UFLA formaliza cooperação internacional para o desenvolvimento de cultivares de arroz para as condições de Angola
Em visita à Universidade Federal de Lavras (UFLA), de 25 a 27 de março, profissionais de Angola vinculados à empresa agropecuária Jardins de Yoba e outras instituições parceiras tiveram a oportunidade de conhecer o campo experimental do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas - Programa Melhor-Arroz UFLA, no Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Agropecuária, localizado na Fazenda Muquém, em Ijaci. O Programa é realizado há mais de três décadas em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa Arroz e Feijão.
Além da visita ao campo, foi celebrado um acordo de cooperação internacional entre a UFLA e a empresa Jardins de Yoba voltado para o desenvolvimento de genótipos de arroz de terras altas adaptadas às condições ambientais de Angola. Os objetivos incluem avaliações fenotípicas nos diferentes ambientes; a estimação de parâmetros genéticos e fenotípicos das linhagens avaliadas e a seleção de genótipos com maior adaptabilidade e estabilidade agronômica para recomendação às condições do país.
Para a coordenadora do Programa e representante da UFLA no acordo, professora Flávia Barbosa Silva Botelho (Esal/UFLA), o desenvolvimento e lançamento de linhagens adaptadas aos estresses bióticos (doenças, pragas etc.) e abióticos (geada, seca etc.) para determinada região é de extrema importância para o aumento da produtividade de grãos de forma constante e sustentável. O projeto conta com a participação da professora Yasmin Vasques Berchembrock e da pesquisadora da Epamig Janine Magalhães Guedes, além de estudantes de graduação e pós-graduação.
O diretor-geral da Jardins da Yoba, João Saraiva, celebra o acordo para transferência de tecnologias na cultura do arroz, o que será de grande importância no combate à fome e pobreza no país. “O arroz de terras altas, como uma cultura que não necessita de grandes investimentos em infraestrutura, é adequado para o sistema de cultivo familiar predominante em Angola. O acesso a esse pacote tecnológico será estratégico para o desenvolvimento da nossa agricultura, assim como os programas de capacitação transversal, em um modelo de capacitação estendido a técnicos, professores universitários e alunos”, destacou, lembrando que esse modelo de formação tem apresentado tanto êxito que planejam ampliar a parceria para outras áreas do conhecimento.
Pesquisa e cooperação
A cultura do arroz tem importância muito relevante principalmente em países subdesenvolvidos. Nesses países, a cultura pode influenciar diretamente na renda, saúde, meio ambiente e no bem-estar social, como no caso de Angola, uma vez que é considerado juntamente com o feijão a base da dieta da população. Dentre os países do continente Africano, Angola produz, atualmente, 25 mil toneladas de arroz por ano, o que está muito aquém das 400 mil toneladas importadas anualmente.
A professora Flávia Botelho justifica a relevância do projeto destacando que o setor agrícola é importante não só quanto à promoção da autossuficiência e da segurança alimentar, mas também quanto ao fornecimento de matérias-primas para a indústria transformadora e para a criação de emprego, um dos problemas cruciais das áreas rurais.
Nesse contexto, o arroz pode representar uma forma de diversificação da economia do país que tem como desafio alimentar 37 milhões de habitantes, dos quais 38% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica. “A Universidade participará de uma das maiores transformações sociais e econômicas no país angolano, contribuindo, substancialmente, para o combate à fome e desnutrição, construindo uma agricultura sustentável e de relevante impacto para a sociedade em geral”, destaca a professora.
Nova Cultivar CMG 1590
Durante a visita ao campo experimental, também foi realizada uma breve apresentação da nova cultivar de arroz de terras altas CMG 1590 (nome provisório), desenvolvido e testado no âmbito da parceria entre UFLA, Epamig e Embrapa. A linhagem está em fase de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já com produção de sementes e com pré-lançamento de suas características e vantagens agronômicas. Trata-se de uma cultivar que se destaca pelo maior percentual de grãos inteiros após o beneficiamento, além da maior produtividade, sendo recomendada para todas as regiões de Minas Gerais, sobretudo para a agricultura familiar. O lançamento oficial deverá ocorrer no segundo semestre de 2024.
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