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Cafeicultura

Sistema desenvolvido na UFLA avisa sobre a ocorrência futura de doenças nas plantações de café

Escrito por Greicielle Santos | Publicado: Quinta, 13 Fevereiro 2020 10:55 | Última Atualização: Segunda, 27 Setembro 2021 13:52
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Ferrugem manchas amarelas na parte superior da folha de café

Com o objetivo de reduzir o uso de agroquímicos na produção cafeeira, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desenvolveram um sistema de aviso de doenças que utiliza modelagem matemática para apoiar a tomada de decisão dos técnicos e produtores.  O Sistema de Aviso de Doenças (SAD) é programado para identificar a possível ocorrência, em um futuro próximo, da ferrugem e da mancha de phoma. A tecnologia funciona com base em variáveis ambientais, como chuva e temperatura, e possui um nível de controle para prever se pulverizações deverão ocorrer.  

“Na prática, o sistema avisa quando a doença vai ocorrer, fazendo com que não seja necessário pulverizar o tempo todo. Você aumenta a sustentabilidade ambiental com menor número de pulverizações e maior segurança alimentar para os consumidores de café, e ainda possibilita maior lucro para o produtor, a sustentabilidade financeira que ele tanto almeja”, explica o professor do Departamento de Fitopatologia Edson Pozza, que coordena a pesquisa.

A pesquisa teve início em 1998 com o então estudante do doutorado da UFLA Augusto Carlos dos Santos Pinto. Ele desenvolveu, em sua tese, um sistema de alerta para a ferrugem do cafeeiro, avaliando tanto modelos matemáticos quanto redes neuronais. Desde então, adaptações foram realizadas para que a fórmula final fosse mais precisa. “O melhor sistema que encontramos é usando uma rede neuronal, que é um sistema de inteligência artificial. Nós fizemos baseado em fórmulas matemáticas, e existe uma interação da fórmula com uma plataforma de campo. Por exemplo, se você tem uma situação de clima no campo, você atualiza o sistema com esses dados. Os cálculos matemáticos são feitos e o resultado informMancha de phoma nas folhasado”, acrescenta o pesquisador Edson Pozza. 

O SAD utiliza sistemas de cores para informar ao agrônomo, engenheiro agrícola ou produtor, com uma antecedência de 15 dias, sobre a provável ocorrência das doenças: 

VERMELHO: pulverizar

AMARELO: fique em alerta

VERDE: a doença não vai ocorrer

 “O sistema não vai falar para pulverizar ou não. Ele vai avisar se a doença pode ou não pode ocorrer naquela região. É claro que depende de outros fatores, como a nutrição da planta, a condução de podas, a produtividade, entre outros. Por isso, recebendo o aviso, ainda é importante que o produtor vá ao campo com o agrônomo ou com o técnico agrícola para, juntos, decidirem se a pulverização será feita”, completa Edson.

Pesquisa na prática

O SAD já foi implantado em 5 municípios (Carmo do Rio Claro, Nova Resende, Monte Santo de Minas, Rio Paranaíba e Serra do Salitre), que vão desde o Triângulo Mineiro até o Sul de Minas. A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé LTDA (Cooxupé) e a Ihara são parceiras para que a pesquisa seja colocada em prática no campo. De acordo com o professor Edson Pozza, os testes foram eficazes, atingindo 90% de acerto do momento correto de controle. “Estamos no segundo ano de parceria entre UFLA, Cooxupé e Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (Fundecc), e a Ihara aSistema de Aviso de Doencas SADpoiando a Cooperativa. A expectativa é que, até o fim de 2020, o SAD seja disponibilizado gratuitamente na página do Sistema para o Monitoramento Agro-energético da cultura do Café (Sismet) da Cooxupé.”

Estudos com o SAD também estão sendo feitos para, em breve, identificar valores dos teores ideais dos nutrientes no solo e na planta e possibilitar a previsão da ocorrência da cercosporiose.

 

Sustentabilidade ambiental

Há uma preocupação mundial para que o uso de agrotóxicos seja reduzido nas plantações. Nesse sentido, o pesquisador explica que o SAD contribui para uma produção sustentável nos cafeeiros, pois não será preciso que o produtor pulverize o tempo todo. “Ao fazer no momento certo, o produtor economiza, reduz as pulverizações e, também, a emissão de carbono caso seja mecanizada a atividade. Além de aumentar a sustentabilidade ambiental no agroecossistema em que está inserido, reduz custos, proporcionando também uma estabilidade social do produtor no meio rural. Sendo assim, o professor insere sua produção no mercado, com responsabilidade social e ambiental, atendendo à demanda globalizada por medidas de menor impacto ambiental.”

Reportagem: Greicielle dos Santos - bolsista Dcom/Fapemig

Edição do vídeo: Rafael de Paiva  - estagiário  Dcom/UFLA 

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 
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