Adubo natural com esterco de coelhos é a nova aposta para a agricultura familiar
A busca por processos naturais de adubação, sem fertilizantes químicos e agrotóxicos, tem sido constante nas ciências agrárias. É com esse objetivo que um projeto piloto de extensão universitária inovadora poderá trazer generosos benefícios econômicos, socioambientais e sustentáveis para o pequeno produtor, principalmente em países de baixa renda. O foco é cultivar hortaliças com um adubo natural de esterco de coelhos.
O projeto conta com a integração do trabalho dos seguintes núcleos extensionistas de estudos da Universidade Federal de Lavras (UFLA): Núcleo de Estudos em Manejo e Nutrição de Coelhos (Nemenc), Núcleo de Estudos em Agroecologia, Permacultura e Extensão Universitária Inovadora (Neape), Núcleo de Estudos em Olericultura (NEO) e apoio da ONG Engenheiros Sem Fronteiras (ESF).
O professor Gilmar Tavares do Departamento de Engenharia (DEG), coordenador do projeto, explica que a "compostagem é um processo biológico de transformação para valorização da matéria orgânica. Trata-se de um processo natural em que os microrganismos residentes, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando-a em humus, que é um material extremamente fértil por ser muito rico em nutrientes". Nesse projeto, as fezes dos coelhos são misturadas com restos vegetais descartados, em proporções adequadas ao processamento. O composto é umedecido e revirado periodicamente, até a transformação total em compostagem, que ocorre em aproximadamente dois meses.
Sabe-se que a compostagem é rica principalmente em nitrogênio e carbono, importantes para desencadear outros processos microbiológicos no solo, dando-lhe vida e vigor às plantas. “É por isso que a compostagem é viável em qualquer tipo de solo, mesmo para os solos desérticos, pois consegue desenvolver e desencadear processos regenerativos pelo seu alto teor de nitrogênio e de outros elementos químicos, como o fósforo e potássio, que são fundamentais para o desenvolvimento das plantas”, ressalta o professor.
A primeira horta doméstica com o esterno de coelhos, do projeto, já está implementada em Lavras, no bairro Nova Lavras. O objetivo será trocar gratuitamente as hortaliças agroecológicas cultivadas ou o próprio adubo natural por garrafas pets e material plástico descartável.
A ação de troca inicia ainda neste ano, com data a confirmar, em praças públicas, com o intuito de conscientizar a população sobre os problemas ambientais, mostrando como pequenas atitudes podem contribuir para a preservação sustentável do meio ambiente, de maneira econômica, ecológica, e com comprovação científica.
Extensão
O projeto do professor Gilmar iniciou em 2007 nos municípios de Carrancas e Luminárias. Posteriormente foi levado à África (República Democrática do Congo-2008 e Moçambique-2016), à Ásia em 2018 (Afeganistão, Paquistão e Myanmar) e está em desenvolvimento até os dias de hoje.
Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do vídeo: Sérgio Augusto - Editor/Dcom
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.