Conheça algumas pesquisas realizadas pela UFLA sobre Recursos Hídricos
Nesse dia 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água. A data é marcada por discussões e reflexões acerca do uso consciente da água e a proteção e preservação de nascentes, rios e cursos d’água.
Na UFLA, a 2ª no mundo reconhecida como Blue University pelo movimento global Blue Community (Projeto Comunidades Azuis), do Council of Canadians, diversas pesquisas que promovem a redução do consumo, a despoluição e o uso adequado são realizadas. Vamos relembrar algumas delas já publicadas:
Artigo do Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos é destaque em revista científica da Universidade de Oxford
O artigo intitulado “Spatial and Temporal Patterns in Carbon and Nitrogen Inputs by Net Precipitation in Atlantic Forest, Brazil“, de autoria de discentes e docentes do Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Lavras (PPGRH/UFLA), foi destaque na capa da revista “Forest Science”, da Universidade de Oxford, edição de fevereiro de 2022. De autoria dos pós-graduandos Vanessa Alves Mantovani, Marcela de Castro Nunes Santos Terra, André Ferreira Rodrigues, Vinicius Augusto de Oliveira, Luiz Otávio Rodrigues Pinto e do professor Carlos Rogério de Mello, o artigo publicado na revista consiste em uma pesquisa que visa quantificar a precipitação que atravessa o dossel da floresta nas entradas de carbono e nitrogênio no solo.
Os resultados obtidos mostraram que a interação chuva-floresta é responsável por fornecer constantes entradas de carbono e nitrogênio para o solo da floresta, principalmente na estação chuvosa (75%). Por meio desta pesquisa é possível melhorar o entendimento dos processos de deposição, lixiviação e absorção de carbono e nitrogênio pela vegetação e do papel das florestas tropicais, inclusive de pequenos remanescentes florestais, no ciclo hidrológico e de nutrientes.
Com o uso de bactérias, pesquisadores do DBI removem compostos tóxicos da água
Nocivos à saúde e ao meio ambiente, metais pesados, como chumbo e cádmio, estão na água aparentemente pura e cristalina que chega às torneiras. Originados do esgoto industrial, de mineradoras e de atividades agropecuárias, despejados em mananciais destinados ao consumo humano, atravessam estações de tratamento que adotam processos ineficientes de remoção de alguns compostos. Com um procedimento barato e seguro, uma pesquisa do Departamento de Biologia (DBI) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) removeu metais pesados da água com o uso da biomassa das bactérias.
Em laboratório, seis microrganismos foram testados até encontrar a espécie mais eficiente para a remoção dos metais pesados em efluentes líquidos: a bactéria Serratia marcescens. Com o estudo, em parceria com a universidade portuguesa do Algarve, pesquisadores retiraram todo o chumbo encontrado na água, 50% de cádmio e 15% de zinco.
Estudo desenvolvido na UFLA contribuiu para transformar coleta de água mineral na fonte em patrimônio cultural e imaterial de Caxambu
O ato de coletar água mineral nas fontes de Caxambu, no sul de Minas Gerais, tornou-se patrimônio cultural e imaterial do município, em uma iniciativa inédita no Brasil. Essa foi a primeira vez que a prática de coletar água nas fontes ganhou esse status. Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA) contribuiu para que a prefeitura do município tomasse a iniciativa. Aliada a estudos da Diretoria de Cultura da cidade, a pesquisa estimulou a Secretaria de Turismo a propor o registro. A tese de doutorado do pesquisador Lucas Canestri de Oliveira analisou a coleta de água na fonte como prática cultural em três municípios do Circuito das Águas (Caxambu, Lambari e Cambuquira). Verificou-se que essa prática reflete consensos sociais herdados culturalmente. O estudo demonstrou o quanto esse ato está carregado de saberes, valores e consensos sociais construídos ao longo do tempo.
Estudo mostra como os cursos d'água e seu entorno foram modificados na área urbana de Lavras
O desenvolvimento das cidades, ao longo dos séculos, concentrou-se principalmente em locais com abundância de água; com isso, áreas próximas a rios e córregos sofreram ocupações irregulares em suas margens. Atualmente, leis ambientais mais rígidas quanto à proteção de recursos hídricos geram preocupação para autoridades sobre o uso desses locais, chamados de Áreas de Preservação Permanente (APP), pois, como explica o pesquisador Rafael de Brito Sousa, do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), a ocupação desses vales contribui para o processo de degradação dos corpos d'água, que pode levar, por exemplo, a inundações recorrentes. A pesquisa de Rafael, intitulada The trajectory of urban river landscapes and multifunctionality: case study analysis of a French city (Angers) and a Brazilian city (Lavras) - Trajetória da paisagem e multifuncionalidade dos rios urbanos: um estudo de caso da cidade francesa de Angers e da brasileira, Lavras -, teve orientação da professora Patrícia Duarte de Oliveira Paiva, da Escola de Ciências Agrárias da UFLA.
