Pesquisa revela que antas contribuem para o reflorestamento de áreas degradadas
Uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (PPGeco/UFLA) e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revela que as fezes das antas possuem grande potencial para contribuir com o reflorestamento de áreas degradadas pelas ações humanas.
A ocorrência está relacionada aos hábitos alimentares do animal. A espécie possui alimentação baseada em frutas, brotos e folhas. As sementes ingeridas são expelidas em suas fezes e, com o tempo, tendem a florescer. Por ser um animal grande, e caminhar bastante, a anta realiza a dispersão de sementes por uma longa extensão.
A pesquisa foi realizada em uma área conhecida como "arco do desmatamento", por apresentar o maior índice de desmatamento da região amazônica. A escolha foi feita quando os pesquisadores perceberam que as antas tinham preferências por lugares degradados e passavam a maior parte do tempo nesses terrenos.
O pós-doutorando da UFLA responsável pelo estudo, Lucas Paolucci, e o então mestrando da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) Rogério Libério Pereira analisaram a dispersão de sementes presentes nas fezes do animal, sob a coordenação do pesquisador do Ipam Paulo Brando. Em quatro campanhas no ano de 2016, os cientistas coletaram excrementos dos mamíferos em três tipos de áreas: uma de floresta preservada, outra queimada com incêndios experimentais realizados anualmente e a terceira queimada com incêndios experimentais trienais.
Nessas amostras, foram encontradas aproximadamente 129 mil sementes dentro das fezes do animal, de 24 espécies de plantas diferentes. Aproximadamente 75% das fezes que foram coletadas nas áreas degradadas possuíam 90% das sementes.
Após a observação, os pesquisadores concluíram que, em ambientes com a maior parte da floresta degradada, as antas, devido ao seu tamanho, percorrem maiores distância e distribuem mais sementes em uma extensão maior, se comparada à distribuição de sementes nas florestas intocadas. Por isso, esses animais possuem grande potencial para auxiliar no reflorestamento natural.
Com a comprovação de que as antas contribuem para a recuperação das florestas degradadas, Lucas afirma que seu estudo traz "mais um motivo para preservar esses animais".
Reportagem: Melissa Carvalho - estagiária Dcom/UFLA
Edição do vídeo: Maik Ferreira - estagiário Dcom/UFLA