Pesquisa desenvolvida por discente da UFLA é aceita na revista alemã Oecologia
Nesta quarta-feira (11/8), foi publicado na revista alemã Oecologia o artigo fruto do projeto de pesquisa baseado no tema “Como a produtividade e o clima afetam as espécies de mamíferos e invertebrados?”, liderado pelo pesquisador de pós-doutorado Chaim Lasmar. O trabalho fez parte do mestrado do estudante no Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
O projeto teve a orientação da professora Carla Ribas do Departamento de Ecologia e contou com a participação de Júlio Louzada e Marcelo Passamani, professores no Departamento de Ecologia e da professora Letícia Vieira do Departamento de Ciências Florestais. Além disso, o trabalho teve parcerias de pesquisadores de outras instituições, incluindo Clarissa Rosa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Rodrigo Feitosa, da Universidade Federal do Paraná e Antonio Brescovit, do Instituto Butantan.
A pesquisa analisou a resposta de diferentes animais ectotérmicos (que não produzem o próprio calor, tais como, formigas, besouros, opiliões e aranhas) e endotérmicos (aqueles que produzem o próprio calor, como os mamíferos, ex: onça, queixada, lobo) à variação da temperatura e de produtividade das plantas ao longo de um gradiente atitudinal que variou de 600 a 2500 m de altitude no Parque Nacional do Itatiaia.
O estudo demostra que animais ectotérmicos e endotérmicos de diferentes níveis tróficos respondem de forma diferente à variação de temperatura e produtividade, que é o quanto de energia as plantas produzem para os animais consumirem. De forma simplificada, numa cadeia trófica temos os produtores (geralmente plantas), os herbívoros, os onívoros (nível trófico intermediário que pode assumir dietas herbívoras e de predadores) e os predadores.
De acordo com Chaim, para os ectotérmicos, foi visto que quanto maior o nível trófico dentro da cadeia alimentar (ex: animais predadores), maior a sensibilidade à variação de produtividade. Já para os endotérmicos, apesar da produtividade ter influenciado positivamente o número de espécies de herbívoros, tal influência não se acumulou nos níveis tróficos maiores (ex. onívoros e predadores) como aconteceu com os animais ectotérmicos. A temperatura influenciou o número de espécies de endotérmicos herbívoros e onívoros e nenhum dos fatores ecológicos em questão influenciou o número de espécies de predadores endotérmicos.
A pesquisa concluiu que as diferenças do papel da temperatura e produtividade ao influenciar o número de espécies também se aplicam quando comparamos invertebrados ectotérmicos e vertebrados endotérmicos. Porém, não foi encontrada consistência na resposta do número de espécies de animais ectotérmicos e endotérmicos de diferentes níveis tróficos. Portanto, é possível que a mudança da temperatura global afete fortemente tanto os animais ectotérmicos quanto os endotérmicos, já que várias de suas interações são com plantas e animais que de alguma forma são sensíveis à temperatura.
Texto: Vanessa Kevini, bolsista Proat/ Comunicação UFLA