Projeto Vozes da África amplia capacitações em Agroecologia com ONG congolesa parceira
Dando continuidade à parceria internacional entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a organização não governamental congolesa Chemin de la Victoire (CV-RDC), o Projeto Vozes da África tem promovido novas capacitações on-line em Agroecologia, com ênfase em Agricultura Familiar e Extensão Universitária Inovadora. O objetivo central da ação é fortalecer a produção sustentável de alimentos básicos e essenciais para populações em situação de vulnerabilidade, aliando práticas ambientalmente responsáveis à promoção da paz. Trata-se de mais uma ação da Universidade alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em especial, o ODS2 - Fome Zero e Agricultura Sustentável.
As atividades ocorrem de forma remota, por meio da plataforma Google Meet, e contam com a participação ativa de lideranças e agentes comunitários da região de Beni e North Kivu, na República Democrática do Congo (RDC) — área que atualmente vivencia um dos maiores conflitos armados da história recente do país.
Mesmo diante desse cenário, os participantes se mantêm engajados em replicar o conhecimento adquirido em suas comunidades, utilizando ferramentas como a radiodifusão educativa. A programação das rádios locais é construída de forma participativa, com conteúdos avaliados e adaptados para ampliar o alcance da formação e mobilizar a população regional. De 6 de junho a 4 de julho, foram cinco programas com os temas: agrofloresta; agricultura familiar e urbana; técnicas de cultivo adequadas à Agroecologia; programa de segurança alimentar com produtos da agricultura familiar obtidos de forma agroecologicamente sustentável e refeições escolares para escolas primárias.
“Acreditamos profundamente no valor da merenda escolar com produtos da agricultura familiar, obtidos de maneira agroecologicamente sustentável”, afirma o coordenador do projeto, professor emérito Gilmar Tavares. “Nossa proposta de paz passa, sobretudo, pela produção de alimentos saudáveis, que garantam a subsistência e o cuidado com o meio ambiente”, complementa.
A disseminação dos conhecimentos nas áreas de compostagem, biofertilização, aproveitamento integral de alimentos e preparo de receitas alternativas (com base em produtos, como mandioca, milho e casca de banana) já resultou em impactos significativos na região. Entre eles, estão a formação de cooperativas, o aumento da produtividade agrícola, a adoção de adubos naturais e a melhoria na segurança alimentar de escolas atendidas, como o Complexo Escolar La Pépinière.
O coordenador da ONG, Iteni Kasali, encaminha relatórios regulares e, no último relato, destacou que o projeto da creche do complexo escolar está progredindo bem, com o apoio de alguns agricultores familiares e pequenos produtores. “Atualmente, mesmo diante das dificuldades, estamos preparando o dobro do necessário de merenda escolar no complexo da creche”, pontuou.
As capacitações que envolvem a segurança alimentar fazem parte das ações do projeto de extensão Alimentando Conhecimentos, coordenado pela professora Ellen Cristina de Souza (Escola de Ciências Agrárias de Lavras - Esal), com apoio do núcleo em Agroecologia, Permacultura e Extensão Universitária Inovadora (Neape).
Projeto Vozes da África
Para o professor Gilmar Tavares, ações como essa evidenciam o papel da universidade pública brasileira na promoção da solidariedade internacional e da transformação social, ao colocar a ciência a serviço das populações que mais precisam. Desde sua criação em 2007, o Projeto Vozes da África tem registrado impactos positivos na capacitação e melhoria das condições socioeconômicas da população das regiões de atuação. Estima-se que cerca de 3500 agricultores familiares foram capacitados em Agroecologia no North Kivu e no entorno de Kinshasa. No Repositório Institucional da UFLA (RI UFLA), estão disponibilizadas publicações com orientações extensionistas, alguns conteúdos publicados nos idiomas pátrios: swahili, lingala, kikongo e kiswahili. Além da África, o projeto ampliou as ações para o Afeganistão, Paquistão, Myanmar e Rússia, com o nome de Projeto Vozes da Ásia.
