Melhoramento genético da batata-doce é tema de pesquisa no Departamento de Agricultura da UFLA
É difícil encontrar alguém que não conheça a batata-doce. Essa raiz tuberosa rica em nutrientes caiu na graça dos nutricionistas e vem ganhando espaço quando se trata de dietas e reeducação alimentar. Mas as aptidões dessa hortaliça não param por aí. Uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA/DAG), sob a orientação do professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, mostra como ter o aproveitamento total da planta de batata-doce, ou seja, das raízes e da parte aérea (ramas).
O Brasil é o sexto maior produtor mundial de batata-doce, com produtividade média de 14 toneladas por hectare, considerada baixa para a vasta amplitude das áreas cultiváveis do país, podendo chegar à produtividade média de 40 toneladas por hectare. “Com o melhoramento genético da batata-doce, podemos avaliar as diferentes aptidões agronômicas, selecionando genótipos para consumo humano, alimentação animal, indústria e produção de etanol”, explica o professor Valter.
A pesquisa desenvolvida pelo pós-graduando Jeferson Carlos de Oliveira Silva avaliou mais de 1.600 genótipos de batata-doce, oriundos de sementes botânicas, para as diferentes aptidões. “Possuímos, no Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia (CDTT/DAG), um banco de germoplasma que contém materiais coletados em diversas regiões do país. Então, a partir desse banco, houve o cruzamento entre as plantas, produzindo as sementes que originaram os genótipos que estão sendo avaliados”, complementa Valter.
No Brasil, a batata-doce é uma cultura tradicional, bastante difundida e cultivada, principalmente por pequenos produtores. É uma hortaliça de fácil plantio, com boa adaptação de clima e solo, tolerando bem os períodos da seca, mantendo um baixo custo de produção. De acordo com o professor Valter, “o Brasil não tem cultura de utilização da parte aérea (ramas) da batata-doce para a alimentação animal; então, por falta de conhecimento, os produtores aproveitam as raízes e descartam as ramas, que podem ser consumidas pelos animais de forma in natura ou na forma de silagem ou feno”.
Por ser popularmente conhecida como cultura de agricultura familiar, a batata-doce tem recebido pouca atenção na área da pesquisa agrícola. Atualmente, grande parte das cultivares utilizadas são voltadas para o consumo humano. Contudo, existe um alto potencial da cultura para alimentação animal e produção de etanol.
Cultivares de batata-doce obtidas por meio do melhoramento genético têm revelado maior índice de produtividade na produção de etanol do que as obtidas com a cana de açúcar. Segundo estudos, a produção real do álcool, a partir da batata-doce, fica entre 130 a 140 litros/tonelada, chegando a 150 litros ou mais em condições especiais, enquanto a média obtida com a cana-de-açúcar é cerca de 70 litros/tonelada. Outra vantagem é o tempo do ciclo de produção da batata-doce, que é mais curto que o da cana, resultando na produção de álcool etílico para combustível e álcool fino para a indústria farmacêutica. “Raízes que possuem alto teor de amido conferem uma maior produção de etanol, com qualidade igual ou até mesmo superior a da cana-de-açúcar”, conclui o professor.
BATATA-DOCE E SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS
Existem diferentes tipos de raízes, com coloração de casca e polpa diferentes. Encontramos batata-doce com polpa roxa, branca, creme e alaranjada. Todas são fontes de vitaminas A, B, C, K e E, além de conter ômega 3, fósforo, potássio dentre outros nutrientes. As raízes com polpas de coloração alaranjada são ricas em betacaroteno, precursor de vitamina A, que possui função antioxidante, protege a visão e é um grande aliado dos cabelos, unhas e ossos. Na África, existe um programa que disponibiliza batatas de polpa alaranjada para as crianças em fase de crescimento. Por também ser grande fonte antioxidante, a batata-doce roxa é a hortaliça mais recomendada como alimento funcional, sendo usualmente indicada nas dietas.
Texto: Caroline Batista, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.