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Pesquisa realizada na UFLA avalia os benefícios do atletismo para crianças autistas

Escrito por Greicielle Santos | Publicado: Terça, 20 Agosto 2019 10:09 | Última Atualização: Segunda, 27 Setembro 2021 12:48
Crianças participantes do projeto

O Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Paradesporto da Universidade Federal de Lavras (UFLA) realiza várias atividades com práticas esportivas para pessoas com deficiência; uma delas é a pesquisa sobre a inserção do Atletismo para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Acredita-se que uma em cada 88 crianças apresenta traços de autismo, com prevalência cinco vezes maior em meninos.

A pesquisa realizada pelo Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Lavras (DEF/UFLA) teve como objetivo verificar os efeitos da realização de um programa de Atletismo sobre o desenvolvimento do comportamento motor e das habilidades básicas da vida diária de crianças com TEA. As análises foram feitas pelo graduando em Educação Física Rodrigo Pereira da Silva, com a orientação da professora Nathália Maria Resende. Elas foram realizadas durante 12 semanas com crianças diagnosticadas com autismo no município de Lavras.

Foi realizada uma avaliação motora no início e no término das intervenções, com o objetivo de verificar o nível de força, destreza, velocidade, equilíbrio e coordenação das crianças participantes. A avaliação teve um intuito comparativo, para verificar os efeitos da realização do programa de Atletismo sobre o desenvolvimento do comportamento motor de crianças com TEA.

Os pesquisadores explicam que esses testes biomotores respeitam a individualidade de cada criança, que é avaliada separadamente. “Todos os testes tiveram resposta positiva. As crianças que tinham uma autonomia maior apresentaram resultado motor melhor e as crianças que tinham menor autonomia e maior dificuldade para se socializar apresentaram resultados melhores na socialização”, explica o estudante Rodrigo Pereira.

O número de diagnósticos de crianças com TEA tem aumentado nos últimos anos e gera discussões mais intensificadas sobre esse transtorno do neurodesenvolvimento, que compromete processos fundamentais de socialização, comunicação e aprendizado. A professora Nathália Resende relata que “o desenvolvimento dessas práticas corporais são ótimas estratégias pedagógicas para aquisição dessas habilidades e diminuição de todo distúrbio provocado por esse transtorno, que interfere na capacidade biomotora dessas crianças”. paradesporto materia

As atividades envolveram saltos, corrida, ultrapassagem de obstáculos e manipulação de materiais desenvolvidos com atividades lúdicas para que ocorresse a inclusão de todas as crianças. Por meio do questionário aplicado aos pais, os pesquisadores avaliaram as habilidades básicas da vida diária para saber o nível de autonomia. “A mãe de uma das crianças participantes da pesquisa relatou que seu filho apresentou melhoras significativas após a inserção no projeto, desenvolvendo habilidades básicas, além de conseguir saltar com os dois pés. O desenvolvimento da fala foi a principal realização para ela, pois muitas palavras estão sendo ditas por ele agora”, comenta Rodrigo. 

Participam deste projeto crianças de até 12 anos incompletos diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e filiadas à Associação Regional para o Desenvolvimento do Cidadão com Transtorno do Espectro Autista (Associação CONTATO).

Mais sobre o Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Paradesporto

Os projetos do Núcleo começaram em 2017 e trabalham com práticas recreativas e iniciação esportiva para crianças com deficiências. Desde o início eram realizadas atividades de matroginástica, modalidade com interação entre os pais, as mães e a criança com TEA. Como uma alternativa complementar de tratamento não medicamentoso do TEA, a prática regular de atividades físicas auxilia no desenvolvimento cognitivo e motor, além de estimular noções de tempo e espaço, reduzindo a ansiedade e melhorando o humor, e consequentemente aumentando a confiança e a autoestima.

A professora Nathália explica que a participação dos estudantes de Educação Física com crianças autistas fora do espaço da sala de aula desenvolve e capacita ainda mais o atendimento a esse público, pois há o contato direto com pessoas com deficiência e pessoas com alguma necessidade específica.

“Lidamos diariamente com padrões impostos pela sociedade, entretanto objetivamos mudanças. Desde os primórdios, as pessoas com deficiência são excluídas, ficando inabilitadas de vivenciar a liberdade. Assim, o conteúdo desse projeto tem como finalidade favorecer a participação de crianças com TEA nas práticas de Atletismo, pois a falta da metodologia desse desporto voltado para essas crianças pode causar muitas das vezes a inatividade. Diante dessa proposta, é notória a significância do projeto para integrar e incluir o autista na sociedade, focando em um caminho eficaz para o desenvolvimento de atividades motoras, estimulando e valorizando suas potencialidades”, completa a pesquisadora.

Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do vídeo: Sérgio Augusto - Editor/Dcom

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 

 
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