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AZEITE DE OLIVA

Pesquisa do Departamento de Administração aponta que azeite de oliva produzido em Maria da Fé tem grande aceitação no mercado

Escrito por Karina Mascarenhas | Publicado: Quinta, 25 Outubro 2018 13:57 | Última Atualização: Quarta, 22 Setembro 2021 14:55

Análise sensorial deste produto feita com consumidores mostrou também que o público desconhece o azeite que consome.

azeite de oliva

Presente em grande parte das cozinhas e integrante de inúmeras receitas espalhadas mundo afora, o azeite de oliva é uma opção saudável que tem conquistado cada vez mais os brasileiros. Porém, apesar de ser um dos países que mais importa esse tipo de produto, o Brasil é um dos que menos o consome. Dados mostram que, no Brasil, o consumo de azeite é em torno de 270 mililitros por habitante ao ano; já a Grécia, por exemplo, tem um consumo de 20 litros de azeite por pessoa, por ano.

Além disso, o pouco azeite que consumimos é praticamente todo importado de países europeus, como Portugal e Espanha, ou de nossos vizinhos: Argentina e Chile. Este ano, a produção brasileira de azeites comemorou dez anos da primeira extração de azeite extravirgem, realizada em Maria da Fé (MG), município pioneiro na olivicultura no país, onde há um campo experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desde os anos 1970. “De 2008 para cá, muitos produtores entraram na atividade, investindo na cultura da oliveira e hoje já são mais de 160 produtores de azeite naquela região, com uma produção, este ano, de 80 mil litros”, afirma o coordenador do programa estadual de pesquisas em olivicultura, Luiz Fernando de Oliveira da Silva.

Esse azeite produzido em Maria da Fé serviu de base para uma pesquisa inédita publicada na revista Inglesa British Food Journal realizada pelo Departamento de Administração e Economia da UFLA em parceria com a Epamig intitulada: Olive oil consumption: a preliminary study on Brazilian consumers (Consumo de azeite: um estudo preliminar sobre os consumidores brasileiros). O objetivo da pesquisa foi saber se o consumidor seria capaz de diferenciar um azeite produzido no Brasil de outro estrangeiro. “A intenção foi verificar o comportamento do consumidor em relação ao azeite nacional e saber se ele consegue reconhecer os atributos de um azeite de qualidade, como por exemplo, o sabor”, explica o pesquisador doutor em Administração pela UFLA Daniel Leite Mesquita.

Ainda minoria nas gôndolas dos supermecados, o azeite produzido no Brasil é originário, na maior parte, de duas regiões produtoras: a Serra da Mantiqueira e o sul do Rio Grande do Sul. “Os produtores já têm tido a oportunidade de colocar seu produto no mercado; muitos desses azeites produzidos no Brasil já se encontram em grandes lojas, supermercados e empórios disponíveis ao consumidor”, diz Luiz Fernando.

Buscando analisar o comportamento de consumo e saber sobre a aceitação do azeite produzido no Brasil, os pesquisadores do Departamento de Administração da UFLA foram até os consumidores. “O brasileiro consome os azeites importados e, em grande quantidade, os óleos compostos. Por isso, ao ter um novo produto em potencial, como no caso do azeite produzido pela Epamig, é preciso fazer uma pesquisa de aceitação de mercado do consumidor comum, aquele que vai aos supermecados”, afirma o doutorando em Administração pela UFLA Gustavo Clemente Valadares.

Pesquisadores do DAE: Gustavo, Fábio e Daniel responsáveis pelo estudo

Os pesquisadores do DAE se inspiraram em trabalhos anteriores sobre análise sensorial e pesquisa de mercado com consumidores comuns. “Montamos uma bancada em um grande supermecado da cidade e abordamos os consumidores que buscavam azeites ou óleos. Então, servimos a eles algumas fatias de pão de forma com azeite para que pudessem provar às cegas o azeite”, explica o doutorando em Administração pela UFLA Fabio Antonialli. Ao todo, 115 consumidores participaram da análise sensorial proposta pelos pesquisadores. Foram usadas as duas principais marcas consumidas no mercado de azeite importado, o “azeite brasileiro” de Maria da Fé e uma  amostra de óleo Composto.

Os resultados da pesquisa se mostraram positivos para a introdução de uma marca nacional no mercado, como explica o pesquisador Fábio Antonialli: “o azeite brasileiro se comportou de forma similar aos líderes de mercado, portugueses e espanhois, e isso nos dá a possibilidade de inclusão desse azeite nacional nas prateleiras dos supermecados”. Outro ponto de destaque sobre as análises realizadas é que, de forma geral, o consumidor não consegue distinguir o azeite que consome. “Notamos que, sem a embalagem convencional, os consumidores ficam confusos e não sabem fazer a distinção entre um azeite e outro. Muitos falaram que o óleo vegetal era melhor que o azeite, quando, na realidade, se fossem comprar, talvez não o iriam adquirir.”

Como o Brasil é um mercado emergente de azeite e os estudos científicos relativos ao mercado ainda são realizados principalmente em países europeus, o orientador do estudo, professor Daniel Carvalho de Rezende (DAE) comenta que a intenção é levar à divulgação pública os resultados obtidos. “Pretendemos explorar as implicações diversas que essa pesquisa traz, tanto para ajudar na elaboração de políticas públicas que regulamentem a produção, quanto para o  mercado, como forma de criar oportunidades de negócios para o país, uma forma de incentivar a indústria nacional de azeite que está crescendo.”

Conforme o Instituto Brasileiro da Olivicultura (Ibraoliva), em todo o País são 330 olivicultores, 25 marcas e 22 extratores de azeite. O pesquisador da Epamig Luiz Fernando comemora os resultados. “Um dos grandes atributos do azeite, além das características químicas que ele apresenta, é a parte sensorial, que atrai apreciadores do produto. Nós termos conhecimento sobre a parte sensorial do azeite produzido no Brasil é de fundamental importância para entendermos um pouco mais sobre o Terroir (que são as características próprias) do azeite brasileiro. ”

 

Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do Vídeo: Luís Felipe Souza Santos -  bolsista Dcom/UFLA  

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 

 

 
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