades microbianas moldam a capacidade de ecossistemas relictos responderem às mudanças climáticas. Suas análises integram genética de plantas, ecologia de solos e processos evolutivos, oferecendo perspectivas aplicadas para conservação, manejo adaptativo e compreensão dos efeitos ambientais em escala global.
Sobre o Programa
Criado em 2005, o PPGEA é um programa nível 6 na área de Biodiversidade da Capes e forma profissionais para atuação nos setores público e privado, em atividades como pesquisa, consultoria ambiental, análise de dados ecológicos e docência. São mais de 180 mestres e 90 doutores titulados pelo Programa. Atualmente, o PPGEA mantém entre 60 e 70 discentes matriculados anualmente, entre os cursos de mestrado e doutorado.
O Programa tem caráter interdisciplinar e acolhe profissionais de diferentes áreas do conhecimento. Seu foco é a produção de conhecimento técnico e científico voltado à conservação e ao manejo sustentável dos recursos naturais, bem como ao desenvolvimento de soluções aplicadas para desafios ambientais.
O Programa tem em seu quadro professores reconhecidos em suas áreas de atuação, incluindo três dos professores da UFLA entre os cientistas mais influentes do mundo em lista divulgada pela Universidade Stanford (EUA) 2025: Rafael Dudeque Zenni, Paulo Dos Santos Pompeu e Rodrigo Lopes Ferreira (coordenador do Programa).
