Pesquisa acompanha o desenvolvimento de árvores no câmpus
As árvores fazem parte da paisagem da UFLA. Não há quem não se encante ao andar pelo câmpus e observar as várias espécies. Seus troncos, galhos, folhas e frutos servem de abrigo e alimento para animais e aves, e sua sombra alivia o calor dos dias mais quentes. Além disso, elas auxiliam na redução da poluição sonora e limpam o ar que respiramos.
As árvores se misturam à história da Universidade: fotos e documentos relatam a ligação sempre próxima entre estudantes, docentes e árvores desde 1908. Uma delas foi uma palmeira-imperial (Roystonea oleracea), plantada por formandos em 21 de setembro de 1942, próxima ao prédio do atual museu Bi Moreira. A árvore viveu até 1984, sendo replantada outra da mesma espécie no local em 1992, em comemoração aos 50 anos de formatura dessa mesma turma.
A tradição de formandos plantarem árvores continua na Instituição, como relata a professora Soraya Alvarenga Botelho, que fez parte da primeira turma de Engenharia Florestal da UFLA. "Com a supervisão do professor Nelson Venturini, plantamos este Jatobá em 1980 e nós observamos na UFLA realmente essa preocupação em relação às árvores." Quem também plantou uma árvore no câmpus foi o professor aposentado do Departamento de Engenharia Alcione de Oliveira, que conta, emocionado, sobre um ipê-branco que plantou há 23 anos. “Desde menino fui incentivado a plantar árvores e a ter respeito por elas. Esse ipê foi plantado aqui onde era minha sala.”
De acordo com dados da Pró-reitora de Infraestrutura e Gestão (Proinfra), entre o ano passado e este, cerca de 3 mil árvores de 40 espécies nativas e exóticas foram plantadas no câmpus. Os cuidados com a manutenção mobilizam cerca de 40 pessoas. “Esses funcionários terceirizados estão ligados ao setor de paisagismo e oito deles estão diretamente envolvidos com o plantio e manutenção das árvores existentes no câmpus," enfatiza Lívia Coelho, Engenheira Agrônoma, atual responsável pelo paisagismo do câmpus.
Quando uma nova avenida ou rua é construída na UFLA, a arborização é cuidadosamente pensada. Esse foi o caso, por exemplo, da Avenida Norte. “O pedido da administração foi para se arborizar criando uma identidade, assim se optou por utilizar somente espécies nativas. Essa já era uma ideia nossa já há algum tempo, pois não há muita informação sobre a arborização de vias públicas utilizando plantas nativas. É mais difícil, então, saber, por exemplo, sobre algumas características da espécie e possíveis danos que pode causar às calçadas, à fiação, etc", explica a professora Patrícia Duarte de Oliveira Paiva, do Departamento de Agricultura (DAG/UFLA).
A implantação do projeto foi realizada com apoio da servidora aposentada Vera Lúcia Botelho, e as avaliações vêm sendo feitas pelo Grupo de Pesquisa em Floricultura e Paisagismo e do Núcleo de Estudos em Paisagismo e Floricultura (Nepaflor). Para a seleção das espécies foram identificadas e caracterizadas árvores nativas da região e do Sudeste do Brasil, para saber qual seria a mais adequada às condições dos locais. Para isso, alguns critérios foram considerados: “elas deveriam ser de porte médio para permitir a visão dos prédios, possuir uma velocidade de crescimento considerada de moderada a rápida, proporcionar sombreamento e ter floração em diferentes épocas, com cores variadas, para que sempre haja alguma árvore em floração na área,” comenta a pesquisadora.
O plantio das árvores teve início em janeiro de 2011, sendo em torno de 100 metros de cada espécie plantadas dos dois lados da avenida. Foram plantadas Ingá (Ingá uruguensis) com flores de cor creme, Aleluia (Senna macranthera) – flores amarelas, Babosa-branca (Cordiasuperba) - flores brancas, Angelim-Rosa (Andira fraxinifolia) flores rosa, Caroba (jacarandá cuspidifolia) flores lilás, Tingui (Dictyoloma vandellianum) flores amarelas, Pau-cigarra (Senna multijuga) flores amarelas. Apesar dos cuidados iniciais, como a irrigação realizada diariamente, algumas espécies não se adaptaram e precisaram ser trocadas, como foi o caso da Angelim-Rosa (Andira fraxinifolia), que foi substituída por ipês-rosa (Tabebuia impetiginosa) e amarelos (Tabebuia chrysotricha). A Aleluia (Senna macranthera) amarela também não suportou os ventos e mais tarde foi substituída pelo Aldrago (Pterocarpus violaceus).
Na via do câmpus conhecida popularmente por dar acesso à portaria das “Goiabas”, as cores chamam a atenção nesta época do ano. Foram plantadas naquele local duas espécies: a Stiftia (Stifftia crysantha) que possui flores amarelas e o Ipê-rosa (Tabebuia impetiginosa) que, inclusive, possui uma característica particular: “algumas espécies que plantamos foram adquiridas fora da UFLA, mas as mudas desses ipês-rosa foram produzidas no nosso Laboratório de Cultura de Tecidos de plantas (LCTP), sendo resultado também de experimentos. Por isso, elas cresceram muito rápido,” comenta Patrícia.
Em sua pesquisa, a professora avalia o desenvolvimento e o comportamento dessas espécies, medindo a altura das plantas, o diâmetro do tronco e o diâmetro da copa. Um drone é utilizado para ajudar nas medições. Além disso, são avaliados aspectos qualitativos da planta. “Avaliamos se a espécie desenvolveu com o tronco retilíneo, a adaptação ao local de plantio e a porcentagem de sombreamento, o que permite identificar aquelas que proporcionam sombra de melhor forma.” Os resultados do estudo serão publicados em breve e poderão auxiliar na indicação de espécies para a arborização de vias públicas.
No Brasil, o Dia da Árvore é comemorado nesta sexta-feira, dia 21 de setembro, em razão da proximidade da primavera, que começa no dia 23 de setembro no Hemisfério Sul. Em alguns países, a data é lembrada em 21 de março, em razão do dia Mundial da Árvore ou Dia Mundial da Floresta.
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.