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COOPERAÇÃO

Professor da UFLA contribui como especialista internacional no 1º ciclo avaliativo das licenciaturas de Angola, na África

Escrito por Ana Eliza Alvim | Publicado: Segunda, 18 Novembro 2024 13:41 | Última Atualização: Quarta, 27 Novembro 2024 15:57
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Angola, país africano que alcançou sua independência de Portugal há apenas 49 anos, e sofreu com uma longa guerra civil após o período colonial, implanta agora seu sistema de avaliação externa de cursos de licenciatura. O primeiro ciclo avaliativo ocorreu entre outubro e novembro, e contou com especialistas internacionais na equipe, incluindo três professores brasileiros, sendo um deles o professor da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas, Educação e Letras da Universidade Federal de Lavras (Faelch/UFLA) Ronei Ximenes Martins.

A convite do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior (Inaarees) de Angola, e por indicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), participaram da ação, além do professor Ronei, dois professores do Instituto Federal Baiano (IFBA). Os três atuaram em diferentes províncias do país africano. No caso do professor da UFLA, a participação foi na província de Huambo, no Instituto Superior de Ciências da Educação do Huambo (ISCED-Huambo), para avaliação das licenciaturas em Matemática, Física e Química.

Essa primeira avaliação externa foi realizada em todos os estabelecimentos públicos e privados que oferecem os cursos.  Cada instituição recebeu comissões de avaliação formadas por técnicos do Inaarees, professores angolanos (em avaliação por pares) e especialistas internacionais. Além dos brasileiros, participaram especialistas de Portugal, Cuba, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique.

De acordo com o professor Ronei, o processo avaliativo dos cursos é semelhante ao do Brasil. Os critérios incluem itens como pertinência da missão institucional e sua relação com a oferta do curso, análise de formação e competência do corpo docente e técnico, estrutura disponível (salas de aula, laboratórios, etc.), sistemas, políticas institucionais para pesquisa, extensão, acessibilidade, entre outras. O relacionamento com empregadores e egressos também está incluído na avaliação. "Esse aspecto foi muito interessante, pois foi possível entrevistarmos dezenas de ex-alunos e empregadores, que foram convidados e compareceram ao Instituto”.

A contribuição com a avaliação angolana permitiu ao docente reflexões que também podem contribuir com o sistema brasileiro. "Trouxe de Angola uma experiência vivencial muito relevante e também aprendizados sobre processos de avaliação do ensino. Do ponto de vista de sistema, como eles estudaram vários formatos de diferentes países, puderam aprender e realizar escolhas interessantes. O instrumento de avaliação ainda não é operado de forma on-line, como no Brasil, mas conta com uma planilha eletrônica eficiente que permite obter os resultados sem muito esforço.  A escala é dicotômica (sim ou não), fato que, para a maioria dos critérios, gera menos dificuldade para os avaliadores que o instrumento utilizado pelo Inep.  Penso também que seria interessante avançarmos com nosso sistema de avaliação para permitir a interação com egressos e empregadores. Outro ponto relevante, distinto do nosso sistema de avaliação, foi a inserção de um critério que avalia a existência de um Escritório de Gestão da Qualidade na Instituição, com atribuições específicas, que vão além das atividades hoje feitas pelas Comissões Próprias de Avaliação (CPAs) no Brasil", relata. 

A Educação em Angola

A partir dos anos 2000, já perto do fim da guerra civil, o governo angolano intensificou investimentos e políticas para expandir o acesso ao ensino superior, incluindo a criação de universidades e institutos técnicos. Os institutos superiores de ciência da educação foram criados com a missão de formar licenciados nas várias áreas do conhecimento, para atuarem na educação básica do país.

Com o objetivo de assegurar a qualidade dos cursos e alinhá-los com as diretrizes internacionais emanadas por organizações, como o Banco Mundial, em 2018, o governo angolano instituiu, por decreto, o regime jurídico de  avaliação e acreditação da qualidade nas instituições de ensino superior. Até então, a cultura de avaliação interna era incipiente e esparsa, com iniciativas isoladas. Depois que as licenciaturas foram solicitadas, em 2023, a realizar um processo de autoavaliação e enviar os resultados para o Inaarees, caminhou-se para essa primeira avaliação externa dos cursos, e os ciclos serão de cinco anos para renovação da acreditação.

Segundo Ronei, os professores angolanos mostraram grande interesse em realizar cursos de mestrado e doutorado na UFLA, nas áreas de Educação e Administração Pública. Em 2025, o Programa de Pós-Graduação em Educação irá inaugurar o curso de doutorado na Instituição.

 
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