UFLA avança no suporte à criação de Centro de Inovação do Algodão e na formação técnica em Moçambique
Ao longo do mês de maio, professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) estiveram imersos em reuniões e práticas de extensão em diferentes cidades de Moçambique para fortalecer as parcerias firmadas com o país africano, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores (MRE). Projetos como “Além do Algodão”; “Caminhos do Algodão” e “Ação humanitária de hortaliças” passaram por planejamento, avaliação e execução de atividades. Entre os objetivos estavam o de criação de um Centro de Inovação do Algodão e o de recuperação das hortas comunitárias atingidas pelos ciclones Idai e Kennedy.
Centro de Inovação do Algodão em Moçambique
As atividades começaram no dia 8/5, com a chegada da equipe técnica da UFLA à cidade de Namialo, em Moçambique, para trabalhar na primeira missão do projeto “Caminhos do Algodão” - que está sob coordenação da professora Heloisa Oliveira dos Santos, da Escola de Agricultura de Lavras (Esal/UFLA). O projeto tem como foco atual a criação de um Centro de Inovação do Algodão em Moçambique para consolidar o setor algodoeiro, tendo como base as experiências de outros projetos realizados no país.
“Nós visitamos o local em que será instalada a escola de formação de profissionais especializados, dentro desse centro de inovação. No âmbito do projeto, a UFLA será a responsável pela formação dos formadores, ou seja, entraremos com todos os treinamentos relacionamos, principalmente, com tecnologia e produção de sementes de algodão. Vamos compartilhar com as pessoas os conhecimentos para que trabalhem com sementes de algodão, produzam, beneficiem e tratem, de forma a aumentar a qualidade de sementes do país”, afirma Heloísa. Participaram desse planejamento, além da professora Heloísa, a estudante do doutorado em Fitotecnia Marília Guaraldo, que tem parte de sua tese desenvolvida nesse projeto.
Esse projeto é fruto da parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Instituto Federal do Sul de Minas (IfSuldeMinas), Instituto de Algodão e Oleaginosas de Moçambique (IAOM), o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (Iiam), o Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (Ifpelac) e a UFLA.
Na semana seguinte, de 15 a 19/5, ocorreu em Maputo, capital de Moçambique, um seminário sobre a cooperação de Algodão em Moçambique. A ABC reuniu os coordenadores de grandes projetos de algodão em Moçambique. Da UFLA, estiveram envolvidos os projetos “Caminhos do Algodão”, coordenado pela professora Heloisa com a participação de outros professores da Instituição; e “Além do Algodão”, coordenado pela professora da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) Carolina Martins dos Santos Chagas. Houve também participação do professor da Esal/UFLA Rafael Peron Castro (Esal/UFLA), que representou o Departamento de Agricultura (DAG).
O projeto “Caminhos do Algodão” foi considerado o projeto sinergia. “Ou seja, esse projeto vai identificar o que deu certo nos outros projetos, para reformular e aperfeiçoar algumas ações que já foram feitas”, conta a professora Heloísa.
O projeto surgiu para fortalecer a produção de algodão no país, buscando formar profissionais com conhecimento técnico nessa cultura. Sobre os resultados esperados, ela destaca: “Almejamos aumento de produtividade, melhoria na qualidade da fibra e ganho no valor agregado desse produto. O ganho de um projeto como esse para o agricultor ocorre não só pela produtividade, como pela possibilidade de formar profissionais técnicos para a cultura do algodão. É importante destacarmos que tanto a iniciativa do “Caminhos do Algodão” quando o das Hortas são coordenados pela analista de projetos Paula Rougemont - ABC ”.
ABC convida UFLA para 1º ação humanitária técnica em Moçambique
A UFLA participou do primeiro projeto de ação humanitária técnica feita pela ABC em Moçambique. A convite da Agência, docentes da UFLA realizaram treinamentos na área de qualidade de sementes de hortaliças para camponeses que tiveram suas hortas impactadas pelos ciclones. Em abril de 2022, a professora Heloísa visitou quatro províncias, identificando e aprovando quatro locais para desenvolvimento das hortas. Em seguida, outros colaboradores juntaram-se ao projeto, como o professor do DAG/UFLA Cleiton Lourenço, a equipe da área de horticultura, com o professor aposentado Luís Antônio Augusto Gomes, além da professora do setor Sementes da Agronomia, Raquel Pires.
Após identificar as regiões atingidas pelos ciclones e o impacto que a comunidade teve com a falta de recursos, a equipe fez o cálculo de compra de equipamentos e se dividiu para dar início à formação, que, inclusive, beneficia não só os camponeses e suas hortas comunitárias, mas também instituições que dependem das hortas para alimentação de crianças e reabilitação de dependentes químicos. "Estabelecemos a instalação de hortas comunitárias nas províncias de Cabo Delgado, Sofala, Manica e Zambézia. Uma das comunidades assistidas é a Fazenda da Esperança, um programa da Igreja Católica que trabalha com a recuperação de dependentes químicos. Optamos por trabalhar lá porque essa fazenda oferece alimentação diária para uma creche e uma escola primária. Aumentar a produção de hortaliças deles vai fortalecer a nutrição das crianças dessa região”, afirma Heloísa.
Para o restabelecimento das áreas hortícolas do país, de acordo com Heloísa, foram compradas, pela ABC, mais de 600 quilos de sementes de hortaliças para que a equipe da UFLA realizasse o treinamento com os camponeses. O trabalho envolve formação em montagem de canteiro e planejamento de semeadura em bandeja, realizado com e para os camponeses. “A importância de trazer material com alto nível de qualidade, fazer treinamento com os agricultores, restabelecer o sistema de produção, primeiro, como horta comunitária é, sem dúvidas, muito grande. Essa missão impacta na saúde das pessoas, que possuem um déficit nutricional muito grande”.