Sistema desenvolvido pela ProcEQ Jr. reduz em até 50% o consumo de água na lavagem do café
A ProcEQ Jr. Consultoria e Soluções em Engenharia Química, empresa júnior da Universidade Federal de Lavras (UFLA), desenvolveu um sistema de reaproveitamento da água de lavagem do café que possibilita uma redução de até 50% no consumo diário das propriedades produtoras. A economia, no período de alta operação, em uma fazenda de aproximadamente 6.400 hectares - porte da propriedade para a qual o sistema foi inicialmente projetado - pode chegar a 60 mil litros de água por dia, quantidade suficiente para suprir as necessidades de 20 mil brasileiros.
A implantação do sistema pode ser realizada tanto em pequenas quanto em grandes propriedades. A relação custo/benefício é considerada positiva para o cliente, já que a tecnologia torna a produção mais sustentável, além de melhorar a qualidade do café do produtor. O projeto tem rápido retorno e um investimento de baixo custo.
Microplásticos: estudo pioneiro da UFLA pode contribuir para a identificação desses poluentes em água doce
Os microplásticos são partículas invisíveis dos polímeros sintéticos popularmente conhecidos como plásticos. Componente de garrafas, sacolinhas e outros objetos, esse material de vida útil muitas vezes curta pode ser descartado incorretamente no meio ambiente e demorar centenas de anos para se decompor. Com menos de 5 milímetros, esses microplásticos vão parar em cursos d’água e chegam até os oceanos. Como os estudos são iniciais no Brasil, ainda não há uma metodologia padrão para coleta de amostras de microplásticos em rios, e foi esse o objetivo da pesquisa de mestrado em Tecnologias e Inovações Ambientais de Beatriz Souza. “Observamos alguns trabalhos identificando microplásticos em áreas litorâneas e tivemos a ideia de identificar esses microplásticos em cursos de água doce. Por isso, começamos a desenvolver uma metodologia para coleta e separação desses materiais em laboratório, para identificarmos o que está sendo encontrado, abrindo assim a possibilidade para estudos futuros”, diz a professora Camila Silva Franco, da Escola de Engenharia (EEng/UFLA). O curso d’água utilizado para a coleta é o Ribeirão Vermelho, que tem sua maior extensão na zona urbana de Lavras e deságua no Rio Grande.
Aplicativo desenvolvido por estudante moçambicano dimensiona sistemas de irrigação por gotejamento na África
O software EasyDrip, desenvolvido pelo estudante da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Fidel Luis Rodrigues Tambo, dimensiona sistemas de gotejamento que operam com água bombeada por energia solar, seja de poço, reservatórios ou córregos. O projeto, orientado pelo professor Luiz Antônio Lima, foi apresentado na centésima defesa do Programa de Pós-Graduação Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas.
A principal característica do software é a seleção da localidade no mapa de Moçambique e a identificação das variáveis climáticas do local, que incluem a perda de água do solo, informações sobre a quantidade de água que a planta precisa e a radiação solar disponível para bombeamento com energia solar.
Muitos extensionistas adotam sistemas de irrigação que são empregados em outras localidades, mas é preciso levar em consideração a região. O EasyDrip apresenta dados de forma automática; o bombeamento é feito por energia solar, e a prioridade são áreas sem energia elétrica.
Água, energia e alimento: conectados em busca de equilíbrio
Já parou para pensar numa situação em que a água em nosso país estivesse acabando, ou em que a quantidade de alimentos disponíveis não atendesse a toda a população e os meios de produção de energia se esgotassem? Como sobreviveríamos? Será que sobreviveríamos?
Água, energia e alimento são gerenciados hoje no Brasil de forma separada, mas eles estão mais conectados do que nós imaginamos. Pesquisadores da UFLA, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), de Nazaré Paulista (SP), estudam os efeitos que os recursos água, energia e alimento geridos em conjunto podem trazer à sociedade. Para a pesquisa, eles utilizam uma abordagem denominada Nexus, já utilizada em alguns países; porém, no Brasil, é uma ação pioneira e inovadora.
Pesquisa demonstra eficiência da ETE da UFLA na remoção de microcontaminantes do esgoto
Todos os dias, milhões de microcontaminantes são jogados nos esgotos. Essas substâncias são secretadas do nosso corpo, como no caso de hormônios e medicamentos, ou provêm da fabricação e uso de produtos de limpeza, de higiene pessoal, da produção de plásticos, de pesticidas, entre outros, e podem causar danos à saúde humana e animal, ainda que em baixíssimas concentrações. De acordo com a professora da Escola de Engenharia (EEng) Fátima Resende Luiz Fia, nas estações convencionais é realizada a remoção da matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e organismos patogênicos, e não há muita preocupação quanto aos microcontaminantes, já que no Brasil ainda não há uma norma que regule o lançamento dessas substâncias em corpos d’água. Por isso, a pesquisa de mestrado da técnica da Diretoria de Meio Ambiente da UFLA Débora Fialho avaliou se a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE- UFLA) seria capaz de remover esses micropoluentes.