UFLA aprova dois novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) foi contemplada com a aprovação de novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), por meio da chamada pública INCT 46/2024, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o CNPq, Capes, Ministério da Saúde, Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e outras instituições.
A chamada nacional recebeu mais de 400 propostas e selecionou 143 projetos em todo o Brasil, com previsão de investimentos superiores a R$500 milhões. A UFLA se destacou com a aprovação de dois projetos: um voltado à defesa contra ameaças químicas e biológicas e outro à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sobre a cafeicultura brasileira.
INCT-Defesa: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Defesa Química e Biológica

Parte da equipe da UFLA do projeto INCT-Defesa
O INCT-Defesa foi concebido para atuar de forma estratégica no desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos voltados à prevenção, ao desenvolvimento de métodos de diagnóstico rápido, sistemas de monitoramento ambiental, antídotos, protocolos de contenção emergencial, detecção e resposta rápida a agentes químicos e biológicos nocivos. Com mais de 50 pesquisadores envolvidos e um financiamento de R$6.632.381,00, para os próximos cinco anos, o projeto tem como coordenador o professor Teodorico de Castro Ramalho, do Instituto de Ciências Naturais (ICN).
A proposta é transformar ciência de ponta em soluções concretas com aplicação direta em áreas como saúde pública, defesa nacional, segurança alimentar e farmacológica. A rede de instituições participantes abrange centros de excelência brasileiros, como o Instituto Militar de Engenharia (IME), o Centro Tecnológico do Exército (CETEx), o Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN) do Ministério da Defesa e diversas universidades federais, entre elas a UFV, UFRJ, UFMG, UFPA, UFES, UFOP e UNIPAMPA.
O projeto também tem forte presença internacional, com a participação de instituições renomadas, como a Concordia University (Canadá), a University of Defence e a Univerzita Hradec Králové (República Tcheca), a Vrije Universiteit Amsterdam (Países Baixos) e a Tarbiat Modares University (Irã), além da startup InSILICO Design, que atua na modelagem molecular e desenvolvimento de compostos bioativos.
O projeto atuará desde a pesquisa básica até a aplicação prática, com foco em áreas como o desenvolvimento de novos materiais e moléculas para remediação e tratamento de intoxicações, criação de metodologias analíticas avançadas e uso de tecnologias como inteligência artificial, biotecnologia e modelagem molecular. Também estão previstos ensaios experimentais, síntese e caracterização de compostos, além da formação de recursos humanos altamente qualificados.
Investir em defesa química e biológica é uma forma de garantir que o País esteja preparado e mais resiliente diante de situações que podem trazer grandes riscos à saúde e à segurança da população. Além disso, o projeto inclui ações de divulgação científica, com o objetivo de aproximar a população do tema, esclarecendo os riscos e mostrando caminhos para enfrentá-los de forma segura e responsável.
INCT Café MIC – Mitigação dos Impactos Climáticos na Cafeicultura

Parte da equipe da UFLA do projeto INCT Café MIC
O projeto recebeu um financiamento de aproximadamente R$12 milhões e reúne 53 pesquisadores de universidades, centros de pesquisa e empresas públicas, com o desafio de desenvolver soluções científicas e tecnológicas para proteger a cultura de café das transformações impostas pelo clima.
Embora seja uma iniciativa inédita, o INCT Café MIC se apoia na experiência acumulada de projetos anteriores, como o antigo INCT Café, encerrado recentemente. “Este é um novo instituto, com foco totalmente alinhado ao eixo de mudanças climáticas proposto pelo edital. Embora traga continuidade em algumas frentes, ele parte de um novo recorte e de novos objetivos”, explica o coordenador da proposta, professor Antônio Chalfun Júnior, do Instituto de Ciências Naturais (ICN).
O projeto surge como resposta direta às ameaças crescentes enfrentadas pela cafeicultura brasileira, que vão desde secas severas até alterações na distribuição de chuvas e aumento da concentração de CO₂, afetando diretamente a produtividade e a qualidade do café. Essas mudanças também intensificam a incidência de doenças e pragas, colocando em risco a viabilidade econômica da atividade e a segurança alimentar.
A proposta do INCT Café MIC é desenvolver estratégias integradas de manejo climático, com base no monitoramento simultâneo de três dimensões: a planta (características morfofisiológicas, fitotécnicas e fitossanitárias), o ambiente (especialmente a temperatura, a seca e o regime de chuvas) e o produto final (qualidade da bebida). O projeto está estruturado em quatro grandes áreas de pesquisa: fisiologia vegetal, genética, estresses bióticos (como pragas e doenças) e estresses abióticos (relacionados ao clima e ao solo).
Participam da rede de execução do projeto instituições, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Embrapa Café, EPAMIG, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Iapar, além de colaborações com o setor produtivo, como a cooperativa de café Cooxupé. A articulação internacional também é robusta: entre os parceiros estrangeiros, estão a University of California – Davis, a University of Florida, o Centro de Investigações em Ferrugem do Cafeeiro (CIFC) de Portugal e o Beltsville Agricultural Research Center (USDA), nos Estados Unidos.
Entre os resultados esperados, estão novas cultivares de café adaptadas ao clima, sistemas de monitoramento e alerta climático, protocolos técnicos de manejo sustentável e subsídios para políticas públicas voltadas à cafeicultura. O INCT Café MIC também se compromete com a popularização científica, por meio da publicação de resultados em revistas de alto impacto e da divulgação acessível em redes sociais, ampliando o alcance e a aplicação das descobertas.


