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Dia Nacional dos Surdos

Pesquisa da UFLA analisa o ensino-aprendizagem em Libras

Escrito por Greicielle Santos | Publicado: Quinta, 26 Setembro 2019 14:16 | Última Atualização: Segunda, 27 Setembro 2021 13:05
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Já se imaginou morando em um lugar em que a primeira língua fosse a Língua Brasileira de Sinais (Libras)? Como seria ir a um restaurante, cinema, ou frequentar a escola ou Universidade? Pois é, isso ocorre o tempo todo com os surdos em nosso país e no mundo, só que em uma situação contrária. Devido a essa diferença linguística, dizer que os surdos vivem em um isolamento social não é pouco.

Assim, para conscientizar a população sobre a importância do aprendizado de Libras, o mestrando Rafael Carlos Lima da Silva, do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (DED/UFLA), analisa em seu trabalho o ensino-aprendizagem de Libras e também a formação de professores na área. Em sua pesquisa ele aborda o processo de ensino-aprendizagem de maneira autônoma e por autoinstrução. Processo este que faz com que não seja necessário o contato direto com o professor.  

O pesquisador explica que, “por meio da autoinstrução e da autonomia, o aluno se torna responsável pelo seu aprendizado e não há necessidade de estar exclusivamente no ambiente escolar para aprender. Não é desmerecido ou ignorado o papel do professor, porém, em situações em que esteja presente, ele mediará o aprendizado do estudante, indicará caminhos e recursos”.

Na pesquisa, o mestrando narra o seu processo de autoinstrução em Libras, que teve início aos 20 anos. Não tendo caso de pessoas surdas na família, a presença de intérpretes de Libras em canais da televisão foi o meio de aprendizado de Rafael. Por isso, ele aponta que todas as pessoas podem aprender Libras, sem necessariamente, estar em contato com um surdo. “Seria muito bom se todo aprendiz de Libras tivesse contato com surdos que usam Libras. Mas, atualmente, a Libras está presente em diversos lugares: dicionários, aparelhos de celular, internet, livros e TV. Se o aprendiz não se envolver e criar situações, dificilmente outras pessoas poderão fazer isso por ele”, completa o mestrando.

Como resultados da pesquisa, Rafael ressalta que aprender Libras é um processo complexo, dinâmico e desafiador, e que “por vezes, haverá frustração na aprendizagem, como por exemplo, achar que não está aprendendo nada e que vai errar os sinais quando encontrar com surdos. Porém, o erro faz parte do processo”. A responsabilidade de aprendizado está no aprendiz e o professor exerce o papel de mediador, de orientador da aprendizagem.

Formação de professores de Libras

A pesquisa que tem orientação da professora Tânia Regina de Souza Romero, do Departamento de Estudos da Linguagem (DEL), destaca que a formação de professores de Libras no Brasil é uma das melhores da América Latina, tendo o primeiro curso em modalidade bilíngue: Letras-Libras, ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em Minas Gerais, quando o assunto é formação de professores de Libras, destacam-se os polos do curso de Pedagogia Bilíngue na UFLA e, no norte do Estado, o curso de Letras-Libras no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).

Entretanto, apesar de várias conquistas para a comunidade surda, a quantidade de profissionais qualificados em Libras nas instituições de ensino ainda é pequena. Para atender a demanda seria preciso investir em mais difusão da Libras e em formação de tradutores/intérpretes e professores de Libras. “Quando há a presença do intérprete, tende-se a acreditar que ele é o professor do aluno surdo. Mas, o intérprete é importante até que se consolide a educação bilíngue, em que os professores consigam ministrar as disciplinas em Libras e estabeleçam uma relação direta com os surdos. Nessa perspectiva, não se exclui a importância do intérprete, mas a sua atuação será em outros momentos, como na tradução-interpretação de artigos, livros, textos e palestras”, conclui o pesquisador.

Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do vídeo: Sérgio Augusto - Editor/Dcom

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 
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